blue smile
Toda
vez que eu me interesso por uma pessoa nova, eu sofro antecipadamente. Porque
geralmente a coisa funciona de três formas.
a)
eu entro em modo obsessão e de alguma forma arrasto a pessoa pro mesmo buraco
negro, de modos que depois de um mês parece que a gente se conhece há duzentos
anos, mas nada acontece de fato e vamos todos pra uma linda friendzone
platônica forever and ever, onde morrerei pensando “e se?” e meu “““““amor”””””
aumentará na proporção inversa de o negócio acontecer (alô, Fidel!);
b)
meu interesse vai durar enquanto a impossibilidade durar. Dois minutos depois
de o negócio desencantar eu vou pensar “ih, mudei de ideia”, mas pra não
traumatizar ninguém, vou adiando o fim inevitável, a ponto de envolver família,
amigos, animais de estimação e ouvir que eu sou uma bruxa quando finalmente
tudo terminar (alô, 98% dos meus relacionamentos) e
c)
A e B acontecem cronologicamente e a catástrofe é a mesma (alô, 2% restantes).
Nunca
fui capaz de aproveitar um relacionamento, porque minha mente fica trabalhando
sempre no pensamento “quando será que vai acabar?” hit combo com “qual será o
tamanho do estrago quando isso acontecer?”.
Uma
fofa.
*****
Da
mesma forma que eu não consigo dedicar amor ao próximo, tenho sérios problemas
em me convencer que o próximo está dedicando seu amor a mim.
Sabe
aquela vibe “com tanta gente no mundo, why me?”? Eu não consigo superar esse pensamento.
Aí
às vezes a pessoa tá lá, quase virando no avesso pra chamar minha atenção e eu
acho que ela tá só vivendo e eu tô vendo coisas. Aí a pessoa perde a paciência
3 anos depois, que é quando geralmente minha ficha vem a cair. E então é
taaaarde, taaaaarde demais [/Úrsula].
Sejemo franco,
mesmo depois que a pessoa diz com todas as palavras necessárias, como se eu
fosse (?) uma pessoa com problemas de compreensão, eu ainda não acredito.
Carlos Drummond de Andrade me entenderia.
*****
Mas às vezes eu acho que sou eu. Eu nem sei se eu
quero que seja, mas eu acho que é. Aí eu vou olhar direito e não é. Nem hoje,
nem amanhã, nem daqui dois meses, nem no dia do juízo final.
Fim.