quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Dublin




Se minha vida fosse um comer, rezar, amar, bem brega, em Dublin eu fui pra comer. Sem dó da minha dietinha estúpida e infinita, avisei até o médico pra aumentar a dose do remédio. Só que meu plano deu um pouco errado, uma vez que parar pra comer gasta horas preciosas de passeio e acontecia só quando o desmaio era iminente.



Bão, o primeiro dia de passeio em Dublin começou com tempo fechado e garoa. A graça ficava por conta da população, que não usava guarda-chuva. Pessoas com carrinhos encapavam seus filhinhos com prástico, mas o resto da galiéra deve ter nascido com o cabelo bom, porque ó. Tudo na chuva.

Eu, que nasci com cabelos finos, me transformei em medusa antes do fim do primeiro quarteirão.

Uma coisa sensacional: tudo foi feito à pé.

Fomos do aeroporto pra casa de ônibus de dois andares porque precisava, mas dali pra frente, foi tudo na tração humana kkk. Quase caiu uma lágrima do meu olho quando entramos na ruazinha com cara de subúrbio europeu, casinhas trabalhadas no control C, portas coloridas, carros andando no lado avesso da rua. Muito amor. Você se sente automaticamente protagonizando um filme (ou sou só eu que tenho esse tipo de mongolice instalada no cérebro).

Uma coisa incrível é a velocidade de adaptação do cérebro com a rua do avesso. Sei lá se é o instinto de sobrevivência ou se eu nasci no lugar errado do planeta. Em meia hora tava diboua com a rua trocada.

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Você aprende em menos de 12 horas que o clima de Dublin é uma coisa assim, como direi, impossível. Saímos de casa com chuva, meia hora depois tava sol, depois venta, depois chove, depois faz sol com chuva e vento, depois esfria 20 graus, depois você está descabelada e acreditando que vai ter o pior hit combo gripe+alergia da vida. Mas você nasceu pra ser européia, de modos que está apenas descabelada e com a saúde em perfeito estado de conservação.


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Dublin é um lugar onde as pessoas são maníacas por florzinhas. Tem penduradas nos postes, na frente das casas, milhões na frente dos pubs, na margem do rio, EM TODO LUGAR. Mas deve ser flor de rico, porque eu não tinha alergias infinitas a elas e eu só não tenho alergia a flor de rico. Aí você olha aquelas construções que devem ter uns 800 anos, com aquelas florzinhas, aquele céu – que mesmo cinza ainda deixa a grama mais verde que qualquer grama que você já viu – e pensa seriamente em mandar uma carta pra casa, dizendo ao povo que fico.

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E a magya de entrar nos lugares e tudo estar quentinho? Não aquele bafo de quem não sabe regular o aquecedor, aquele quentinho maneiro, que você tira o cachecol e fica confortável vivendo. Pfv, Curitiba, aprenda.

Aliás, em tópico totalmente relacionado, quei foi que copiou Dublin inteira aqui no sul do braziu, hein? Não fossem as casinhas repetidas e a grama extra verde, eu acreditaria que só fiquei tempo demais no interbairros e não tinha saído de casa. IN GO AL. Quem quer que tenha sido, favor ir lá copiar as coisas boas também. Quero casa quentinha no inverno, quero gramas antialérgicas, quero florzinhas nos postes.

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Ao contrário de Londres e Cardiff, fui pra Dublin sem um mapa na mão. Falei pro Frederico que queria 01 castelo, 01 pub e 01 igreja e o resto do tempo podia passar contemplando a ideia de estar na Europa, que tava beleza.



Então, pro primeiro passeio, fomos caçar o castelo de Dublin. Achamos, mas parecia que não, porque o negócio não parecia um castelo. FOM. Mas tinha aquelas casinhas de guarda, de modos que já valeu o passeio.



Dali, fomos almoçar em Temple Bar. Que, ao contrário do que eu imaginava, vinha a ser um “bairro”, não um bar. Almoçamos no The Temple Bar, que sim, vem a ser um pub. Olha gente, não é fácio entender a Irlanda.






O mais bonito é que as quadras de Dublin são compostas da seguinte forma: um pub na esquina, uma igreja no meio, um barber shop perto da outra esquina e uma casa de apostas pra finalizar. TODAS AS QUADRAS. Com milhões de vasos de flor pendurados e portinhas coloridas.

De modos que o povo da região começa a beber às 9 da manhã. Achei muito chocante as peçoua finalizando pints de birita na hora do almoço. E pode, Arnaldo? Lá, pode.

Ou seje: 01 castelo, check. 01 pub, check.

O próximo destino era a Guinness Storehouse. Nunca fui fã de biritas, mas depois que a vibe da cerveja com frufru se abateu sobre meu círculo social, achei que valeria pela inveja do check-in no foursquare.



Mas no caminho o quiqui a gente acha? O que? Uma igreja. St. Audoen's Church, que parecia mais um castelo que o próprio castelo e que tinha a grama mais verde que a grama do vizinho. Mesmo com o tempo super fechado, era a coisa mais linda.

Continuamos nosso caminho rumo à fantástica fábrica de birita. Óia, a maravilha de conhecer uma cidade a pé é ver em câmera lenta tudo de lindo que ela tem. Não só os lugares onde a gente ia, mas por onde a gente ia, tudo lindo.



A cidade meique idolatra seu Arthur Guinness, sabe? Toda uma campanha pra pintar a cidade de preto em homenagem a ele dali alguns dias.

                                 

E olha, o passeio da fábrica é maneiro até pra quem não curte cerveja. É tudo tão bonito... incrusivemente a fonte, onde eu joguei uma moedinha de 10 centavos brasileiros, pra descobrir depois de dar a volta que as moedas viram doação e morrer de peso na consciência porque né? Tivesse eu uma moeda de um real, teria tacado lá. Kkkkkkk.








Depois de ver como a cerveja é feita, muitos filminhos, passar por corredores e exposições e aprender a servir seu próprio pint perfeito de Guinness, você sobe pra um bar panorâmico sensacional. Atorarei voltar lá num dia de sol, porque deve ser incrível. Se bem que o céu cinza, as construções terracota (risos) e as abóbadas verdes deixavam o negócio todo muito bonito de onde eu via.



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Ok, você vai. Leva horas indo. Aí tem que voltar, né? Você está andando há umas oito horas e está a mais ou menos uma hora inteira de chegar em casa. Então vamo.

No primeiro dia eu já estava com os pezinhos num estado de destruição nunca dantes alcançado. Primeiro porque a andança era grande. Depois, porque sem minha mala eu estava sem meu tenizinho de passear longas distâncias, sem minhas meias fofinhas e anti esfolamento de pezinhos, sem hidratantes, band-aids, sem nada.

Mas tudo bem, porque ainda tinha vinte mil pontos turísticos ainda pra ver e esse era só o começo :P