quarta-feira, 8 de maio de 2013

#chatiada


Sabe aqueles dias em que nada muito catastrófico aconteceu, mas você vai lá e derruba seu último pedaço da coxinha e aí vem uma tristeza muito desproporcional e você só quer ficar sofrendo no cantinho, mas sabe que vai chorar mil vezes mais lágrimas que o necessário, mas nem é por nada não, é só porque, poxa vida, você não comia uma coxinha há mais meses que o seu Madruga devia de aluguel e aquele último pedaço era muito importante e você não quer explicar pras pessoas que lágrimas são perfeitamente aceitáveis nesse sofrimento, então você nem vai pra casa que é pra não preocupar ninguém oiq?

Então.

Não que eu tenha comido uma coxinha, porque eu realmente não como uma coxinha há mais de 14 meses (todas chora), não que eu esteja triste, não que eu tenha derrubado nada.

É só que eu lembrei hoje da primeira vez que eu me senti assim.

Não sei se foi em 88 ou em 89, mas nessa época, eu crescia mais rápido que a maioria dos seres humanos com quem eu convivia, de modos que sempre que tinha que fazer uma fila na escola, ficava entre as últimas pessoas. Eu era a última na fila da ginástica olímpica, sendo também a primeira a ter que abandonar tão belo esporte, porque minhas pernas estavam gigantes demais pro twist whatevs que tinha que cair de pé.

Troquei de atividade extra pra banda da escola, tocava caixa e fiquei muito infeliz, porque a banda se apresentava em ordem de tamanho, éramos em mais ou menos um milhão de crianças, eu ficava lááááá no fundão, onde não sairia em nenhuma foto.

Um dia, uma menina gigante resolveu entrar na banda e ficou atrás de mim na fila.

Eu estava desacostumada com pessoas paradas atrás de mim numa fila e eu sempre falhei na área da coordenação motora (menos na aula de ginástica olímpica, obviamente. Tão aí minhas vértebras todas no lugar e um histórico de ZERO ossos quebrados na vida que provam que eu estou falando a verdade). Então, no primeiríssimo dia da menina na banda, eu dei um passo pra trás sem olhar e pisei no pé dela.

Mas veje bem. A menina era meio bullyada por ser grandalhona e gordinha e a gente não tinha nem 10 anos, pelamordedels. E nego que vai pra banda da escola não tá exatamente se inserindo nos mais badalados círculos da vida social, né? Tá lá mêmo é dando mais corda pra ser esculhambado. Eu nunca me importei com a sociedade, meus amigos nunca conseguiram rir da minha condição de tocadora de caixa, de magrela, de descoordenada, de nada, porque eu mesma não tava nem aí. Mas eu sabia que a menina sofria. E eu pisei.no.pé.dela.no.primeiro.dia.

MERMÃO, eu fui chorando na perua da escola até em casa. Depois entrei em casa e falei pra minha mãe “não aconteceu nada, tá tudo bem, mas eu vou só ali chorar um pouquinho”. Deitei na cama dela e fiquei lá uns 5 minutos até ela quase derrubar a porta pra me obrigar a contar o que tinha acontecido. Né? Eu entendo o lado dela hahahhahaa. Cêis não imaginam o tanto que eu chorava. Contei e ela me mandou um bitch please, mandou parar com a palhaçada, mas eu chorei naquele dia e em mais uns 3, saí da banda da escola e ainda chorei mais umas outras 4 vezes na vida por causa desse episódio.

Hoje em dia é uma grande piada em casa. Porque eu sempre chego falando “num é nada, mas eu vou chorar no meu quarto, ok? Só pisei no pé de uma pessoa atrás na fila.”. Todo mundo ri, me deixa quieta e uma hora eu conto (ou não) qual era o grande drama. Pisar no pé de alguém na fila virou sinônimo pra chorar por bobagem.

*****

Umas duas semanas atrás, eu estava com a minha enlouquecida babãe no McDonald’s, esperando na fila. Olhei pra trás antes de mudar de posição e não tinha ninguém. Mexi os pés e BOOOOM, pisei no pé de uma menina e comecei a chorar instantaneamente e a fia ficava “ai, mas não foi nada, tá tudo bem!!11!!!” e vai explicar, né? Me acalmei até que rápido e pedi 239485794385 desculpas e tô até agora com o all star vinho da infeliz marcado nas minhas retina.

Num acho justo.

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Ontem à noite minha irmã tava trabalhada na firula. Da mesma forma que aprecio que MILARGUEM quando não tô afim de conversa, não fui lá torrar também. Deixei a vida seguir seu curso, até que hoje de manhã...






AHHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAH

Gotta love minha família, viu?