sexta-feira, 28 de agosto de 2015

vale a pena ver de novo

Título alternativo: crise criativa.





Na minha planilhinha do BEDA (todo um BODE desse nome a essa altura), muitos posts não aconteceram porque outra coisa mais relevante (rizoz) aconteceu no dia. Mas aí eu tentei passar pra frente e sabe quando não dá certo? Parece que a ideia perdeu o timing, sei lá. Cheio de post com 8 mil palavras no rascunho, que eu não consigo finalizar por completa falta de vontade.

E como pros próximos 3 dias eu já tinha um plano (acho que dia 31 é o blogday e vai ser a primeira vez na vida que vou participar :P), hoje ficou assim, como direi, sem assunto.

Fiquei aqui pensando em apelar pra mais um meme ou blogagem coletiva, mas nenhum tema me fez feliz. Não duvido que na seca de setembro (gastei toda a criatividade de 6 meses em 30 dias) eu acabe resgatando essa planilhinha. Mas hoje eu não quero.

Pensei aqui em falar de mil coisas, mas ontem aconteceu de eu ver pouca coisa no feici - quarta eu tenho uma aula que consome muito tempo e energia, então é o dia em que eu menos uso a internet -, mas tudo que eu vi era gente reclamando de televisão, do que a rede globo escolhe colocar na programação e coisas do tipo. Aí meu histórico do timehop e do próprio feici me lembraram um post que eu fiz dois anos atrás, porque aparentemente nessa mesma época do ano (deve ser o chatíssimo criança esperança) relembra às pessoas que assistir TV é feio e elas começam a planejar o eloquentíssimo ~dia sem globo~. Se você é meu amigo ou me segue por lá há mais de dois anos, midesgupi o déjà vu.

Aproveitando o tanto que falei de entretenimento neste mês, acho que nem fica tão fora de contexto.

Tem um seriado britânico chamado Black Mirror (não é para fracos), em que alguns episódios que se passam numa espécie de futuro distópico e questionam tecnologia e coisa e tal. Um dos episódios, 15 Million Merits, mostra um pedaço da sociedade que vive em cubículos sem janelas, cercados de tela por todos os lados. Tela de TV, da hora que acordam (com a imagem de um galo cantando), à hora que vão dormir, quando tudo fica preto.
Durante o dia, esse pessoal mais pobre passa o tempo pedalando e gerando energia e ganhando dinheiro em troca. Sempre na frente de uma tela. na hora da refeição também tem tela por todos os lados.
Enquanto a pessoa está no quarto (aparentemente não há socialização além do momento de comer, em que ninguém se fala de verdade), a TV passa uma programação o tempo todo, na parede para a qual você estiver virado. Se você fechar os olhos, a programação é pausada. se você não abrir em 5 segundos um alarme ensurdecedor começa a soar e só para quando você abre os olhos e a programação continua de onde parou. No meio dessa programação tem muitas propagandas e você só pode pular a propaganda se tiver dinheiro pra pagar. Só pode trocar o que está vendo se tiver dinheiro pra pagar. não pode desligar nunca.
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Assistir isso é muito bonito porque te faz lembrar do poder que você possui na realidade: CONTROLE REMOTO. você não é obrigado a assistir nenhum determinado canal (um dia sem rede globo pode ser TODOS OS DIAS, hein? ó que incrível?), você não é obrigado nem mesmo a ficar com a tv ligada. Você não é obrigado a abrir um streaming de nenhum programa, nem entrar em nenhum site, nem ler nenhuma revista, nem ver bobagens nos seus feeds do facebook. VOCÊ NÃO É OBRIGADO A CONSUMIR INFORMAÇÃO NENHUMA que você não queira. Você tem sempre a escolha de fechar os olhos ou apertar um botão.
Fica aí a reflexão praqueles indivíduos que acham que a moral e os bons costumes estão abaladíssimos por causa de qualquer aparição nas telas que cercam suas vidas.

Vocês não pensam assim? Eu vivo vendo as pessoas reclamando de TV, todo ano em janeiro é aquela pentelhação sobre como o Big Brother abala nossas vidas e deseduca a população, mas... não é mais fácil só não assistir? Ou você quer mandar na opção do coleguinha também? Magina se o coleguinha falar pra você que também acha que você deveria ser obrigado a ler João Ubaldo pra merecer viver em sociedade! Credo, prefiro binge watch de BBB.

É uma coisa que eu sempre penso: por que as pessoas gastam tanto tempo com o que não gostam? Sobra tempo pra gastar com as coisas de que essa pessoa gosta? Eu não gosto de muita banda que toca no rádio, eu não suporto propaganda de rádio, então o que eu faço? Eu não ligo o rádio. Eu tenho minhas músicas e ouço só essas, ué. É difícil? Não é. 

Às vezes, vejo meu pai assistindo TV e ficando horas no mesmo canal. Eu pergunto o que é e ele: não sei. HAHAHAHHAAH. Comofas?

Eu vejo as pessoas pegando comida no selvselv e pergunto o que tem pra comer lá: não sei. E como você escolheu o que colocar no prato???

Sei lá, acho que acontece uma letargia em massa e as pessoas vão só existindo e repetindo e seguindo o fluxo, sem pensar criticamente sobre as razões de tudo o que fazem. 

Só isso explica essa indignação com tanta coisa simples de resolver ou com pessoas de opiniões contrárias. 

Deve ser por isso que 98% das pessoas me enxergam como uma pessoa grossa, porque eu não consigo passar pelo mundo com essa passividade. Eu não preciso emitir publicamente minha opinião sobre tudo, igual às pessoas que moram no facebook, deus me livre, mas eu preciso TER opinião sobre tudo que me afeta, de modo a justificar, pra mim mesma, as razões que me levam a tomar as decisões que eu tomo pra minha vida.

Mesmo que essa decisão seja ficar 3 horas na frente da TV, vendo de video show bagaceira 2015 até reprise de Caminho das Índias.