quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

a series of unfortunate events

Migas, xô avisar aqui: este post conterá spoilers de The Oranges, Muitos, todos. Pode conter spoilers de The Martian e Childhood's End. Eu posso até colocar aquele lindo e horripilante leia mais, mas ele não funciona pra quem lê por feeds, então já tô avisando já pras madame que corre de spoiler tanto quanto eu.


No episódio de hoje, eu vou estar falando de divagações existenciais decorrentes de entretenimento televisivo.

Cê vê: veio o recesso e, ao contrário do ano passado, que todo mundo vazou desta casa, deixando pra trás apenas limpeza, silêncio e paz (além do fato de que eu não tinha nada pra fazer além de comer e dormir), neste ano a casa encheu de gente desocupada e de férias, fazendo barulho, zona e sujeira (e eu tenho prazos de entrega de trabalho desde a primeira semana de janeiro).

PQP, que frase mais mal escrita e cheia de vírgula e que não vou arrumar.

Bom, aí eu fico vendo o povo de varde, cada um vendo um filme nas alturas, ou dormindo, ou tomando sorvete, ou indo passear, ou whatever e eu aqui mofando na frente do computador e ficando cada vez mais inchada a cada dia por causa dessa merda de calor e da falta de movimentação e minha força de vontade de estudar vai esvaindo até que é dia 30 de dezembro e meu relatório tá com exatamente duas linhas escritas.





tão pocas palavra mas tão linda as ibagem


Então o que eu fiz? Fui na locadora da internet e peguei um monte de filme que eu não vi em 2015. Se você me perguntar tudo que eu vi semana passada, vou responder: não lembro. Porque meu cérebro derreteu em algum lugar ali por outubro e tal. Sei que fui baixar filmes de alguns dos maridos de 2016 (pois é, nem eu acredito) e vi MUITA porcaria (mas vocês só saberão quais em janeiro, SE eu lembrar). E aí peguei coisas maravilhosas, como Matt Damon perdido em marte DE NOVO.

(Matt Damon JAMAIS entrará numa lista de maridos, o que é uma pena, pois não posso usar a inédita piada I'm fucking Matt Damon com alegria.)


O LEIA MAIS TÁ A PARTIR DAQUI, KIRIDAS.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

previously on: caverna do dragão mestrado edition

Este post não tem a menor pretensão de ser engraçado ou divertido. É só um desabafo que se autodestruirá muito em breve, mas que meique explica minhas postagens neste ano e meu ~bom humor~ sem data pra terminar.

RECAP: fiz a especialização em 2005, não tinha mestrado. O mestrado abriu em 2010, me encheram os pacová pra me inscrever. Encheram tanto que em 2014 fiz uma disciplina isolada, pensei "whatarrel" e me inscrevi. Pedi pra um professor específico ser meu orientador e ele fez drama pra aceitar, dizendo que eu era muito ~petulante~ e ele trabalhava com temas definidos e eu teria que aceitar decisões alheias blábláblábláblá. Disse sim, porque veja se eu tô preocupada. Inclusive, tive problemas mais importantes que esse pra resolver, me perdi nas datas (sendo que a pessoa passava todo dia na minha sala pra me lembrar de me inscrever, mas não achou conveniente confirmar a data da prova), fiz a prova sem estudar, passei, olha que alegria, num tem erro.

HA

HA

HA

HAHAHAHAHA

Meu curso é dividido em 3 trimestres por ano, sendo que o segundo é uma alegria fatiada por um recesso desnecessário.

TRIMESTRE UM

Duas matérias decepcionantes. Antes da primeira semana eu já estava chorando, literalmente. Era tanto trabalho, tanta bobagem, tanta aula ruim... Lembrei de um conselho no primeiro dia de aula, em que alguém disse que sozinho a gente não sairia do lugar. Operei um milagre pessoal e fiz amigos. Mas as coisas ainda não andavam. Não tinha mais tempo livre - e não tô dizendo livre pra ler livros recreativos, passear, ver gente. Não tinha tempo pra dormir, tomar banho, comer. Minha casa começou a cair aos pedaços, meu cachorro e minha gata deixaram de entrar no meu quarto, porque eu não estava dando atenção pra mais ninguém. Não sei o que me deixava mais sofrida, se era estar ocupada por uma coisa que eu nem acreditava ou se era por tudo que eu estava deixando pra trás.

Tentei algumas vezes me impor horários ~recreativos~, mas tudo que eu consegui foi brigar com gente de quem eu nem gostava tanto assim, porque ninguém entende pelo que você está passando, ninguém se importa e você tem mais o que fazer.

Nesse trimestre eu tive a primeira nota baixa da minha vida e me deparei com o fato de que elas (as notas) são atribuídas subjetivamente. Deve ser por isso essa história imbecil de conceitos de A até E. Pessoas que trabalham em empresas que podem gerar bons contatos no futuro e são homens tirarão notas melhores que pessoas com melhor produção que não forem homens ou não tiverem nada pra dar em troca na vida. É muito frustrante.

Então de março a maio, a coisa foi de "ó que maravilha que eu tô aqui sem nem ter estudado, sou muito inteligente" a "o que eu tô fazendo aqui, minha vida é uma merda".

Atribuí esse sentimento à minha idade, à falta de ritmo que ficar sem estudar me causou, ao fato de que eu tinha que passar muitas horas dentro do mesmo lugar, com as mesmas pessoas... Deveria ter existido um recesso de duas semanas entre esse trimestre e o seguinte, mas a desorganização dos próprios professores inviabilizou esse direito. No domingo em que tudo acabou, respirei fundo e me preparei psicologicamente para o 

TRIMESTRE DOIS

Olha, nada podia me preparar pra a desgraceira que estava vindo. Nem o privilégio de conhecer o sistema por dentro.

Uma das minhas matérias era como se fosse uma continuação das duas primeiras. Não foi surpresa nenhuma descobrir que eu não tinha aprendido NADA e que aquela matéria teria que render por três. Claro que isso não vem sem uma exaustão sem limite, mas era um cansaço intelectual, gratificante até. Terminar a matéria com a dica de que a minha foi a segunda maior nota da sala e a melhor foi bastante alavancada pelos trabalhos em grupo feitos comigo foi recompensador o suficiente.

MAS.

Enquanto isso, na outra matéria, o pau comia. Assédio, ofensas, aulas de péssima qualidade em que não tinha como ganhar. Todos os critérios de avaliação eram subjetivos e você poderia receber qualquer nota e qualquer justificativa e ser obrigado a aceitar.

Da primeira vez que fui ofendida (por mais de 5 minutos, na frente da sala toda), tive uma crise de ansiedade tão forte que pensei que fosse morrer. Nunca tinha tido uma dessas e nem minha família aceitou, tive que melhorar na porrada mesmo. Diz a lenda que a pessoa que deve ajudar a gente com esses problemas é o orientador, então eu esperei ter condições de me comunicar com outro terráqueo até falar com ele. Isso levou 14 horas. Logicamente, a pessoa que me ofendeu contou sua versão da história primeiro. Quando eu cheguei, ele nem me deixou falar. Disse que a culpa era obviamente minha - nada aconteceu, eu parei na frente da sala e a pessoa começou a emitir impropérios, sem que eu tivesse falado. Não tive nenhum apoio. A frase que eu ouvi foi "se vira pra passar nessa matéria".

Ao longo das semanas, eu me tornei o cabo de guerra. Escutava que se não tivesse projeto, não seria aprovada. Escutava que não precisava de projeto e estava arrumando desculpa pra ser reprovada. A essa altura, eu não tinha um projeto de pesquisa, porque a postura do mestre dos magos passou de "eu tenho uma linha e você se enquadra nela" pra "tu te tornas eternamente responsável pela dissertação que escreves". Até ali, tinha passado 4 meses indo a congressos, palestras, seminários, feito contatos, conhecido pessoas. E a acusação era de que eu estava esperando o trabalho cair do céu. Eu queria falar de transporte urbano, então consegui o apoio do ~presidente dos ônibus~, do diretor do trânsito, do cabeça da iniciativa das bicicletas. Tão entendendo? E o mestre dos magos dizendo que eu estava viajando num delírio hippie, a outra professora ameaçando me reprovar se eu não trocasse de orientador.

No meio disso tudo veio o recesso, que era um descansinho apenas para professores, já que fomos soterrados em prazos. Nesse meio tempo, sofri meu acidente famoso no gelo que, pra vocês terem noção da gravidade, ainda não terminou de curar. Estava drogada até o cabelo, com dificuldades de locomoção e fui obrigada a apresentar um trabalho por "sorteio" nessas condições, ouvindo que minha nota não seria atenuada pela minha dificuldade, que o que eu faço na minha vida particular é problema meu e ninguém mandou eu achar que podia me divertir durante o mestrado.

Foram 4 meses de desespero, em que eu procurava ajuda e era sumariamente ignorada. Um dia, depois de uma dessas ofensas que tiram o rumo, fui cancelar minha matrícula. Não encontrei ninguém pra fazer isso, mas um professor que estava por ali resolveu me acalmar. Contei a história e ele me disse pra pensar por algumas semanas. Caso eu resolvesse que não tinha mais jeito, ele tinha uma proposta.

Aconteceu mais uma vez, mais uma ameaça de reprovação. Fui procurar minha mãe (que trabalha junto com essa gente bonita) e ela não estava. Quem estava era o professor que me ofereceu ajuda e, desta vez, aceitei.

Começou aí um plano silencioso para conhecer pessoas, tomar decisões, aprender o que eu ainda não tinha aprendido. Em um mês eu tinha evoluído mais que nos 12 anteriores. Fiquei encantada com a possibilidade de produzir academicamente, como eu sempre tinha esperado que acontecesse. Tomei minha decisão e ficamos (os envolvidos) esperando a hora certa de tornar tudo público.

TRIMESTRE TRÊS

Foi uma operação de guerra pra esse semestre funcionar satisfatoriamente com um pé em cada canoa. De um lado, mantendo o mestre dos magos em banho maria. De outro, correndo atrás do prejuízo de um ano inteiro. Também não surpreendeu o pouco que eu evoluía na minha "condição oficial". Eu era culpada o tempo todo de viver em baladas, enchendo a cara, gastando o tempo em diversão. Enquanto isso, meus amigos todos reclamavam do quanto eu estudava, assim como meus colegas de trabalho e minha família. Eu já não tinha mais vida, fora aquela de fachada que a gente leva na internet. Até que chegou o momento de cortar os laços e, bom, sobre essa parte não posso falar muito ainda, porque não está concluída.

Enquanto isso, o pior trimestre de todos acontecia: 5 artigos por semana para serem lidos e revisados, um projeto complexo de pesquisa operacional feito computador, também semanalmente. Entre um e outro, não dava nem pra ver a semana passando. Sabe quando a gente tá no mar, se distrai e vem uma onda na cara? Aí a gente se afoga, se desespera, se debate e, quando o ar finalmente entra no pulmão, outra onda vem e você acha que vai morrer? Eram assim as minhas semanas. Até agora não sei como dei conta. Quer dizer, não dei. Pedi PELOAMORDEDEUS uma extensão de prazo pra um projeto final e isso nos leva à seguinte situação:

Enquanto todo mundo já está de férias, eu tenho uma reunião amanhã cedo, pra decidir os rumos da minha dissertação e quem será meu orientador ou minha comissão de orientação. tudo que eu passei um ano estudando foi pro ralo e eu tenho que começar um projeto do zero.

Além disso, tenho um trabalho pra entregar dia 10 de janeiro, que consiste de observar um lugar com 25 postos de trabalho, encontrar os tempos de cada um deles, descobrir qual é sua distribuição estatística e seus parâmetros, alimentar um sistema de computador que eu mesma vou criar, pra tentar replicar a realidade. Considerando que isso vai dar certo, tenho que transformar em um exercício com enunciado e explicações e etc.

Isso quer dizer o que?

Que tenho vontade de assassinar cruelmente as pessoas que vêm dizer "ué, mas é férias agora, você vai poder sair de casa, né?"

SERIA.

Se ninguém tivesse ferrado minha vida e minha dissertação, eu teria sim esses 10 dias de descanso mental, desde que me comprometesse comigo mesma de fazer o trabalho restante em 6 (não poderia me dar ao luxo de dormir).

Só que além desse trabalho, eu tenho que ter uma referência bibliográfica digna de qualificação até o mesmo dia 10 de janeiro, o que significa ler pelo menos 50 artigos nesse período. Você já leu 5 artigos científicos por dia? O que aconteceu com sua sanidade mental?

Aí as pessoas leem que vou ficar 10 dias em recesso e acreditam que serão 10 dias de vidaloka, na balada, enchendo a cara. Não é bem isso não, migas. Serão 10 dias estudando em casa, com a família inteira de férias, com um tocando guitarra, outro ouvindo filme de gurra nas alturas, outro ouvindo titanic pela centésima vez, outro desmontando a casa e remontando em outro formato, apenas por motivos de tédio. Com obrigações sociais de natal e ano novo (dois barato pra que nem ligo, só queria dormir). E pensando seriamente em largar tudo e aprender a gravar nome em grão de arroz.

Então, sei lá, se você convive comigo em alguma esfera, mesmo que só virtual, não torra minha paciência, não cobra nada, não pede nada, não fala desse mestrado como se fosse um clube secreto que entrei com meus amigos especiais pra me fazer de importante e ignorar que você existe. É o pior pesadelo com que me comprometi na vida e não quero jogar fora depois de tanto sofrimento.

A reunião de amanhã pode amenizar minha vida, então oremos. Mas se não for o caso e eu só sentir alegria de viver novamente em 2017, tem duas opções: uma é vocês tomar seu rumo. A outra é alguém sobrar na porta me esperando.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

otis e sua vida em vão



Eu tinha que ir no primeiro andar de um prédio, cuja fila do elevador está sempre imensa, mesmo que a maioria das pessoas tenha que ir sempre só no primeiro andar mesmo. Desde a primeira vez que fui lá, só subo de escada. Não julgo quem sobe de elevador. Tem dias - como hoje - em que minhas articulações estão tão sofridas que 10 passos já parecem provação, e não tem quem diga com a minha cara rechonchuda e saudável. 

Bom.

Cheguei lá, entrei no prédio, desviei da fila gigantesca do elevador, subi as escadas e, pra minha surpresa, precisaria levar um documento no último andar do prédio. Avaliei as possibilidades e decidi esperar pelo elevador ali do primeiro andar.

Como eu sou muito inteligente e sei que em andares com dois botõezinhos a gente aperta aquele para a direção pretendida, apertei o botão com flechinha pra cima. Sei que parece um conceito óbvio, mas anos trabalhando em prédios me mostraram que as pessoas apertam os dois botões achando que chega mais rápido, ou apertam o botão de cima quando querem descer, porque estão avisando ao elevador que ele precisa subir.

HAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHA

Sério.

Mas eu sei usar o elevador e estava solitária no corredor, observando o botãozinho da flecha que aponta pra cima aceso.

Chega uma véia.

A véia olha o botão, olha pra mim, respira fundo, abre a boca:

- você apertou o botão de cima por quê?
- porque eu quis.

Ah, cara, pelamor. 

- mas esse botão é pro elevador subir.
- é memo?

Véia, pls.

- pra que andar você vai?
- desculpa, mas isso não é da conta da senhora.
- eu só preciso descer um andar.
- que bom pra senhora, eu vou pro último andar :)

Comecei a ficar bem humorada e espalhar alegria, né?

- MAS EU PRECISO DESCER!!!!
- então é só a senhora apertar o botão com a flecha pra baixo e esperar quando ele voltar.
- mas o meu é um andar só, você tem que me deixar descer primeiro!
- infelizmente, não é assim que elevadores funcionam.

A véia bufa.

O elevador chega e a véia se joga na minha frente, se atira lá pra dentro e espanca o botão do térreo, como se não houvesse amanhã. Ainda assim, obviamente, o elevador começa a subir. Aperto calmamente o botão do andar onde vou descer e a véia vai a viagem toda berrando que o mundo tá perdido, que ninguém é capaz de fazer favor pros outros, uma caridade.

E eu vou aqui reclamando que no ano do senhor de 2015 as pessoas ainda não aprenderam a usar esse negócio complicadíssimo chamado elevador.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

my best sister's wedding

Hoje eu vou dividir um pavor aqui com vocês e adoraria que ninguém

a) minimizasse o sofrimento
b) mandasse procurar ajuda psicológica
c) desse conselhos

Especialmente por que os conselhos sempre giram em torno de minimizar o sofrimento, procurar ajuda psicológica ou o maravilhoso "por que você não se afasta?". 

OLHA, MIGOS, CÊIS ACHAM QUE NINGUÉM PENSA EM MORAR NUMA CAVERNA PRA SE ~AFASTAR~ FREQUENTEMENTE?????

Tejem avisados.

*****

Aqueles de vós que não são velhos o suficiente ou tinham mais o que fazer em outras épocas das suas vidas ou tinham mais critério com suas leituras, sei lá, talvez nunca tenham me visto bradando contra o casamento nesta internets. Não é que eu seja contra, de jeito nenhum, tenho até amigos que são. Mas eu acho que é um troço bem inválido e, definitivamente, não feito pra mim.

Descobri isso muito cedo na minha vida. Eu era feministinha muito antes de saber o que era feminismo, eu nunca fui fã de dividir e me responsabilizar por outras pessoas, sabe? Aquele blábláblá que cêis já tão cansados, que eu não vou lavar a roupa de ninguém, não vou fazer almoço de ninguém, ninguém dorme na minha cama, ninguém tira minhas coisas do lugar, etc, ad eternum. Então eu nunca tive pretensão de casar, nunca me visualizei nessa situação, nunca nem namorei direito, porque namorar é uma coisa que faz os homens pensarem que estamos prometendo amor eterno e eu acredito mais em homeopatia que em amor eterno, então cê veja. 

Alguns de vocês podem dizer "ah, mas eu lembro daquele seu namorado" ou "eu lembro de você apaixonadinha". Se você lembrar dessas coisas durando mais que 6 meses, pode vir aqui retirar seu prêmio, né? Inclusive, as pashãozinha resistentes são as platônicas, because in platonismo we trust. 

O problema é que essa minha revoltinha com o acasalamento humano meique saiu respingando pra tudo que é lado e eu achei que tinha estragado minha própria irmã, cuja vida não tem nada a ver com a minha. A pessoa passou 37 anos com o mesmo namorado, amando e sendo feliz, mas sendo resistente à ideia de casar por alguma razão que jamais saberemos qual é. Então eu parei de falar de relacionamentos pra sempre, só aviso potenciais interessados em me encher o saco com essa proposta estapafúrdia. 

Aí, uns meses atrás, minha irmã foi pedida em casamento e disse sim.

WEEEEEEEEEEEEEEEEE

Passadas as 24 horas iniciais de incredulidade, alegria pelozotro, assentamento da notícia e essas coisas, caiu a realidade em cima da minha cabeça como uma bigorna:

Minha irmã

mais nova

mais bonita

mais magra

vai

casar.

Calma, que isso não é aquele desespero de solteirona sofrida de filme de comédia romântica. Não reavaliei minha existência, não me senti solitária, não estou sofrendo enquanto cerumano.

Infelizmente, minha irmã também acredita em família, de modos que aqueles parentes insuportáveis com os quais consegui cortar relações depois de adulta estarão todos convidados para esse incrível dia em que, em vez de fazer ode à felicidade da minha irmã e de seu futuro marido, essas lindas pessoas estarão preocupadas em me infernizar porque estou 

velha

feia

gorda

sem homem.

Entenderam? Tipo, um dia bem feliz da vida da minha irmã provavelmente será um dia bem horrível da minha.

Pra melhorar? Serei madrinha. Magina a delícia de saber que os comentários que não ouvirei (se tudo der certo) terão o seguinte conteúdo: coitada, né? Deve ser difícil ser a irmã feia, gorda e militante que ninguém nunca vai querer :(

Cêis tão alcançando?

A bad bateu ontem de forma definitiva quando ouvi meu pai no telefone com os padrinhos dela, que são pessoas ADORÁVEIS.

Uns 5 anos atrás, nem gorda eu era ainda, a casa onde eu moro ainda era a casa da minha vó. Ela estava fora por um tempo quando essas pessoas apareceram pra visitar. Minha casa era muito pequena e essa tinha lá todo o espaço desocupado, meus pais ofereceram pra que eles se hospedassem ali. Achei ótimo, porque eu sempre tinha uma desculpa pra não aparecer na casa da minha vó. Até um domingo em que eles amorosamente ofereceram um almoço pra gente, uma bacalhoada.

Achei incrível, especialmente porque a família é vegetariana desde 1993, então não tinha mesmo como saber que ninguém ali comeria bacalhau nem morto, né? Não é culpa deles. "Ah, mas separa a batata, então", eles disseram. Mas um deles olhou pra mim e completou: "menos a Vanessa, né? que gente gorda tem que ficar longe de batata".

:)


*****

"Nossa, que paranoia, fia, daonde cê acha que vão ficar comparando assim, que doença."

Minha família tem esse bonito hábito desde que minha irmã alva, loira e de olhos azuis nasceu. A gente foi crescendo e a coisa foi ficando cada vez mais ridícula, os comentários eram sempre "quem bom que você é inteligente, né, porque ela é mais bonita".

O que a sociedade ganha com esse tipo de comparação, jamais saberei. É mentira que ela é mais bonita? É ÓBVIO QUE NÃO. É igual ser a gêmea da Gisele, sabe? A gente tem espelho, a gente tem noção. Não precisa ficar vindo avisar, até porque nunca fui me inscrever em concurso de beleza, né, mores. Além dessa alegria, minha irmã (de vez em quando) acredita que só dá pra ser uma dessas coisas e que ela não é inteligente. Tá todo mundo de parabéns.

Mas minha família é superficial assim mesmo e, sendo eu a única gorda e não agraciada pela boa genética, tenho que escutar desde os primórdios que O IMPORTANTE É TER SAÚDE, ops, não, péra, que bom que cê é inteligente.

Massssssssssss, isso não é exatamente verdade.

Termina o ensino médio com condecorações, altar na escola, recomendações de amor da diretoria e tal: mas e os namoradinho? Nessa idade num tem namoradinho? Quem muito escolhe acaba não escolhida.

Passa pela faculdade com honras, elogios e o terceiro maior IRA: MAS E OS NAMORADO, MINHA FILHA???? VOCÊ JÁ TEM 22 ANOS, uma moça séria já teria arrumado um bom rapaz, sossegado na vida! Tá ficando velha pra ter filho, os home bão já estão comprometidos, sério, será se você é lésbica? AHHHH QUE DESGOSTO, MEU DEUS, EU PREFERIA QUE VOCÊ FOSSE BURRA.

Faz três especializações, sendo uma delas numa área predominantemente masculina, só tira 10, dá olé nozomi tudo, tem convites de mestrado chovendo pela janela: sério que cê tava numa sala só de homem e não arranjou nem um???? O que tem de errado com você? Deve ser esse seu gênio ruim, minha filha. Deve ser essa sua mania de exigência, ninguém é perfeito não, você muito menos, não dá pra ficar querendo escolher demais a essa altura da vida.

Entra num mestrado em engenharia depois de 10 anos sem estudar, sem ser engenheira, sem ter tempo de se preparar, tem um monte de nota excelente, tem um monte de professor interessado em projetos, tem proposta de doutorado se não perder a paciência com a academia antes: viu? Passou dos 30, largou mão da vaidade, virou essa bola, virou feminista, se recusa a entender que mulher nasceu pra cuidar da casa e homem não tem paciência pra mulher bruta, pedante e engraçadinha, vai ficar aí largada mesmo, né? E aí, quando for velha, quem vai cuidar de você? Seus irmãos não têm obrigação. Vai ficar numa casa com 40 gatos? Que perspectiva horrível, você não acha?

Não, não acho.

Ousseje: não adianta ser legal, responsável, razoavelmente bem sucedida, inteligente, divertida, educada e tudo mais. As pessoas vão enxergar uma mulher velha, gorda, sem homem.

Mal posso esperar.

Não tem como ganhar.

*****

Aí eu comecei a pensar em algumas soluções super possíveis

DIETA DE FOME

Eu pensei aqui em várias palavras horríveis pra denominar essa atividade, mas o resumo é esse mesmo: parar de comer por 360 dias. Num é diminuir pra 500 calorias, largar mão da proteína, seguir o conselho do meu amado tio e me afastar de batatas: é virar faquir. É viver de luz. 

Da última vez que eu fiz isso, emagreci 2kg em 12 meses, então acho que vou conseguir vestir 48 no ano que vem :D

¬¬

APRENDER A COSTURAR

No último casamento que eu fui, cada loja de vestido que eu entrava era uma nova alegria. As vendedoras se desesperavam e insinuavam que obviamente não tinha pano o suficiente pra cobrir meus 3 milhões de metros quadrados de área. O que eu fiz? Fui a uma costureira. A vantagem é que a quilometragem de pano seria por minha conta, a fia tinha duas tarefas: entender o modelo que eu queria e costurar tudo na medida do meu corpinho. AHHAHAHAHAHAHA. Gastei uma fortuna em ticido, expliquei direitinho como queria o vestido (tem o post aí pra trás, gente) e não é só que deu errado, ela fez menor e disse que era uma dica pra eu emagrecer :)

No caso, então, se eu aprender a costurar, pode ser que eu tenha um vestido do meu tamanho pra usar e minimizar a catástrofe.

ENTRAR PRA UMA SEITA

De preferência uma seja contra casamento e essas coisas, aí eu digo que não vou poder estar comparecendo, que pena.

ME TORNAR ASTRONAUTA

Porque eu não vou descer de marte assim com essa facilidade se alguma nave me esquecer por lá.

CONTRATAR UM SILVIÇO DE ACOMPANHANTE.



Vou ser bem sincera com vocês. A primeira vez que eu assisti The Wedding Date eu achei um filme muito simpático, comprei o DVD imediatamente e tudo mais. Mas nunca me ocorreu o desespero da protagonista, justamente porque eu achava que ninguém na minha família (dentre aqueles com quem eu realmente convivo) ainda se casaria um dia. ESPECIALMENTE um dos meus irmãos. Eu sei que tem gente que se sente diminuída ou mal sucedida na vida se não segue a manada e sai do curso cresce-casa-temfilho e tudo mais, mas nesse filme dá pra sentir o desespero da sociedade te julgando porque você "ficou pra trás". A pena que as pessoas sentem porque você não tem um freaking marido e, PIOR, alguém da sua família tem.

Aí eu fiquei pensando que tanto faz o que você é, como é sua aparência ou o que você tem. Se tiver um homem do seu lado, validando sua existência, tá tudo bem.

Mas já que não temos um homem, eu pensei: por que não um homem perfeitíssimo?

De modos que abri a campanha no feici, que não obteve sucesso algum. Estava à procura de um rapaz bonito, que fosse capaz de fingir olhar apaixonado por mim e livre na data do casamento. Mas isso não é suficiente. Tem que ser alto, bem sucedido, inteligente, ficar bem de terno, divertido e fazer parecer que eu conheço algum tipo de magia.

- nossa, fia que velha que cê tá, né?
- mas olha meu bofe.

- engordou, né?
- mas olha meu bofe.

- feminista? que vibe.
- sim, mas olha meu bofe.

- mestrado a essas altura da vida? tinha que estar cuidando de uma casa, do marido, dos filhos...
- MIRA AQUI MEU BOFE RAPIDAMENTE.

Compreende?

Qualquer coisa que porventura esteja errada comigo aos olhos da sociedade será automaticamente apagada por um boy magia de qualidade, que faça todo mundo pensar MAS MDDC É FOLINHA VERDE QUE FAZ ESSA FIA COM ESSA CARA DE PASTEL AMANHECIDO TER UM BOFE DESSE????

É só isso que eu peço. Vocês conhecendo esse rapaz, favor empurrar na minha direção.
Dinheiro eu realmente não tenho pra pagar, mas disk a comida da festa estará ótima e tem sempre a minha maravilhosa companhia, que vale mais do que dinheiro.

:)

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

freaky versa

Gente, cêis curte ver gente pelada? Não tô nem falando do gênero que vos satisfaz sequiçualmente, estou falando de gente, qualquer gente, sem roupa. Cêis curte? Nossa, eu detesto.

Eu acho lindos homem lindos, mas eu curto que sobre pelo menos uma cuequinha grande, se possível, uma camiseta, uma calça, tênis, blusa. Eu gosto de gente vestida, quando é pra olhar. Desembrulhar só na hora de usar mesmo, viu? No geral, eu preciso que as pessoas estejam encapadas.

Banheiro de academia, piscina, praia, acho a paisagem um tormento. Na minha casa os home curte ficar só de short, as mulher de calçola e camiseta, eu me recolho pro meu quarto quando eles se preparam pra dormir, porque eu não tenho estrutura.


***************************************

Eu achava que eu era uma pessoa bem feliz. Eu achava que estava realizada profissionalmente, que minha família não tinha defeito, que minha casa era ótima, acreditava superficialmente no amor, etc etc etc. Não sei o que aconteceu uns 8 anos atrás e um dia eu acordei consciente de que a vida era uma merda, especialmente a minha. Não sei se foi quando eu comecei a virar uma gorda, funcionária pública, pobre, adulta que mora com os pais, essas coisas. 

Aí veio aquele sentimento de condenação.

Tipo: eu não posso ir dormir pensando "amanhã eu não sou mais gorda, não sou mais alérgica, não sou mais pobre, não sou mais brasileira, tenho dois rins, não sou mais burra, não tenho mais de 30 anos, não escolhi a profissão errada, não sou mais ridícula enquanto cerumano" e acordar magicamente em diferentes condições. Eu sou condenada a ser eu. Acho isso um horror, sabe? Essa falta de capacidade de ser o que a gente quer me irrita demais.

De modos que o pensamento "eu não aguento mais ser eu" ou "até quando eu tenho que ser eu?" é bastante recorrente.

**************************************

Infelizmente, neste momento, eu não sou mais a única pessoa na minha casa com problemas mentais. A diferença é que eu tenho tido que lidar com isso por anos, então meique já tenho prática. Minha irmã tá descobrindo agora os horrores de estar condenada a ser quem é. Esses dias ela entrou no meu quarto reclamando que não queria mais ser ela. Trinta e dois segundos depois de eu ter tido o mesmíssimo pensamento.

MANO, BATEU UMA BAD INTENSA.

Cara, pensa comigo. Quantos filmes existem no rol de roliúde com essa temática? De pessoas que não têm realmente razão para odiarem suas vidas, aí elas odeiam a própria vida ao mesmo tempo (confesso que eu pensei que minha irmã não tinha razão nenhuma pra não querer ser ela mesma, tava reclamando de barriga cheia), aí acontece uma ~magya~ e as pessoas trocam de corpo.

PENSA, CARA.

Falei isso pra ela imediatamente:

- faz favor de parar de falar em voz alta que não quer ser você, porque eu tô frequentemente pensando isso e aí vai que cai a luz, dá um raio, bate um vento, comemo um biscoitinho da sorte e PÁÁÁÁÁ, amanhã eu acordo de Monique.

Eu tava achando muito ótimo acordar magicamente magra e com uma cara que a sociedade considera bonita, tava difícil mesmo imaginar aqui uma desvantagem pra mim, sabe? Já pra ela, hahahahhahahahah, pensa no pesadelo de acordar gorda e feia??? Deve ser um baque na vida da pessoa.

cordei q tá conte seno

ai caraio to gorda socorro


Exatamente como eu imaginei. (E maisomenos como aconteceu com a minha própria pessoa.)

Mas aí eu lembrei que teria que ver minha irmã pelada no espelho e quase desmaiei, cara. Magra sim, pelada JAMAIS.

Aí ela responde "e você tá lascada, porque NUNCA que eu ia passar o tempo que cê passa estudando e indo pra academia".

Me desesperei, né, mores? Gritei que não tem condição a pessoa deixar um corpo gordo privado de exercícios físicos. O mestrado eu recupero, mas e meus muque? PRIORIDADES.

Logo lembrei que a pessoa é a louca do leite e já imaginei ela enfiando canecas de nescau neste corpinho alérgico - e que também ODEIA nescau.

Aí pensei que ela falharia miseravelmente na missão de tomar duas colheres de mel por dia, os antialérgico tudo, os 38 sabonetes, hidratantes, as águas que eu preciso beber, os detalhe, gente, socorro? Ela ia me entupir de suco de maracujá de caixinha, de vinagre, de azeitona, EU NÃO POSSO ADMITIR ESSE TIPO DE COISA!!111

Quando a gente percebesse que a vida de todo mundo é uma merda mesmo então melhor cada um ficar com a sua, e tivesse que voltar pro próprio corpo, em que situação eu me receberia de volta?

Com o tanto que minha irmã é sedentária, eu voltaria pro meu corpo pelancudo, trabalhado na dermatite, no entupimento nasal, com o cabelo cheio de frizz, porque quem mais teria paciência pra domar essa juba desgracenta? Ninguém. Magina a pessoa que nunca pesou mais que 50kg e teve cabelo desconjuntado tendo que me levar pra passear na rua? Magina ela tentando me vestir????????????????? Magina querendo enfiar bota nos meus tão sensíveis pezinhos! Encher minha cara de maquiagem! Me cobrir inteira neste país que nunca nem faz frio!

O desespero foi tão grande que quase gostei de mim e da minha vida por 32 segundos. Pode não ser grandes coisa, mas pelo menos eu tomo conta dessa porcaria de envólucro de carne que eu carrego pra baixo e pra cima.

Minha irmã, por sua vez, ficou apavorada que eu pudesse comer uma fatia de peito de peru com seu corpinho vegetariano e usar o cabelo ~au naturel~. E fim.

Em todos caso, vou tentar me conformar com a minha vida até ela voltar ao normal e eu poder reclamar normalmente de estar condenada a ser eu.

O problema é se nesse meio tempo eu acabar descobrindo que no fundo eu me amo. Aí sim vai ser difícil descobrir o que fazer (mas acho que não corro esse risco).

RERERRERERERE



domingo, 22 de novembro de 2015

3 coisas

3 coisas que mal posso esperar 


- esse ano acabar

- esse mestrado acabar

- março de 2017


3 coisas que me dão medo 


- telefone

- comer na casa dos outros

- terminar relacionamentos 


3 coisas que me dão preguiça 

- gente arrogante

- artigos científicos

- atividades fora dos limites do meu lar


3 coisas de que eu gosto 

- dormir

- comer

- silêncio


3 cheiros que eu gosto 

- baunilha

- hidratante de cereja l'occitane

- perfume de gengibre roger & gallet 


3 cheiros que eu não gosto 

- azeitona

- vinagre

- aquele incenso que todo hippie curte 


3 comidas GIMME MORE 

- coxinha

- pão de batata

- sanduíche podrão


3 comidas “prefiro a fome” 

- azeitona

- carne

- goiabada


3 redes sociais favoritas 

- tumblr

- instagram

- flickr


3 redes sociais desgracentas 

- twitter

- snapchat

- whatsapp é rede social essa bosta?


3 bebidas preferidas 

- água

- suco de abacaxi

- suco de laranja


3 bebidas que URGH 

- cerveja

- suco de caju

- suco de laranja de caixinha


3 coisas que eu quero fazer 

- ficar rica

- viver de escrever

- morar num lugar onde nunca faça sol ou calor


3 coisas que eu deveria fazer 

- começar um artigo

- finalizar uma resenha

- arrumar meu quarto


3 coisas que eu sei fazer 

- cozinhar

- desenhar

- drama

3 coisas que eu não sei fazer 

- esperar

- falar no telefone

- café


3 coisas que estão na minha cabeça 

- cabelo

- olho

- nariz


3 coisas que eu falo bastante 

- olhaki, kiridinha

- fuén

- caraio


3 assuntos de que eu falo bastante 

- séries de tv

- morar na europa

- mestrado

3 coisas que eu quero 

- dinheiro

- sossego

- silêncio


3 coisas que me acalmam 

- silêncio

- chuva

- não ter que sair de casa


3 coisas que me estressam 

- sair de casa

- barulho

- calor


3 coisas que eu vou fazer essa semana 

- uma das coisas que eu mais odeio no universo

- tomar no cu de forma não literal ou prazerosa

- chorar


3 coisas que eu fiz na semana passada 

- terminei um relacionamento falido

- tomei no cu de forma não literal ou prazerosa

- chorei

terça-feira, 10 de novembro de 2015

dança da solidão




Esses dias eu tava muito amarguíssima, porque assim: dia 28 (ou algum dia no fim de outubro) é dia do servidor público e apenas duas vezes na história desse país tinha sido "feriado". Eu nem conto com essa data, eu nem LEMBRO dessa data. Mas botaram uns food truck debaixo da minha janela pra lembrar essa data. Estava ignorando solenemente, quando o reitor mandou um comunicado de feriado na sexta. Seria muito maravilhoso porque eu tinha que estudar E resolver problemas longe de casa, isso significaria um dia pros problemas, livrando o fim de semana pros estudos. Mas ó que incrível: tinha o feriado oficial de finados, tudo ia se juntar e QUATRO.DIAS.DE SOSSEGO.

No meio da semana, minha irmã avisou que estava indo pra praia, minha mãe disse que ia pra casa da minha vó a 600km daqui, meu pai ia com ela, meu irmão na Europa... significava o que? O QUE? 

SOLIDÃO!!!!!111111

Gente, que sonho. Eu já planejo meus dias praticamente minuto a minuto, em meia hora eu tinha uma escala de atividades pros 4 dias, totalmente balanceada, de modos que tinha tempo de estudar, cozinhar, dormir, faxinar, estudar, faxinar, estudar, estudar e assistir duas horinhas da final da copa de rugby.

Mas aí deu-se uma desgraça. Assaltos em série nas casas em torno da minha, culminando com a minha vizinha vindo aqui me avisar que os ladrões entraram na casa dela pela minha (o que é uma grandessíssima mentira), 01 horror. Quiqui aconteceu? Todo mundo desistiu de viajar, meu irmão inclusive achou conveniente despencar de hemisférios (ainda não voltou, mas a notícia veio) e eu pensei apenas: ATÉ QUANDO MORAR EM GRUPO?

O feriado foi um enorme cocô mole em que eu praticamente não consegui estudar, não houve limpeza de um mísero metro quadrado desta casa, não consegui assistir o jogo todo porque c e r t a s p e s s o a s queriam almoçar (e eu com isso, caceta????), foi uma merda, um horror.

Aquele que vier comentar sugerindo que eu saia de casa ou perguntando a razão de eu não sair de casa, será solenemente ignorado. A não ser que esse comentário venha acompanhado de um lugar pra eu morar sozinha com as despesas pagas, num lugar de minha escolha. Aí pode, pode comentar o que quiser.

Isso conjuntamente com uma frase que sempre ouço pessoas dizendo ou postando e calhou de aparecer no meu campo de visão, nossa eu filosofei demais.

As pessoas dizem: a melhor coisa de morar sozinho é andar pelado.

MEU DEUS DO CÉU, COMO VOCÊS SÃO BOCÓ.

Sério, cara, eu tenho vontade de implodir numa célula de catapora quando eu escuto esse horror.

Primeiramente porque: que nojo, cara. Jesus amado, que nojo. 

Minha cama, que eu frequento super pouco, eu deito em qualquer direção que der vontade. Já pensou que delícia um dia deitar com a cara onde anteriormente estava o cu? Meu sofazinho, tão confortável. Magina que eu sento lá com as parte toda de fora pra ver um nervosíssimo blacklist ou ler um livro durante 4 horas. Aí levanto, tomo um chá de hibisco, volto e deito no mesmo sofá pra uma sonequinha, com o meu cabelo onde tava ralando a afugentada. AI, GENTE, NÃO. Aquele banquinho da cozinha que a gente usa pra alcançar o armário alto, às vezes sobe com a chinela que passou por guspe na rua, aí cê vai e senta com suas região mucosa nesse local?????? Gente, cêis são porco demais, credo.

Mas isso nem é o pior. Esfregar a cara no próprio fiofó eu até entendo, tem gente que vai comentar dizendo que é limpinha e eu vou só rir um pouquinho aqui do lado de cá, cêis faz o que cêis quiser. Agoooora, nas raríssimas ocasiões que eu vou na casa alheia, especialmente se a pessoa mora sozinha ou passa muito tempo sozinha, eu sempre penso: VOU SENTAR NESSE SOFÁ CARIMBADO DE CU?

Num vou negar, eu penso nisso intensamente. Tanto que calças que vão nas casa dos migo, chegam em casa e vão diretamente pra máquina de lavar, sem passagem por sentadinhas ocasionais no meu banquinho da cozinha, no meu sofá, na minha cama, deus me livre e etc.

E essa é uma das razões pelas quais eu JAMAIS dividirei a casa com alguém que não sejam as pessoas com quem sou obrigada a dividir hoje. Deus me livre passar uma semana fora e ter que dedicar o primeiro dia da volta pra desinfetar tudo que é superfície. Não tenho estrutura emocional.

Por outro lado, eu consigo pensar aqui em mais ou menos 478 coisas melhores pra se fazer ou ~curtir~ quando se mora sozinho.

Exemplos?


Silêncio

Consigo nem imaginar aqui a alegria que deve ser o silêncio. Mentira, sei sim. Meus pais sempre moraram em duas cidades ao mesmo tempo, de modos que com uma frequência razoável eu acabava ficando sem um ou outro ou os dois, sem irmãos, sem ninguém. Nos últimos 5 anos que essa alegria se acabou, mas eu já passei muitos bons momentos em casa e eu vos digo: nada mais maravilhoso que não ter nenhum som quando você quer nenhum som. Precisa se concentrar numa leitura, num exercício, nos seus pensamentos, no seu sono, na sua dor de cabeça? Silêncio. Não quer ouvir o que tá passando na tv, horríveis músicas do Chico Buarque, gente conversando, discutindo, emitindo sons? Não tem. 

Se alguém coloca o ato de encostar o derriê desnudo em objetos não higienizados acima do silêncio, eu já sei que essa pessoa tem algum problema bem grave mesmo.

O contrário também é válido: quer ouvir Wanessa Camarga nas alturas enquanto faxina a casa? Pode. Passar aspirador na hora da novela? Pode. Ligar o chuveiro de madrugada? PODE MUITO.

Banho

Esse é um assunto de alto stress pra mim. Quando eu era criança, eu tive aqueles problema mental (muitos dos quais permanecem até os dias de hoje) que fazem a pessoa querer tomar 38 banhos por dia, mas eu me controlava e só tomava 4. Minha pele apodreceu, assim como meus cabelos, mas eu.não.conseguia.parar. Aí rolou toda uma necessidade médica - que ainda existe - de limitar os banhos a um por dia. "Mas e se..." NÃO. Não que eu siga essa regra, nos meses de calor eu quero mais é que se lasque e tomo quantos banhos eu quiser (e passo 3 meses subsequentes salvando a pele do estrago, porém problema meu). Aí que na minha família rola toda uma patrulha do banho e eu preciso ser muito esperta nos dias que quero tomar dois.

Só que OLHA QUE LEGAL: na casa onde eu moro hoje rola um compressor pro chuveiro, cujo som é escutável até da lua. Não tem como desligar. O que isso quer dizer? Todo mundo sabe quando alguém está tomando banho e quanto tempo esse banho durou exatamente. Nossa, mas é legal demais. A patrulha do banho regozija.

Só que se morar sozinha significaria banho quando eu quisesse e quantos eu quisesse, tem uma coisa ainda mais importante: na hora que eu quisesse. Cê vê, agora. Tô sentada aqui na frente do computador. Se eu pensasse e apenas pensasse "hum, acho que vou tomar um banhinho", enquanto eu andasse pelo quarto juntando roupa, toalha, chinelo, pode apostar: alguém entraria em algum banheiro desta casa e iniciaria um banho 32 segundos antes que eu pudesse chegar no banheiro. Se eu falar em voz alta que tô indo tomar banho, pra tentar evitar essa derrota, o que acontece? 8 pessoas retrucam "ahhh, mas eu tava indo porque..." insira aí qualquer motivo e eu falo TÁ BOM, VAI LOGO. Imagina que loco pensar em tomar banho e IR tomar banho, cara? Deve ser maneiro.

Serviços domésticos

Se tem uma coisa que me estressa em casa comunitária, essa coisa se chama silviço doméstico. Não interessa a configuração de pessoas na casa, ele sempre estará desbalanceado. No caso, pro meu lado. Eu tenho os piores amigos do mundo, porque eles sempre me dão conselhos (EU ODEIO CONSELHOOOOOOOOOOOO) e, além de dar, são os piores conselhos do mundo: deixa a casa zoneada, imunda, nojenta e vê se ninguém se coça de fazer alguma coisa.

1 - pra isso eu vou ter que viver numa casa zoneada, imunda, nojenta e;
2 - foi o que aconteceu nos últimos 15 dias, porque eu estou tendo uma sequência de trabalho, prova, vida que não tem como conciliar (e uns posts pra trás ainda teve alguém me dando o INCRÍVEL CONSELHO de desacelerar, que eu adoraria muito, pode vir aqui em casa lavar a loucinha pra mim que eu vou a-do-rar) e a casa acabou ficando largada. Não fosse nojento e vergonhoso, eu tiraria uma fotinho aqui pra vocês verem. Ninguém se importa, amor. As pessoas adoram viver no limpo e organizado desde que elas não tenham que limpar ou organizar. Entre trabalhar e deixar a entropia tomar conta, entropia.

Então eu fico pensando na magia que deve ser não ter ninguém sujando quando ninguém está limpando. As coisas vão sujar pelo simples uso? Vão. Mas num grau muito menor do que o que pode ser encontrado na pia do meu banheiro, neste momento. Onde alguém, que eu JURO que não sei quem foi, guspiu pasta de dente no mármore da pia e não teve nem o trabalho de limpar, por exemplo. Tá lá, até eu resolver que serei eu a corna a executar essa tarefa.

Então só consigo pensar em quão maneiro deve ser chegar em casa e encontrar na pia apenas a quantidade de copos que você usou durante o dia (um), em vez de todos os copos disponíveis na casa (trinta e sete), mesmo sendo habitada por (três) pessoas. 

Sonho também com o dia que eu vou pensar "hummm, xô lavar uma roupinha aqui" e eu chegar na máquina e ela estar desocupada. Deve dar até um treco na pessoa. Cê vê: quase ninguém na minha casa curte a roupa lá torrano no sol, então custava alguma coisa deixar o sábado de manhã pra mim? Além disso, só tem mais uma infeliz que trabalha em horário comercial de segunda à sexta. O que os outros têm contra lavar em momentos da semana que ninguém tá nem em casa? Não sei. Só sei que sábado de manhã, às vezes eu coloco o despertador pro ingrato horário de 8 horas e, surpresa, a máquina já está em uso. Eu tenho sido uma grande sem noção e largado a roupa lá no molho na sexta à noite, de modos que NINGUÉM PODE MEXER HUAAAAHAUHAUHAUAHAUHA. Mas pensa no stress que é ter que calcular friamente seus movimentos com a máquina de lavar? Porque a pessoa que largou os trapo dela lá 8 da madrugada não vai estar removendo antes das 11 da manhã. Uéééé, mas num tava com pressinha de lavar a bendita roupa? Então tira da máquina de uma vez, caceta.

Hoje foi incrível. Por motivos que não vêm ao caso, não fui trabalhar tinha que estudar, obviamente. Fiz o que tinha que fazer, comprei almoço (porque eu sou trouxa), finalizei o almoço, comi, pensei "e se eu aproveitasse esse sol horrível pra tacar as toalhas na máquina enquanto termino aqui esse exercício escolar" e, meu, sem zoeira, uma pessoa que estava olhando pro teto desde cedo grita "NOSSAAAAAAA, VOU APROVEITAR O SOL E LAVAR TOALHA".

Cara, acabou meu dia, larguei o trabalho escolar pra outra hora e tô aqui reclamando na internet.

Fora esses horrores, eu sempre tenho um ciclo diário de animação pra atividades insuportáveis que não condiz com os das pessoas que moram comigo. Agora (17h) eu tô no melhor horário pra passar aspirador, passar um paninho no chão, arrumar a zona que tá a sala. Mas não pode, porque a novela vai começar e as pessoas que não limpam jogam fora nem o guardanapo que usaram querem assistir à tv no silêncio :)

MAGINA QUE LOCO ARRUMAR A CASA NA HORA QUE DER VONTADE???? Nossa, deve ser incrível.

Alimentação

Não sei nem por onde começar. Eu detesto comer comida dozotro, porque zotro não tem critério. Humanos colocam azeitona, vinagre, tomate seco, salsinha, couve nas coisas que a casa toda vai comer. Por que, cara? O que foi que eu te fiz? Quando eu falo HOJE SIVIREM QUE EU NÃO VOU COZINHAR, quando eu chego pra almoçar tem o que? Feijão e arroz. Mesma coisa que nada, porque eu não vou comer. "Fiz macarrão aqui, mas deixei al dente e o molho é sugo de caixinha, que eu joguei em cima". COME VOCÊ ISSO AÍ ENTÃO.

O que eu faço, então? Vou eu mesma cozinhar. Só que não pode ser o que eu quero, na hora que eu quero. Tem que ser agora, tem que ter cebola, tem que ter alho, tem que ter isso, tem que ser nesse ponto, tem que ser nessa panela, gente, vamo todo mundo arranjar o que fazer? Fora a fase que eu tava com problemas sérios de saúde e não podia comer açúcar (e batata, beterraba, abóbora, manga, melancia contavam como açúcar) nem farinha. Primeiro que todo mundo reclamava que não tinha mais batata na comida, depois que todo mundo reclamava quando eu fazia frango, porque a família é vegetariana e COMO EU OUSO COMER CARNE NESTE LAR PURIFICADO?????? Eu pedia pelo amor de deus pra não comprarem um pãozinho específico (que ninguém nunca compra porque é caro) e nessa fase tinha todo dia, só porque eu não podia comer. Dieta é um sonho impossível numa casa com mais de uma pessoa, mesmo que seja pra salvar sua vida.

Mas pode ser pior. Pode ser que você compre um iogurte, porque daqui uma semana vai ter que acordar uma hora mais cedo e gostaria de tomar um café da manhã bem específico pra atividade que te fez acordar tão cedo e você só tem tempo de ir no mercado hoje. Pode ser que tenha uma mini latinha de coca na geladeira pra quando você precisar tomar um comprimido. Pode ser que a última caixa de chá que você trouxe da viagem pra Coréia do Norte esteja esperando o momento que você guardou pra se despedir dela. 

Aí a hora de ingerir essas coisas chega e, surpresa, alguém comeu.

Tava lá na geladeira, ué. Qual o problema?

QUAL. O. PROBLEMA.

Toda uma insanidade causada pelo roubo de comida, não vou nem entrar em detalhes.

Horários e cronogramas

Nesta casa, com exceção de mim, que sou imbecil, ninguém tá nem aí pra nada. É meia noite e deu vontadinha de tocar piano quando todo mundo já foi dormir? Toca piano. Deu vontade de ligar a tv na corrida de fórmula 1? Liga. Foi metade da família comer na cozinha sábado 8 da manhã? Fala alto debaixo da janela do quarto dos outros. Ninguém sofre (só eu). Tem o pessoal do "dormiu demais, vamo acordar", quando só o que você precisa é de sono. Tem o pessoal do "tô indo passear, tenho que convidar a casa inteira agora", quando a gente tá dormindo e tem zero interesse de ir numa loja da vivo comprar um chip novo. Mas se você falar que não vai jantar agora, porque tá no meio de um raciocínio de um parágrafo do seu artigo, as pessoas vão e comem sem você, guardam a comida toda, congelam coisas que você falou que ia comer, comem todo seu requeijão e te deixam sem. Isso porque você atrasou menos de uma hora. 

Já pensou a glória de pensar "não tô com fome agora, daqui uma hora eu como" e estar lá todo o pão, todo o requeijão, todo o chá de limão siciliano? Deve ser incrível.

Mas aqui tem um negócio muito engraçado. Cê fala, só a título de aviso mesmo, que amanhã, tal hora, vai em tal lugar. A chance de você ir naquele lugar, naquele horário e, principalmente, SOZINHA, é de um total de zero. Isso mesmo. Zero. Alguém vai te convencer que o horário é ruim, que o lugar é ruim ou que precisa ir junto. Num horário mais conveniente. Pra eles. Sério, não tem saída.

Eu curto ir sozinha ao cinema, porque só gosto de sentar em um lugar e se não for naquele lugar, nem compro o ingresso. Ninguém gosta de sentar ali. Eu gosto de ver filme merda sem ter que ficar me justificando (olar, crimson peak). Eu gosto de chegar uma hora antes, eu gosto de comer, eu preciso levar água, etc etc etc. A pessoa tem que ir amordaçada pra não encher o saco com as minhas escolhas. Então eu faço o que? Planejo a ida (e eu só vou em domingos e de manhã, porque odeio gente), acordo, me arrumo todos os domingos da minha vida como se eu fosse sair, pra que no domingo que eu vou de fato sair, ninguém perceba que estou me arrumando. Me fecho no meu quarto quando falta só botar a calça e a blusa, saio correndo, aviso que o cinema é daqui 20 minutos.

Tem dias que não funciona.

E sempre alguém vai ficar indignado que não convidei ou que não fiquei pra fazer o almoço AHHAHAHAHAHAHHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH.

*****

Eu podia ir looOOOoooOonge com essa lista, mas minha sanidade mental já acabou e eu já estou revisitando mágoas que estavam escondidas debaixo de pedras grandes e pesadas. Vamos evitar. Só sei que cada vez que vejo uma pessoa limitando a alegria da solidão ao ato paleozóico de ficar sem uns pedaço de pano cobrindo o corpo, cara, eu tenho vontade de arrebentar.

Não sei como vocês estão saudáveis e não sei como eu ainda não estou internada num hospício de segurança máxima.