quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

TMI que ninguém perguntou



Outro dia tava na modinha do feice o povo escrever sei lá quantas coisas que os outros não soubessem a seu respeito. Tinha uns lance de a pessoa ter que curtir o post do amiguinho e receber um número específico, mas ninguém manda em mim e eu postei quantos eu lembrei na hora (e não curti o de ninguém pra não correr o risco ~heh~).


Sei lá a razão de eu ter enfiado na cabeça que isso deveria virar um post, mas vou atribuir à completa falta de inspiração deste mês bocó.

Eu odeio dezembro, é tipo o domingo do ano. Não acaba nunca essa porcaria. (Taí mais um fato não requisitado sobre mim.

Vamos a eles:

Primeiro aqueles que eu postei no facebook. Depois os que eu fui lembrando ao longo dos dias. De repente, se eu nunca mais tiver criatividade, eu publique posts de menos de 10 linhas (hahhahhaha quem nós queremos enganar) cada vez que eu lembrar uma coisa nova.

- não como azeitona nem pra salvar a vida da minha mãe (que horror);



- tenho alergia até à água e isso não é metáfora, é real;



- só tenho um rim (e minha irmã virá comentar que eu tenho dois, é sempre isso, ignorem);



- muita gente acha que eu não uso biquíni por motivos de cicatriz gigante atravessando o tronco, mas eu acho a minha cicatriz LINDA e se eu tivesse barriguinha sarada, só usaria cropped top pra mostrar;



- ao contrário do que todo mundo pensa, eu não tenho nenhuma revolta por ter perdido um rim. mas eu sou EXTREMAMENTE revoltada com a minha alergia respiratória;



- não gosto que as pessoas decidam as coisas por mim, QUALQUER coisa;



- já tive pavor de cachorro um dia, hoje eu enfio a mão em grades e não sei como ainda tenho 10 dedos;



- nunca quebrei nem um pedaço do meu eu, incluindo as unhas. isso mesmo: nunca quebrei nem uma unha;



- eu assisto tanto seriado que não sei como tenho tempo pra viver;



- vou acabar jogando praticamente qualquer jogo estúpido em flash que aparecer na minha frente;



- sei cozinhar desde quando tinha 12 anos. aliás, sei fazer qualquer ~serviço doméstico~, incluindo planejamento de compras pra casa. acho que a pessoa (de qualquer gênero) que não sabe fazer isso tem algum problema sério. tenho vontade de me matar igual didi mocó quando alguém que está pra sair da casa dos pais diz "ai meu deus, como vou viver sem minha mãe?" e acho que darwin deveria dar um jeito.;



- eu raramente penteio o cabelo. mas é assim, menos de uma vez na semana hahaha;



- não consigo levar a sério gente usando regata. homem, mulher, criança. NÃO CONSIGO;



- não uso chinelo fora dos limites do meu lar. "nem na praia???!!" eu não vou à praia;



- eu posso ficar sem comer qualquer coisa. QUALQUER COISA. mas não fico sem pão;



- não como carne desde quando tinha 12 anos, porque é nojento;



- sou a pessoa mais introvertida que eu conheço. Eu já pensei que fosse tímida, mas quem me conhece sabe que não há uma gota de timidez dentro da minha pessoa. É uma hora de convívio intercalada por 15 dias de reclusão. Eu sei que é amor quando eu passo duzentas horas do lado da pessoa e não preciso ficar no cume de uma montanha pelos dias subsequentes. 


****

Depois de postar isso, lembrei de mais uma coisa muito idiota sobre mim: eu não consigo sair de casa sem escovar os dentes. Não faz diferença a hora, se eu acabei de comer, se só vou levar o lixo lá fora, se eu escovei os dentes meia hora atrás. Também acontece no trabalho. O melhor é quando eu escovo os dentes pra sair pra almoçar. Não tem explicação, gente.

****

Como muita gente sabe, eu perdi uma parte da audição por obra e graça de idiotas na minha faculdade (chega dessa história, né?). Mas como uma quiança propensa a infecções no ouvido, o estrago foi grande. Além de perder parte da audição, eu perdi o poder de compreensão de palavras. Pra ficar mais fácil de entender: se a pessoa fala de costas pra mim ou tampa o rosto enquanto fala, eu escuto, mas não entendo as palavras. É como se estivesse ouvindo a professora do Charlie Brown. Sim, mesmo que a pessoa esteja na.minha.frente.

Dá um misto de desespero com ódio no coração que cêis não calculam. Que mania insuportável de falar tampando a boca, VAMO PARAR? Brigada.

Além disso, acontece de eu não escutar um barulho que todos os outros ouviram. Em casa é direto "ouviu isso?", todo mundo para ao mesmo tempo e eu não escutei porcaria nenhuma. Ou de manhã todo mundo reclamando de barulhos na rua, no vizinho, passarinhos. Eu nunca escuto nada. 

Aí tem uma coisa que eu odeio, que é quando a pessoa berra meu nome infinitas vezes. Pelamor, você quer falar comigo, por que você não vem até mim? Eu vou até você quando eu tô interessada em falar com você, exijo o contrário. Até porque, ok, cê gritou, eu respondi, aí cê começa a falar wah wah wah wah wah e é CLARO que eu não tô entendendo bulhufas, aí quiqui eu vou fazer? Vou até você, né? Que coisa chata. 

De modos que se a pessoa começa a gritar VANESSA, Ô VANEEEEEEEEESSA, VANESSÁÁÁÁÁÁÁ, tem duas alternativas. Uma é eu não ouvir mesmo. A outra é eu ignorar solenemente até você escolher se é importante o suficiente pra mover sua bunda até mim ou se é inútil o suficiente pra deixar pra lá.

(Sou ou não sou um amor? ♥)




segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

karma is a bitch




Eu não bebo.

Não é uma coisa assim, amish nem nada. Também não sou alcoólatra em recuperação, como já me perguntaram infinitas vezes nessas mesas de bar da vida. Eu apenas acho o gosto, o cheiro e o efeito do álcool insuportáveis. (Acho que os bêbado tudo tinha que desmaterializar.)

Diz um dos meus milhares de médicos que o fato de ter nascido com um rim avariado, que foi se estragando até morrer pode ser responsável por isso. Uma defesa do organismo para coisas que sobrecarregam naturalmente o sistema urinário de qualquer pessoa, mas pro meu é trabalho dobrado. Descobri, por exemplo, que é por isso que eu não suporto feijão. Também acontece pra conservas (isso explica o ódio infinito por azeitona) e a maioria das carnes. Cada dia eu consigo comer menos.

Bom, quando eu era criança, minha mãe sempre fazia aqueles bolos com recheio trabalhado no licor, sabe qual? Eu odeio esse tipo de bolo, tadinha. Ela ama e sempre taca St. Remy nos bolo tudo, eu tenho que lembrar toda vez que não vai estar sendo possível. Trufa, não como nem morta. Aqueles bombonzinhos que têm recheio de birita eu não aguento nem o cheiro. 

Obviamente nunca fiquei bêbada na vida. Já tentei, mas minha garganta trava antes de meio copo de qualquer coisa alcoólica. Trava. Não me pergunta como funciona isso, só sei que imagino que seja a mesma sensação de tentar comer, sei lá, minhoca. Não desce.

Isso é só pras vossas pessoas compreenderem que eu não ingiro álcool, essa ainda não é a história.

*****

Eu já fui ainda mais falida.

Teve um tempo em que meus pais tinham três casas operantes (com gente morando, conta pra pagar e tal), minha mãe fazia uma faculdade de mensalidade exorbitante, meus irmãos em escolas caras, só meu pai trabalhando enquanto o resto todo estudava. OUSSEJE. Pra minha alegria, nessa época eu estudava numa business school de gente rica. Mas assim, rico de novela, compreende? Gente que passa o fim de semana em Miami (rico bunda, mas rico). Gente que ganhava Audi TT de aniversário de 18 anos. Gente cujos lavabos eram maiores que meu quarto, que eu dividia com meus dois irmãos. Se eu era pobre num aspecto absoluto, quando comparava com essa gente, eu era praticamente um caso de caridade.

MAAAAASSSSSSSSS eu sempre fui mais inteligente (e pedante) que todo aquele monte de gente rica, de modos que foi assim que eu adquiri amizades. Eu entrava com os neurônios e eles entravam com os convites pra frequentar seus belíssimos solares.

O que ninguém sabe é que, apesar de eu ser pobre, minha família nunca foi. Eu sempre estudei em escolas maravilindas, com gente cuja casa tinha 5 andares e mordomo. Meus avós sempre tiveram dinheiros e coisas, de modos que essa riqueza dos meus ~amigos~ não me deslumbrava. Só me deixava #chatiada mesmo. (Mais por ver meus pais se matando e contando moeda que propriamente por não ter dinheiro em si, mas ok.)

Bom, aí tinha essa menina que era emergente. Filha de ex-favelado que deu certo (ele tinha orgulhinho de se apresentar assim), a nega achava que comprar na Forum era muito chique (HAHAHAHHAHAHAHA). Mas ela era meio gordinha e esse tipo de marca não curte muito cobrir gente que não é esquelética, então rolava meio que um dilema no atendimento. Eu, pobre e magérrima, nunca tive uma peça de roupa daquele lugar. A fia, gordinha e rica, tinha um cartão de fidelidade trocado por mês, e ó que precisava de 10 compras de 100 reais. Se isso não é grandes coisa agora, em 1998 era. Minha mesada era cinquentão HAHAHAHAHAH.

Eu não sei se meus passeios como sidekick aconteciam porque eu era a única pessoa com menos dinheiro que ela ou porque ninguém mais teria paciência pra isso. Como eu não tinha problema nenhum em ver os outros gastando dinheiro em tralha sem sofrer , eu acho que virei a companhia perfeita. Não fosse por essa menina ter uma melhor amiga de infância, tão emergente quanto. Vamos dizer que o nome dessa menina, para fins didáticos, era Eduarda.

A nega se dizia riquíssima, mas se eu contasse pra vocês onde ela morava, eu me pergunto como tinha gente que levava a sério. E a menina se incomodava comigo. Se era meu corpinho raquítico, se eram meus neurônios ou a minha completa falta de interesse em compras, jamais saberei. Só sei que dei 3 chances pra ela, contando com a primeira vez em que ela me esnobou.

Strike one: tava eu um dia na casa da minha coleguinha, quando a fofa chegou. Mal entrou e já olhou com desprezo, porque "cê jura que essa menina tá aqui?". As duas estavam planejando uma viagem de fim de ano pra algum lugar whatever nos Estados Unidos, enquanto eu jogava Mario Kart. Como sempre, eu evitava me intrometer em conversas das duas, mais ainda se eu não tinha nada pra acrescentar. Todo mundo sabia que eu nunca tinha estado nos EUA. Depois de umas duas horas tagarelando, me vira a iluminada e diz "acho chato quando a Vanessa tá aqui, porque a gente tem que ficar procurando um assunto que ela possa conversar e eu realmente não consigo pensar em nenhum". AHAHHAHAHAH não é uma linda?

Strike two: por alguma razão que jamais me lembrarei, fui convencida pela minha coleguinha a ir na casa dessa monstra. Chegando lá, uma vibe meio baixo astral acontecendo, fiquei bem quieta e não perguntei nada. Não demorou muito pra que ela começasse a contar que tinha perdido uma fortuna em roupas exclusivas um pouco mais cedo. Perguntaram como foi, e ela "eu tava no meu carro, aí dois caras me pararam, armados, me mandaram descer do carro. Eu disse que podiam levar, eu só queria tirar minhas sacolas" e choraaaava. "Eles não me deixaram pegar as sacolas!". Todo mundo desesperado por causa das armas, do carro, da violência. E ela "gente, isso não é importante. Minhas roupas eram importantes". Pensa numa pessoa maneira.

Strike three: pra variar, eu tava enfiada na casa da minha coleguinha, quando a monstrinha ligou e convidou pra fazer compras. Minha amiga não disse que eu estava junto e não me disse, quando me chamou pra ir ao shopping, que a gente encontraria a outra fofa lá. Num era mais fácil ter me deixado em casa? Considerando que minha casa era duas quadras dali? Não. Tinha que me levar. Chegamos lá e, antes de cumprimentar minha amiga, a querida virou os olhos e fez a maior cara de derrota. "Por que você traz ela? Ela nunca tem dinheiro pra comprar nada, é chato!".

E eu pedi encarecidamente pra minha amiga não me obrigar a dividir o mesmo ambiente que ela. Me manda embora se ela vier visitar, me diz pra ir pra casa se for se encontrar com ela, me diz que nunca mais vai sair comigo, mas PELAMOR, não me faz mais socializar com essa insuportável.

E assim foi.

*****

Dez anos depois, eu estava muito maravilhosa no silviço público, ganhando muitos dinheiros (sdd dinheiro), com muitos amigos que compartilhavam da minha situação social. Ó que glória. 

Não sei se nos seus grupo de amigo ou na sua região se deu esse fenômeno, mas aqui em curitola, nessa faixa etária dos 30 +/-5 (q), o povo entrou numas de ~cerveja gourmet~ (que preguiça) (aháááá, a função da primeira parte da história finalmente fica esclarecida). E da noite pro dia começaram a aparecer bares especializados em cerveja cheia das firula, desde déizão a garrafinha a preços estratosféricos, que pagam coisas muito mais maravilhosas, como 25 pizzas.

Entre nós, pra começar essa frescura, um """""""""""""""""""""""""""sommelier de cerveja""""""""""""""""""""""""""" (kill me now). Esse infeliz conhecia o dono de um bar fresco, levou um bando de pós aborrescente fresco e endinheirado lá, pronto. Ferrô. Aí hoje eu tenho que conviver com um bando de CHAAATO, que diz "sério que só tem skol nesse bar? Afffe, não vou.". Gente, sério. Que inferno. De modos que naquele ano, a gente foi 50 vezes nesse mesmo.bendito.bar.

Era tanto dinheiro que meus amigos gastavam lá, que a gente acabou conseguindo uma "mesa especial", que ficava isolada do bar todo, com espaço e um tratamento praticamente VIP. O staff inteiro do bar conhecia cada um pelo nome (incluindo a doente que só bebe água ou coca), já sabia o que a gente ia comer, beber, o esquema todo.

Depois de um ano inteiro indo lá, todo mundo resolveu levar a coisa pra todo um novo nível, comemorando absolutamente todos os aniversários lá também. Com o circo inteiro: bexiga, confete, chapeuzinho, língua de sogra, bolo, brigadeiro, etc. E um desses aniversários foi em dupla e uma zona especialmente gigante na ~área vip~. 

Tava todo mundo doido do fiofó nesse dia, me fazendo fazer (q) todos os pedidos de bebida. Nego tacava a comanda na minha mão, dizia o nome da cerveja e eu pedia. "Um chopp weiss", "uma stout", "uma pale ale". Pedindo cervejas pelo nome. Berrando "DESCE TUDO QUE EU SOU RICAAAAAAAAA". Todos ri, tá tudo lindo. Um trilhão de bexigas, confete até na alma das pessoas, tralha de festa colada por tudo que era lado, incluindo o de dentro dos vasos sanitários. UMA.ZONA.

Nesse momento, nosso garçom favorito diz que o bar tá bombando e vai mandar a menina que tá só quebrando galho pra gente, porque nossa mesa é fácil de atender. Vem a menina e as comanda tudo na minha mão e eu pedindo cerveja como se soubesse o que tô fazendo. A menina não olha na minha cara. As pessoas me chamam de rica e me jogam confete. A menina não olha na minha cara. O marido de uma das aniversariantes resolve pedir uma cerveja que custa uma fortuna, me dá a comanda, eu chamo "mocinhaaaa", ela vem, eu peço a bendita cerveja e falo que é por minha conta porque eu sou ricaaaaaaaaaaaaaaaaaa e ela nem.olha.na.minha.cara. Eu fico sem graça, porque pareço mais pedante que o normal, então pego no braço dela pra explicar a brincadeira. Quando a menina se surpreende com a minha mão pegando nela e finalmente olha na minha cara, eu quase caio da cadeira.

QUEM TÁ ME SERVINDO?

Isso mesmo, Eduarda, aquela fofa.

Fiquei em choque. Na minha mente, o barulho todo some e eu só escuto minha própria voz berrando "Eduarda? É você, Eduarda?". A menina ficando branca, baixando os olhos em desespero e apenas desaparecendo cozinha a dentro. Falei pra todo mundo parar a palhaçada de me fazer pedir bebidas, parei de berrar, fiquei ali meio perdida, porque gente, não foi minha intenção. Aí meu eu bocó interior ficou divididíssimo entre a alegria de SAMBAR na cara da infeliz e o pavor de ter o caráter estragado por essa gente ridícula. De qualquer modo, aproveitei a glória de estar do lado oposto e ainda assim ser uma pessoa melhor que ela (pronto, cabô a glória) e parei de palhaçada.

No fim da festa, com o bar vazio, só restava a nossa mesa e a nossa zona. Vi o dono do bar vindo na nossa direção e brinquei com o pessoal que ele tava vindo dizer que era hora de ir pra casa. Ele diz "tá doida? Agora que acalmou aqui e eu posso aproveitar a festa, vocês ficam!". O povo aplaude e ele completa "só vou pedir pra menina dar uma varrida aqui, pra dar uma melhorada nessa zona". E chama a Eduarda. Ameacei levantar da minha cadeira e ele "por favor, fica aí. Só levanta o pezinho e ela varre em volta sem te incomodar". 

GENTE. GEN.TE.

Ela saiu e eu perguntei pro dono se ela era nova ali. Ele responde que na verdade é só uma pessoa que ele conhece e tá ajudando, porque ela tava sem dinheiro nenhum e pediu socorro. Aí ele dava esse extra pra ela em dia de muito movimento. Reflitão.

*****

Fui pra casa e contei essa história pra minha mãe aos prantos, porque eu sou a pessoa mais imbecil que já andou neste planeta. 

Obviamente voltamos lá na semana seguinte (e mais umas outras 100 semanas além dessa) e eu refiz meus laços com Eduarda. Assim, nunca ficamos amigas, mas pela primeira vez na vida passamos mais de 5 minutos no mesmo ambiente sem fazer da vida da outra um pesadelo.

Eventualmente ela achou um trabalho bom de verdade e foi embora. Não só do bar, mas do país. Fui convidada pra despedida, com mais medo de encontrar a """""amiga""""" em comum que qualquer outra coisa. Ela não foi. Eu abracei a Eduarda e desejei boa sorte, do fundo do coração.

Não foi a primeira vez que eu vi o karma atropelando alguém que foi ruim comigo, num vou ser eu a ser ruim com os outros a essa altura da vida, né? Só quero karma bom na minha direção :P


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

ela tá de saia de bicicretinha

uma mão vai no guidão e a outra tapando a calcinha [/finess]




Não sei se é as vibe do momento, esses lance de trânsito saturado e tal, mas as pessoas de repentch perceberam que de vez em quando eu ando de bissy. Tá certo que nas últimas semanas eu tenho andado muito mais e isso se deve ao fato de que eu quero evitar um ataque cardíaco antes dos 40, e nem é por falta de exercício físico (prova), é porque eu não tenho paciência com curitibanos em geral.

Da minha casa até o trabalho são 8 quadras, a academia no meio do caminho. Nessas míseras quadras que eu ando todo dia, eu consigo me estressar 87 vezes. Reflitão. Tomei uma decisão pela minha magreza e pelo meu bom estado de espírito e vou de bicicleta sempre que dá pra voltar pra casa sob a luz do dia (não perguntem, não tô afim).

*****

Minha história com a bicicleta começou cedo. Ganhei a primeira com uns 3 anos. Era uma Caloi preta e amarela, porque eu fiz questão de explicar que cor de rosa nem pensar. Era daquelas pequeniniiiinhas, com as rodinhas e coisa e tal. Aprendi a andar com essa aí.

Depois eu tive uma Cecizinha. Azul, obviamente. Tinha cestinha, tinha coraçõezinhos, tinha os friquefrique tudo, mas não era cor de rosa. Mas eventualmente minhas pernas cresceram além do tamanho da Ceci, meu vô me levou no porão da casa dele e me mostrou a bicicleta mais legal da história: uma Caloi vintage vermelha, LINDA, com aquele guidão bizarro, tipo rarleidêiviso, sabe?

tipo isso

(Minha mãe veio aqui dizer que era Monark, mas não achei nenhuma Monark com essa molinha aí em cima da roda da frente e a minha tinha essa mola preta medonha.)

Bom, qualquer que seja a marca dessa bicicleta, ela saiu do porão escangalhada e foi renovadíssima pelo meu querido vovô, de modos que eu pudesse esfregar na cara da sociedade a minha bicicleta diferente da de todo mundo. Nenhuma BMX, nenhuma mountain bike (hahahaha que vibe), nada rosa, nada verde. Já era hipster naquele tempo? Jamais saberemos.

A única coisa que sabemos é que foi com aquela bicicleta que eu quase me matei.

Eu morava num condomínio com 7 ruas. ISSO MESMO, sete ruas, gente pra cacildis, muito espaço, inshalá. Minha rua era a primeira, aí eu ia pela rua principal e ia fazendo ziguezague de rua em rua e coisa e tal. Na principal dava pra correr, porque era mais comprida. Então eu entrava na minha rua pedalando loucamente, fazia a volta, corria de novo e entrava na principal bem louca, pedindo pra ser atropelada. Minha mãe mandou parar de correr uma vez, duas vezes, na terceira provavelmente pensou "Darwin resolve" e largou mão. Lá pela décima quinta vez, eu errei a curva e subi na calçada. "Subi". Fui arremessada para a órbita terrestre e voltei, dando 48 loopings no processo, parando de quicar mais ou menos uns 20 metros depois do lugar onde eu bati. A última pancada foi da minha cara no guidão. Ele era tipo uma florzinha na beirada e queimou esse belíssimo formato na minha bochecha e foi rasgando a minha cara até a beiradinha do meu olho. Só não me fatiou em duas por JESUS PÔS A MÃO.

Cheguei em casa com mais ralados que podia contar, as duas mãos em carne viva (adoro essa expressão?), os joelhos ensanguentados, um cotovelo que não desdobrava e a cara dividida em duas, com sangue escorrendo da testa até a bochecha.

Minha mãe me olhou com muita calma, me mandou entrar no banheiro e tomar banho imediatamente. IMAGINA OS GRITOS. Quando eu finalmente parei de arder, ela me mandou sentar no sofá e tacou merthiolate. Daquele que ardia, esse mesmo. HAHAHAHAHAHAHAH. Pensa num castigo.

Foi um parto pra desentortar a bicicleta, mas a vida dela nunca mais foi a mesma.

[Aí, enquanto eu tava sem a bendita bicicleta, resolvi que ia só andar de patins. Um dia meu patins arrebentou enquanto eu descia uma ladeira, uma perna foi, a outra ficou e eu caí sentada no asfalto. Até aí tudo bem, se eu não estivesse usando saia-short (pqp, que pesadelo dos anos 90), ela não tivesse voado e eu não tivesse descido ralando na boquinha da garrafa por uns bons dois metros. CABÔ BUMBUM.]

*****

Aos do[u]ze anos eu me mudei pro interiorrrr, naquele tipo de cidade em que NO HAY transporte público. Sempre tem alguém tentando me convencer de que havia uma (UMA!) linha de ônibus circulando, eu vos digo que: nunca vi. Tinha a linha que levava as quiança pra escola - não era linha comum, não era perua, era um ônibus que levava pra escola - e eu usei essa por um tempo, quando morava """"longe"""". Mas rapidamente as crianças do interior percebem que o melhor meio de transporte do mundo é bicicleta. Dá pra andar pela cidade toda a pé, mas num lugar onde faz 38 graus Celsius às 7 da manhã, a gente fica com um pouco de má vontade. Eu ficava.

Não lembro exatamente quando, mas eu ganhei outra bicicleta vermelha. Mais modernets, com marchas, grandona, muito bonita. Era sensacional, porque eu sabia ir pra todos os lugares possíveis com ela e não sabia voltar de nenhum HAHAHAHAH. Sério, problemas inexplicáveis de localização. Tenho uma amiga que nunca supera o fato de que eu chegava facilmente na casa dela e precisava de pelo menos uns cinco minutos de explicações pra ir embora. TODA.VEZ. Um dos meus melhores amigos no mundo até hoje era o único que eu conseguia visitar e partir com a mesma desenvoltura, apenas porque ele morava duas ruas acima de onde eu já tinha morado.

Tinha também aquele pessoal que eu curtia stalkear muito tempo antes das redes sociais. Ser aborrescente nos anos 90 não era fácil, a gente tinha que ficar na rua da casa da pessoa pra saber aonde ela ia, não tinha feice, não tinha foursquare, não tinha check-in no instagram, gente. Era difícil.

Eu tinha uma quedinha por um jovem chamado ATÍLIO (homem bonito não deveria ter nome feio, né? Se bem que Atílio só era bonito na minha imaginação.) (A música tema do nosso amor era short dick man AHHAHAHA. Porque Quatro por Quatro era a novela da época, ai que glória.). Pois eu vivia na rua do Atílio. Se você me levar naquela cidade horrorosa e me largar lá, não tenho a mínima ideia de que lado fica esse lugar. Mas naquele tempo era parada obrigatória. Um dia me dei conta que Atílio jamais me daria bola e fui passear por outras quadras. Sempre com um objetivo nobre em mente. HEH.

*****

Mas eu morava numa casa num bairro assim, como direi, meio caído. Minha casa era muito muito muito grande mesmo, com um quintal de mais de 800 metros quadrados. Num cantinho, minha mãe construiu uma casinha de madeira, que era tipo um depósito. Tinha desde sacos de cimento (casa de engenheiro tem coisas que não fazem sentido empilhadas sem propósito) a uma coelha que moravam lá dentro. Também era o lugar onde minha bicicleta dormia. Nossos muros eram muito altos do nosso lado, mas baixos do lado de fora. De modos que cimentos, rastelos, coelhos, bicicletas, etc, dormiam trancados.

Pois não teve um espírito de porco arrombador que atravessou nossos lindos muros, arrombou a casinha e levou apenas minha bicicleta e a coelha? MINHA.BICICLETA.VERMELHA. Aí teve a investigação da poliça, que recuperou apenas o quadro da minha bici e a coelha inflacionada: emprenharam a coitadinha.

Meus pais sempre tiveram seguro de tudo que é coisa existente no universo, de modos que minha bicicretinha estava segurada. Fomos lá buscar os dinheirinhos pra comprar uma nova. Eu nunca conseguia escolher, porque nenhuma era igual minha bici vermelha maravilinda, meu coração é vermelho ê ê ê ê. Minha mãe acabou com a palhaçada e foi lá comprar uma azul (azul pode) e comprou logo uma roxa igualzinha pra minha irmã.

A bicicleta azul foi muito feliz. Eu tinha dois amigos com quem eu vivia pedalando pelas ruas da cidade. A gente passeava muito muito muito mesmo. Depois veio meu irmão imaginário (ainda que a pessoa fosse real), e a gente também, gastou os pneus dessa bicicleta. Até o dia em que eu fugi de casa pela 39845ª vez (desculpa, mãe) e pretendia ir pra cidade vizinha pedalando (uns 40 km só, chegaria lá em umas duazora, tava tudo certo hahahaha), pra casa da minha vó. Meu irmão imaginário tava chegando de outra cidade que fica entre essas duas e me viu na rodovia. Correu até em casa, pegou a própria bicicleta, me alcançou, me deu 87 broncas e me rebocou de volta pra casa, donde fiquei de castigos eternos por um mês.

Teve também o episódio da corrente quebrada. Eu tava pegando um menino que morava no centro da cidade. Aquela cidade que parecia um buraco, de modos que nas beiradas era tudo subida e o centro era um fundão. Na ida pra casa dele, minha corrente arrebentou. Descida, a gravidade ajuda, cheguei e fiquei de buenas. Na volta, eu tinha toque de recolher. Esqueci da corrente quebrada. Um caminho que me custaria 10 minutos pedalando, custaria pelo menos o triplo andando & carregando bicicleta. Cheguei em casa quase uma hora atrasada, minha mãe cogitou me matar, foi aquele deus nos acuda. Fiquei UM.ANO.INTEIRO. de castigo haahahhaha. 

Aí teve o incrível caso do menino por quem eu tive uma paixonite infinita que dura até hoje, mas o universo não quis que desse certo. Passei por todas as fases: stalkeação, desistência, superação, recaída. Um dia, toquei a campainha dele pra convidar prum criativíssimo passeio de bicicleta. A mãe dele atendeu a porta e disse: não.

Aposentei a bicicleta e mudei de cidade, estado, país. KKK, mentira, o país é o mesmo.

*****

Quando eu fugi de casa de novo e vim parar em curitola, eu só voltei pra buscar duas coisas: a única blusa que eu tinha e minha bicicleta. 

Ela foi companheira de belíssimos momentos, como minhas idas ao estádio de futebol. Eu estava proibida de entrar, mas não de ficar com ela debaixo da arquibancada, ouvindo a torcida e o radinho de pilha dos tiozinhos que dividiam a calçada comigo. De passeios proibidos na canaleta do ônibus. De idas e voltas da academia, quando não tinha um centavo pro busão (mas pra academia tinha, por isso que era magra). De idas e perdidas ao Jardim Botânico, a tudo que é parque e shopping dessa cidade.

Até que um dia. Bom, tentaram roubar a azulzinha também.

Tava eu em casa, na companhia do meu pastor alemão superdesenvolvido, quando ouvi a patinha (bondade minha) dele raspando na porta, pelo lado de fora de casa. Ele NUNCA fazia isso. Não quis abrir a porta pra olhar, então subi as escadas e fui olhar da janela de cima, de onde teria uma visão melhor. Pois não é que tinha um imbecil andando pelo muro do meu lar?

Ao me ver na janela, meu cão saiu então pro ataque do meliante, quase derrubando o imbecil do muro. Antes de cair, ele se agarrou na irmã gêmea da minha bicicleta, arrastou aquela e a que estava presa nela muro abaixo e foi-se embora.

Enquanto tudo isso acontecia, eu ligava pra polícia, que chegou uns dois minutos depois de ele sair. Fiquei com raiva da bicicleta e passei ANOS sem encostar nela.

*****

Aí eu tava lá tendo um problema com o véio e com o turista. Sendo esses dois meus colegas de trabalho. O véio, que chega no trabalho na mesma hora que eu, queria sempre parar na mesma vaga que eu. Mas eu chegava antes, parava e o véio vinha atrás buzinando, DEPOIS que eu já estava estacionada. Sério. Teve um dia que ele me ameaçou trancar meu carro com o dele, se eu não saísse da vaga. Véio descompensado do inferno.

Troquei de estacionamento pra um muito ruim. Mas ruim mesmo. Aí um faxineiro resolveu que minha vaga era lugar de empilhar folhas BEM.NA.HORA. do horário de chegada da galera. E ameaçou amassar minha placa. 

Troquei de vaga por uma meio ruim de manobrar, acreditando na paz cintilante que ela me traria. Bom, aí veio o turista - um amiguinho que só trabalha quando quer, na hora que quer - e, quando aparece magicamente pra trabalhar, adivinha onde ele quer deixar o carro?

Fora a incrível capacidade de stress nessas míseras 8 quadras, um farol, uma rua preferencial. Gente, não tem condição. Curitibano é um povo que leva 30 segundos pra sair depois do farol verde, de modos que arranca o primeiro carro e já tá amarelo de novo. Eles dão seta na curva. JURO. A rua ameaça uma entortadinha, eles dão seta. MAS PERGUNTA SE DÃO SETA PRA TROCAR DE VIA? Mas nem pra salvar a mãe.

Então um dia eu arrastei minha bunda até a loja de esportes mais próxima e comprei o que faltava: buzina, farol dianteiro, luzinha piscante traseira, cestinha, coraçõezinhos, etc etc etc. Capacete não, que eu não sou obrigada e não vou usar, vão reclamar com as suas vó ou até mesmo a vó Gertrudes. Se virar obrigatório, eu largo a bicicleta. Mas capacete eu não vou usar.

E bom, tamos aí, desde o meio do inverno, sendo mais felizes e magras com o meio de transporte. Nunca mais tive que desistir da academia por falta de vaga. Nunca mais vi o véio ou o turista (mas pode ser que no caso do turista ele nem esteja realmente lá). Até pro centro da cidade eu tenho ido de bicicretinha, ninguém segura mais. Projeto magra & rica 2014.

Agora só peço a São Pedro que evite calor, porque é a única coisa que me impede de sair alegre de bici de casa. Porque até chuva torrencial eu já levei de boa. Mas chegar nos lugares com brilho natural é que eu não quero.

Se eu fosse vocês, tentava também :P






segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Blue is the colour of all that I wear



Blue his house

With a blue little window
And a blue corvette
And everything is blue for him
And himself and everybody around
Cause he ain't got nobody to listen to



(Sinto um post-hospício sendo parido, acho bom avisar o amigo que acha que eu sou meio dodói das ideias, caso queira desistir já por aqui.)

Se você me perguntar qual é minha cor favorita, provavelmente vou responder qualquer uma apenas pra você parar de me fazer pergunta besta, porque eu vou lá saber como escolher UMA entre tantas? Não vou. Aliáááás, esse é um problema que minha mãe tentou tratar até com homeopatia, minha total incapacidade de decisão, se eu tiver escolha. (E foi assim que perdi a oportunidade de namorar um gêmeo, porque QUAL DOS DOIS?)

Eu não gosto de laranja e marrom. Eu não gosto de verde limão e amarelo fluorescente. Sei lá, gente, eu gosto de rosa, eu gosto de cinza, eu gosto de vermelho, eu gosto de azul.

*****

Uns milhões de anos atrás, quando o orkut ainda era um meio válido de socialização virtual e não existia tanto babaca no mundo (ou online), de modos que não existiam meios de travar perfil, trancar amigos, fotos, murais e o escambau, o munto era muito mais divertido. Tinha essa amiga de uma amiga que tinha um cabelo todo cheio das firula, pintado numa cor que não existe na Wellaton, e eu me rasgava de invejinha daquele cabelo. Mas não era essa coisa merdona mérimun (sei lá como escreve kkk), ressecamento, penteado idiota, falta de noção. Nãããão, era um cabelo maravilhoso, volumoso, hidratado, sem mancha na cor, uma coisa linda mesmo.

Nega tinha fotolog (era tão bom ser stalker naquele tempo, né? Hoje em dia encerrei minha carreira, porque tá tão chata a internet... tsc) e, como ninguém é perfeito, ficava #chatiada se perguntassem com o que ela pintava o cabelo, onde comprar e coisa e tal. NÃO TE ENTENDO, NEGA. Pendura a melancia no pescoço e quer pagar de hipster? Diz logo onde compra, porque 

a) metade das pessoas não teria a menor noção/condição/coragem de comprar tintas coloridas no exterior com cartão de crédito ou amigos bondosos pra mandarem por correio;

b) a outra metade ou até mesmo uma interseção com o grupo anterior (q) totalizando o barato em mais de 100% não teria coragem de, DE FATO, pintar o cabelo.

Eu queria muito muito muito muito mesmo, mas não tinha ninguém pra comprar essas bendita tinta pra mim (óbeveo que eu descobri onde, claro que não entregava no brasil), e não achei de uma cor que eu gostasse de ter na minha cabeça.

Desisti.

*****

Isso tinha sido lá por... 2005? Nessa maravilhosa época em que eu resolvi que seria loira de um jeito ou de outro e taquei Blondor na cabeça, em casa, sem lembrar da minha condição alérgica. Aconteceu o óbvio: antes de 20 minutos meu couro cabeludo estava em brasa e não tinha mais a menor condição de manter a cabeça mergulhada naquele troço, tinha que lavar. E meu cabelo não só é de um castanho bem escuro, mas também é muito saudável (nunca pinta, nunca alisa, nunca passa nem banho de creme por motivos de não ser necessário), de modos que pra tirar a cor dele é um parto. Tirei o saquinho do Extra da cabeça (rica) e parecia que ele estava só um pouco menos castanho. Lavei e parecia que ele continuava castanho. Sequei e o grito de horror que veio de dentro do banheiro atraiu todo mundo até lá. Sabe Fanta? Era o tom do meu cabelo. AHHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHA.

Além da alergia na cabeça, meu cabelo ficou arregaçado, de modos que uma avaliação profissional garantiu que em menos de um mês eu não poderia fazer nada pra amenizar o horror daquela cor. Cê consegue visualizar o primeiro dia de trabalho depois dessa ideia de jerico? Eu não sabia onde enfiar a cabeça, não tinha o que fazer. Passei meses usando roupa preta pra evitar contrastes de cor com o meu cabeção. Sim, porque quando meu cabelo tava pronto pra uma nova coloração, ela apenas conseguiu realçar AINDA MAIS o laranja. E mais um tempo de espera, mais uma tintura, mais uma vez o laranjão lá intenso, acabando com a minha vida. Cêis lembra do começo do post, né? EU.ODEIO.LARANJA. Não sei como sobrevivi.

Um dia eu comprei tinta preta. Preto Mortícia, preto Elvira. Pintei o cabelo e ele ficou... preto. VIVA, OREMOS.

Cheguei na aula - na época em que eu estudava engenharia mecânica e só tinha homem na minha sala - acreditando que ninguém ia notar. Botei o pé na sala e rolou toda uma vaia, que só podia ser comigo. Perguntei qual era o problema e um porta voz da turma se prontificou a gritar "mas por que toda ruiva bonita estraga o cabelo?" HAHAHAHAHAHHAHAA. Gente, e pra explicar? Aparentemente homens não conseguem relacionar a cor natural do cabelo à da sobrancelha. Bando de bocó.

Depois de conseguir cortar toda a lembrança desse episódio da minha mente, eu me prometi que nunca mais pintaria o cabelo de novo. E, antes que vocês me perguntem, não. Não tem foto do cabelo laranja, porque eu odiava muito mesmo aquela cor e não permiti registros. (Grazadeus pela não existência de smartphones.)

SÓ QUE.

Só que umas duas semanas atrás eu tava olhando uns blogs assim bem úteis (ô) e dei de cara com uma menina com o cabelo marromenos da cor do meu, com as pontas tudo colorida, numas vibe arco-íris mesmo. No fim do post a menina inclusivemente dizia qual era a marca da tinta. Cinco segundos depois, eu já estava comprando o meu próprio frasquinho WEEEEEEEEE. Só dels sabe como foi que eu consegui decidir por uma cor tão rapidamente, mas eu decidi, comprei e paguei. Fim. (Passei meia hora pensando que deveria ter comprado a minha segunda opção de cor também, mas isso é detalhe.

*****



Cêis pode me chamar de carente, exibida, retardada, ridícula. Do que cêis quiser, na verdade. Se eu me preocupasse com isso, não saía de casa combinando três estampas diferentes e todas as cores do universo. Outro dia reparei que não tenho bolsa, nem sapato, nem blusa pretos, porque tudo que eu tenho é trabalhado na baianidade nagô (nem lembro como surgiu essa expressão incorretíssima pra designar o colorido que a gente é adepto aqui em casa. Considerando que meu avô era baiano legítimo, eu concluo que a gente pode).

O causo é que eu não tenho critérios para com a minha aparência. Eu uso e faço o que dá vontade.

E, bom, eu pendurei uma melancia no pescoço. Uma melancia azul. HAHAHAHAHA.

*****

vamo hidratar esse negóço?

Me preparei psicologicamente pra dor do descolorante (pelamor, como doeu), pro choque de ver o cabelo parecendo palha de milho sob o sol, pra ficar NOVENTA minutos com a tinta azul no meu cabeção, esperando fazer efeito.

Porque, veja só: eu fui no cabeleleleleleiro. Eu tava disposta a pagar por um belíssimo ombré azul. O moço disse "seu cabelo é muito finiiiiiim, não vai aguentar". E eu disse que o bom de fazer ombré é que é na ponta, se der errado TOSA TUDO. E ele disse não. 

Pra não dificultar a vida de ninguém, eu pensei muito inteligentemente: então vamo pintar a parte debaixo do cabelo, né? Se der errado, ninguém vai ver a catástrofe. Se der certo, o cabelo debaixo é mais comprido, vai parecer que tá só nas pontinhas mesmo. E quando eu prender vou ficar LIIIINDA (ah, vai). E foi assim que se deu esse belíssimo novo cabelo. Mezzo castanho, mezzo azul/verde/amarelo, porque a tinta manchou HAHAHAHAHHAHAHA. 

Semana que vem eu sei que esse cabelo vai estar verde, daqui dois meses deve ficar um amarelo vômito-guacamole, mas quando ele começar a crescer eu vou descolorir as ponta tudo e fazer o ombré que eu sempre sonhei. Se não azul, cor de rosa.

E deixo você aí com suas indignação, enquanto eu sigo aqui com a minha cara de preocupada, do alto dos meus trinta e três anos, fazendo o povo se perguntar "que ano é hoje?" e se tem alguma coisa que eu ainda não fiz pra me aparecer.






PS: a tinta é exotic colors, mas eu achei ela meio ruinzinha pra indicar. DISK a tec italy é melhor, vou testar e vos digo no futuro.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

she's a maniac on the floor



Eu tenho um problema com identidade, gente. Sei lá, não gosto de ser conhecida por algumas características. Eu sei que não parece, mas eu acho super desagradável ser conhecida por ser tão alérgica (tem gente que curte essas vibe coitadinho de hospital, eu não) e por saber pra que servem quase todos os remédios da indústria farmacêutica. Também não curto ser conhecida por odiar azeitona. As pessoas olham pra sua cara e te relacionam com coisas ruins, é um pouco chato.

Da mesma forma, alguns anos atrás resolvi suprimir minhas evidências de pra qual time de futebol eu torcia. Cada um com seus problemas, acho ótimo futebol, trato de igual pra igual, mas eu sou eu e não ~insira aqui um nome de torcedor~. Vai ver é coisa de gente muito trabalhada no ego, jamais saberei, nem ligo. Cêis não ´precisam saber qual é minha religião, em quem eu voto, minha orientação política. Então what's the point, né?

De modos que muita gente não sabe, mas eu também poderia ser conhecida como maromba girl (só que de jeito nenhum).

Tipos, eu vou na academia regularmente há 14 anos. Na mesma academia há 13. Obviamente nunca tive o biotipo de ~menina de academia~. Era muito magra e desprovida de músculos na época que eu comecei e sou muito balofa, provida de músculos que só podem ser vistos em Braille nos dias de hoje. (Sério, cê me aperta e eu sou toda definida, cê me olha e eu sou um marshmallow.) Felizmente também não tenho o hábito desconcertante de usar roupas de academia na rua. Jamais serei vista em leggins e top e tênis que podem induzir um ataque epilético, por exemplo. Na verdade, NEM na academia cê vai me ver em roupas medonhas. (Ou vai, né? Depende do ponto de vista). E eu passo TRÊS FUCKING HORAS por dia naquele lugar. Ousseje: sou muito linda mesmo, não infernizando as pessoas com a minha rotina. #maromba #fitness #projetoverão #vaimagrinha

Então assim. Se eu estou uma baleia é porque a) minha condição de saúde está um pouco precária e b) minha condição de saúde está um pouco precária.

Nego me per-tur-ba com hipotiroidismo, comida em excesso, pregs nos exercícios (teve um instrutor me seguindo pela academia, jurando que eu ficava batendo papo e me mexendo com má vontade!!!!!). NO HAY NADA DISSO. O que hay é uma pessoa com um karma muito pesado pra pagar nessa vida, carregando esse peso extra e respondendo pergunta de babaca.

*****

O causo é que eu nasci pra movimentar meu corpinho (ão). Pode me jogar em qualquer aula e eu vou me desenvolver com graça. É ioga, pilates, alongamento, jump, sh'bam, body combat, localizada, aeróbica, step (sim, eu faço todas elas), qualquer coisa. Não paro enquanto eu não for a melhor da sala, enquanto eu não for convidada pra dançar no palco com as professoras BURRRRRRN. Sou muito boa nisso MESMO. Nunca fui escolhida por último na educação física, isso nas raras vezes em que não era eu escolhendo. Nasci pro esporte, meus amor. E isso não muda porque seu peso aumentou, sabe? Adaptei meus movimentos pro meu novo centro de gravidade e tô aí bem linda, carregando anilhas, girando em coreografias, me equilibrando sobre bolas e fazendo a posição de lótus. Se não fosse apenas pela aptidão, pelos freaking anos de prática.

Teve até um dia muito engraçado (não), em que uma moça ~magra~ ficou visivelmente #chatiada e foi até reclamar com a profes, porque não se conformava com o modo com que eu pulava corda - de forma coordenada e na batida da música - e com o fato de ela não conseguir fazer igual. BITCH, PLS. Eu pulo corda por mais de uma hora seguida várias vezes na semana, vamos aí rever seus objetivos de vida.

E durante anos da minha vida, meu principal meio de transporte foi a bicicleta, e eu tô tentando dividir meus dias entre ela e o carro. Se não por razões nobres, pra ficar saudável, pelo menos. Nem que seja pra parar de brigar com o véio folgado por causa de vaga no estacionamento ou de temer um ataque cardíaco no farol.

Resumindo: saudável, ainda que podre.

*****

Minha cadjmia foi vítima de uma urucubaca fortíssima, de modos que tá acontecendo uma alta rotatividade de professores no último ano. Cê nunca sabe quem vai estar lá dando aula (aiq exagero). Às vezes a pessoa do pilates tá dando alongamento, às vezes a pessoa do sh'bam tá dando pilates e por aí vai. A pessoa te conhece numa modalidade e não conhece na outra, cria expectativas e tal. Mas algumas vezes aparece uma pessoa completamente aleatória pra dar a aula e aí é engraçado.

Outro dia a gente tava fazendo alongamento. Não aquele de começo e fim de aula. Coarenta e cinco minutos esticando os muque. Aí vem a pessoa e fala - como TODOS sempre falam - "estiquem as pernas e, quem alcançar, segura os pés. Se encostar a cabeça no joelho ganha um prêmio". E fom, né? porque minha cabeça super encosta no joelho. A pessoa nova, ao ver esse horror, começou a se desesperar "gente, não precisa ultrapassar os limites! É só fazer o máximo e manter a posição!" e eu lá, bem tranquila, cantando a música com a testa no joelho. Deita no chão, pega as perninhas, passa por cima da barriga, segura o pé com a mão, encosta a cabeça no joelho kkk. Eu consigo e fim da risada.

Aí troca a posição. Afasta as perninhas, pega o pé direito com a mão direita, passa a mão esquerda por cima da cabeça. Pois eu faço isso e seguro o pé com as duas mãos, a testa no joelho, bem linda. E o profes desesperado, avisando pra galera não tentar se matar de tanto se esticar. Levantei meu cabeção e olhei em volta: quase ninguém alcançando o próprio pé nem com uma das mãos. Gente com o braço pendurado sobre a cabeça. Obviamente, nenhuma testa próxima de nenhum joelho.

Me dei conta de que era comigo que ele estava falando. Lembrei que foi justamente ele que me seguiu nas aulas, pra ver se eu tava fazendo mesmo ou se tava de sacanaji. Percebi que ele próprio não conseguia segurar o pé com as duas mãos, muito menos encostar a cabeça no joelho. E acho que entendi a razão de todo mundo viver me encarando nessas aulas: deve ser triste pras magra feat. malhada se conformarem em serem menos flexíveis que a gorda.

FIM.


(A incrível arte de testar fazer posts menores, que cêis ficam tudo com preguiça e não comentam nos gigantes.)

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

cheiro de pera



Eu tinha aqui uma lista de rascunhos, que obviamente consistiam de relatos de viagem (cabou-se) e meia dúzia de coisas sobre as quais eu queria dar minha opinião não requisitada. Me dei conta de que tá tudo publicado e fazia mais de um ano que eu não ficava sem absolutamente nenhuma ideia de coisa pra falar.

MEODEOS, GUARDEM ESSE MOMENTO.

Em algum lugar do universo, meus amigos pensam "bem que podia ser na vida real também, né? calar um pouco a boca essa menina, pelamor". 

(Às vezes acontece.)

(Tipo essa semana, em que minha voz tá uma bela porcaria e eu estou evitando falar.)

(Até o fim de semana já passou ahhahaha se ferraram.)

(q)

FOCO. (Té parece.)

Aí eu fui tomar um banhinho restaurador e tava pensando no que escrever, rapidamente me distraí e passei a pensar em ~meninos~.

Tipo ontem, por exemplo.

Fui pra academia de saia (com short por baixo, bando de véia conservadora), de modos que com pernas do tamanho das minhas, da cor de palmito, com uma mini saia preta contrastando... todos olhava. Eu acho que era mais de terror e curiosidade que qualquer outra coisa, mas olhavam.

Aí tinha um menino me encarando e eu achei ele bonito e pensei "se eu soubesse que era só mostrar o joelho, tinha feito antes". Terminei de pensar a frase e lembrei não só que eu já conhecia ele, mas que vinha a ser um grandecíssimo boboca. Cheguei em casa e fiz o que qualquer pessoa equilibrada faria: fui dar uma olhadinha no feice do menino. ME.O.DE.OS.DO.CÉ.U. AHHAhaha gente. Que pessoa sem graça. Quiqui adianta ser gatinho, não é mesmo?

Nesse momento, me dei conta que meus interesses amorosos nunca são à primeira vista, porque não dá assim pra gente saber como funciona o cérebro da pessoa logo de cara.

É ÓBEVEO que eu gosto de olhar gente bonita. Todo mundo gosta. Masss 1) eu quase nunca acho ninguém bonito e 2) um moço de cara que parece ralada na brita mil vezes, antes de um bonitinho desmiolado.

Cê vê, Mr. Esquistossomose, por exemplo: um QI impressionante, 408 rolagens na tela do Lattes, e quiqui adianta? O entretenimento favorito da pessoa é Chapolin, minha gente. Freaking Chapolin.  Não há interesse no mundo que resista a isso.

Quando eu estou encantada feat. obcecada [o que provavelmente outros acreditariam ser *apaixonada*, mas não é igual] por alguém, a pessoa é, necessariamente, mais inteligente que todo mundo que eu conheço. Ou mais inteligente naquele momento, ou uma combinação perfeita entre inteligente e culta, porque não vale nada um monte de capacidade intelectual e nenhuma capacidade de abstração. E, definitivamente, divertida. Gente, quer me ver garrar amor, é só a pessoa ser inteligente e engraçada e entender piadas e saber fazer graça e ai, vish.

Claro que isso me levou a um nome específico, de alguém por quem estou obcecada no momento.

*****

Meus relacionamentos amorosos imaginários quase sempre funcionam de duas formas.

A primeira é eu descobrir essa pessoa incrível na multidão e ela, por alguma razão inexplicável, se interessar por mim também. É raríssimo de acontecer, claro, porque gente inteligente e engraçada não se convence assim com pouca porcaria. Mas quando acontece, o fim iminente acontece de uma maneira principal: um dia a pessoa fala uma coisa tão impossível de aceitar, mas tão impossível, que eu desencanto imediatamente e me torno a pessoa mais insuportável do universo, até o indivíduo não ter outra escolha senão me mandar catar coquinho. Como eu já disse inúmeras vezes, é sempre importante deixar que o outro termine com você e acredite que você não está contente com essa situação, de modos que ele fique constrangidíssimo quando reconsiderar e pensar em te pedir de volta (inevitavelmente vai. ou eu sou muito azarada mesmo).

A segunda forma, muito mais recorrente, é eu ficar trabalhada no amor platônico e a pessoa, poxa, me considerar pra caramba, lá no canto dela, bem longe de mim.

Dessa dinâmica eu tenho duas saídas: uma é eu acabar desencantando em algum ponto do processo, porque eu tava enganada e o fulano nem tem nada demais ou a gente tomar rumos tão diferentes na vida que fuén, cabô magia. A outra é eu fazer uma força assim meio grande, na esperança de gastar até mesmo calorias e emagrecer, pra ver se eu desencanto.

Por exemplo. Tem um post mais véio aí em que eu dividi minha vida amorosa em 3 grandes blocos, mas percebi que tinha furos na teoria 5 minutos depois. Para fins didáticos, larguei daquela forma mesmo. A teoria não estava absurdamente errada, mas dava a entender que só 3 palhaço povoaram meus pensamentos obsessivos. O número deve chegar a uns 6, se a gente expandir os critérios. E o que quase todos eles têm em comum? Reaparecem na minha vida e eu fico retards.

Às veiz precisa nem aparecer fisicamente, só o ectoplasma já causa estrago.

Acontece em casos como o do menino da academia. Tendo ele ou não alguma intenção para com a minha pessoa, ela foi quase que instantaneamente aniquilada, porque foi submetido ao sistema don't cry for me, argentina de avaliação. E ninguém pode passar nesse teste, né? "Você não é tão bonito, não é tão alto, não é nem 10% tão engraçado, você não é nem um pouco inteligente, você é mais pedante que o recomendado, você não.chega.nem.nos.pés.do.fulano."

É um pouco cansativo.

Porque ninguém nunca vai atingir o índice de qualificação nessa escala, até que ela seja reconfigurada para um novo cerumano, de modos que ela existe unicamente para me fazer rejeitar todos o homens do sexo masculino do universo até que a mágica aconteça novamente.

Numa previsão otimista, se a gente comparar com a última vez em que isso aconteceu, vou estar beirando os quarenta quando me interessar por alguém de novo. Isso é um pouco chato, porque vou perdendo a pouca habilidade que tenho pra coisas complexas, como... sei lá, encostar em outro ser humano.

(O engraçado é ver o último top da lista nos dias de hoje e pensar "meldels, como eu pude?". Será que acaba sempre assim? Será que verei o amor da vida dessa semana como um incrível babaca em 2017?).

Mas olha, é até simples essa dinâmica, se a gente lembrar que o parâmetro de qualificação de candidatos ao posto de não, eu não vou casar com você, tamo apenas aqui curtindo esse momento já foi: tem que ser tão bonito e divertido quanto os namorados da minha irmã e prima, pra não destoar. 

Se eu tivesse autorizada a postar fotos e fatos dos dois, cêis podiam dar o encalhe como certo.

Q