terça-feira, 30 de outubro de 2012
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
cada um tem o réuri póter que merece
Título alternativo:
último dia em Dublin
Sei nem por onde começar
essa história. Vamos por partes.
*****
Cêis ficô sabendo
daquela história em que os boys in blue (morri com esse slogando time de whatevs de Dublin) encontraram Daniel Harry Pottah Radcliffe em Grafton Street enquanto
comemoravam alguma coisa, convidaram ele pra ir pra casa festejar junto e ele
foi?
Pois é. Eu, andando
pelas madrugs em Dublin pela Phibsborough Road não tive a mesma sorte.
Mas estou me adiantando.
*****
O primeiro passeio do
dia foi ao Glasnevin Cemetery. Turismo no cemitério, quem nunca? Mas vale muito
a pena porque meldels do céu, o que vem a ser a vegetação do local? E as
lápides, os túmulos, as flores e tudo. Se eu morasse em Dublin, tenho certeza
que levaria meu notebook pra debaixo de uma daquelas árvores e passaria mil
horas esquecida ali. O lugar tem meu som favorito, que vem a ser o do vento
batendo nas folhinhas. E, ao contrário de um parque comum, não tem gentes
acumuladas ou protagonizando ~senas~ de demonstrações públicas de afeto.
Foi muito maravilhoso
descobrir que o cemitério era muito perto de onde eu estava hospedada, porque a
essa altura meus pés já não obedeciam mais ao comando de andar e eu estava
revoltada por ter que diminuir os passeios por detalhes técnicos.
Ultrapassamos o portão e
com a gente o rabecão [haikai] que estava levando um vovô pro enterro. Em
seguida, veio uma limusine com pessoas muito alegres e sorridentes pra quem
deveria ser um parente próximo.
raloín
Passamos pela galera do
enterro e continuamos nosso caminho pelas lápides. Tinha um aviso muito
simpático de que era compreensível a vontade de fotografar tudo, mas pra gente
fazer a fineza de não expor as pessoas e eu só entendi muitas lápides depois,
quando dava vontade de fotografar fotos e poemas e milhões de globinhos de água
que as pessoas deixam lá. Não sei quantas horas levamos andando pelo cemitério,
mas eu ficaria o triplo. Fácil.
Tirei fotas Doctah Who
inspired e ganhei like e retweet de quem quer que seja que cuide das xoxomídia
do cemitério, achei muito maneiro, me deixa.
don't blink
*****
Pra dar ordem a esse
dia: começou com o passeio no cemitério, onde pude recuperar parte das minhas
habilidades motoras. Continuou com a ida ao jardim botânico, que levou horas e
também não estraçalhou completamente a condição física dos meus pezinhos e aí
eu lembrei que existia um plano de ir ao pub à noite.
O dilema: se fôssemos
pra casa, eu teria forças pra sair à noite, mas não teria roupas. Se eu fosse
adquirir roupas, teria roupas (é mêmo?), mas não teria forças. E AGORA?
Obviamente, fui comprar
roupas.
Pra ser bem sincera,
mais que roupas, eu precisava de um sapato apropriado. MÁ É NUNCA que eu iria
ao pub de tênis, minha gente.
A ida ao centro da
cidade (aquilo era o centro? Jamais saberei) pra adquirir vestimentas e sapatos
acabou com o restinho das minhas energias, de modos que depois que tomei banho
e me “““““arrumei”””” (a incrível arte de jamais superar a mala perdida e o
figurino que estava na sua mente desde o Brasil praquela ocasião), tive que
tirar força de vontade das orelhas pra não cair no choro pela, sei lá,
23904857341ª vez. Tava ali uma feia arrumadinha, mas tava pronta.
Aí aconteceu um bolo de
cenoura com cobertura de brigadeiro (num descrevi nem metade das experiências
da maravilhosa cozinha da ofélia do
Freddy, que teve até mesmo uma torta homenageando dona Cecília restauradora)
muito maravilhoso com M&Ms desejando que eu ficasse e pronto, eu fiquei
feliz de novo.
Importante. Harry
Potter. Cemitério. Bolo de cenoura. Pub. Última noite em Dublin. Só pra vocês irem acompanhando até aí.
*****
Fomos correndo pro pub
porque obviamente saímos em cima da hora, mas tudo deu certo. Sentamos bem
felizes e contentes e eu pedi uma bebida contendo alcoóis verdadeiros pela
primeira vez na vida, só porque era divertida a vibe de ir com a notinha de
dinheiros europeus até o balcão. Muito cena de filme risos kkk. E eu pedi um
mojito porque fui enganada. Me deram mojito de tequila e eu achei bom e quase
morri com o ***verdadeiro*** de qualquer que seja o veneno que eles colocam lá
dentro. Nunca terminei o copo muahahahaha.
Aí era vódega, cerveja,
salchichão e eu entrando em pânico porque não consigo pertencer ao ambiente
noturno em nenhum continente (não que eu já tenha ido em todos, mas né?) e,
quando eu menos espero, o pub entra numas de balada. Com pista, DJ, luzinhas
piscantes, musga alta e o escambau. HAHAHAHAHA.
fota de balada na europa pótchy!
Apenas os mais fortes
sobreviveram a essa mudança de vibe e fomos lá pra pista, mostrar o que que as
baiana do sul têm.
[parêntese]
Eu tenho um problema
sério com ambientes de música alta que privam os amiguinhos de diálogos. Na
impossibilidade de falar com os outros, eu começo a falar com as vozes da minha
cabeça e aí não dá certo.
Porque eu tenho
impressão que na balada rola toda uma obrigatoriedade de ser feliz. As pessoas
estão cantando com copinhos levantados no ar, dançando, rindo, dando em cima de
gente que jamais lhes daria bola nem hoje, nem amanhã, nem no dia do juízo
final e eu tenho impressão de que não poderia estar mais desconectada do lugar,
pensando em como seria sensacional estar na sala de alguma casa quentinha, de
pantufa, com 14 amigos, rindo e tomando suco de abacaxi.
Nessa balada
especificamente, eu ainda estava no fim do inferno astral (que só quer dizer
tensão pré-aniversário, no meu universo), sem minha mala e a caminho de outro
lugar estranho. Por mais sensacional que parecesse antes de eu viajar, parecia
meio apavorante ali naquele momento.
[/parêntese]
Aí eu estava lá
alternando pensamentos entre “UHUUUU TÔ NA EUROPA” e “pqp, quiqui eu tô fazendo
aqui?”, quando começou a tocar Florence and the Machine. Na. Balada. E eu
pensei que não há meio de ficar baixo astral num lugar que toca Florence na
naitch. E depois tocou Mumford and Sons. Mas não foi que ~apenas~ tocou. Foi
que o povo todo parou de pular e começou a berrar do fundo dos pulmões “I really
fucked it up this time, didn’t I, my dear?” e de olhinhos fechados e eu nunca
me senti tão pertencente a uma população como naquele momento. Depois começou a
tocar Mr. Brightside e foi aí que eu mandei a filosofação toda pro espaço e fui
pular como se não houvesse amanhã e danos permanentes ao meu pé. Nesse ponto
tava muito me identificando com a trilha sonora da pior DJ de todos os tempos. Foi só terminar com toniiiIIIiIiIiiigh weee aaaare yooooung and I set
the world on fire and went brigher than the Sun.
Aí todos lembra que
alguém do grupo tem que trabalhar amanhã cedo e já são, veja só, 3 horas da
madrugs, vamo pra casa? Vamo.
Eu juro que a sensação
térmica era de menos douze graus, porque tava um frio do inferno aquela rua.
Ventania, garoa e a minha pessoa SEM ROUPAS DISPONÍVEIS trajando somente um
cardigan, porque era o que tinha. Provavelmente nunca passarei tanto frio de
novo na minha vida quanto naquele momento. E nas oropa todos anda a pé, então
seriam uns 20 minutos daquela delissia até chegar em casa. SE eu
tivesse sorte.
Porque no meio do
caminho tinha um irlandês, tinha um irlandês no meio do caminho.
Shannon (que na verdade
se chama Seanan e pronunciavam XANA mesmo) ouviu brados da amiguinha que dizia
que o melhor lugar do mundo era o Brasil e não era sei lá onde nos cafundós da
Irlanda e achou muito maneiro simplesmente concordar também aos berros, no meio
da rua, na frente do lugar onde ficam os bombeiros.
Todo mundo parou pra
discutir a relevante questã da humanidade ali no meio da rua, na madrugs, no
climinha gostoso e aconchegante e eu só me perguntava WHYYYY, LAWD, WHYYY.
Shannon tinha 4 metros e 10 de altura e tava me incomodando
olhar pro alto e ele tinha um sotaque alemão que Q//// e eu entrei na
discussão, pra ver se esquentava o ar à minha volta.
Shannon estava perdido
porque era de Droheda (?) [até entender essa palavra naquele sotaque foi meia
hora] e nós estávamos em Phibsborogh ou algo assim e nem pense em me perguntar
o que isso significa geograficamente porque eu não faço ideia, mas o caso é que
Shannon não sabia onde estamos, pra onde vamos, de onde viemos porque morava
fora da Irlanda há duzentos anos e atualmente mora na Alemanha. AHÁ, entendi de
onde veio o sotaque.
Aí ele brigou comigo
porque não tinha sotaque coisa nenhuma, eu que tinha. CEJURA.
Recomecei a andar porque
tava com frio, fomos os quatro berrando pela rua, até que eu me dei conta que
indo cada vez mais pra dentro do bairro, a pessoa que estava perdida não ia
mesmo se encontrar, né? Ô shana, cê vai seguindo a gente? Depois comé que cê
volta? Aí alguém responde:
- ELE DORME NO NOSSO
SOFÁ.
HAHAAHAHAHAHHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH
Setenta e oito tipos de
pavor tomaram conta da minha mente. Sério mesmo? Um completo estranho vestido
de preto, com 6 metros e meio de altura, nascido na Irlanda,
morado na Alemanha, catado na rua, dorme no sofá? Aparentemente, na Europa
pótchy.
Em menos de 10 minutos
eu era a pessoa que mais infernizava shana pelas ruas frias de Dublin.
Encontrar o Harry Potter não podia, né? Hum.
*****
xenon curtindo um brigadeiro só que não
Chegamos em casa,
Shannon entra como se fosse da família. Vamos pra cozinha, Shannon senta como
se fosse da família. Abrimos o bolo de cenoura, Shannon come como se fosse da
família.
- quiqui vem a ser esse
troço marrom em cima do bolo? Nojento...
(Vale lembrar que essa
conversa toda acontecia em uns 8 sotaques de inglês, um mais ininteligível que
o outro.)
-meu, xinga a mãe mas
não insulta brigadeiro?
E até explicar o que
vinha a ser brigadeiro, a amiga número um foi embora dormir. Sobramos eu,
Freddy e Xana na cozinha, enquanto eu tentava achar uma solução pra noite do
apocalipse.
Freddy tava achando tudo
muito tranks e Shana começou a reclamar de sono. Tacamos ele no sofá, fechamos
a sala e fomos dormir. “““““Fomos”””””. Freddy capotou-se e eu me tranquei-me a
mim mesma no banheiro com a minha nécessaire, meu passaporte, meus dinheiros de
européia rhyca e fiquei lá orando pra Jesus pra que Shannon não me encontrasse
tão próxima de uma banheira e não roubasse meu único rim.
Quando o dia foi
amanhecendo, tive vergonha dos outros moradores da casa me encontrarem nessa
situação deprimente e voltei pro quarto. Quando começaram a acordar e sair pro
trabalho, cabei pegando num soninho que deve ter durado umas duas horas e
acabou num daqueles despertares de filme, sabe? OMG TÔ VIVA? TENHO UM RIM
AINDA? JÁ É AMANHÃ?
Me lembrei de que não
tinha recipiente pra colocar tudas ropa que eu adquiri e resolvi tomar banho,
café da manhã e ir comprar uma linda maleta no brechó. Aí a realidade me deu um
soco e eu lembrei que shanoon deveria estar no sofá ainda. Tava. Dormindo como
um anjinho.
Fiquei com inveja da
coragi.
Sentei na cozinha e
comecei lentamente a comer tudo que existia, de bolo de cenoura à bolacha
digestive (nunca comam, esse barato vicia mais que crocs), quando vejo
xana apontando no corredor, descalço, sissintindo em casa.
- bom dia, preciso ir
embora já?
RISOS
- não, sentaí.
- meodeos, quem come
bolo e bolacha no café da manhã? Éca.
- quiqui cê come?
- torrada com feijão.
AÍ SIM, HEIN?
- tem não, quer café?
E ele levantou e fez
café pra si mesmo como se estivesse em casa.
10 minutos depois de
completo silêncio na cozinha, shannon me agradece pela hospitalidade.
- mas, bem, eu nem moro
aqui!
- mas era você que tava
mais apavorada comigo aqui e você não me mandou embora, brigado.
Aí eu tentei entender
que cacetes o infeliz tava fazendo perdido na cidade natal. Nem eu, gente. Nem
eu.
- então, é que ontem foi
o enterro do meu avô no Glasnevin Cemetery e eu passei a tarde na casa da minha
tia, que é aqui em
Phibsborough. Aí é costume ir ao pub pra beber quando alguém
morre, mas tava todo mundo feliz demais e eu fiquei #muito #chatiado. Quando
reclamei, meu pai me acusou de ser nazista como meu avô e eu pulei o muro do
pub e fugi.
QUEM. NUNCA.
Calmo todo mundo, que lá
a pessoa paga antes de beber, de modos que Xana não deu calote na conta.
Mas aí eu pensei.
Enterro ontem de manhã no glasnevin? Eu tava láááááá! Eu viiiii! Compartilhei
essa informação com o amiguinho e ele ficou todo sentimental, achei que ia
chorar e eu não ia saber como proceder, mas aí criamos um vínculo de amor e
amizade que durou pra sempre, Shannon já me convidou pra ir dormir no sofá dele
na Europa, como forma de gratidão.
Enquanto Freddy não
acordava, filosofamos sobre a vida, o universo, Dom Casmurro (juro) e tudo
mais, e ele queria comprar minha mala, me levar no aeroporto e me abraçar (acho
que era muito amor mesmo, porque ninguém se encosta na Irlanda).
Só sei que quando
desovamos Seanan naquela esquina, a única coisa que eu pensava era: KKKKKK
MINHA MÃE VAI ME MATAR QUANDO SOUBER.
*****
Comprei a mala e tantas
peças de roupa que não cabiam mais na mala. Apertei o que podia, vesti o que
não cabia e fui pro aeroporto de táxi porque eu sou rica que nem a Angélica. E
o motorista era o mais fofinho dos motoristas fofinhos de toda a galáxia e eu
queria que ele fosse meu terceiro avô, porque olha. E a gente foi conversando o
caminho todo, porque eu entrei em modo mongol porque o carro era do avesso e
ele disse que eu devia ser muito inteligente e eu quase transferi todo meu
dinheiro pra conta dele, porque pra ganhar meu amor pode chamar até de gorda se
chamar de inteligente.
Querido motorista de
táx, te amo.
*****
Uma fila de bolsa
família e 14 choques depois (nem perguntem), eu estava entrando na sala de
embarque rumo a Londres.
*****
Sempre achei engraçado
em aeroportos no braziu os estrangeiros pendurados no celular cas suas
respectivas famílias, falando por mais de meia hora. QUE RICOS! Mas meu chip
indiano me proporcionou essa experiência. Considerando que aquilo era
considerado voo doméstico e praticamã não tinha não europeus à minha volta, eu
era a estrangeira pendurada no telefone. Uma hora e meia chorando de perder o
ar com a minha pobre irmã, que ouvia muito amorosamente meu chilique.
Não me pergunte porque
eu não sei a razão de ter chorado por uma hora e meia.
Aí eu finalmente entrei
no avião e o resto fica pra próxima, porque nem um voo de uma hora daqui até ali é uma coisa
fácil quando você é eu.
Beijos e não parem de
seguir no reader.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
when it rains on the beach
Aí você está lá bradando
contra o casamento (só pra variar, só quando já deveria ter parado de falar
sobre isso, só quando deveria ter parado de falar at all) e lembra que tem que devolver um filme na locadora.
Vocês vão andando até lá
e quando tira o filme da bolsa já prevê a catástrofe que será quando o
interlocutor perceber que na capa se lê “CASA COMIGO?” em letras bem gigantes.
*****
Em evento totalmente não
relacionado, que coisa cocô é tensão emocional nos nossos entretenimentos
televisivos, totalmente não condizentes com a realidade, esta é uma obra de
ficção e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência, não é mesmo?
Não chega a ser um pouco
decepcionante o tanto que as historinhas são repetidas nos filmes? Não é
deprimente pensar que esse tipo de coisa nunca acontece na vida real?
Tipo a moça de
princípios que está quieta, minding her own business, mas o roteirista maneiro
foi lá e colocou um moço comprometido pelo sagrado matrimônio no seu caminho. E
ela tenta ser uma alma boa, tenta evitar a catástrofe o máximo que pode, tenta prosseguir
na missão de ir pro céu, mas o moço não está lá muito ligando pro estado civil,
porque o roteirista deu-lhe razões para (quem nunca?), de modos que fica tudo
assim meio nebuloso no universo.
Como em qualquer
história de roliúde que se preze, a outra parte do consórcio vem a ser uma
bruxa, o que facilita um pouco as coisas, mas não tem filme da sessão da tarde
sem aquela enrolaçãozinha no último terço, pra fazer a moça de princípios se
descabelar, o mocinho bocó repensar o que deve fazer da vida e a bruxa parecer
que vai se safar na história.
E sempre tem aquela
ceninha estúpida, em que a plateia inteira pensa “agoooooooora vai”, porque não
é possívio, né? A cara dos dois está ali a míseros centímetros de distância,
por que ninguém faz nada?! Se fosse no mundo real, NUNCA que essa oportunidade
seria desperdiçada! Mas não vai e
cada vez que você pensa no assunto você fecha ozolhinho e faz cara de
constrangimento porque haja clichê nessas porcaria de filme que passam por aí.
Nesse momento, o mocinho
vai pro aeroporto entrar num avião (cejura) e olha, vamo dar pause nesse filme porque eu tenho
assim um pouco de pavor de saber o final.
(A mocinha não correu
atrás de ninguém no aeroporto, só pode ser mau sinal.)
*****
E esse nem foi um
spoiler do filme acima, brigada.
*****
Fim.
[Acontece no blog, fica
no blog :)]
terça-feira, 16 de outubro de 2012
os passeio tudo
Os passeios do primeiro
dia em Dublin cumpriram todas as etapas da checklist. De modos que o que viesse
depois seria lucro. E foi lucro mesmo.
Apesar do clima biruta da cidade: garoa, venta, esfria, some nuvens, esquenta,
venta, esfria, garoa de novo... não choveu mais. E em tudo que foi lugar deu pra
tirar fotos com céu azul.
Apesar de eu ter
anotado, é bem provável que eu esqueça algum lugar.
Porque você está ali
aproveitando as coisas lindas que tá vendo pela primeira vez na vida e,
sinceramente, o interesse maior era guardar aquilo tudo na cabeça pra mim,
muito mais que contar pros outros.
Mas tem bastante passeio
que eu marquei na listinha hahaha.
Trinity College
Disk é lá que fica o
livro mais antigo do mundo, the Book of Kells. Eu não fui ver. Pra ser sincera,
quando passei lá, não sabia do livro, eu só queria ver a arquitetura mesmo. Aí
resolveram cortar a grama do local e mesmo minha alergia estando muito mais
amena, eu não queria morrer na Europa. Tive que ir embora.
Grafton Street
Cêis já assistiu aquele
filme LINDO “Once”? Eu assisti e caí no amor. Provavelmente o único filme sem
final feliz que eu gosto. (Não é trágico o final também, não é spoiler.) Pois
eu sabia que o filme tinha acontecido em Dublin, só não sabia onde. E foi nessa
rua. Que, meldels, é linda duns 30 jeitos diferentes. Tem lojinhas com
chocolate delícia, tem lojas de rica, loja da Disney, peruanos tocando flauta,
estátua viva, porteiros de loja super fofinhos, bandeirinhas e é tudo amor. Eu
queria morar lá.
Stephen's Green Shopping Centre
No fim da Grafton Street tem esse
shopping que Curitiba copiou descaradamente. Mais uma das coisas trabalhadas no
control C da Irlanda. Lugar marlindo, acabei só vendo por dentro porque
precisava ir ao banheiro hahahaha. Só procês saberem, pra ir na casinha tem que
pagar. Achei deselegante, apesar de lindo.
St Stephen's
Green
Atravessando a rua em
frente ao shopping, tem o parque. Cuja entrada é ingoal à do Passeio Público em curitola. Sabe ?
Gente, o que era esse
parque? Todas as cores de flor, gazebos, animais com pena, caminhos, árvores,
lagos, fontes... tudo lindo. LINDO.
Ficamos horas andando
por ele, até chegar do lado oposto, pra dar voltinhas pela cidade. O melhor foi
a hora em que encontramos o encantador de patos, que estava com um flango uma pomba no braço, vários patos em volta e passava a mão no
pescoço de um cisne gigante. Depois de um tempo, o tio enjoou de ficar ali
mexendo nos cabelos do cisne e foi fazer um movimento poético pra pomba voar do
braço dele. Sabe um impulso pro troço voar? Pois a pomba nem tava a fim e se
jogou no chão igual uma pedra e a gente riu meia hora porque foi muito
engraçado, eu juro.
Tem outro filme que tem
uma cena nesse parque, o Leap Year. Que eu assisti depois de ter voltado e
derramei uma lágrima quando reconheci a paisagem. É um lugar que vale a pena ir
com tempo, vos digo isso.
Saint Patrick’s Cathedral
Nada, nada que eu tenha visto nessa
vida me prepararia pra esse momento. Eu amo igrejas, a história, a arquitetura,
a vibe medieval. Uma igreja em Dublin tinha automaticamente todos os
pré-requisitos pra me fazer feliz. Mas essa igreja era FENOMENAL.
Primeiro que chegamos no fim do dia.
01 dica: tudo que é passeio é pago, ingrejas incrusível. Tudo fecha cedo. MUITO
CEDO. A senhorinha da recepção ficou muito sentida, porque teríamos que pagar,
sei lá, seis euros por meia hora de visitação e cobrou só uma parte. Avisou mil
e douze vezes que teríamos que sair até 17:30.
Só que o lugar era tão lindo e eu
estava tão sofrida com a falta da minha mala, que eu não conseguia sair. Tava
hipnotizada. Nesse momento, faltando 10 minutos pra gente ter que sair, um
coral de menininhos começa a ensaiar um canto gregoriano e eu só sei que não
quero nunca mais ir embora. Então vem o padre e me pergunta se eu quero ficar
pra missa e é LÓGICO que eu quero. Vou te contar: melhor missa. Sem enrolação,
ingoalzinho no braziu (só que ao contrário), mas as partes fixas eram iguais
mesmo, de modos que era simples de acompanhar. Com o plus a mais do canto gregoriano com órgão de verdade, daqueles em
que os tubos chegam no teto.
Melhor coisa que eu fiz.
Eu e Frederico então saímos da
igreja quando a missa acabou e fomos pro jardim que fica na igreja, onde está a
vista mais sensacional de toda a cidade (na minha opinião). Quiqui São Patrício
faz pra se comunicar comigo? Um arco-íris. Lindo e incrível, passando por cima
da igreja e do jardim.
Desculpa aí, pessoal. Mas a Irlanda
foi super com a minha cara. Quero chorar só de lembrar.
Ha'penny bridge
Eu amo ponte. Não,
sério, é MUITO AMOR por pontes. Fiquei enlouquecida na ha’penny, porque é a
ponte em que os bocó tudo enche de cadeado do amor. Nos guias todos tem a
historinha, que os vikings curtiam essa ponte porque levava do povoado até o
pub e eu me pergunto em que ponto foi que nego viu o potencial macumbístico do
local e passou a pregar cadeados ali e jogar as chaves no rio. É lindo, é
sensacional, mas eu muito queria ir lá com um maçarico arrancar tudo, só pra ver a galera chorar
HAHAHAHAHAH. Not.
Christ Church Cathedral
Outra igreja incrível. Logo na
chegada você já vê um pedaço das ruínas de milhares de anos, sem cerca, sem
nada, com um cartaz que diz “por favor não pise ali” e ninguém pisa e pronto. A
igreja é linda por fora, tem uns vitrais maravilhosos, tem uma ponte que liga
com o outro lado da rua (e eu achava que era alguma coisa muito secretíssima,
mas nem era, era só o caminho de volta de Dublinia), tem calabouços, tem um café subterrâneo e um gato mumificado da
depressão. Também tem figurinos de The Tudors, num é moderno? Eu teria
aproveitado 98% mais as aulas de história na escola se alguém tivesse me levado
na Europa antes, só digo isso.
Dublinia - Viking & Medieval
Na hora de comprar o ingresso pra última
igreja, a gente podia comprar junto o do museu viking. 01 aviso: ninguém te diz
que tem hora pra entrar no museu e a gente muito achou que tinha perdido o
bonde. Provavelmente fomos os últimos a entrar, porque nem deu tempo de
terminar de ver antes de fechar. Mas deu tempo de ver muita coisa e era tudo
muito legal. Melhor parte: o viking no banheiro – gente, sério, só estando lá
pra rir por duas horas desse momento – e a vila, onde a gente passeava, fingia
que comia, gritava cas quiança de cera, tampava o rosto quando uma pobre tava
tossindo a peste negra e coisa e tal. Tinha até roupinhas procê se vestir de
pessoa do passado, vale muito a pena a brincadeira.
National Botanic Gardens
Ahhh, dona Curitiba. Então foi aqui
que a senhora se inspirou pra fazer
seu jardim botânico? Que coisa, né? FICOU IGUAL.
Mentira, o jardim botânico lá é
moito maior e tem muitas instalações de arte PIMBA pra gente rir enquanto
passeia. Melhor coisa foi ir lá com bastante tempo livre, porque deu pra ver
tudo com calma, porque o negócio é grande. Das coisas da natureza que não tem
por aqui às tralhas artísticas espalhadas, tudo era muito maneiro.
Vale procurar o lago e ficar milhões
de anos sentado na beiradinha, tem uma ponte muito fofa lá também, tem
cachoeira, a horta com girassóis gigantes e espantalho, o jardim das rosas ♥♥♥♥♥
(com vista pra outra igreja), a estufa, tudo. Veja tudo.
Se eu não me engano, até restaurante
tinha lá.
De preferência, vá à pé. O caminho
pra lá é lindo e tem um pub sensacional no caminho (a fachada, pelo menos
hahahaha). Ali também tinha um correio, que facilita muito pra quem quer mandar
postais e não quer ir na mega agência da O’Connell Street.
O’Connell Street
Um amor na minha vida. Lojas abertas
até tarde, lojas abertas no domingo. Arvorezinhas bonitinhas, a escultura que
eu chamei carinhosamente de ¯\_(ツ)_/¯, a agência do correio cuja
arquitetura está impregnada na capital paranaense, onde tem o monumento à coisa nenhuma - Spire of Dublin, uma agulha gigante no meio da cidade -, onde tem a Penneys que me
salvou a vida e que vem apenas a ser a Primark com outro nome. AHÁÁÁÁ, por essa
ninguém esperava. A loja favorita das blogueiras rhycas brasileiras é nada mais
que um lojão caíííído, mas europeu, não é mesmo, meu amor? Salvou minha vida
siiiim, mas pagar de milionária usando calça de 8 euros é um pouco além da
minha boa vontade. Fica aqui a dica pra amiga dona de casa que sofre quando vê
as nega afortunada fazendo inveja.
The Brazen Head
O pub mais antigo da Irlanda, tenho
pra mim que era lá que queriam chegar pela Ha’penny bridge. Não fiquei muito
tempo lá dentro, mas gostaria de. Mas é que eram tantas horas andando, andando,
andando que de noite tudo que eu não queria era ser feia num pub. (Sem roupas,
sem chapinha, sem maquiagem, lembram?). Fora que as andanças todas deixavam o
pé num estado de destruição, que depois de tomar banho, não agüentava nem andar
pela casa. Pra ser bem sincera, tinha dias em que eu chegava em casa com o
andar do QWOP. Teve um dia que o andar aconteceu literalmente, pra uma platéia
na casinha ao lado, que assistia horrorizada.
*****
Obviamente aconteceram muitos outros
passeios, tipo um que envolveu passar na frente do pub onde foi composta a
música Hallelujah, mas eu não dei bola porque não sabia disso naquele momento.
Lugares cujos nomes eu não lembro. Merchant’s Arch, lojinhas em Temple Bar. A
Carroll’s pra todos os souvenirs e claddaghs do mundo aimeldels quero todos
(acho que trouxe apenas uns 20 pra casa). The Church Bar, que é uma igreja que
virou bar hahahaha. Tudo tá lá ainda, os vitrais, os tubos do órgão, não sei
comé que pode. King's Inn, onde a árvore engoliu o banco da praça.
E o cemitério, que fica pro episódio
final sobre essa linda cidade do hemisfério norte. Aguardem.
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Dublin
Se minha vida fosse um comer, rezar, amar, bem
brega, em Dublin eu fui pra comer. Sem dó da minha dietinha estúpida e
infinita, avisei até o médico pra aumentar a dose do remédio. Só que meu plano
deu um pouco errado, uma vez que parar pra comer gasta horas preciosas de
passeio e acontecia só quando o desmaio era iminente.
Bão, o primeiro dia de passeio em Dublin começou com
tempo fechado e garoa. A graça ficava por conta da população, que não usava
guarda-chuva. Pessoas com carrinhos encapavam seus filhinhos com prástico, mas
o resto da galiéra deve ter nascido com o cabelo bom, porque ó. Tudo na chuva.
Eu, que nasci com cabelos finos, me transformei em
medusa antes do fim do primeiro quarteirão.
Uma coisa sensacional: tudo foi feito à pé.
Fomos do aeroporto pra casa de ônibus de dois
andares porque precisava, mas dali pra frente, foi tudo na tração humana kkk.
Quase caiu uma lágrima do meu olho quando entramos na ruazinha com cara de subúrbio
europeu, casinhas trabalhadas no control C, portas coloridas, carros andando no
lado avesso da rua. Muito amor. Você se sente automaticamente protagonizando um
filme (ou sou só eu que tenho esse tipo de mongolice instalada no cérebro).
Uma coisa incrível é a velocidade de adaptação do
cérebro com a rua do avesso. Sei lá se é o instinto de sobrevivência ou se eu
nasci no lugar errado do planeta. Em meia hora tava diboua com a rua trocada.
*****
Você aprende em menos de 12 horas que o clima de
Dublin é uma coisa assim, como direi, impossível. Saímos de casa com chuva,
meia hora depois tava sol, depois venta, depois chove, depois faz sol com chuva
e vento, depois esfria 20 graus, depois você está descabelada e acreditando que
vai ter o pior hit combo gripe+alergia da vida. Mas você nasceu pra ser
européia, de modos que está apenas descabelada e com a saúde em perfeito estado
de conservação.
*****
Dublin é um lugar onde as pessoas são maníacas por
florzinhas. Tem penduradas nos postes, na frente das casas, milhões na frente
dos pubs, na margem do rio, EM TODO LUGAR. Mas deve ser flor de rico,
porque eu não tinha alergias infinitas a elas e eu só não tenho alergia a flor
de rico. Aí você olha aquelas construções que devem ter uns 800 anos, com
aquelas florzinhas, aquele céu – que mesmo cinza ainda deixa a grama mais verde
que qualquer grama que você já viu – e pensa seriamente em mandar uma carta pra
casa, dizendo ao povo que fico.
*****
E a magya de entrar nos lugares e tudo estar
quentinho? Não aquele bafo de quem não sabe regular o aquecedor, aquele
quentinho maneiro, que você tira o cachecol e fica confortável vivendo. Pfv,
Curitiba, aprenda.
Aliás, em tópico totalmente relacionado, quei foi
que copiou Dublin inteira aqui no sul do braziu, hein? Não fossem as casinhas
repetidas e a grama extra verde, eu acreditaria que só fiquei tempo demais no
interbairros e não tinha saído de casa. IN GO AL. Quem quer que tenha sido,
favor ir lá copiar as coisas boas também. Quero casa quentinha no inverno, quero
gramas antialérgicas, quero florzinhas nos postes.
*****
Ao contrário de Londres e Cardiff, fui pra Dublin
sem um mapa na mão. Falei pro Frederico que queria 01 castelo, 01 pub e 01
igreja e o resto do tempo podia passar contemplando a ideia de estar na Europa,
que tava beleza.
Então, pro primeiro passeio, fomos caçar o castelo
de Dublin. Achamos, mas parecia que não, porque o negócio não parecia um
castelo. FOM. Mas tinha aquelas casinhas de guarda, de modos que já valeu o
passeio.
Dali, fomos almoçar em Temple Bar. Que ,
ao contrário do que eu imaginava, vinha a ser um “bairro”, não um bar.
Almoçamos no The Temple Bar, que sim, vem a ser um pub. Olha gente, não é fácio
entender a Irlanda.
O mais bonito é que as quadras de Dublin são
compostas da seguinte forma: um pub na esquina, uma igreja no meio, um barber
shop perto da outra esquina e uma casa de apostas pra finalizar. TODAS AS
QUADRAS. Com milhões de vasos de flor pendurados e portinhas coloridas.
De modos que o povo da região começa a beber às 9 da
manhã. Achei muito chocante as peçoua finalizando pints de birita na hora do
almoço. E pode, Arnaldo? Lá, pode.
Ou seje: 01 castelo, check. 01 pub, check.
O próximo destino era a Guinness Storehouse. Nunca
fui fã de biritas, mas depois que a vibe da cerveja com frufru se abateu sobre
meu círculo social, achei que valeria pela inveja do check-in no foursquare.
Mas no caminho o quiqui a gente acha? O que? Uma
igreja. St. Audoen's
Church, que parecia mais um castelo que o próprio castelo e que tinha a grama
mais verde que a grama do vizinho. Mesmo com o tempo super fechado, era a coisa
mais linda.
Continuamos
nosso caminho rumo à fantástica fábrica de birita. Óia, a maravilha de conhecer
uma cidade a pé é ver em câmera lenta tudo de lindo que ela tem. Não só os
lugares onde a gente ia, mas por onde a gente ia, tudo lindo.
A
cidade meique idolatra seu Arthur Guinness, sabe? Toda uma campanha pra pintar
a cidade de preto em homenagem a ele dali alguns dias.
E
olha, o passeio da fábrica é maneiro até pra quem não curte cerveja. É tudo tão
bonito... incrusivemente a fonte, onde eu joguei uma moedinha de 10 centavos
brasileiros, pra descobrir depois de dar a volta que as moedas viram doação e
morrer de peso na consciência porque né? Tivesse eu uma moeda de um real, teria
tacado lá. Kkkkkkk.
Depois
de ver como a cerveja é feita, muitos filminhos, passar por corredores e
exposições e aprender a servir seu próprio pint perfeito de Guinness, você sobe
pra um bar panorâmico sensacional. Atorarei voltar lá num dia de sol, porque
deve ser incrível. Se bem que o céu cinza, as construções terracota (risos) e
as abóbadas verdes deixavam o negócio todo muito bonito de onde eu via.
*****
Ok,
você vai. Leva horas indo. Aí tem que voltar, né? Você está andando há umas
oito horas e está a mais ou menos uma hora inteira de chegar em casa. Então vamo.
No
primeiro dia eu já estava com os pezinhos num estado de destruição nunca dantes
alcançado. Primeiro porque a andança era grande. Depois, porque sem minha mala
eu estava sem meu tenizinho de passear longas distâncias, sem minhas meias
fofinhas e anti esfolamento de pezinhos, sem hidratantes, band-aids, sem nada.
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