segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

vaneça pessoa

Se as outras pessoas sequestram minha personalidade e escrevem como se fosse eu, pensei: por que não escrever como se fosse ozotro, não é mesmo?



Porque, gente, coerência pra escrever aqui: não está tendo. Estou gastando toda a capacidade mental de tirar palavras do nada pra transformar éter em dissertação.

Inclusive lembrei do tema do próximo vídeo. Veja bem, não é que eu QUEIRA fazer um vídeo (apesar de ninguém ter me chochado, o que foi ótimo, e pessoas terem realmente ASSINADO O BENDITO CANAL), mas é que o sangue italiano às vezes impede que eu fale sem usar as mãos. Pra isso o vídeo. Mas vamos ver, né? As pilhas da minha câmera tão de palhaçada, no meu celular não tem espaço suficiente, esses problemas característicos de primeiro mundo.

Inclusive em assunto não relacionado eu tô chocada que a palavra "chochar" existe e vem a ser escrita com CH.

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A vida melhorou bastante, num contexto geral, apesar de continuar sendo uma grande merda enquanto existência. A alegria de janeiro (todo ano) e do momento atual que estou vivendo é que se trata de um mês que a cota de babaca com quem sou obrigada a conviver reduz drasticamente. O inconveniente é que ainda existem prazos, doenças crônicas, provedores ruins de internet e barras de windows travadas. Dos males, o menor.

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Inclusive toda essa condição estranha de vida sempre traz uma palavra pro fundo do meu cérebro.

Não sei se já falei sobre isso aqui, mas eu tenho esse problema mental que funciona assim: sabe quando uma música gruda na sua cabeça (inclusive, VAI CAGAR WESLEN SAFADÃO)? Na minha, às vezes gruda uma palavra ou uma frase. Exemplo? Tinha uma comunidade no orkut chamada "maldade inata do ser inanimado". Não lembro o que caramelos aconteceu um dia e alguma das minhas tralhas se moveu sozinha, caiu e quebrou. De modos que meu cérebro imediatamente pensou: maldade inata do ser animadinho. GENTE, e pre tirar isso da cabeça? Até hoje, um vento bate e um catavento roda, tô lá eu com essa sentença pregada na cabeça.

Tem outro problema mental que consiste de ter aversão a algumas palavras. AVERSÃO. Não posso ler ou escutar e, definitivamente, pronunciar. É tipo azeitona enquanto comida. Não dá. Se alguém profere, eu escuto como ofensa pessoal e você pode saber que é meu íntimo se eu falar "cê tem apego a essa palavra? PODE NÃO USAR NA MINHA PRESENÇA?????" Entre a pessoa e a distância da palavra, sempre escolherei a distância da palavra.

É tipo quando alguém raspa a unha na lousa ou qualquer coisa que te dê vontade de virar do avesso e tal.

Eu tenho a maluquice das palavras.

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Então eu tava um dia na escola e ouvi pela primeira vez a palavra niilismo. Quando eu ouvi a explicação, só pensava "zuêra, cara, não pode se". Como que alguém cria a ode ao nada? Como que alguém sente esse nada?

Aí eu fui pra casa e deitei na minha cama e fiquei umas boas quatro horas olhando pro teto, pensando nessa palavra e nesse movimento (adoro a ideia de uma coisa ser um movimento pra exata falta de). De repente me dei conta que eu era um receptáculo do niilismo e que essa sensação zoada que eu sinto com uma certa frequência é uma vontade de reduzir ao nada ou de não-existir.

A maioria dos meus dias é um grande amontoado de vários nada, parece que eu tô sempre no dia da marmota e sempre tô de volta no despertador tocando, aquela tristeza de não estar mais dormindo, acorda, luta contra a cara feia, a figura feia, o cabelo feio, contra a ansiedade desgracenta que não me permite simplesmente sair de casa sem ter um princípio de infarto toda manhã, vai pro trabalho horrível, senta lá por horas, estuda, vai pra academia, passa no mercado, volta pra casa, come, limpa, estuda, sente nada, toma banho, dorme e repete. 

Então às vezes eu tô fazendo uma dessas tarefas automáticas e penso QUAL É O OBJETIVO? Não dá pra simplesmente deixar de existir e abreviar esse amontoado de nada?

Porque, além de tudo, tem 83 mil vozes na minha cabeça e nunca estou no absoluto silêncio (a não ser quando eu medito, leio por entretenimento ou lavo louça e só a última atividade está disponível no momento). Então eu oscilo entre amor e ódio pela música, porque às vezes só ela apaga a falação, mas outras vezes eu preciso ouvir.

E aí meu eu interior muda do completo nada pro significado número 3 para niilismo no houaiss: total e absoluto espírito destrutivo, em relação ao mundo circundante e ao próprio eu. Tipo pensar em quais seriam as consequências de tacar o carro no poste comigo dentro e me preocupar mais com o poste e o carro que comigo.

(Num precisa vir o bonde do psiquiatra, é uma coisa absolutamente normal pra quem tem probleminha pensar. Mas não passa do campo das ideias, pois DEVOTA DE SÃO PLATÃO.)

Falando em Platão, há males que vêm pra bem e uma pessoa cuja aparecência na minha vida causou o pensamento "lá veeeem o maaaaaaaarcos" "mas não é como se eu já não tivesse problema demais" e hoje a pessoa é meique a solução. Eu penso "mas que bosta de dia" e aí chega o cerumano e eu penso "ok, aceitando viver neste momento". Tá ali só de enfeite, mas pra quem não tem apego com a existência nesse momento, o negócio é considerar qualquer coisa.

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Faltou inserir aqui um filme pedante que ninguém com menos de 90 anos assistiu e falar deles como se fosse "uma linda mulher", que ABSOLUTAMENTE QUALQUER TERRÁQUEO pegaria a referência, mas eu realmente não estou tendo tempo nem pra fingir pedância. Se puder falar de american idol, aí já resolve o problema, porque dá pra deixar no segundo plano enquanto leio sobre o eloquentíssimo AGRONEGÓCIO BRASILEIRO. 

Mas, no caso, por enquanto é isso.

Não morri e não deixei o blog forevis.

Apenas temporariamente fazendo ode interna ao nada.

:)


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