sexta-feira, 17 de maio de 2013

bolhas de sabão e fumaça


Estava eu matando tempo na internet, quando me deparei com um post de algum blogueiro famoso de portal de jornal (só eu odeio blogueiro de portal de notícia? acho que fica super tendencioso a pessoa poder dar opinião e AIMEUDEUS, foco), falando sobre como é triste a pessoa que não consegue entender que um relacionamento acabou e fica tentando fazer a coisa voltar. E um reflexo disso são os infinitos cartazes de amarradores de amor pregados por tudo que é canto deste país.

Ó que eu moro numa cidade em que as pessoas não dizem nem oi pro vizinho no elevador e fico muito espantada que as pessoas até mesmo se reproduzam por aqui. Fico imaginando o curitibano médio ligando pra moça que faz a si... comé que é o nome? Sinastria? Tem um papel cor de rosa por onde eu vou oferecendo esse importantíssimo silviço à comunidade.

Bom, o que o blogueiro tão eloquentemente falava era que as pessoas deveriam se dar valor e entender que sim, a vida continua e ninguém morre de pé na bunda. Que hoje dói e falta o ar, amanhã arranha, depois de amanhã passa.

E eu acredito muito nisso, sabe?

Eu nunca tive uma volta de relacionamento.

Tá certo que eu concedi o título de namorado pra menos de 5 pessoas ao longo da minha vã existência e não devo ter trocado fluidos inocentes com mais que 30 indivíduos. (Se você me disser que beijou menos de 30 pessoas na sua vida, eu vou ficar felicíssima por você, viu? Mas eu não tô nem aí, na realidade. Sou beijoqueira mêmo.). E mesmo em casos raríssimos de amizade colorida bem sucedida, em que há um movimento natural de vai e volta, quando uma das partes disse "então, né? já deu issaê", deu mesmo, fim, vamo marcá.

Eu tive uma amizade colorida muito maravilhosa, que durou de 98 a 05, sempre naquelas de que se alguém estivesse em um relacionamento sério era só avisar. Quando o moço resolveu casar, todo mundo ficou preocupadíssimo com o que eu faria, mas gente, não era amor, era amizade. Casou e tá aí bem feliz e eu tô aqui bem quieta e todo mundo tá bem.

Eu tive uma amizade colorida muito pavorosa, em que o moço oscilava entre "jamais namorarei a sua pessoa, namorar é coisa de velho" e "por que você estava falando com aquele seu amigo, você não me quer mais? você está tentando me provar alguma coisa?" que ARGHHHHHHH que pesadelo. Como eu descobri bem cedo na minha vida que se sou eu a terminar, a outra pessoa sempre tem a carta do "me dá mais uma chance, vamo tentar de novo", então eu infernizo o infeliz até ele tomar a iniciativa do pé na bunda em 98% dos casos. Assim, a cara de pau fica menor e eu tenho sossego. Mas não com o Highlander aí. 

O fio colocou um ponto final na maluquice quando a coisa tava insustentável. Eu avisei, bem devagar, com palavras pequenas e frases curtas que fim é fim e não é meio. Que o que vai não volta. Que acabou mesmo. E o infeliz achando que eu tava tentando ~evitar~ que acabasse. Voltei pra minha casa ao som de Pink Martini, fiz um bolo de laranja e joguei video game com os meus irmãos, bem contente.

Duas semanas depois, tamo lá na mesma praça de sempre. Depois de um copinho de álcool, quiqui o lindo quer? ISSO MESMO, quer a minha pessoa de volta. Não volto, meu querido.

Dois meses depois, o fofo me encontra numa festa que nunca imaginou que eu fosse. Quiqui ele quer, sociedade? Quer voltar. Volta pro mar, oferenda.

Um ano depois, tô eu lá bem tranquila numa festa que ajudei a organizar, jurando que nego não vai ter a cara de pau de aparecer, sabendo que só foi convidado porque eu sutilmente joguei o nome na lista. Mas aparece. E assim, a gente tinha um ~código de disponibilidade~, tipo "hoje eu tô livre, ok", sabe como? QUIQUI O INFELIZ APARECE CARREGANDO? Sim, amigos, a maior bandeira de "vem ni mim" que a sociedade já viu. Mas era uma festa de adulto, pra ir arrumado, e o iluminado rapaz deu aquela escorregada no visual só pra me fazer entender que era só chegar. O que mais se ouvia pelos cantos era "mas gente, que raios é aquilo? o que aconteceu com esse moço?". E eu lá bem quieta.

Cê foi embora da festa com ele? Eu também não.

Acabou, acabou. É o fim, não tem volta.

*****



Em assunto totalmente não relacionado.




Sabe aquela belíssima filosofia minutos de sabedoria, de que você não deve se arrepender de nada que já tenha feito, porque em algum momento aquilo era exatamente o que você queria?

Quero ver pessoas provenientes da década de 70, que já usaram mullets e maquiagem garota do fantástico dizendo isso. Quero ver os hipsters e seus bigodes irônicos e seus óculos de grau sem grau dizendo isso em 20 anos. Eu, enquanto mim mesma, fico agradecidíssima por evoluir minhas opiniões e me arrepender amargamente de coisas que eu fiz no passado.

*****

Tem gente que parece que só entra na nossa vida pela moral da história. A gente passa um tempo sugada pelo vórtex da maluquice, fica lá presa e girando como berenice e inês brasil por um tempo e de repente para e se da conta da catástrofe e evolui. q

Pois então a gente entra numas de tentar achar onde foi que deu-se o erro, qual foi aquela bifurcação no caminho em que você virou à direita e deu tudo errado (always turn left), refazendo os passos, tentando imaginar como teria sido se você simplesmente tivesse ido embora mais cedo naquela noite que choveu - ou nem saído de casa in the first place - de modos que todo o curso de eventos teria mudado e você poderia estar neste exato momento tendo uma vida ou dormindo ou tendo qualquer tipo de sucesso e não escrevendo num blog.

E olha, por muito tempo eu achei que você tinha servido apenas como perda de tempo. Um atraso bem grande. Aquele imbecil com quem a mocinha do livro perde tempo apenas para fim de: 400 páginas. Todo mundo tá vendo a furada e você lá, inocentona, achando tudo muito ok.

Tentei apagar todas as memórias, porque tudo que eu lembro é desrespeito, falta de amizade, falta de amor. Tudo que eu lembro é meu pé na beirada do precipício, você pendurado por uma mão, pelas pontinhas dos dedos, com o dobro do meu tamanho e, ainda assim, eu usando toda a minha força pra te puxar.

E eu puxei, né?

Só que quando você chegou na terra firme e passou o medo de cair, você bateu a poeira, me mandou um flw vlw e foi tomar um suco no tropical banana.

Mas eu não te puxei porque você era especial. Eu puxei porque EU sou. Eu puxei porque puxaria qualquer mão que estivesse estendida ali. Você se concedeu o título de rei da cocada preta, eu só continuei a vida.

O que mais me impressiona é que, de todos os momentos em que eu fui estúpida e você se aproveitou, teve um, só um, aquele um, com que eu finalmente consegui fazer as pazes e guardar, mesmo depois de jogar o resto todo fora.

[Porque a essa altura eu devo parecer uma inocente apaixonada e você um cafajeste encantador, e ó, tá bem mais pro contrário.]

A única coisa que prestou da sua passagem pela minha vida foi aquela bolha de sabão. Todo o tempo que você valeu a pena, foi a duração daquela bolha de sabão. O sol na cara, a risada, o jeito como você pegou na minha mão e me puxou correndo, pra que ninguém visse quem eram as crianças fazendo aquela sujeira de sabão no vento. Cinco minutos? Dois? Um? Esse foi todo o tempo válido da sua presença na minha vida. Eu espero que você seja feliz com tudo que eu te ajudei a colocar no lugar e com as bolhas de sabão que você nunca mais vai soltar (porque sem mim pra dizer que isso é legal, quem é que vai te dar coragem?).

Mas ó, não volta não.

Não volta com o carro amarelo, não volta com um curtir no facebook, não volta com um like no instagram, não volta com aquela mensagem de celular que parece que foi pra todo mundo, mas foi só pra mim.

Fica onde você está (onde quer que seja isso) e com as bolhas de sabão todas que eu te dei. A única coisa que eu vou guardar pra mim é essa única bolha com o sol, as risadas e a fumaça. 

E ela é minha, porque eu roubei.

"If that's not good enough for you, hey... so long sucker, see ya, bon voyage, arrivederci, later loser, goodbye, good riddance, peace out, let the doorknob hit ya where the good Lord split ya, don't come back around here no more, hasta la vista, kick rocks, and get the hell out."