quarta-feira, 20 de julho de 2016

when you're not your soulmate's soulmate (allegedly)

Quando você se apaixona por alguém incrivelmente mais novo que você, às vezes é triste pensar no quanto de tempo você esteve presente no planeta sem que aquela pessoa sequer existisse. Tudo que você viveu enquanto aquela pessoa ainda nem era. Em tudo que poderia ter dado errado nas linhas do tempo que levaram à existência dela. Na probabilidade extremamente baixa que seus caminhos tão diferentes se cruzassem. Na ideia de que talvez fosse melhor que nem tivessem (se cruzado).


*esse post tem nada a ver com a programação normal deste blog e não há necessidade para pânico



segunda-feira, 4 de julho de 2016

don't know how to life

motivaçonal

Eu estudava em uma escola técnica, que não era mais. Assim, praticamente tudo se manteve, menos o ~título~ de técnico em sei lá o que. As aulas estavam lá, inclusive compartilhadas com os coleguinhas da engenharia civil, mas a gente só terminava o segundo grau memo. Ousseje, muito trabalho pra pouco resultado, se você quer saber minha opinião. 

Ah, sim, as aulas eram compartilhadas porque a gente ficava DENTRO do campus da faculdade. Então tinha uma infinidade de salas para as engenharias tudo, um pequeno prédio pro segundo grau e um cercadinho pra primeira à oitava série. De modos que, talvez vocês tenham concluído, as quiança grande e os jovens adultos dividiam espaço físico sem portões ou fiscalização. Isso memo: a escola era toda aberta, cê podia inclusive ir embora se quisesse, não tinha ninguém interessado. Eu acho é ótimo quando você coloca esse tipo de responsabilidade na pessoa. Inclusive tava todo mundo sempre na aula. 

O importante é que era uma escolabarrafaculdade rica, moderna e tecnológica, de modos que mesmo nos primórdios dos anos 90, já contava com um PRÉDIO de informática, cheio de computadores. Mais computadores que gente interessada em usarlhos. Pequenos nerds sem vida, como eu, ganharam muitos dinheiros digitando trabalhos alheios após aprender o uso do WORDSTAR, nos tempos do monitor verde, disquete gigante e inexistência de mouse. Eu vivia enfiada lá. Mas a coisa mais maravilhosa dentro daquele campus era: o facebook rudimentar.

Na biblioteca, além daqueles arquivos de metal imensos, com papeizinhos contendo os números dos livros, existia um computador. Era um pesadelo, porque quase ninguém sabia usar, mas a forma oficial de consultar livros era pelo bendito computador. MODERNÍSSIMO. Como as pessoas burraldas preferiam continuar usando os arquivos com papel, o computador ficava ali, livre, pra gente ser abestado à vontade.

Pois um gênio incompreendido colocou lá o que? Um programa que era tipo um mural. Você se logava com seu número de matrícula e tinha uma timeline pública identificada; uma timeline pública anônima e sua timeline particular, com mensagens identificadas e anônimas. Era MARAVILHOUSER. Na pública sempre tinha alguém procurando aula particular, calculadora barata, anunciando festa, gente se ofendendo, mandando indireta essas coisas normais de rede social. A timeline anônima era sensacional, a gente se declarava pros crush tudo e depois ainda mandava mensagem privada anônima dando pista de quem a gente era. Bem adulto.

No começo, quase ninguém se aventurava no computador (só tinha aquele memo, 01 único computador, pras engenharia tudo e pra escola). Depois de um tempo, tinha uma fila desgraçada a cada intervalo. Eu e uma amiga ficávamos anotando os horários em que as pessoas usavam, pra ver se a gente identificava mensagens anônimas, porque a gente era assim bem ocupada no dia-a-dia. No fim, a gente ia lá em horários super bizarros pra poder se declarar pros boy em paz.

A desvantagem: o rapaz que eu amava estava na oitava série, ousseje: preso no cercadinho e sem autorização pra usar a rede social rudimentar. Eu inventava crush pras miga não me deixar de fora das conversas, porém eu só ia lá corrigir o português alheio mesmo (faço isso há 20 anos, ó que glória?).

**********

Eu nunca tive problemas em deixar claras minhas intenções ~amorosas~ com relação aos meninos do sexo oposto, DESDE QUE eu não estivesse sentimentalmente envolvida. Nessa época, tinha o menino que eu queria beijar muito e deixei isso bem claro pra ele desde o dia que nos conhecemos. Mas pro menino da oitava série que eu queria namorar, casar e ter 38 filhos, eu nunca falei nada. Quer dizer: eu vivia dipindurada nele, até uma revista de signo eu comprei, só porque dizia que os nossos combinavam, mostrei pra ele como 01 grande piada, rimos muito, não beijei.

Um dia eu estabeleci que era a última chance. Passamos o dia juntos, demos risada, aqueles cutuco amoroso próprios da idade... e nada. Na hora de dizer tchau, nem beijinho na bochecha ele deu. Estávamos do lado de uma das quadras do campus, onde meninos da faculdade se preparavam pra começar uma partida de futebol. Um dos caras, que estava procurando um lugar pra deixar a mochila, era daqueles que a gente sabe que é só dar abertura que ele vem, sabe? Pois eu fiquei tão brava de não ter beijado um que fui lá bem pirigueteante na direção do outro. E foi isso memo, eu beijei o aleatório só de raiva do amorzinho.

VINTE ANOS DEPOIS, tarra eu e o ex-amorzinho conversando sobre a vida e veio o assunto do dia fatídico. Falei que foi minha primeira frustração amorosa da vida, de acreditar que o negócio era recíproco e não era.

- mas era!

Senti meu corazón despencando de um metro e meio de altura quando ele falou isso. COMO ASSIM, KIRIDO?

Disse ele que tava super na mesma vibe amorosa, mas eu não dei nenhuma indicação de que tava interessada (?!) e ele não quis correr o risco de levar um fora. E completou: por que eu que tinha que tomar a inciativa? Porque eu sou homem?

Olha. Não.

A reposta pra essa pergunta é: porque a outra pessoa era eu.

Inclusive fica aqui o alerta: se eu tomar iniciativa para com a sua pessoa, é porque eu não estou emocionalmente investida.

Eu ouço as pessoas falando "o não você já tem", como se um não fosse a pior coisa que pode acontecer com uma pessoa. 

O "não" que a gente já tem é apenas uma hipótese. É um não bem confortável, que vem sempre acompanhado do "e se". O não que a gente não ouviu, olha só que coisa incrível: NÃO É UM NÃO. Enquanto você não ~pergunta~, nada é definitivo. A pessoa está com você? Não tá. Masss, também não quer dizer que não pudesse vir a estar. Às vezes quer dizer que você não tem chance, a gente até sabe disso, mas é muito mais suave dizer pra si mesmo que ainda não, agora não, talvez não, mas talvez sim, ué.




Eu não sei se culpo algum problema psicológico, se culpo o signo, as estrelas, o patriarcado... Mas eu não tenho estrutura emocional pra escutar um não. Eu sempre vou achar que é porque eu sou a pessoa mais feia, chata, burra e sem graça do planeta. Se o cara é só um cara, ok, eu sobrevivo. Mas se é alguém de quem eu realmente gosto, a minha praticamente inexistente autoestima sofre um golpe irreversível.

*****

Mas nada tão sensível quanto a frágil masculinidade.

Uma vez eu me interessei por um rapaz uns dois anos mais novo que eu. Na época, eu estava concluindo minha especialização, trabalhando como gerente de produção e vivendo como adulta, infelizmente. O infeliz, além de ter nascido dois anos depois, não se deu ao trabalho de concluir o ensino médio e trabalhava como operador de máquina e morava numa pocilga (sempre quis usar essa palavra?) com outros 3 bocós iguais a ele. Agora cê me pergunta: o que eu vi nesse cara? Jamais saberei responder. Eu olho pra trás e é só choque, acho que gases tóxicos na fábrica (+trabalhar 10 horas por dia, estudar + outras 4 + tempos de deslocamento = pouco sono) tiveram alguma influência nesse movimento.

O caso é que eu contei pra alguém na faculdade e me disseram que JAMAIS o menino tomaria a iniciativa. Ser mais velha, ganhar mais, ter maior nível escolar, morar num lugar melhor... se você tiver apenas um desses defeitos, pode até ser possível. Mas todos, combinados? De jeito nenhum. Talvez seja 01 sabedoria da natureza, porque realmente não tem condição de o amor render nessa adversidade toda, mas eu fui lá e beijei primeiro, porque eu sou muito corajosíssima. Enquanto isso, um outro moço da minha idade, com muito mais potencial e por quem eu tinha um certo pavor de me apaixonar ficou de lado.

Nunca mais vi.

*****

O que uma coisa tem a ver com a outra?

Calma, xô fazer um parêntese antes.

Eu tenho um amigo que insiste que mulher só se interessa por homens com carro e estabilidade financeira e eu sempre soube que ele estava errado. Só não mando mensagem pra contar pessoalmente minha atual situação, porque ele delira o suficiente pra achar uma ~desculpa~, mas vamos aos fatos:

- o crush não tem carro. 

E digo mais: não tem carteira de motorista também. Idade pra dirigir, tem. Tem sobrando, inclusive. Mas não dirige.

- o crush não ter curso superior.

Porque ele está JUSTAMENTE fazendo faculdade, o que é completamente compatível com a sua idade. O que quer dizer que

- o crush não tem emprego formal.

Tem estágio, trabalha, é 01 rapaz responsável e ganhador dos próprios dinheiros, que mal dão conta de cobrir o mês e é um tal de "liguei pra minha mãe pra pedir dinheiro" que é sensacional.

- o crush não tem senso estético.

A pessoa nasce linda e aí zoa o cabelo, zoa as roupas, não tem compromisso com a imagem exterior, num geral. É uma pena, mas o bom é que sempre tem a c&a pra gente mudar essa realidade em caso de necessidade.

O que ele tem, então?

Na minha opinião, coisas importantíssimas:

- senso de humor.

Outro dia eu vi alguém falando na rede social feice que é muito difícil achar os boy que entende os meme. Ele entende. Cêis precisa ver que coisa mais bonitinha é nossas conversa no uátis. Tá certo que ele perdeu o maravilhouser meme da petulância do cavalo, mas ele está 100% fluente em vaneçês, então é um plus a mais. A gente ri muito junto, do tipo que já chegamos à conclusão de que ficamos 01 pouco mais abobados quando estamos na presença um do outro e pessoas externas já disseram que querem separar a gente, porque a gente.só.ri. 

- sabe cozinhar.

Eu já escrevi isso antes, mas vou repetir: não consigo compreender que um cerumano, dotado de necessidades alimentares, NÃO SAIBA COZINHAR. Assim, não saber fazer pratos rebuscados eu compreendo. Mas não saber tacar alho, arroz e água numa panela e seguir meia dúzia de instruções é demais pra mim. Medo de panela de pressão é uma coisa que eu não consigo nem compreender. Você precisa comer pra viver, vai ficar vivendo de delivery e pão de forma com queijo? Acho indigno. De modos que uma característica muito importante em uma pessoa, pra mim, é saber cozinhar gostosas comidas. A gente inclusive troca receita, é 01 mundo ideal.

- 01 vozinha suave e um bonito sorriso.

A voz, gente. Ele pode ficar tagarelando por horas que eu fico bem sossegada da minha vida, porque a voz, afffe. E quando ele sorri, mddc, ele fica bonito demais. E o cílio, gente? Quando ele fala comigo meio envergonhadinho e olha pra baixo e a gente vê aquele cílio louro sueco de 8 centímetros em toda sua glória, eu só rezo pra jesus me segurar e eu não cometer um desvario. 

- 01 personalidade interessante

Lembrando sempre o DEGRAU etário entre nós e algumas diferenças básicas de interesse relacionadas a isso, além das diferenças usuais entre dois cerumanos (e algumas músicas muito bosta que ele ouve), a gente consegue manter um nível de interessância comum bastante elevado. 

E fora isso, o que mais importa, não é?

ENTÃO QUAL É O PROBLEMA, CÊIS ME PERGUNTA.

O problema é que me vejo diante da situação recorrente aí de cima: se eu não der o primeiro passinho, ficarei sem.

Qué dizê, é o que parece se configurar. Não que se eu der o primeiro passinho a coisa vá andar, tem horas que eu acho que vai, tem horas que eu tenho certeza de que não vai não. Mas acho que a única coisa certa é que ou eu tento ou eu fico sem. No caso, então, eu vou estar ficando sem.

De acordo com consultores experientes (não), parece que nesse desbalanço que está favorável pro meu lado, por causa de condição ~adulta~ de vida, mas eu acredito justamente é no contrário, gente. Mulher & velha (ainda que apenas por referencial, se a gente estiver bonzinho hoje), eu tô é em franca desvantagem.

E é isso. 01 pena pensar que a pessoa tá ali ao alcance da mão, mas vai ficar por isso mesmo, porque eu não tenho estrutura de escutar "mas olha, eu te acho ótima, mas te vejo como tia" esperando um "VEMK".

No mais é torcer pros rumos da vida dessa pessoa a levarem pra bem longe de mim, porque eu não quero estar à beira dos 50 anos e escutar que rolava todo um sentimento no ano do senhor de 2016.