sexta-feira, 1 de outubro de 2010

giving love a chance

Ólia, não é fácio ser funcionário público (doravante denominado FP). As peçoua já vêm com preconceito antes de você ter chance de responder bom dia. Coisa que eu não faço porque muito acredito que “bom dia” is overrated e OI tá de bom tamanho.

Mas olha, não importa a mágica que você faça - e eu tô praticamente pegando minha licença de FP-madrinha de tão incrível que eu sou -, não importa se você trabalha por você e pelos outros 14 F[d]Ps que estão confirmando a fama, se você é educado, competente e prestativo. Um dia a ouvidoria vai te entregar uma cartinha de reclamação, só.por.que. você contrariou um cerumano nesta vida.

Porque assim. Só os insiders sabem o quanto nego mente. Tem MOITA coisa que você pode SIM resolver. Mas é tão fácil dizer que é com o fulano que só vem das 14h às 18h (mas ganha pelas 8 horas do dia)... E vejem só vosmecês: a gente também sofre. Porque você precisa de uma coisinha de um coleguinha às 11h da manhã e o animal te diz que é só com o amiguinho que fica de tarde. E você sabe que é mentira. DELISSIA.

Fim.
Mentira.

Pois então eu tenho uma atribuição sazonal que super tá na temporada. E como é um processo cheio de processozinhos, eu tenho que estabelecer um horário pra atendimento à comunidade externa, senão não consigo fazer as coisas andarem. QUÉ DIZÊ, até consigo, mas só porque eu sou mágica. Mas a administração superior sabe os gênios com quem tá lidando e eu não posso fazer diferente das outras unidades. OUSSEJE, eu posso atender as pessoas entre 9h e 11:30h.

É indigno, eu concordo. Mas é a lei. Sai no diário oficial, sabe? É O PRESIDENTE DA REPÚBLICA que tá mandando (não que eu ache o presidente grandes coisa, mas). Mas sabe o que é incrível? Eu tenho autonomia pra ser legal, se eu quiser. Ser legal as in abrir exceções de horário de atendimento e coisetal. Eu não posso, por exemplo, estender a data de protocolo. É até hoje, é até hoje e ponto. Isso tá fora da minha competência. Mas abrir um processo às 8:30h da manhã, pra evitar que o amiguinho fique aí plantado por meia hora (como eu fiz hoje, ó que linda) ou às 11:45h, pro moço não ter que voltar no dia seguinte (como eu fiz ontem, num so fofa?), NÃO VAI ME MATAR.

Fico loca da bala chita quando vou a algum órgão público e nego não me atende porque é só depois do meio dia e ainda são oito da manhã (ALÔ, TRE, ESSA É COM VOCÊ!), ou quando a pessoa diz que não pode abrir meu processo, porque a ÚNICA pessoa que faz isso tá de folga justamente hoje (ALÔ, RF, TE LEMBRA ALGUMA COISA?) porque eu SEI que é tudo balela. Mas eu não vou falar isso porque não quero ser presa pela ditadura. Não quero ser exilada, nem quero desaparecer e fazer meus pais ficarem me procurando até 2028, quando finalmente perderão as esperanças e receberão minha herança.

O caso é que ontem me ligou um moço muito do desesperado, me perguntando se tinha como ele abrir o processo à distância. Tem, eu digo, mas preciso de dois documentos originais. E como o prazo terminaria hoje, ou é sedex 10 ou é teletransporte, né?

E o moço foi tentando achar alternativas e coisa e tal. Mas como deferir ou não o processo dele não depende de mim, eu fui explicando até onde as exceções poderiam ir. Só que eu sou tão amável trabalhando (só trabalhando), que a pessoa super se sente à vontade pra contar a história da vida.

- ...é que minha mulher mora aí e eu aqui... e eu queria tanto poder me mudar pra Curitiba pra ficar perto dela, mas se não conseguir entregar esses papéis de alguma forma, eu me jogo num avião e em meia hora tô aí e...

MOÇO, NÃO FALA MAIS NADA.

Se você chegar aqui até as 17h, tamo abrindo seu processo.

Um beijinho,

Vanessa Cupida de Calcutá.




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ALOVOSE que sempre quis assinar os feeds deste blog (vai saber porquê): seus problemas acabaram.

Fique ligadinho aqui.

Praticar o desapego e transferir os arquivos demora um pouco, provavelmente vou manter as postagens nos dois por um tempo, duplicado mermo, num gostô mi processa, mas pode ler só por lá, que tudo vai dar certo.

Não tem mais desculpa.