terça-feira, 30 de julho de 2013

dois bicudos



heads up: não consigo organizar as ideias pra esse post.


Meus pais sempre fizeram questão que a educação musical dos filhos incluísse absolutamente tudo que fizesse barulho. E se você pensa que funk é ruim, experimenta até sua mãe aparecer com um cd de música tribal, simulando os sons desde o início da humanidade. Cê prefere escutar qualquer ~qualidade~ de batidão a sons aborígenes, vai por mim. Cê prefere escutar Michel Teló que orquestra de flautas doce. MEODEOSDOCÉU, um dia eu vou martelar aquele cd da orquestra de flauta doce até a fissão nuclear dos átomos daquela porcaria. (Mãe, se você tá lendo, cê já sabe do meu apreço por aquele cd.)

Mas assim, a coisa não podia ser feita com amor. Quanto pior o gênero musical, pior a hora de execução. De modos que quanto mais potencial pra ser odiada, mais provável de ser tocada na hora do despertar (como cêis sabe, minha hora favorita do dia). Nunca vou estar esquecendo a época da oitava série e o eterno Gian e Giovani (não me interessa como escreve o nome desses dois, ok?). E não bastava cd, disco. Minha mãe tinha que ligar na rádio e oferecer a música pra gente HAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHA.

Meu pai sempre foi muito roqueiro, do tipos que tem banda cos 38 irmãos (ô gente pra ter filho essa do passado), então a gente pôde escutar muito Pink Floyd, Deep Purple, Queen, Supertramp, Iron Maiden, Metallica, Guns'n'roses e tal. Mas a gente tinha uns vizinhos meio pentelhos, então, quando eles começavam a gritar rock pelo corredor, minha família combatia com Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo, Zezé e Luciano. VALEO AÊ GALERA ¬¬

Minha mãe começou tocar piano aos seis anos e tocou a vida toda, fez tudo que é tipo de conservatório, faculdade de música, canto e tal OUSSEJE. Também crescemos ouvindo Beethoven, Bach, Vivaldi, Haendel etc etc etc. Mas de vez em quando tacava um Bananarama na vitrola e vamo nessa, né?

Grazadeus ninguém na minha casa curtia muito Beatles e Chico Buarque, oremos. (Guardem suas preciosas opiniões pros seus espelho, não me interessa, brigada.)

*****

Também tivemos muitos momentos de MPB, mas era o que a gente menos ouvia. Lembro de ter me interessado mais por Marisa Monte, Caetano Veloso, Gilberto Gil já maiorzinha, tipo depois dos 15 anos e com força na época da faculdade, com uns 17. 

Nessa época longínqua da minha vida, quando Alexandre Nero ainda não era famoso e tocava musgas num bar podrão em Curitiba, eu me apaixonei pela sua belíssima voz ao som de Magamalabares e Um Índio. Depois de um tempo eu fiquei tão insuportável que ele sempre oferecia uma dessas cançãs para a minha pessoa, quando eu tava debruçada no camarote ♥♥♥♥♥♥

E, com a finalidade exclusiva de cantar todas as músicas com o Nero, eu cavoquei a internet atrás de todas as músicas de MPB que fossem compatíveis com os meus ouvidos, excluindo terminantemente chicos, gals, vanessas da mata e outros engodos do tipo.

Foi assim que eu e Ana Carolina ficamos amigas kkk.

Por mais que eu seja super a favor de músicas de dor de cotovelo, que me afunde em Brandi Carlile, Gabrielle Aplin, Russian Red, eu tenho um probleminha com música de corno ou de baixa auto estima, sabe?

Eu vou sair nessas horas de confusão
 Gritando seu nome entre os carros que vêm e vão
Quem sabe então assim 
Você repara em mim 

PFV, né, amiga? Vai reparar sim, vai chamar a polícia, vai te indicar o MADA, vai avisar os vizinhos pra tomar cuidado, vai pedir mandado de restrição. 

Mas sei lá, entre isso e Marisa Monte cantando sobre cérebro eletrônico, eu ainda prefiro isso. Acho que a gente acostuma.

(Eu tenho esse probleminha crítico mesmo quando eu gosto do artista. Eu tenho consciência de que é impossível gostar de todas as músicas e to diboa daquelas que são ruins.)

Então eu tava lá vivendo minha vida e apareceu um show da Ana Carolina na minha vida. Não lembro que ano foi isso por mais que eu tente, mas deve ter sido, sei lá, 2007. Lembro que o ingresso custava 60 dinheiros, 30 se a gente levasse uma lata de leite em pó. Lembro também que não sabia que tinha aquele bonito preconceito com cantoras de MPB e não tinha a menor ideia de que iria parar no meio da maior concentração de moças que gostam de moças do universo. Nem que meio mundo ia me julgar por ter ido sozinha. Ó MINHAS RUGA.

Cheguei cedo, fiquei perto do palco, que era baixo e tinha uma visão muito maravilhosa pros instrumentos. Eu estava esperando ansiosamente pela melhor música de todos os tempos (vale muito ouvir a versón ao vivo por causa de belos batuque que eu vi ao vivo111!!!1!!), mas sabia cantar absolutamente todas as músicas. Uma coisa assim muito bonita.

Aí apareceu uma pessoa louca na minha vida que se apossou das musgas da Ana [/íntima] (cêis sabe como é, né? quando alguém se apossa de uma coisa que você gosta e aí você é obrigado a detestar a coisa até expurgar o indivíduo da sua vida? tipo o que aconteceu entre mim e o twix, apenas que eu nunca mais vou poder comer twix na vida?) e eu fiquei de mal e deletei tudo do meu computador e nunca mais ouvi.

Mas meu HD morreu e eu resolvi baixar músicas que me fazem feliz e eu fui num show do Cauby ♥ (e aqui eu devo avisar que li que ele ia cantar retalhos de cetim e não sei por que raios meu cérebro ficou com retrato em branco e preto na cabeça E NÃO ME INTERESSA QUEM ESCREVEU SE NÃO SABE CANTAR) e eu baixei Ana Carolina tudo de novo.

Só que fiquei nas musgas antigas, nunca mais baixei nada novo e tava vivendo normalmente.

Até que alguém ligou o rádio do meu carro (coisa que eu NUNCA faço) e eu escutei que Ana Carolina estaria estando fazendo um show em Curitiba.

Será que vô? Será que num vô? Será que é na PQP? (é) Será que custará milhões? (sim)

Desencanei.

Tava deprimida por assuntos não relacionados, gastando dinheiros que não tenho, pintando unhas com cores que não gosto, toca meu celular.

- Cê gosta de Ana Carolina?

Meu, a falta de carboidrato na vida da pessoa é um assunto sério, porque eu só conseguia pensar em docinhos ocos cheio de recheio doce e ruim.

- Ana Carolina, sua anta, a cantora.

AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

- É que eu ganhei um ingresso extra pro show amanhã, cê qué?

OPA, vô querê!

De modos que no dia seguinte, tava eu linda, loira e japonesa na entrada do teatro que fica pra lá do raio que o parta, esperando pra ver o show da minha querida cantora brasileira favorita. Com uma diferencinha: num sabia música nenhuma.

*****

Quem me deu o ingresso não conhecia o teatro e disse que ficaríamos na fila 39. O teatro é gigante e a fila 39 é na pqp, então nem levei máquina fotográfica, fiquei apenas empolgada em ouvir as cantorias de uma pessoa que não desafina ao vivo - não tem como não amar.

Acontece que a gente ia ficar na CADEIRA 39, na fileira 6. Tipo assim, na cara da dona Ana, cê tá entendendo? Quase morri de catapora com a proximidade que não era suficiente pra essa porcaria de câmera de iphone. Mas não tem problema, porque eu tava vendo ela linda e maravilhosa e perfeita debaixo daquela luz horrível (tem que nascer muito incrível pra ficar bonita nessa luz) e ouvindo e ai ai.

E eu, que sempre tive um problema em me entender com a definição da palavra catarse, tive uma ali mêmo.

Aliás, esse teatro é o campeão. Ali eu vi a linda palestra maravilhosíssima com seu Ariano Suassuna que mudou minha vida, sabe?

Sou muito sortuda. Tenho os melhores amigos do mundo pra me darem um presente desses, viu? Eu e Ana estamos de bem agora.

Mas ó, se você num curte as MPB, recomendo que vasculhe a imensidão do repertório e ache alguma coisa compatível com seus belos ouvidos. Não desista porque um fanho overrated estraga tudo que escreve (heh). Não precisa nem ser Ana Carolina, sabe? Tem tanta música boa aí pra você ouvir e apreciar um pouco da cultura nacional. E ó que eu sou tudo menos xiita da cultura nacional. Só acho que é válido fechar o zóinho e cantar entendendo a letra, a menos que seja Djavan ou Pato Fu HAHHAHAHAHAHAHAHAHAHA.

*****

Gente, já fui em tanto show maravilhoso na minha vida. Tipo, Paulinho da Viola, não tem como resistir. SINTA ESSA CANÇÃO. Ao vivo ele também não desafina, é muito amor. Recomendo também Alexandre Nero, a canção mais triste do cancioneiro brasileiro, também tem essa, muito maravilhosa (também já fui a um show do seu Arnaldão), mas quem não estiver pronto pra esse desafino artístico todo, tem com uma moça e mesma musga. E obviamente esta e esta, né? Sem esquecer a segunda musga mais triste do cancioneiro brasileiro e tal. E, POR FAVOR, me poLpem de clarizzzzz falcão, loser manos, as vanessa tudo (NÃO HÁ UMA VANESSA AFINADA NESSE MUNDO, GARANTO) e seus amores fanáticos por pessoas que tão enriquecendo independentemente dos seus amores e dos meus desgostos.

Tamo entendido?