segunda-feira, 29 de novembro de 2010

explicando *metafisicamente* muita coisa


assassina!

Eu sou uma pessoa preconceituosa. E não, não acho bonito admitir isso. Mas acho importante que as pessoas saibam que, pelo menos, eu não vou tentar disfarçar.

Eu (acho) que só tenho um tipo de preconceito: patológico.

(Não consegui o humor que eu pretendia.)

O negócio é o seguinte: eu tenho preconceito com doença. Mas ó, não tô falando de gente gripada, de gente com catapora, de gente hospitalizada por 8 meses, mas que depois sai saudável. Eu tô falando dessas “bobagens” crônicas, tipo hipertensão, diabetes, colesterol alto, alergia, reumatismo, lordose. Essa coisa que, no matter what, vai estar lá, de mãozinhas dadas com você, até o fim da sua existência.

Exemplo? Mister Esquistossomose. Muito simpatiquinho, muito inteligentinho, muito educadinho. Tínhamos conversas rápidas e sem sentido, mas eu planejava uma estratégia de aproximação. Até o dia que ele ficou desaparecido e voltou contando que passou sei lá quantas horas no hospital, controlando uma crise de pressão alta.

Ok, ninguém escolhe ser estragado, né? Maomeno. Mister Esquistossomose almoça no Mcdonalds 4 dias na semana, feijoada no quinto e churrasco nos dois que sobram. Posso fazer nada, tenho preconceito. Aí eu faço o que? Me apego emocionalmente e depois viro babá de doente? Ou, PIOR, nego morre na minha gestão. Ah, não sou capaz. Melhor cortar o mal pela raiz e deixar Mr. E. e seu barrigão disponíveis no mercado.

(Anos se passaram e a barriga não para de crescer.)

*****

Esse preconceito não é assim, sem motivo. Porque eu sou uma pessoa podre. Uma criatura que tem entre as primeiras memórias várias visitas ao hospital.

Não tinha nem 8 anos ainda num dia que meu pé simplesmente quadruplicou de tamanho. Minha mãe me levou à emergência ortopédica, onde fui submetida a milhões de raios-x e... nada. O médico foi enlouquecendo, porque tinha que ter uma fratura ali em algum lugar, mas não conseguia encontrar.

Fiquei proibida de pisar no chão por dias. Quando o inchaço começou a diminuir e eu voltei ao médico, acharam a causa: uma picadinha pequenininha de algum bichinho insignificantezinho, mas que, pra mim, era demais. Cê vê. Até o médico ficou chocado. Quem não ficaria?

Eu também já tive um tipo de pneumonia que tem “atípica” até no nome. Do tipo que o médico chama o E.R. todo pra ver, porque né, nunca vi, nem comi, só tinha ouvido falar.

De modo que eu sei que não quero me juntar com outro visitante assíduo do hospital. Imagina a vibe de se relacionar amorosamente em ambiente esterilizado. Quero não.

Só que eu tenho uma mania muito doente de reverter a situação: ousseje, não consigo entender uma pessoa que EM SÃ CONSCIÊNCIA se junta a mim. Sério mesmo. Que gosto errado de ficar esperando pelo próximo momento de visão da morte...

Nesta última semana mesmo, tive certeza de que ia morrer. Peguei meu celular pra começar a mandar mensagens de despedida, mas a febre entrou em modo delírio antes que eu pudesse começar. Acordei meia hora depois, com o celular caído dum lado, o termômetro do outro e a bolsinha de gelo derretida na testa. Percebi logo que não tinha ido pro céu e tava aí, vivona (em condições precárias, mas viva).

*****

Por culpa dessas minhas crises intermináveis, as pessoas à minha volta ficam tentando achar explicações e soluções pra facilitar minha vida. Uma experiência de quase morte em janeiro fez a galera apelar pra explicações metafísicas. E ó, melhor que horóscopo.

“No âmbito metafísico, toda alergia está relacionada a um estado de alerta às situações que se relacionam ao fator alérgeno. No caso da rinite alérgica, revela-se uma mania de perseguição que desencadeia na pessoa um constante estado de alerta ao que pode acontecer à sua volta. Toda a sua capacidade para solucionar prováveis contratempos é negada. Desse modo, os conflitos internos sobrepõem seu poder de agir diante das situações, fazendo-a sentir-se impotente. Algumas características de comportamentos que você vem alimentando intensificam sua vulnerabilidade à manifestação da rinite alérgica, tais como: manter suas emoções bloqueadas, não expressar livremente o que sente, ficar retraído perante os outros e agir contrariamente às suas idéias.”

CÊ JURA?

Pergunta pros meus companheiros de bar qqELESachäo dessa afirmação. Sociedade: pare de me reprimir.

E assim, ultimamente, é ter uma crise pequenininha e ficar rouca, muito rouca e muda. Lombardi, quiqui a metafísica diz sobre isso?

“Os problemas nas cordas vocais afetam as pessoas reprimidas, que castram seu direito de expressão. Não se sentem em condições de defender-se e de expor seu ponto de vista. Mostram-se tímidas, mas na verdade são oprimidas.”

Mas isso não é metafísica, é ORÁCULO, minha gente. Me deixa falaaaaaaaar, eu quero falaaaaaaaar.

Não, não pode.

E como uma pessoa que sofre de rinite, a metafísica diz que eu sou mimada. Não vou negar.

“Dentro de uma visão metafísica, a rinite está relacionada com o fato de a pessoa se abalar pela atmosfera do ambiente em que vive. Ela se irrita facilmente por qualquer coisa que acontece à sua volta, principalmente com a forma de os outros pensarem e agirem.”

É isso aí. Só serei saudável quando instaurar a vanessalândia.

*****

Eu convivo com a minha própria alergia do universo enquanto ambiente no qual eu estou inserida desde sempre. Mas só esta semana descobri o nome da minha condição pior: polinose. Porque eu tenho uns 38 tipos diferentes de alergia, mas a polinose é o mais complicado de se conviver.

E de posse dessa valiosa informação, minha médica super me mandou fazer uma pesquisa científica e as descobertas foram surpreendentes!

ciência

Eu sempre disse que me sentia melhor em ambientes com ar condicionado. Sempre fui repreendida por isso, obviamente. Quiqui o folheto de polinóticos (inventei) diz? Mantenha as janelas fechadas e use ar condicionado sempre que possível.

HAHAHHAHAHAHAHHAHA segura essa, sociedade. Não é frescura, é ne-ces-si-da-de. Tô quase me inscrevendo pro extreme makeover home edition, pra ver se ganho um ar condicionado central pro meu lar. Ninguém me segura.

geografia

Alguém super tinha que ter me dado esse folheto 12 anos atrás, antes de eu girar o globo terrestre e colocar o dedo num ponto aleatório e decidir me mudar pra Curitiba. Pior localização pra pessoa com polinose: latitudes maiores de 25º. S, com altitudes próximas ou superiores a 400 metros e onde a araucária seja nativa. OU SEJA, eu vivo no PIOR LUGAR DO MUNDO pra minha condição de podridão respiratória. Não é legal? Agora que eu já me apeguei, a ciência que faça o favor de descobrir como me tratar decentemente.

(Ou fica aqui aquela oferta de mudança de cidade, tipo pra alguma da Espanha. Hahaha ok.)

moda

Todo mundo tem uma mania duzinfernos de reclamar que eu vivo de óculos escuros, mesmo quando não tem sol. Mas a recomendação médica da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia diz (além de tudo isso aí pra trás) que eu não devo ficar andando pelas ruas com os zólhos desprotegidos. Que devo perambular com óculos escuros SEMPRE. Leave Vanessa’s Sun glasses alooooone.

família

A minha sempre torrou minha paciência, reclamando dos meus banhos noturnos, envolvendo lavamento de cabelo. Pois dona ASBAI diz que é isso mesmo que eu tenho que fazer, uma vez que só assim posso ter uma noite tranqüila de sono, sem pólen no travesseiro. TÁ VENDO, MÃE?

psicologia

Todo mundo sempre me chamou de Quarta-Feira Adams pelo meu desgosto em dias de sol. Todo mundo olha feio quando eu digo que fico mal humorada nas manhãs em que abro os olhos e vejo tudo iluminado por amarelo e céu azul. Pois a ASBAI diz que eu não sou depressiva nem emburrada. É só que dias de sol e calor PODEM ME MATAR. “Os dias de chuva ou neblina são de alegria para os sofredores da doença polínica, pois não existem condições favoráveis dos pólens circularem no ar”.

Pois eu EXIJO que ninguém mais perturbe minha paciência quando eu fizer cara de desgosto e choramingar “nhé, sol...”.

experimentação

A única informação que me causou desgosto foi a que explica que PRAIA - isso mesmo, aquele lugar cheio de areia, sal e gente feia e mal vestida – é capaz de fazer com que eu me sinta melhor. Não tô botando muita fé, mas tô toda comprometida com uma melhor capacidade respiratória. Então vos digo: tô com as malinhas quase prontas e o próximo final de semana eu passo é no Guarujá.

Bgos!



quinta-feira, 25 de novembro de 2010

sweet november

and so many things I wanna say

*aqui tinha uma foto que eu tive que tirar, porque esse blogspot é burro demais, que inferno.*

Outro dia apareceu no dashboard do meu tumblr uma frase que dizia “arte nunca vem da felicidade”. Sempre ouvo as pessoas dizendo isso, que se sentem mais inspiradas quando tão sofrendo miseravelmente, quando tá tudo errado, quando tão hospedadas no fundo do poço.

Comigo não acontece assim não.

Veje bem, não que eu esteja chamando minhas bobagens escritas ou fotografadas ou qualquer uma delas de arte. Mas o que quer que seja, precisa de uma dose de inspiração e eu funciono melhor quando tô diboa ca vida. Tipo nos últimos dias.

Se eu tô chateada, irritada, sombria, meu cérebro entra em modo de auto-tortura e eu só consigo pensar em coisas horrorosas em looping. Minha cabeça me enlouquece de uma forma tão doente que a última coisa que eu quero fazer é organizar os pensamentos e transformar em arte ou whatever this is.

Vou tentar então aproveitar essa linda brecha de bom humor que se abate sobre mim, ainda que eu não consiga exatamente viver (mente sã, corpo estragado).

*****

Eu acho que a minha memória é o maior caso de memória mal aproveitada no mundo.

Porque assim: às vezes eu tenho impressão de que ela é infinita. Mas só pra coisa que não presta. Porque se minha memória fosse realmente boa, eu não seria uma total negação em áreas como história e geografia (incluindo desde caminhos por onde eu passo todos os dias até a localização da Disney). Então é isso: uma memória enorme, seletiva pro que não presta e com uma boa dose de TOC.

Minha mente, por mais que eu tente evitar, funciona à base de ciclos. “Ontem a essa hora”, “mês passado, neste mesmo dia”, “ano passado, neste mês”, “da última vez que eu fiz isso”, por exemplo. E é numa vibe comparativa. “Ontem a essa hora eu tava com 39ºC de febre, hoje é só 38,5ºC”. Ainda quando a evolução é positiva, tá ótimo. O problema é quando “ontem a essa hora eu tava no show do Roberto Carlos vendo fogos de artifício e hoje eu tô em casa, com fome, com sono e com dor em todas as articulações do meu ser”. (RISOS kkk)

Acontece que nós estamos em novembro e novembro nunca é fácil. Eu já falei aqui em algum lugar que nesta época começa o calor e meus neurônios derretem e eu começo a fazer (mais) bobagens em série, que duram até fevereiro e eu passo o resto da vida pensando “e se”.

(e se eu não fosse tão burra e pensasse por mais cinco minutinhos?)

Ontem mesmo tava falando com um amigo sobre uma catástrofe que se abate sobre nossas vidas e mal conseguia prestar atenção, achando que foi a asa da minha borboleta que bateu um ano atrás a causadora desse furacão que eu vejo agora.

Porque há exatamente um ano eu estava iniciando uma série de decisões erradas. Uma DM, um email, uma viagem, um ligação atendida (eu sou mestre em não ouvir meu celular, não dava pra ter perdido essa?). E olha, considerando que menos de uma semana atrás eu ouvi da única pessoa que agüenta meus delírios “ah se você não tivesse...”, eu tenho muita certeza de que agora eu tenho que pensar um milhão de vezes antes de fazer bobagem.

Mas se tem uma coisa que eu aprendi na vida, foi isso. Eu já estive à beira de cometer o mesmo erro umas 4 ou 5 vezes nos últimos meses. Aí eu paro, penso, conto até mil e tcharaaaam, uma coisa boa acontece logo em seguida, parecendo o universo dizendo “é issaêêêê”.

Só que não é fácio, viu? Viver de *contar*. No ano passado eu fiz bobagem em novembro? Fiz. Mas não foi só no ano passado, né? Cinco anos atrás, tava eu, exatamente na mesma época, fazendo exatamente a mesma coisa. Aí você me diz: mas uma bobagem de cinco anos atrás repercutindo até hoje? Eu te respondo: tão aí as minhas mensagens do facebook que não me deixam mentir. Semana passada mesmo a assombração me perseguindo. Eu mereço mesmo, porque ninguém manda ser burra.

*****

O importante é que deste novembro eu até que tô gostando.

*****

Eu sou uma pessoa dramática. Eu não consigo evitar. Às vezes eu até dou uma disfarçadinha – eu sei que não parece, mas ó, te juro – porque é mais forte do que eu. Meus pensamentos precisam frequentemente ser traduzidos de dramês para português.

Aí outro dia tava aqui sofrendo.

*pausa*

Sério, o tumblr me transformou numa pessoa retardada. Ou eu tô rindo descontroladamente de coisas que não têm graça, ou eu tô acreditando que sou a última bolacha do pacote, me achando muito insider nas modernidade hipster do momento q.

Mas o pior foi ter virado a Laura do Carrossel de tão sentimental. Oh meldels, como o tumblr faz a gente acreditar nas pessoas e no coração e ai, alguém me dá um soco? Porque aí eu fico aqui sofrendo, achando que se aquela tranqueirada sentimental (e eu nem tô falando de amor romântico, tô falando de qualquer tipo de amor ou sentimento whatsoever) não faz sentido pra mim, então eu falhei na vida.

E tava aqui pensando no quanto eu cuido dos outros (ou pelo menos eu acho que) e ninguém percebe. E no quanto eu cuido dos outros e ninguém faz isso por mim. Mas veje bem: não tava falando de tomar conta de doente, de sustentar, de prover, sei lá. Era uma vibe mais de fazer coisas simpáticas que o outro *não precisa*, só porque é legal e coisetal. Tipos trazer um chazinho enquanto a pessoa vê tv. Tipos tirar o coco da receita, porque a pessoa não curte esse ingrediente. Tipos usar o desinfetante cujo cheiro não irrita o outro morador do lar. Essas bobagens.

Quando é que, oh senhor, alguém vai cuidar de mim? Esse dia chegará?

Aí me aconteceu um fato corriqueiro, uma vez que eu sou uma pessoa podre alérgica: o sapato machucou meu pé. E ó, nenhuma vez que o sapato machucar meu pé pode ser pior que:

*mini flashback da noite do dia 31 de dezembro de 2004*

Pois estava eu no Guarujá, sendo rica e fina, num show de virada de ano na beira da praia. Ao chegar no camarote onde champanhe, sorvetes e outras delisias (comestíveis e não) me esperavam, reparei um estrago eLorme que minha sapatilha (sempre ela) tinha feito nos meus lindos pezinhos. Mas um SENHOR estrago, não dava pra continuar.

Faltavam 10 minutos pra meia noite, ninguém quis cruzar o mar de pobre gente comigo até o ambulatório em busca de band-aid. E lá fui eu. Cheguei, esperei, esperei, esperei, esperei (bando de bêbado do inferno, que ainda tem prioridade) e não tinha mais band-aid. Me deram FITA CREPE – sério, gente. Fita crepe. – fiquei com as canela linda e fui voltando mancando pro camarote.

Ni qui um bombeiro muito prestativo me avista me locomovendo com dificuldade e resolve que eu preciso ser carregada no colo e me levanta sem me consultar.

- moça, faltam 30 segundos pra meia noite, você não vai chegar lá a tempo, deixa que eu te levo.

Acontece que era verão. Na praia. Tava tendo show fazia umas 4 horas. O bombeiro tava com o delicioso odor de urubu estragado, sabe? Não é nem maldade nem nada, mas não tava rolando respirar em volta dele. E eu no colo. E não conseguia descer e ele não ia me soltar. Correndo pela multidão e suando e AIMELDELS, por que raios eu fui me lembrar disso?

No palco, começava a contagem regressiva:

- vai, moça!!!!!!!!!! Deeeeeeeeeez! Nooooooooooooove! Ooooooooooooooito!

E eu tentando respirar.

- conta comigo!!!!!!!!!!!!!! Seeeeeeeeeeete! Seeeeeeeeeeeeeeeeeeis! Ciiiiiiiiiiiiiiiiiinco!

Eu quase colocando a ceia toda pra fora. Porque além de tudo, tinha o leve balançar por estar num colo em franca correria.

- quaaaaaaaatro! Trêêêêêêêêêêêêêês! Dooooooooooooooooooois! Uuuuuuuuuuuuuuuuuum!

E me abraçou.

Eu não lembro mais de nada, gente. Taquei Smirnoff Ice em mim mesma ao chegar no camarote, porque fiquei impregnada com aquele parfã. Mas ó, eternamente grata ao bombeiro.

Cheguei no camarote e joguei a sapatilha no lixo e segui a vida descalça mesmo, que era mais negócio.

*fim do mini flashback*

Pois então, estava eu lá, sentada no sofá, com os dois pés escangalhados por uma caminhadinha de nada. Lembrei do bombeiro e ri. Depois fiz carinha de dó e mostrei “ó, machucou”.

Achei que a seguir vinha uma mão estendida com um parzinho de band-aids, mas não. O que veio foi um “coloca os pés aqui no meu colo, vou passar antisséptico e colocar band-aid pra você”.

E eu fiquei lá, deitadinha, esperando o curativo ficar pronto. Uma coisa que eu faço por mim mesma praticamente dia sim, dia não, de tão normal que é e foi incrivelmente bom ter alguém fazendo por mim, só porque sim.

E quando o curativo se desfez, porque eu não parava quieta, foi consertado de novo, sem que eu tivesse que fazer nada além de deitar imóvel. Com direito a beijinhos pra sarar mais rápido.

Uma bobagem, eu sei.

Mas, né? Um cuidadinho.

É.

:)





quinta-feira, 18 de novembro de 2010

divagar devagarzinho

Eu tava parada na frente de uma floricultura, onde tinha uma mulher esperando o ônibus e segurando um buquê de rosas da cor mais medonha que eu já vi na vida. E de onde saiu um cara com a maior cara de cafajeste pobre do universo com um buquê de rosas vermelhas.

Me dei conta que eu acho que flor (dada, em buquê) tá sempre ligada à coisa ruim.

- alguém morreu.

Vai ver nem morreeeeu, mas tá doente. Sei lá, flor tem muito cara de “melhora, faz favor”. Pode ser coisa de criança podre, nunca se sabe. Ganhei muita flor no hospital.

- alguém está com preguiça.

Tipos, o cara gasta sei lá quanto num buquê de rosa alaranjada, manda entregar pra mulher no trabalho e nem vai buscar a infeliz? Que vai ter que se enfiar num interbairros com a bolsa, a sacolinha da calla magazine em que ela enfia várias tralha AND o buquê? Qual era a grande ocasião que merecia flores, mas não merecia uma carona? Sei não.

- alguém quer mais do que pode ter.

Sempre que eu vejo um cara carregando um buquê, eu imediatamente penso em “pepe le peu”. Um animal que inferniza penélope, que não pode vê-lo nem pintado de ouro. E o que ele faz? Se enfia no meio dum monte de rosa vermelha (haja breguice) e aparece na frente dela. Prevejo sorriso amarelo e uma noite em claro pensando “má que que eu vou fazer com esse mané?”.

Num gosto de ganhar flor não.

A não ser tulipas. Gente, é tão difícil? Num tem tulipa, compra um trident de menta. Porque precisa muito poder de cedussaum pra dar tulipas, hein? Tamo aqui na espera.

E ó, não quero ser assim rude, mas quanto maior o buquê, maior a babaquice. Fica aí a dica valiosa de economia, porque flor não é barato e não tá fácio pra ninguém.

*****

Que eu sou desmiolada, ninguém tem dúvida. Mas gente, a vida por si só, enquanto tempo gasto inutilmente no universo, já que a gente tem que preencher as lacunas entre um momento válido e outro, é um saco. De modo que eu tenho que me divertir de alguma forma.

No banheiro, por exemplo.

Cê vê. Você aí, doente mental, já fez uma imagem totalmente errada na sua cabeça. Não vou negar que isso me divirta um pouco também. Mas eu tô falando de diversão mais complexa do que isso.

Tipos no trabalho. É um banheiro grande, com duas casinhas. Peraí, vou ali no paint fazer um desenho e já volto.



Pronto.

Aí assim. Se eu entro no banheiro e tem alguém saindo da casinha, a pessoa (sei lá, umas 8 mulheres usam o banheiro) faz mó teatro de higiene pessoal. É lavagem de mão digna de entrada em centro cirúrgico, álcool, papelzinho pra pegar no puxador da porta. Um portador de toc severo ficaria orgulhoso.

Mas se acontece de eu entrar na casinha enquanto alguém já usa a do lado e a pessoa sai antes de mim, de modo que ela não viu quem era... hahaha aí é hora do show de horror.

Tem as desprendidas, que nem disfarçam: lavar mão what’s the point//, simplesmente seguem a vida e vão embora. Acho lindo.

Tem as anti-ecológicas, que abrem a torneira, mas são tão tapadas que não percebem que a gente ouve se o fluxo de água não é interrompido pela passagem das mãos por ali (sim, eu sou doente a esse ponto). Acho indigno. Poxa, não vai usar, não gasta.

Tem as mongolóids-água-cura, que abrem a torneira e dá pra ouvir quando a mão simplesmente passa ali por baixo. Não rola nem uma esfregadinha. De modo que a animal, além do gasto inútil de água, ainda vai usar 9 folhas de papel pra secar a mão. Acho que vai pro inferno sem escala.

E o tipo que não tem é o que pega o sabonete. Porque a saboneteira faz um *cloc* quando aperta e, nunca na história deste país, eu ouvi um *cloc* acontecer.

Depois nego espalha H1N1 na velocidade da luz, vive intoxicado, infeccionado e estragado e não entende como pode ser tão azarado. CÊ JURA?

E fico eu lá, rindo de forma abobada, porque né? SOL DOENTE e você que é feio e sempre sei quem é a fulana porquinha pelo passo. Desculpa aí, minha filha, jamais comerei na sua casa. Aliás, não vem querer me cumprimentar me encostando que eu sei o que você não fez no banheiro passado.

Disk é bem assim, né: você é o que você faz quando ninguém te vê fazendo, já diria Dinho Black Gold.

Bando de porca.

Minha vida não é mole.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

querido diário

senta, que lá vem história

Outro dia teve virada cultural. Sabe, eu sempre tive muita inveja dos habitantes de são paulo, meus conterrâneos, que têm essas oportunidades culturais com freqüência. Tá certo que não iria ao anhangabaú ver o Rappa nem a pau, mas né? Você me entende, não entende, diário? Eu muito sinto falta do museu da língua portuguesa, da pinacoteca, do masp, do ibirapuera e essas coisas.

Mas aqui a gente tem o paço da liberdade, que meique compensa muita coisa.

O caso é que eu queria ir ao show do Pato Fu e, por curiosidade, ficar pro seguinte, do Charme Chulo. Bem simples, dois showzinhos no mesmo palco, da meia noite às 3 da manhã, coisa leve, né? Não.

Porque íamos em 4 e cada uma queria ver uma coisa. Paulinho da Viola, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, meu ovo. Aí eu me vesti de mendiga, me enchi de protetor solar e saí de casa pronta pro primeiro show, 13h da tarde, debaixo dum sol do congo (num dos únicos 8 dias em que faz sol em curitola) e fui.

Sozinha.

13h

A muierada deu os cano e lá fui eu encarar Paulinho da Viola, muito achando que tinha me metido numa roubada.
Mas gente, foi lindo.

Foi MUITO lindo.

Eu tenho umas pira errada de tentar contextualizar as coisas e o show do Seu Little Paul foi meique uma visita ao oráculo, sabe?

“Trama em segredo teus planos
Parte sem dizer adeus
Nem lembra dos meus desenganos”

Isso tinha acontecido uma vez numa palestra do fofinho vovozinho Ariano Suassuna. De a pessoa ir falando e eu ir concordando e parecer até meio mongolóide, porque né? Tá todo mundo absorvendo cultura e eu procurando o sentido da vida.

Mas lhes digo: Paulinho da Viola tocou meu coração duma forma, que eu prometi pra mim mesma passar 24h seguindo cultura. Provavelmente sairia do show do seu Erasmo (o último, no dia seguinte) carregada direto pro hospital, mas tava disposta. Juro.

15h

Acompanhada dos pais mais legais da galáxia, saí do show de seu Paulinho rumo à apresentação que eu realmente não conseguia prever: Hermeto Pascoal e Orquestra Sinfônica. Realmente, foi musga on drugs, mas eu adorei. Sério, todo mundo (que gosta de musga, obviamente) deveria ver um show desse velhinho um dia. Que coisa mais biruta, meldels. O cerumano que juntou ele com a Sinfônica tava muito de brinks. ADOREI.

Fiz amigos na platéia, super devo fazer oficina de piano popular em janeiro, entrar pra uma banda de chorinho e largar o funcionalismo público pela boemia. Já tô recebendo convites (juro). ME AGUARDEM.

17h

Empolguei e voltei correndo pro lugar do primeiro show (sério, gente. Uns 5km de distância) pra ver Sandra de Sá.
Mas né? Alérgica em plena crise, sem remédios, sem café da manhã, sem almoço, sem água. Vi a morte umas 7 vezes no caminho. Tosse, falta de ar, hipoglicemia, descompasso cardíaco. Tive de tudo.

Marquei o lugar onde os parente iam ver o show e corri até a vendinha.

- moço, me dá uma coxinha COM CATUPIRY(go), uma garrafa de água e 4 cocas.
O moço quase morreu de rir. Entendi quando olhei no espelho: minhas fuça tava da cor de tomate maduro. Mezzo sol, mezzo esforço físico, eu parecia muito sofredora de sede. Saí me atracando com a coxinha, a água e uma das cocas, uma coisa bem fina. Mas tava todo mundo olhando pro palco, ninguém reparou.

Ainda vi dona Sandra de pertchinho, gritei o nome dela, ela acenou de volta. Uma maravilha da tietagem inventada.

Mas ó. Que show MARAVILHOSO, minha gente. Fiquei loca, pulei desgovernada (comé que uma coxinha, uma coca e meio litro de água não se revoltaram nessa hora, não sei).
Porque, vejem, ela cantou soul de verão. E isso era muito importante pra mim. Sei nem como não perdi a voz.

19:30h

Sandra cantou mais do que devia e FERRÔ minha programação. Porque eu tinha que estar meia hora antes do fim desse show no shopping, meio do caminho pro show do Robertão, que começaria às 20h. Saí correndo desgovernada, já sem meus pais e cheguei no shopping PODRE.

Mas podre em todos os sentidos. Urubus me perseguiram no caminho.

O plano: adquirir uma garrafa de 5 litros de água, algo pra comer, uma blusa nova, uma lavagem facial no banheiro e, se possível, escova no salão.

Entrei na farmácia e pedi água. E, com os cabelos descabelados, a cara num tom inexplicável de vermelho, a blusa branca imunda por ter tido um pequeno incidente de falta de saúde e capotado no chão da praça, o atendente ainda me vem com a seguinte pergunta:

- tá seguindo a virada, é? Onde eu te encontro perto da meia noite? *seduz*

Sô obrigada? Num sô. Mandei ir no show do Pato Fu. Se ele foi, tá me procurando até agora. UM BEIJO, MOÇO DA FARMÁCIA!

Aí corri pra cya, comprei lindas (not) blusa, lavei a cara, tomei 30 litros de água e segui, agora em companhia de lindas amiga, pro show do Rei. (kkkk risos)

A pessoa me diz que ganhou convite vip, mas só dois. Éramos seis três, de modo que entendi que ela tinha RECUSADO os convites. E fomo nóis lá pro meio do bolo, donde não se via nada, se ouvia mal e se era muito esmagado. Briguei com bombeiros, puliças, civis. Num momento de picuinha, berrei com toda a força dos meus pulmão “Roberto, casa comiiiiigo” e um vovozinho duns 150 anos me repreendeu: “mas minha filha, ele é velho!”.

Xinguei muito no twitter e acabei descobrindo que minhas lindas amiga ainda estavam em posse de suas pulseiras vip. De modo que, ao som de “o cabelo dela parece até bombril de arear panela”, arrastei as duas pelo meio do que deveria ser um trilhão de pessoas até o camarote.

Como eu tarra NEI AÍ pro show, botei as duas pra dentro e sentei na sarjeta e chorei abraçada no meu barril de água.

Lá longe eu ouvia os acordes de “Jesus Cristo, eu estou aqui”, gritei junto, o resgate veio, o show acabou, os fogos de artifício estouraram no céu e, AÍ SIM, eu vivi um momento lindo porque o show acabou, né, minha gente.

Uma lata de coca-cola desintegrada depois, juntamo-nos os 4 mosqueteiros (repare o personagem adicional na história), rumo à COMIIIIIIDA! E ao show do Pato Fuuuuu.

23h

Fazia só 10 horas que eu estava perambulando pela cidade. Eu colocaria um mapa aqui pra dar a noção exata do quanto eu andei, mas meus pés ainda não se recuperaram e não querem se lembrar. Desculpa.

Paramos numa linda barraquinha de prensado (o legítimo point pra comer um pão com vina) e pedimos 3 motumbos e um sem salsicha. Eu pedi também um guaraná com batata palha, porque tava precisando muito de energia. Mil e duas horas depois, estávamos todos alimentados, entupidos e pregados. Mas vamo lá, que já passa da meia noite e os shows têm atrasado uma meia horinha, vamos chegar em cima da hora e...

Mano. Sério. Todo mundo que tava no show do Robertão foi pra lá. Não tinha condição. Eu via o palco praticamente no universo paralelo, de tão longe. E, atrás de mim, UMA RAVE A CÉU ABERTO. Ousseje: eu via a roupa laranja medonha de fernanda takai, mas ouvia um tuntch tuntch firmeza. E naquelas alturas, NENHUMA ALMA queria subir comigo a rua, rumo ao palco. NÃO PERDOO. Passei por tudo aquilo no show do RC e ninguém segurou na minha mão? Não aceito.

Concentrei, fiz cara de intelectual e ouvi pelo menos as minhas musgas favoritas e o melô do egoísta (aka minha música): EU.


01h

Gente com frio, gente cansada, gente querendo ir embora, gente querendo outras festas. TODO MUNDO querendo me abandonar. Acho injusto. Faltava um showzinho só (mentira, se eu tivesse tido coragem, depois desse iria pra outro e outro e outro e outro e estaria até agora vagando pelas ruas ou tomando soro numa UTI. Nunca se sabe.).

Mas aí tudo deu certo e eu não quero mais contar nada porque eu não lembro. Meu cérebro tava em coma desde a meia noite.

Só sei que acordei no dia seguinte com a sensação de ter levado uma surra. Tentei levantar da cama e meus pés se recusavam a sustentar o peso do meu eu. Foi lindo. E eu vos digo: se eu estivesse conseguindo respirar um pouquinho que fosse, ainda fazia a loca e ia ver martinália (me processa) e Erasmão. Não fui porque... não lembro, devo ter voltado ao coma.

Mas olha, vou dizer uma coisa: no ano que vem, eu vou usar meus tênis de cadimia, vou levar 4 mudas de roupa na mochila e vou deixar o celular programado pra me avisar que eu tenho que beber água, repassar protetor solar, parar de pular. E vou contratar alguém que tenha disposição e habilidadj (crééééu) pra me acompanhar. Porque ou eu viro as 24h ou saio de lá numa ambulância.

Me aguardem.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

nau sol facio


Hoje de manhã eu escrevi uma frase no twitter da qual só eu ri, porque só eu sabia que era piada.

“Tive que pesar a mão no antialérgico, de modo que tudo que eu disser hoje é automaticamente classificado como café com leite.”

Apesar de essa minha alergia ser uma grande piada do cosmo com a minha pessoa nos últimos 15 anos, nem era disso que eu tava falando. E também não estava exatamente fazendo graça da alegria que é adquirir uma tremedeira equivalente a mal de parkinson antes que o antialérgico faça efeito. Ou seja, me transformo numa vara verde entupida, que não ouve, não respira, e só enxerga nos raros momentos em que consegue manter o olho aberto. Isso nem é engraçado, na verdade.

Divertido é pensar na quantidade de gente que realmente acha que pode usar as adversidades da vida como muleta pra criar condescendência e ficar livre de implicações. O problema é que o mundo tem essa vibe pró-coitadinho. Aí dá certo.

Mas eu nem vou falar sobre isso, porque minha vida tá cheia de gente que curte um humorzinho negro, uma heresia, um lance politicamente incorreto, mas não agüenta argumentação embasada, sabe? COITADINHOS.

(porque às vezes as muletas não são metafóricas)

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Uns dias atrás, me peguei filosofando com uma caixa de sabão em pó na mão. Sobre o tempo.

(bitches love doing laundry)

Pois eu tenho um sistema: guardo o sabão todo num potinho e deixo uma caixa fechada de reserva. Acaba o do pote, eu abasteço com a caixa, compro uma caixa nova e assim vai. Pois eu abri a caixa nova e tive um surto porque, OHMELDELS, esta semana não vou conseguir ir ao supermercado comprar uma nova então não vai dar tempo.

Não vai dar tempo de QUÊ, cara pálida?

Não faço a mínima.

Nem eu que faça a lavadeira e comece a cobrar, não há meio de eu gastar a caixa toda antes de passar no supermercado novamente. Mas aí, até ter essa linha risonha e límpida de raciocínio, eu já tava no meio do caminho pra cartela de calmante, né?

Mentira. Se eu tomasse tanto calmante quanto eu digo que tomo, ou eu seria CALMA ou já teria morrido de overdose. É tudo no maior método de respiração (quando eu consigo respirar, obviamente).

Mas vou te falar que essa coisa de tempo kd piora muito nesta época do ano. Vem a Simone berrando nas nossazorelha, perguntando o que eu fiz e outubro nem tinha acabado ainda. É muita falta de respeito.

Aí os dias de frio are over, vêm esses polens do inferno atrapalhar minha vida, o calor, as pizzas com azeitona, os feriados e até o telefone toca. Sabe, eu perco a motivação. Até porque eu não curto essa coisa de natal e ano novo (Serião, nem é numas de revolts com a sociedade and everything. São dias meio mocorongos mesmo, gente acreditando em amor ao próximo, recomeço, regime, tecpix e iogurteira top therm, não tenho estrutura).

A gente até podia combinar de só falar de natal depois do dia 15 de dezembro, qq6achäo?

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Eu lembro que tinha uma coisa muito importante pra dizer, mas tinha que vir depois dessa enrolação toda aí. Só que, né? DORGAS NA MENTE e eu não faço ideia do que era. Fico bem contente de dizer que estou escrevendo faz uns 20 minutos e não lembro de ter dormido no processo. Já é uma vitória. Tirei umas fotos bem no clima lucy in the sky no processo, inclusive. Toda trabalhada na arte, escrevendo e fotografando, multitask on drugs.

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Fui lá copiar minha própria frase no twitter e li com maldade minha própria bio e me espantei que ninguém tenha feito a piada antes.

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Pois olha, amanhã é quinta, dia oficial de levar olé do fusca, tô aqui tentando escolher onde é que eu vou passar nervoso desta vez. Queria ir no shopping, queria ir no parque, queria até ir no supermercado comprar sabão em pó, mas tô numa dúvida... Se continuar nessa farofa, é capaz de vir pra casa lavar roupa. Aí meu sabão vai diminuir e eu vou querer comprar mais e não vai dar tempo, porque já é novembro, o ano termina e começa outra vez e. Ok.

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Vou contar um segredo (not): toda vez que nada faz sentido (all the time?), é porque eu queria dizer algo que não posso ou porque tô correndo antes que a ventania de um texto que eu não quero escrever me alcance. Lá vou eu escrever e não mandar, não publicar, não falar sobre o assunto. Porque isso aqui já deu.

Beijo, tomem um limão por dia e tenham uma boa vida.