sexta-feira, 31 de maio de 2013

tenho a madrugada como companheira



Tava sol quando eu saí de casa, sabe? Choveu a noite inteira, com raios e trovoadas, mas de manhã o sol saiu. E na hora do almoço o céu estava tão limpo e o tempo estava tão quente que eu coloquei roupas no varal.

E ficou ensolarado até o fim da tarde, quando eu me enfiei num daqueles compromissos em que você não vê o dia passar. Três horas depois, eu saía do estacionamento pra uma noite chuvosa. Mas não era uma chuvinha. Era o dilúvio do Noé. Daquele tipo que o limpador de para-brisa não dá conta das gotinhas e você tem medo de passar numa poça gigante e aquaplanar e não vê nada além de luzes difusas de faróis de carros e de trânsito.

Eu dirigi numa velocidade tão baixa que levei o triplo do tempo pra chegar em casa.

Sabe, eu mudei de casa, então meu caminho nas madrugadas é um pouco diferente do que eu fiz por 13 anos. Mas eu ainda tenho que dirigir por uma rua loooooonga, que praticamente não tem trânsito depois que anoitece, onde eu normalmente desligo o rádio e falo com as vozes na minha cabeça.

Mas ontem estava chovendo e eu não podia me distrair, então nem lembrei de desligar o som. Só percebi de que Fernanda Takai cantava sobre saudade, cidade e madrugada quando a chuva diminuiu e eu pude aproveitar o passeio.

*****

Teve um show do Pato Fu que eu fui só que não. Leitores mais antigos podem até se lembrar daquela virada cultural que deu certo, mas deu errado. Eu estava a poucos passos do show do Pato Fu, o único em que eu realmente queria ir e, por razões que não merecem ser contadas, eu não conseguia chegar lá. Se eu não estivesse sofrendo de extremo azar nesse dia específico, eu poderia ter aproveitado... "sonoramente" de onde eu estava. Mas mais perto de mim que o palco que eu queria, estava um DJ que eu não queria, fazendo uma balada a céu aberto. E pra fechar o triângulo do desespero, um carro com o porta malas aberto e um sertanejo aleatório no volume máximo. Quase perdi o melô de mim mesma e fiquei muito #chatiada.

Depois disso, toda vez que eu ouvia Pato Fu eu lembrava desse dia e de como eu não gostei desse dia e das pessoas envolvidas nesse dia e de como eu não gostava mais das pessoas envolvidas nesse dia e sumi com tudo do Pato Fu da minha frente. Mesmo gostando muito.

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Ontem à tarde estava sol, sabe?

Em evento totalmente não relacionado, eu tenho feito as pazes com tudo que me irrita. Especialmente com todos que me irritam. Não é fácil, porque às vezes é um pouco difícil passar por cima de algumas coisas que a gente jurou que não ia superar, ~só~ pelo bem maior. Mas eu estou me esforçando e olha, cêis nem acreditariam na evolução da minha pessoa na sociedade. Pra falar a verdade: eu só ganhei com isso. Hoje eu tenho amigos em pessoas com quem eu implicava só porque sim. Hoje eu posso ir nos lugares sem me preocupar em encontrar um desafeto. Hoje eu ouço uma bobagem e sublimo e meus batimentos cardíacos permanecem inalterados (aloca).

Talvez porque estivesse sol depois de tanta chuva - e eu nem gosto de sol -, talvez porque fosse véspera de feriado, talvez porque eu realmente esteja me tornando uma pessoa melhor, eu fui lá e levantei uma bandeirinha branca da paz. Uma bem pequenininha, contra uma mágoa bem grandona, uma dessas de Itu. Levou um ano e meio pra eu conseguir levantar uma bandeirinha, pequena até pra um playmobil. Mas quem apanhou fui eu e quem levantou a bandeirinha fui eu, fiquei me sentindo total the bigger person.

Então eu saí com a minha bandeirinha e meu orgulhinho e meu solzinho e voltei naquela chuva de canivetes, com meu som ligado. E ouvi essa canção pela primeira vez na vida.


Se quiserem saber se volto
Diga que sim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim



Achei engraçado porque parecia um ciclo fechando. A chuva parou e eu cheguei em casa sem maiores problemas, com a mente até mais leve, porque agora tinha menos uma bobagem com que gastar o tempo.
























Aí hoje eu acordei, abri o instagram e levei um baita dum STUPLASH no meio da cara e entendi que a gente tem mesmo mais é que largar de ser bocó, porque é só dar uma chance pra babaca e levar outra voadora. Minhas roupas molharam todas no varal. Não que uma coisa esteja diretamente relacionada à outra.

Cê fica aí esperando minha próxima bandeira branca. Vai ser daqui umas 48 encarnações. (E eu vou ouvir Pato Fu o tanto que eu quiser, ninguém tem nada a ver com isso :P)

Um beijo e sejam sempre mais espertos do que eu. Sentimental e meteorologicamente.

E sim, é meteOrológico, não meteREológico.
Façavor, até o google sabe.