quinta-feira, 21 de outubro de 2010

to be or not to be mongoloid




if only there was a choice

Neste exato momento meus olhos estão em brasa. Isso acontece normalmente quando eu tô com sono (todo dia) e quando eu chorei litros meia hora atrás (hoje).

Eu chorei por uns 438 motivos diferentes, mas tudo começou quando eu pensei “má que &%$#@, ter que ficar achando graça e fazendo piada de tudo que dá errado na minha vida, só porque eu não tô morrendo nem passando fome”. (assunto recorrente)

TÔ A LOCA DO PARÊNTESE, ACUDÃO.

Por exemplo: há um fusca na minha vida.

O Senhor é testemunha do quanto eu odeio esse carro. Não este, especificamente, mas toda a linhagem. Não entrarei nesse mérito. O caso é que a vida é muito mais simples quando você não anda de ônibus, não há como negar. Só que se no ano passado eu chorava em pontos de ônibus, neste eu choro em estacionamentos, num banco de motorista de fusca.

Olha, se eu fosse contar cada enrascada em que me enfiei por causa desse carro, não teria outro assunto. Se fosse contar quantos estranhos já ofereceram ajuda ao presenciarem um ataque histérico, ficaríamos aqui até depois do fim do mundo. Se contar quantas vezes fiquei na mão porque o carro morreu... descobriríamos quanto é INFINITO.

Mas eu sou teimosa e, cada vez que essa fênix mal diagramada renasce, tô eu lá atrás do volante.

Saí do trabalho com o objetivo de resolver um bilhão de coisas – o que acontece praticamente todos os dias – e me fazer um agradinho shoppinzístico. Coisa boba. Acabei o que tinha pra fazer e ainda ia passar no querido’s, aquela rede de isfirras, pra fazer a última boa ação do dia e levar lanchinho pra galera. Paguei o estacionamento, entrei no carro, girei a chave e. NADA.

Não é a primeira vez que ele faz isso e a ÚNICA solução é pegar no tranco. Mas gente, pensa na facilidade de fazer pegar no tranco dentro de um estacionamento de shopping.

Girei a chave de novo. Nada.
De novo. Nada.
De novo. Nada.

Apelei pros meus créditos celestes e descobri que não paguei a fatura. Apelei pros meus neurônios, apelei pra força bruta, apelei pra princesice, mas nenhum príncipe mecânico apareceu. Vinte minutos se passaram e lá fui eu avisar a administração do estacionamento que tinha estourado a tolerância e que precisava de ajuda.

1 – a não ser pra bateria descarregada, o que não era o caso, não tinha ajuda.
(e eu só queria um infeliz pra segurar o trânsito enquanto eu empurrava aquela *&¨%$@ rampa abaixo pra pegar no tranco)

2 – os minutos que eu excedesse no estacionamento, eu teria que pagar na cancela.

Gente, ok. A tolerância existe por algum motivo, tô ligada. Agooora, se eu já não concordo em ter que pagar o bendito estacionamento se eu gastei 100 vezes o valor dele dentro do shopping, imagina eu dar cincoenta centavos na mão do porteiro, só porque minha jabiraca não quis pegar! E eu ainda fiz o favor de avisar, dizer cor, placa, modelo, ano... QQCUSTA///

Voltei pro carro emulando TPM from hell, capaz de matar até um esquilinho fofinho se cruzasse meu caminho. E aí aconteceu o pior.

Porque assim. Eu posso passar 300 dias de tristeza sem derrubar nenhuma lágrima. Mas é eu ficar bravinha que POF, niagara falls on my face. E aí eu fico brava porque tô chorando porque tô brava e é um ciiiiiiiiclo sem fim que nos guiará à dor e à emoção pela fé e o amooooor.

Chorei.

E embacei os vidros com os 40º que eu atingi. Embacei os olhos com a nuvem de lágrimas. Abri o carro todo. Respirei. Concentrei. Dei um grito. Disse em voz alta: AGORA VOCÊ VAI FUNCIONAR.

E fiz a mágica.

Gente, sério, o carro ligou.
Precisei dar aquelas aceleradas baixa renda, mas ele pegou e não desligou mais.

*****

Cheguei na cancela e expliquei a situação. Em prantos. Não sei se chorava mais porque a life sucks, porque fusca sucks, porque quinta-feira sucks, porque eu sou mongolóide.

Aí vem o cara e diz que eu tenho que pagar o equivalente a TODO o tempo que eu fiquei no estacionamento DE NOVO. E eu soluçava e explicava e ele repetia que eu tinha que pagar tudo. Ameacei colocar a prédia na chon e foi aí que veio o animal que sabia da situação, avisar que eu não tinha que pagar nada não, já que tinha avisado na central.

¬¬

Agora, melbem, é tarde.

Quando eu finalmente cheguei no dirija-através do querido’s, não conseguia nem respirar. Fiz lindas mímica pra explicar quantas esfihas de espinafre e quantos suco de laranja eu queria. Paguei e fui pra janelinha onde busca o pedido e fui recebida com um copo de água e um moço muito prestativo, que tentou me acalmar. Nem contei pra ele que tava chorando por bobagem, né? Num sô loca.

E cê vê: tô aqui, com o bucho cheio de esfiha, sem banho, com sono, com os olho ardido (e que vão acordar amanhã do tamanho de duas bolas de tênis), fazendo piada da desgraça própria.

Porque esse lance do fusca é um saco? É. Mas digamos que hoje esse é menor dos dramas da minha vida. [/mariadobairro]

O engraçado (not) é que eu sempre tô sozinha quando essas coisas acontecem. Aí muito realizei que é porque eu tô sozinha SEMPRE. Tenho essa mania infeliz de não gostar de ninguém dando palpite nas minhas coisas e nos meus passeios, aí nunca tem ninguém por perto. Nem pro bem e nem pro mal.

E eu vos digo: esse tempo todo que tô aqui falando bobagem pra acalmar meu eu interior – te juro, não tomei nenhuma valeriana neste dia e não é fácio -, na verdade eu só queria uma coisa.

Colo.

Fim.