segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Blue is the colour of all that I wear



Blue his house

With a blue little window
And a blue corvette
And everything is blue for him
And himself and everybody around
Cause he ain't got nobody to listen to



(Sinto um post-hospício sendo parido, acho bom avisar o amigo que acha que eu sou meio dodói das ideias, caso queira desistir já por aqui.)

Se você me perguntar qual é minha cor favorita, provavelmente vou responder qualquer uma apenas pra você parar de me fazer pergunta besta, porque eu vou lá saber como escolher UMA entre tantas? Não vou. Aliáááás, esse é um problema que minha mãe tentou tratar até com homeopatia, minha total incapacidade de decisão, se eu tiver escolha. (E foi assim que perdi a oportunidade de namorar um gêmeo, porque QUAL DOS DOIS?)

Eu não gosto de laranja e marrom. Eu não gosto de verde limão e amarelo fluorescente. Sei lá, gente, eu gosto de rosa, eu gosto de cinza, eu gosto de vermelho, eu gosto de azul.

*****

Uns milhões de anos atrás, quando o orkut ainda era um meio válido de socialização virtual e não existia tanto babaca no mundo (ou online), de modos que não existiam meios de travar perfil, trancar amigos, fotos, murais e o escambau, o munto era muito mais divertido. Tinha essa amiga de uma amiga que tinha um cabelo todo cheio das firula, pintado numa cor que não existe na Wellaton, e eu me rasgava de invejinha daquele cabelo. Mas não era essa coisa merdona mérimun (sei lá como escreve kkk), ressecamento, penteado idiota, falta de noção. Nãããão, era um cabelo maravilhoso, volumoso, hidratado, sem mancha na cor, uma coisa linda mesmo.

Nega tinha fotolog (era tão bom ser stalker naquele tempo, né? Hoje em dia encerrei minha carreira, porque tá tão chata a internet... tsc) e, como ninguém é perfeito, ficava #chatiada se perguntassem com o que ela pintava o cabelo, onde comprar e coisa e tal. NÃO TE ENTENDO, NEGA. Pendura a melancia no pescoço e quer pagar de hipster? Diz logo onde compra, porque 

a) metade das pessoas não teria a menor noção/condição/coragem de comprar tintas coloridas no exterior com cartão de crédito ou amigos bondosos pra mandarem por correio;

b) a outra metade ou até mesmo uma interseção com o grupo anterior (q) totalizando o barato em mais de 100% não teria coragem de, DE FATO, pintar o cabelo.

Eu queria muito muito muito muito mesmo, mas não tinha ninguém pra comprar essas bendita tinta pra mim (óbeveo que eu descobri onde, claro que não entregava no brasil), e não achei de uma cor que eu gostasse de ter na minha cabeça.

Desisti.

*****

Isso tinha sido lá por... 2005? Nessa maravilhosa época em que eu resolvi que seria loira de um jeito ou de outro e taquei Blondor na cabeça, em casa, sem lembrar da minha condição alérgica. Aconteceu o óbvio: antes de 20 minutos meu couro cabeludo estava em brasa e não tinha mais a menor condição de manter a cabeça mergulhada naquele troço, tinha que lavar. E meu cabelo não só é de um castanho bem escuro, mas também é muito saudável (nunca pinta, nunca alisa, nunca passa nem banho de creme por motivos de não ser necessário), de modos que pra tirar a cor dele é um parto. Tirei o saquinho do Extra da cabeça (rica) e parecia que ele estava só um pouco menos castanho. Lavei e parecia que ele continuava castanho. Sequei e o grito de horror que veio de dentro do banheiro atraiu todo mundo até lá. Sabe Fanta? Era o tom do meu cabelo. AHHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHA.

Além da alergia na cabeça, meu cabelo ficou arregaçado, de modos que uma avaliação profissional garantiu que em menos de um mês eu não poderia fazer nada pra amenizar o horror daquela cor. Cê consegue visualizar o primeiro dia de trabalho depois dessa ideia de jerico? Eu não sabia onde enfiar a cabeça, não tinha o que fazer. Passei meses usando roupa preta pra evitar contrastes de cor com o meu cabeção. Sim, porque quando meu cabelo tava pronto pra uma nova coloração, ela apenas conseguiu realçar AINDA MAIS o laranja. E mais um tempo de espera, mais uma tintura, mais uma vez o laranjão lá intenso, acabando com a minha vida. Cêis lembra do começo do post, né? EU.ODEIO.LARANJA. Não sei como sobrevivi.

Um dia eu comprei tinta preta. Preto Mortícia, preto Elvira. Pintei o cabelo e ele ficou... preto. VIVA, OREMOS.

Cheguei na aula - na época em que eu estudava engenharia mecânica e só tinha homem na minha sala - acreditando que ninguém ia notar. Botei o pé na sala e rolou toda uma vaia, que só podia ser comigo. Perguntei qual era o problema e um porta voz da turma se prontificou a gritar "mas por que toda ruiva bonita estraga o cabelo?" HAHAHAHAHAHHAHAA. Gente, e pra explicar? Aparentemente homens não conseguem relacionar a cor natural do cabelo à da sobrancelha. Bando de bocó.

Depois de conseguir cortar toda a lembrança desse episódio da minha mente, eu me prometi que nunca mais pintaria o cabelo de novo. E, antes que vocês me perguntem, não. Não tem foto do cabelo laranja, porque eu odiava muito mesmo aquela cor e não permiti registros. (Grazadeus pela não existência de smartphones.)

SÓ QUE.

Só que umas duas semanas atrás eu tava olhando uns blogs assim bem úteis (ô) e dei de cara com uma menina com o cabelo marromenos da cor do meu, com as pontas tudo colorida, numas vibe arco-íris mesmo. No fim do post a menina inclusivemente dizia qual era a marca da tinta. Cinco segundos depois, eu já estava comprando o meu próprio frasquinho WEEEEEEEEE. Só dels sabe como foi que eu consegui decidir por uma cor tão rapidamente, mas eu decidi, comprei e paguei. Fim. (Passei meia hora pensando que deveria ter comprado a minha segunda opção de cor também, mas isso é detalhe.

*****



Cêis pode me chamar de carente, exibida, retardada, ridícula. Do que cêis quiser, na verdade. Se eu me preocupasse com isso, não saía de casa combinando três estampas diferentes e todas as cores do universo. Outro dia reparei que não tenho bolsa, nem sapato, nem blusa pretos, porque tudo que eu tenho é trabalhado na baianidade nagô (nem lembro como surgiu essa expressão incorretíssima pra designar o colorido que a gente é adepto aqui em casa. Considerando que meu avô era baiano legítimo, eu concluo que a gente pode).

O causo é que eu não tenho critérios para com a minha aparência. Eu uso e faço o que dá vontade.

E, bom, eu pendurei uma melancia no pescoço. Uma melancia azul. HAHAHAHAHA.

*****

vamo hidratar esse negóço?

Me preparei psicologicamente pra dor do descolorante (pelamor, como doeu), pro choque de ver o cabelo parecendo palha de milho sob o sol, pra ficar NOVENTA minutos com a tinta azul no meu cabeção, esperando fazer efeito.

Porque, veja só: eu fui no cabeleleleleleiro. Eu tava disposta a pagar por um belíssimo ombré azul. O moço disse "seu cabelo é muito finiiiiiim, não vai aguentar". E eu disse que o bom de fazer ombré é que é na ponta, se der errado TOSA TUDO. E ele disse não. 

Pra não dificultar a vida de ninguém, eu pensei muito inteligentemente: então vamo pintar a parte debaixo do cabelo, né? Se der errado, ninguém vai ver a catástrofe. Se der certo, o cabelo debaixo é mais comprido, vai parecer que tá só nas pontinhas mesmo. E quando eu prender vou ficar LIIIINDA (ah, vai). E foi assim que se deu esse belíssimo novo cabelo. Mezzo castanho, mezzo azul/verde/amarelo, porque a tinta manchou HAHAHAHAHHAHAHA. 

Semana que vem eu sei que esse cabelo vai estar verde, daqui dois meses deve ficar um amarelo vômito-guacamole, mas quando ele começar a crescer eu vou descolorir as ponta tudo e fazer o ombré que eu sempre sonhei. Se não azul, cor de rosa.

E deixo você aí com suas indignação, enquanto eu sigo aqui com a minha cara de preocupada, do alto dos meus trinta e três anos, fazendo o povo se perguntar "que ano é hoje?" e se tem alguma coisa que eu ainda não fiz pra me aparecer.






PS: a tinta é exotic colors, mas eu achei ela meio ruinzinha pra indicar. DISK a tec italy é melhor, vou testar e vos digo no futuro.