sexta-feira, 31 de maio de 2013

tenho a madrugada como companheira



Tava sol quando eu saí de casa, sabe? Choveu a noite inteira, com raios e trovoadas, mas de manhã o sol saiu. E na hora do almoço o céu estava tão limpo e o tempo estava tão quente que eu coloquei roupas no varal.

E ficou ensolarado até o fim da tarde, quando eu me enfiei num daqueles compromissos em que você não vê o dia passar. Três horas depois, eu saía do estacionamento pra uma noite chuvosa. Mas não era uma chuvinha. Era o dilúvio do Noé. Daquele tipo que o limpador de para-brisa não dá conta das gotinhas e você tem medo de passar numa poça gigante e aquaplanar e não vê nada além de luzes difusas de faróis de carros e de trânsito.

Eu dirigi numa velocidade tão baixa que levei o triplo do tempo pra chegar em casa.

Sabe, eu mudei de casa, então meu caminho nas madrugadas é um pouco diferente do que eu fiz por 13 anos. Mas eu ainda tenho que dirigir por uma rua loooooonga, que praticamente não tem trânsito depois que anoitece, onde eu normalmente desligo o rádio e falo com as vozes na minha cabeça.

Mas ontem estava chovendo e eu não podia me distrair, então nem lembrei de desligar o som. Só percebi de que Fernanda Takai cantava sobre saudade, cidade e madrugada quando a chuva diminuiu e eu pude aproveitar o passeio.

*****

Teve um show do Pato Fu que eu fui só que não. Leitores mais antigos podem até se lembrar daquela virada cultural que deu certo, mas deu errado. Eu estava a poucos passos do show do Pato Fu, o único em que eu realmente queria ir e, por razões que não merecem ser contadas, eu não conseguia chegar lá. Se eu não estivesse sofrendo de extremo azar nesse dia específico, eu poderia ter aproveitado... "sonoramente" de onde eu estava. Mas mais perto de mim que o palco que eu queria, estava um DJ que eu não queria, fazendo uma balada a céu aberto. E pra fechar o triângulo do desespero, um carro com o porta malas aberto e um sertanejo aleatório no volume máximo. Quase perdi o melô de mim mesma e fiquei muito #chatiada.

Depois disso, toda vez que eu ouvia Pato Fu eu lembrava desse dia e de como eu não gostei desse dia e das pessoas envolvidas nesse dia e de como eu não gostava mais das pessoas envolvidas nesse dia e sumi com tudo do Pato Fu da minha frente. Mesmo gostando muito.

*****

Ontem à tarde estava sol, sabe?

Em evento totalmente não relacionado, eu tenho feito as pazes com tudo que me irrita. Especialmente com todos que me irritam. Não é fácil, porque às vezes é um pouco difícil passar por cima de algumas coisas que a gente jurou que não ia superar, ~só~ pelo bem maior. Mas eu estou me esforçando e olha, cêis nem acreditariam na evolução da minha pessoa na sociedade. Pra falar a verdade: eu só ganhei com isso. Hoje eu tenho amigos em pessoas com quem eu implicava só porque sim. Hoje eu posso ir nos lugares sem me preocupar em encontrar um desafeto. Hoje eu ouço uma bobagem e sublimo e meus batimentos cardíacos permanecem inalterados (aloca).

Talvez porque estivesse sol depois de tanta chuva - e eu nem gosto de sol -, talvez porque fosse véspera de feriado, talvez porque eu realmente esteja me tornando uma pessoa melhor, eu fui lá e levantei uma bandeirinha branca da paz. Uma bem pequenininha, contra uma mágoa bem grandona, uma dessas de Itu. Levou um ano e meio pra eu conseguir levantar uma bandeirinha, pequena até pra um playmobil. Mas quem apanhou fui eu e quem levantou a bandeirinha fui eu, fiquei me sentindo total the bigger person.

Então eu saí com a minha bandeirinha e meu orgulhinho e meu solzinho e voltei naquela chuva de canivetes, com meu som ligado. E ouvi essa canção pela primeira vez na vida.


Se quiserem saber se volto
Diga que sim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim



Achei engraçado porque parecia um ciclo fechando. A chuva parou e eu cheguei em casa sem maiores problemas, com a mente até mais leve, porque agora tinha menos uma bobagem com que gastar o tempo.
























Aí hoje eu acordei, abri o instagram e levei um baita dum STUPLASH no meio da cara e entendi que a gente tem mesmo mais é que largar de ser bocó, porque é só dar uma chance pra babaca e levar outra voadora. Minhas roupas molharam todas no varal. Não que uma coisa esteja diretamente relacionada à outra.

Cê fica aí esperando minha próxima bandeira branca. Vai ser daqui umas 48 encarnações. (E eu vou ouvir Pato Fu o tanto que eu quiser, ninguém tem nada a ver com isso :P)

Um beijo e sejam sempre mais espertos do que eu. Sentimental e meteorologicamente.

E sim, é meteOrológico, não meteREológico.
Façavor, até o google sabe.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

The end is coming far too soon, I wish I had more time

O título é uma bela canção.

Então eu acordei numa manhã ensolarada, às 5 da manhã (em que meu celular insistia em marcar o horário do Brasil, alegre uma da madrugs), porque era dia de ir pra Cardiff e eu queria 1) aproveitar todos os segundos possíveis que me restavam em Londres AND 2) fazer a mágica de enfiar toda a tralha adquirida em 10 dias em uma mala grande-mas-não-tanto.

Antes das 6 eu já sabia que não ia acontecer, porque infelizmente, minha mala não era uma TARDIS.

E é neste momento que pessoas que não assistem Doctor Who começarão a boiar. Só pedir ajuda nos comentários, se achar que deve.

Lembrei de uma lujinha perto do meu hotel que vendia malas gigantes, mas apenas na discretíssima cor ROSA. Mas não era assim um rosa antigo, um rosa bebê. Era Barbie sai de férias.



Desamassei a cara, subi até a superfície (hahahaha num guento com meu quarto under the stairs) e orei pelo comércio de horário bizarro londrino. Se a loja estava aberta 1h quando eu passei por lá, quais as chances de estar aberta de novo às 6h? MAS ESTAVA AEAEAEAE É TETRAAAAAAAA e eu comprei a mala rosa, que cabia minhas coisas, eu, uma família de 8 pessoas e Itu.

A vantagem de uma mala desse tamanho é pesar apenas 800kg. E eu tinha que carregar essa mala, a mala que eu já tinha comprado no meio da viagem e meu corpinho esbelto escadaria acima, depois até a estação Bayswater, descer já na primeira parada em Paddington e pronto.

SÓ.QUE.NÃO.

Me arrumei bem linda e 10 da manhã estava pronta, de café da manhã tomado, tudo empacotado. Meu trem saía 12:45h de um lugar que ficava, numa previsão pessimista, a uma meia hora dali. Mas eu sou prevenida (hahahhaha) e saí do hotel 10 da manhã mesmo.

Levei meia hora só pra subir a escada com malas que pesavam 48kg (fiquei sabendo isso no aeroporto alguns dias depois D:) e passar as oito portas corta fogo até a recepção. Saí rumo à rua com muita alegria por passar por calçadas londrinas e não curitibanas com aquele peso todo. Tava tudo muito suave até eu entrar em Bayswater e lembrar que tinha que descer um lance imenso de escada com aquelas duas malas. E depois subir as duas no trem. Depois descer as duas do trem. Nunca descabelei tão rápido.

Cheguei em Paddington 3 minutos depois e mais um trilhão de degraus em seguida, eu estava prontinha pra embarcar umas 11h. HAHAHAHAHAAHHAHA.

COASE.DUAS.HORAS. parada num terminal de trem. PQP.

Aí, é claro, eu precisava ir ao banheiro e o banheiro era pago e TINHA.QUE. ser em moedinhas e eu não tinha moedinhas e fiz a coisa mais coerente do mundo: comprei uma garrafa de água pra ter trocos.

Simples, né? A não ser pelo fato de que o freaking banheiro ficava no centro da terra, e tinha que descer DOIS LANCES DE ESCADA pra chegar lá AHHAHAHAHAHAHAHAHAHAH. Não sei quem tava mais desesperada, se era eu ou as véia que mal conseguiam chegar vivas e secas lá embaixo. Mas eu desci com as minhas duas malinhas singelas - levando apenas 20 minutos no processo. Foi só depois do pipi amigo que eu me dei conta que teria que SUBIR com as malas. Comecei a chorar no pé da escada e não sei de onde saiu um funcionário da estação e subiu minhas mala tudo. UM BEIJO PRA VOCÊ, TIO.

Fui em todas as banquinhas. Todas as lojas. Todos os lugares em que uma pessoa com duas malas gigantescas pode ir e o tempo não passava. Fui pra uma sala tipo essas salinhas vip de rodoviária e fiquei lá vendo tv. Uma meia hora antes de o trem chegar, eu precisava desesperadamente ir ao banheiro de novo e comecei a chorar na sala de embarque, porque eu não tinha mais estrutura física ou emocional praquele horror. Uma senhora começou a me encarar e eu comecei a encarar de volta e ela ficou numa pose super na defensiva, porque eu tava com olhos de horror (se você nunca me viu quando eu preciso ir ao banheiro, nem queira). Aí eu larguei minhas noção tudo pra trás e perguntei se ela trabalhava lá.

A cara dela mudou automaticamente de apreensiva pra amorosa e eu pedi pelarmodedeus pra ela olhar minhas malas só pra eu poder ir ao banheiro com dignidade e ela segurou minha mão e disse pra eu ir.

E ó, se ela roubasse minhas mala tudo, azar. Tem coisas na vida que não dá pra deixar pra depois.

Mas ela era realmente um amor. Disse que achou que eu estava olhando pra ela com cara de desconfiada (a mulher era negra e eu só me dei conta nesse momento) e eu disse que tava mesmo era desesperada pra pedir favor, mas não queria parecer a brasileira descompensada que não sabe se comportar. Ela riu e me avisou que meu trem já ia chegar. ARELUIA.

*****



Cê já viajou de trem, amigo rico? Eu nunca tinha viajado. Até eu entender a ordem dos vagões, até eu achar o meu, até eu entender que no hay bagageiro... Olha, quantos neurônios gastei. A sorte da minha linda pessoa foi que devia ter mais ou menos 8 pessoas indo pra Cardiff num total de uns 200 assentos, de modos que larguei minha mala na área pra cadeira de rodas sem ofender ou causar prejuízo pra ninguém. Se o trem estivesse cheio, eu não sei o que faria. NÃO.TINHA.ESPAÇO.PRA.MALA.

No meu vagão, apenas eu e um Robert Sheehan desnutrido, pude me acalmar com a localização das minhas tralhas. Liguei meu tocador de musga e o que ele tinha escolhido pro shuffle? A música do título, dessa senhora escocesa. Tudo bem que eu pulei a escócia na minha viagem britânica, mas eu achei apropriado. Me deixa.









Eu achei a viagem de trem toda muito maneira, os banquinhos são mais confortáveis que de avião e o balancinho é maneiro. Só não me dei bem com os túneis e minha incapacidade de manter o tímpano intacto em mudanças de pressão. Passei horas encantadíssima com as paisagens, as estações e as paradas no horário absolutamente certo, com segundos de precisão. Sim, eu sei, eu tenho baixas expectativas sobre a vida.

Na hora programada e nem um segundo a mais, chegamos na estação central de Cardiff, onde eu tinha que trocar por um trem metropolitano, já chorando antecipadamente pelo carregamento das malas. Não só um funcionário da estação catou minhas mala tudo, como tinha elevador em todo o processo e o próximo trem já estava na estação e eu só tinha que andar mais uma estação e que bom que tá dando tudo certo porque só nesse momento me dei conta de que não conheço ninguém em Cardiff, não conheço a geografia de Cardiff, não sei onde é meu hotel, não tenho dinheiros em espécie pro táxi e meus mapas estão dentro da minha mala perdida. 

Desci do trem em Queen Street e fiz muita força pra não chorar. Mas o clima estava ótimo: depois de dias de sol sem fim na Europa, finalmente um lugar com céu cinza, nuvens e vento gelado. A estação toda trabalhada no aquecedor ligado e foi aí que eu vi a pessoa mais linda que provavelmente meus olhos vão ter visto em toda a minha existência: o moço que ficava de fiscal na entrada e saída da estação.

Não sei explicar o que me deu, mas eu já tava perdida mesmo, congelada, estacionei do lado dele e do aquecedor e expliquei que eu era tapada e tinha perdido meus mapas (lembrar do iphone com mapa de 40 dólar na memória, ninguém lembra) e não tinha dinheiros em espécie, mas precisava chegar no Ibis, se era muito complicado.

O moço que era lindo, obviamente tinha uma voz linda e rouquinha e olhou bem no fundo dos meus zóios e disse "bless you, love, I'll help" com aquele sotaque galês E.EU.MORRI.

Nisso ele chamou outro fulano pra ficar no lugar dele, catou uma das minhas malas e foi andando comigo pela rua e falando comigo e eu quase propondo casamento e morar em Gales pra sempre numa casa branquinha com uma floreira na porta, fazendo feijão com linguiça pra ele em todos os cafés da manhã que ele quisesse me chamar de LOVE, e em aproximadamente uns 15 passos, a gente já tava na frente do hotel. HAHAHAHAHAHA.

Único momento na vida em que eu achei azar ter acertado tanto na escolha do hotel e na função memória do meu cérebro, de lembrar o nome da estação mais perto dele.

BLESS YOU, GALÊS ESPETACULAR CUJO NOME EU NÃO LEMBRO.

Ok, entrei no hotel e um doppelganger duma tia que eu adoro fez o meu check-in. E eu já tava preparada pra outro quarto num poço, mas meu quarto era lindo, tinha uma vista que eu amei, a cama era gigante, o edredom era feito de sol e o banheiro... AHAHAHHAHAHAHA. Melhor banheiro do mundo. Parecia de nave espacial, nunca vou superar.

Achei que depois dessa maratona toda, ia deitar na cama e chorar, mas apenas pulei nessa mesma cama, coloquei casaco, cachecol e saíííí pra comer.



E meu, sou tão eficiente pra viajar pra lugares pra onde ninguém nunca foi que meu hotel estava a UMA.MÍSERA.QUADRA do shopping ♥♥♥♥♥ e o shopping era vários (nem vou tentar explicar) e era do lado de um calçadão movimentado e lindo e cheio de lojas e florzinhas e tipo, o centro da cidade, pub, gente linda, amor no coração, alguém me diz por que eu voltei?









Eu tinha até umas 17h pra passear, porque às 19h eu tinha reserva num restaurante que parecia ser muito maravilhoso e que eu escolhi APENAS por ter aparecido em um episódio de Doctor Who, onde o Doctor, Rose, Cap. Jack e Mickey almoçaram, só o elenco mais maravilhoso do universo comendo num restaurante na baía. Então o plano era me arrumar e sair uma meia hora antes, porque vai saber onde é o restaurante, né?

Pois eu fiquei LOCA no shopping. Mailôca eu fiquei porque de novo, as placas tavam tudo em duas línguas, desta vez galês e inglês. Milhões de anos tentando entender uma língua com a qual eu não tenho a mais remota familiaridade, olhando placas e paisagens e passando frio ♥, e comendo, anotando o nome de todas as lojas e lugares em que eu pretendia voltar.

*****

Seis e meia da tarde, eu estava pronta no saguão do hotel, pedindo informação pro atendente sobre como chegar em Cardiff Bay. Ele me disse pra voltar até a estação de trem Queen Street e andar uma estação até Cardiff Bay e fim. Eu pensei que não podia estar certo, que tinha pegadinha. Estação perto do hotel, hotel perto do shopping e do centro, hotel perto da baía. COMO ASSIM? Perguntei se era longe e ele falou que ia levar mais ou menos um minuto.

Cheguei na estação de trem e o amor da minha vida ainda estava lá na frente do aquecedor. Não achei bilheteria e entendi em 3 segundos como fazia pra comprar o bilhete sozinha, mas né? Fui lá babar no moço e pedir ajuda. hahahahahaha DESCULPA, PAI, DESCULPA BRASIL. Ele me ajudou e eu disse que ia jantar na baía e meique dei a entender que seria muito maravilhoso se ele fosse, mas nada aconteceu. Todo mundo pra quem eu conto diz que eu deveria ter feito a doida e convidado ele pra sair, igual em filme. E vocês tudo devem estar certos, mas eu sou bocó e não fui capaz, ok?

O trem chegou e exatamente sessenta segundos depois eu estava em Cardiff Bay.



A estação é a umas duas quadras da baía, só o suficiente pra você ir andando por construções antiiiigas e modernas, as coisas mais lindas do mundo. Fico #chatiada de não ter conseguido fotografar o Millennium Centre iluminado à noite por motivos de chuva sem sombrinha, porque é uma das coisas mais maravilhosas que eu já vi.



Fui andando naquele frio, no vento, me sentindo a própria mocinha do meu próprio filme. Cheguei à baía iluminada por infinitas luzinhas, barulho de gente, uma das vistas mais bonitas da minha vida. Como todo mundo era incrivelmente pontual e ainda faltava um tempinho pra minha reserva, eu fiquei ali aproveitando a experiência de estar extremamente grata pela minha sorte de ter chegado sã e salva àquele lugar sensacional.





19h eu estava na porta do Bosphorus Turskish Restaurant. Na porta, o Maître me recebe com um sotaque do leste europeu, perguntando se sou eu a brasileira que fez a reserva quatro meses antes. Eu confirmo e ele diz que estavam todos me esperando. ♥



Uma pessoa aparece pra pegar meu casaco, outra pra me levar até a mesa, todo mundo sorri e me cumprimenta. O Maître vai até minha mesa e diz que aquele restaurante é conhecido por ser um lugar romântico (Cê jura? De vidro, em cima da água, com vista pro pôr do sol?) e logo estaria cheio de casais e pequenos grupos, mas que eu ficaria na melhor mesa (e era mesmo, EXATAMENTE a mesa que eu queria, com vista pra baía toda) e sempre alguém estaria por perto, caso eu precisasse de companhia. E que eu era bem vinda pra ficar o tempo que quisesse, sem pressa, pra aproveitar a experiência.















Quase chorei.

No meio do caminho, um me perguntava como eu descobri Cardiff no mapa. Outro perguntava como era o Brasil. Outro perguntava como aprendi a falar inglês. E cada vez que eu mencionava Doctor Who, alguém dizia "você sabia que já gravaram cenas aqui?" e eu empolgava tudo de novo e eles me mostravam a mesa e diziam que era todo mundo muito simpático mesmo, que eles amavam a quantidade de visitantes por motivos de DW e que contariam pra todo mundo que alguém veio do Brasil (tipo, cafundó do judas) só pra jantar lá.



O restaurante realmente encheu e eu realmente fiquei 3 horas lá HAHAHAHAH. Comi como se fosse fina, com entrada, prato principal - um falafel que jamais esquecerei - sobremesa, bebida e ganhei sobremesa porque sou linda. Eu não sou muito fã de doce e aquele doce turco não fez meu estômago feliz, mas eu comi tudo por amor, apenas. No fim, eu perguntei como que fazia pra dar gorjeta, porque né? País estrangeiro a gente nunca sabe e o moço me disse que eu devia fazer como é no Brasil e aceitou os 10% que eu falei que era aqui. Somando tudo isso, minha refeição fina no restaurante chique custou exorbitantes 19 libras, que eu num consigo pagar nem a churrascaria mais podrona da cidade. Quase morri do coração, porque tava esperando largar a mesada lá. De novo, quase liguei pra casa avisando que ia morar em Gales pra sempre.

Como estava chovendo e já era um pouco tarde pra uma pessoa estrangeira e menina andar sozinha na rua, todo mundo ficou preocupadíssimo, querendo me acompanhar ou chamar um táxi ou ir comigo. Eu disse que não precisava, que ia de trem. Me fizeram prometer que eu ia de trem mesmo, não ia andando. Todos foram na porta se despedir e eu não sei se é com todo mundo e não ligo se for. Foi muito especial e maravilhoso e melhor do que tudo que eu podia ter imaginado.

Voltei pro hotel (e cheguei lá literalmente 5 minutos depois de sair do restaurante) decidida a chamar o homem da minha vida pra tomar café, mas obviamente ele já tinha ido embora. Ele e todo mundo, porque a estação funciona sozinha de noite, ó que civilizado. Tem fiscal no trem pra ver se as pessoas compraram passagem, é claro. E todo mundo compra, todo mundo vive lindo naquele país lindo, pra onde eu vou, vou comprar uma cabra, plantar morango e viver de vender geleia.

Com meus planos de arrumar marido arruinados, voltei pro hotel, onde fui esperta de deixar o aquecedor ligado. Entrei no quarto decidida a botar ordem nas minhas tralhas pra economizar os tempos finais da viagem, mas assim que o processo de degelo começou, eu apenas dormi por nove horas seguidas. Acordei bem a tempo de ficar linda - nem contei que a essa altura eu já tinha maquiagens, secadores, roupas e sapatos - pra Doctor Who Experience, o momento mais aguardado de toda essa linda viagem.

Já aviso que será esse o tema do próximo post e sim, já me preparei psicologicamente pra ter zero comentários.

Atá a próxima, amiguinhos.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

bolhas de sabão e fumaça


Estava eu matando tempo na internet, quando me deparei com um post de algum blogueiro famoso de portal de jornal (só eu odeio blogueiro de portal de notícia? acho que fica super tendencioso a pessoa poder dar opinião e AIMEUDEUS, foco), falando sobre como é triste a pessoa que não consegue entender que um relacionamento acabou e fica tentando fazer a coisa voltar. E um reflexo disso são os infinitos cartazes de amarradores de amor pregados por tudo que é canto deste país.

Ó que eu moro numa cidade em que as pessoas não dizem nem oi pro vizinho no elevador e fico muito espantada que as pessoas até mesmo se reproduzam por aqui. Fico imaginando o curitibano médio ligando pra moça que faz a si... comé que é o nome? Sinastria? Tem um papel cor de rosa por onde eu vou oferecendo esse importantíssimo silviço à comunidade.

Bom, o que o blogueiro tão eloquentemente falava era que as pessoas deveriam se dar valor e entender que sim, a vida continua e ninguém morre de pé na bunda. Que hoje dói e falta o ar, amanhã arranha, depois de amanhã passa.

E eu acredito muito nisso, sabe?

Eu nunca tive uma volta de relacionamento.

Tá certo que eu concedi o título de namorado pra menos de 5 pessoas ao longo da minha vã existência e não devo ter trocado fluidos inocentes com mais que 30 indivíduos. (Se você me disser que beijou menos de 30 pessoas na sua vida, eu vou ficar felicíssima por você, viu? Mas eu não tô nem aí, na realidade. Sou beijoqueira mêmo.). E mesmo em casos raríssimos de amizade colorida bem sucedida, em que há um movimento natural de vai e volta, quando uma das partes disse "então, né? já deu issaê", deu mesmo, fim, vamo marcá.

Eu tive uma amizade colorida muito maravilhosa, que durou de 98 a 05, sempre naquelas de que se alguém estivesse em um relacionamento sério era só avisar. Quando o moço resolveu casar, todo mundo ficou preocupadíssimo com o que eu faria, mas gente, não era amor, era amizade. Casou e tá aí bem feliz e eu tô aqui bem quieta e todo mundo tá bem.

Eu tive uma amizade colorida muito pavorosa, em que o moço oscilava entre "jamais namorarei a sua pessoa, namorar é coisa de velho" e "por que você estava falando com aquele seu amigo, você não me quer mais? você está tentando me provar alguma coisa?" que ARGHHHHHHH que pesadelo. Como eu descobri bem cedo na minha vida que se sou eu a terminar, a outra pessoa sempre tem a carta do "me dá mais uma chance, vamo tentar de novo", então eu infernizo o infeliz até ele tomar a iniciativa do pé na bunda em 98% dos casos. Assim, a cara de pau fica menor e eu tenho sossego. Mas não com o Highlander aí. 

O fio colocou um ponto final na maluquice quando a coisa tava insustentável. Eu avisei, bem devagar, com palavras pequenas e frases curtas que fim é fim e não é meio. Que o que vai não volta. Que acabou mesmo. E o infeliz achando que eu tava tentando ~evitar~ que acabasse. Voltei pra minha casa ao som de Pink Martini, fiz um bolo de laranja e joguei video game com os meus irmãos, bem contente.

Duas semanas depois, tamo lá na mesma praça de sempre. Depois de um copinho de álcool, quiqui o lindo quer? ISSO MESMO, quer a minha pessoa de volta. Não volto, meu querido.

Dois meses depois, o fofo me encontra numa festa que nunca imaginou que eu fosse. Quiqui ele quer, sociedade? Quer voltar. Volta pro mar, oferenda.

Um ano depois, tô eu lá bem tranquila numa festa que ajudei a organizar, jurando que nego não vai ter a cara de pau de aparecer, sabendo que só foi convidado porque eu sutilmente joguei o nome na lista. Mas aparece. E assim, a gente tinha um ~código de disponibilidade~, tipo "hoje eu tô livre, ok", sabe como? QUIQUI O INFELIZ APARECE CARREGANDO? Sim, amigos, a maior bandeira de "vem ni mim" que a sociedade já viu. Mas era uma festa de adulto, pra ir arrumado, e o iluminado rapaz deu aquela escorregada no visual só pra me fazer entender que era só chegar. O que mais se ouvia pelos cantos era "mas gente, que raios é aquilo? o que aconteceu com esse moço?". E eu lá bem quieta.

Cê foi embora da festa com ele? Eu também não.

Acabou, acabou. É o fim, não tem volta.

*****



Em assunto totalmente não relacionado.




Sabe aquela belíssima filosofia minutos de sabedoria, de que você não deve se arrepender de nada que já tenha feito, porque em algum momento aquilo era exatamente o que você queria?

Quero ver pessoas provenientes da década de 70, que já usaram mullets e maquiagem garota do fantástico dizendo isso. Quero ver os hipsters e seus bigodes irônicos e seus óculos de grau sem grau dizendo isso em 20 anos. Eu, enquanto mim mesma, fico agradecidíssima por evoluir minhas opiniões e me arrepender amargamente de coisas que eu fiz no passado.

*****

Tem gente que parece que só entra na nossa vida pela moral da história. A gente passa um tempo sugada pelo vórtex da maluquice, fica lá presa e girando como berenice e inês brasil por um tempo e de repente para e se da conta da catástrofe e evolui. q

Pois então a gente entra numas de tentar achar onde foi que deu-se o erro, qual foi aquela bifurcação no caminho em que você virou à direita e deu tudo errado (always turn left), refazendo os passos, tentando imaginar como teria sido se você simplesmente tivesse ido embora mais cedo naquela noite que choveu - ou nem saído de casa in the first place - de modos que todo o curso de eventos teria mudado e você poderia estar neste exato momento tendo uma vida ou dormindo ou tendo qualquer tipo de sucesso e não escrevendo num blog.

E olha, por muito tempo eu achei que você tinha servido apenas como perda de tempo. Um atraso bem grande. Aquele imbecil com quem a mocinha do livro perde tempo apenas para fim de: 400 páginas. Todo mundo tá vendo a furada e você lá, inocentona, achando tudo muito ok.

Tentei apagar todas as memórias, porque tudo que eu lembro é desrespeito, falta de amizade, falta de amor. Tudo que eu lembro é meu pé na beirada do precipício, você pendurado por uma mão, pelas pontinhas dos dedos, com o dobro do meu tamanho e, ainda assim, eu usando toda a minha força pra te puxar.

E eu puxei, né?

Só que quando você chegou na terra firme e passou o medo de cair, você bateu a poeira, me mandou um flw vlw e foi tomar um suco no tropical banana.

Mas eu não te puxei porque você era especial. Eu puxei porque EU sou. Eu puxei porque puxaria qualquer mão que estivesse estendida ali. Você se concedeu o título de rei da cocada preta, eu só continuei a vida.

O que mais me impressiona é que, de todos os momentos em que eu fui estúpida e você se aproveitou, teve um, só um, aquele um, com que eu finalmente consegui fazer as pazes e guardar, mesmo depois de jogar o resto todo fora.

[Porque a essa altura eu devo parecer uma inocente apaixonada e você um cafajeste encantador, e ó, tá bem mais pro contrário.]

A única coisa que prestou da sua passagem pela minha vida foi aquela bolha de sabão. Todo o tempo que você valeu a pena, foi a duração daquela bolha de sabão. O sol na cara, a risada, o jeito como você pegou na minha mão e me puxou correndo, pra que ninguém visse quem eram as crianças fazendo aquela sujeira de sabão no vento. Cinco minutos? Dois? Um? Esse foi todo o tempo válido da sua presença na minha vida. Eu espero que você seja feliz com tudo que eu te ajudei a colocar no lugar e com as bolhas de sabão que você nunca mais vai soltar (porque sem mim pra dizer que isso é legal, quem é que vai te dar coragem?).

Mas ó, não volta não.

Não volta com o carro amarelo, não volta com um curtir no facebook, não volta com um like no instagram, não volta com aquela mensagem de celular que parece que foi pra todo mundo, mas foi só pra mim.

Fica onde você está (onde quer que seja isso) e com as bolhas de sabão todas que eu te dei. A única coisa que eu vou guardar pra mim é essa única bolha com o sol, as risadas e a fumaça. 

E ela é minha, porque eu roubei.

"If that's not good enough for you, hey... so long sucker, see ya, bon voyage, arrivederci, later loser, goodbye, good riddance, peace out, let the doorknob hit ya where the good Lord split ya, don't come back around here no more, hasta la vista, kick rocks, and get the hell out."

terça-feira, 14 de maio de 2013

lights of london

Se tiver fotos repetidas, apenas apreciem. Londres à noite é a coisa mais linda, nunca mais queria vir embora.
































Em breve, a saga Cardiff, Doctor Who Experience e a odisséia da volta pra casa.

Fiquem ligadinhos.