terça-feira, 9 de julho de 2013

not everyday is a bad day



Talvez você não saiba apenas lendo este blog, mas eu sou a louca da festa junina. Morar no sul deu uma boa dificultada nessa tradição, porque aqui mal tem quermesse. As pessoas chegam a achar engraçado festa junina de igreja, esquecendo completamente que que são as festas de Santo Antônio, São João e São Pedro, basicamente. Mas ok.

Neste ano eu acho que já fui a umas cinco festas, perdendo apenas aquelas que dilúvios impediram. No último sábado eu fui em duas.

A primeira era "meu território", aquela festa em que a gente conhece praticamente todo mundo, sabe? Não que isso faça diferença na hora em que eu estou me vestindo, eu sempre faço a caipira esculhambada. Isso porque eu nunca acho um vestido "oficial" que sirva e estou sempre com roupas do dia a dia combinadas de forma a parecer caipira extreme. O característico blush chinelada, pintinhas, duas tranças feitas com cabelo próprio, batom vermelho rubi woo (caipira chique, meu bem) e dentes pintados de preto, é claro.

toda a beleza da muié brasilêra desprovida de autoestima

Pois se no lugar onde todo mundo me conhecia foi difícil sobreviver sem ouvir "meodeos, ahahhahahahhahahahaha, olha sua caaaaaara" por mais que 5 minutos, imagina o que aconteceu na festa número dois, aquela em que a gente vai de convidada, porque alguém  que você conhece trabalha na empresa que está oferecendo a festa?

Gente, festa junina corporativa, não fui feita pra esse tipo de evento porque não sei me comportar.

Cheguei sozinha, então fiquei de boca fechada, né? Porque meu sorriso tava hipnotizante e ficava um pouco chato se não tinha ninguém do meu lado pra dar aquele balanço, tipo "é desorientada mesmo, mas tem gente que gosta dela mesmo assim". Procê ter uma ideia: uma amiga presente no evento chegou a ficar em dúvida se eu era eu mesma, devido ao nível de auto esculhambação.

Então eu tava lá num evento em que eu era coadjuvante da história secundária, muito quieta no meu canto, pra não envergonhar ninguém e nem promover a fama de piriguete que a sociedade me deu. TAVA SENTADINHA NO CANTINHO, MINDING MY OWN BUSINESS.

Aí a festa vai enchendo, animando, eu vou passando mal por motivos de crepe comido na festa anterior (a pessoa resolve comer farinha esporadicamente e se acaba na indisposição), de modos que tive que correr pra comer alguma coisa, qualquer coisa, pra acalmar meu estômago. Minha bolsa de caipira não comportava remédios e eu tive que apelar pro caixa das fichas.

Quano chega minha vez na fila, a coisa mais bonitinha que meu zóio viram naquela noite: um moço aaaaaaaaalto, maaaaagro, branquiiiiiiiinho, todo bonitinho, todo trabalhado no bigode de kajal, calça curta e botina. Se tem coisa que eu amo tanto quanto essa festa é o povo que entra no clima. Me apaixonei imediatamente. Tanto que troquei uma fortuna em fichas apenas pra não dizer não praquela criatura.

Comi, permaneci enjoada, bebi águas, respirei, cantei anitta (agora até eu sei que """""""""""""""""""""""""""música"""""""""""""""""""""""""" é essa), mas só ficava assim distraída com eficiência quando tava encarando de forma deselegante o moço do caixa.

Tava ali sofrendo de amor, não resisti: chamei a coleguinha trabalhadoira do local em questã e perguntei quem vinha a ser aquela pessoa que viria a ser meu marido no futuro próximo. Ela não conhecia.

Fui passear pelo ambiente com as pessoas. No caminho de volta pra mesa, o objeto do meu amor estava parado de frente pra entrada do salão, de onde eu vinha conversando animadamente com a minha amiga, de modos que meu sorriso ficasse evidente. Quase morri ao ver a expressão do moço me encarando, com a maior cara de "gente, precisa disso?", mas assim, meio que bem humorado, não sei.

Nisso, vem a coleguinha me dizendo que tá tentando descobrir quem ele é, porque nunca viu na empresa. Considerando as possíveis funções que ele poderia desempenhar, senti uma onda de pânico ao imaginar que pudesse se tratar de um dentista.

Com a pessoa confinada no caixa do evento, ficava impossível tentar esbarrar casualmente e iniciar uma conversa casual. De modos que o único jeito foi apelar pra perguntas idiotas no momento em que ele saiu de perto da pessoa que dividia a função com ele. 

Depois de fazer a repórter, minha amiga volta quase sem ar de tanto rir, com uma boa e uma má notícia. A má, obviamente, é que o moço já tem uma namorada. Namorado não é casado, vai que ela é chata e ele não aguenta mais, né? Fácil. A boa notícia é que se tratava apenas do FILHO.DO.DONO.

Fuéééén.

Vamos estar preservando a identidade da empresa, por se tratar de um grande conglomerado de renome, ainda que talvez apenas em curitola, mas gente. Tem condição não. Como disse uma das presentes: cê não consegue começar do menorzinho, do mais baratinho. Mira já na prateleira mais cara!.

Gente, taí uma verdade.

Fui criada pra ser princesa, estudei numa business school, tenho o zóio treinado pra achar a melhor oportunidade onde quer que eu esteja.

Tamos aí tentando descobrir o sobrenome do príncipe e arranjando motivos pra visitar a empresa (que não me faltam, ó que beleza) e já planejando aqui o que fazer quando herdar o império.

#eusourica

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Em assunto totalmente não relacionado: em algumas segundas as pessoas te roubam. Em outras, a pessoa de quem você sonhou roubar o primeiro beijo vinte anos atrás (mas não fez isso porque é bocó) te confessa assim, sem pretensão nenhuma, que pensava a mesma coisa em relação a você. No mesmo dia, na mesma hora, no mesmo acontecimento social - num passeio no campinho de futebol.

Num é bonitinha a vida?

Às vezes eu acho.