sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

feliz sexta depois da quinta etc



Não deve ser difícil de notar a este ponto, mas eu tenho uma sensação de profunda desconexão com a humanidade. No geral não me incomoda, mas às vezes fica um pouco difícil viver. Por exemplo: festas e grandes datas comemorativas.

Toda vez que eu estou entre duas ou mais pessoas, a sensação é mais ou menos a mesma: parece que se eu não estivesse lá, ninguém sentiria falta. E, mesmo estando lá, não estou me divertindo tanto quanto os outros parecem estar. 

SEM.PRE.

Normalmente, quando saio do meio das pessoas pra ir ao banheiro, por exemplo, eu geralmente resolvo ir embora. Porque as conversas, as risadas, o barulho e o tempo pra reflexão que acontecem ao mesmo tempo acabam me desestabilizando.

Bom.

O pior dia do ano acaba sendo o 31 de dezembro. Não importa o que eu faça, não tem condição de embarcar na alucinação coletiva que baixa no planeta terra nesse dia. Eu não sou capaz, eu não entendo.

Eu não consigo entrar no ritmo das pessoas e aí fica todo mundo chateado comigo porque eu estou cagando pra virada do ano. Quer dizer, eu sou a louca do estabelecimento de marcos, sei que a gente sempre conta o tempo, conta o ano, conta tudo e tal, mas não vejo uma grande importância no réveillon e nas firulas, em si. 

Só porque cê quer que eu vou comer uma comida que eu odeio, vestir uma cor que eu odeio, pular onda, ir pra praia, jantar tarde, seguir rituais que não significam absolutamente nada. Eu não acredito em nenhuma superstição, não acredito em nada, gente. Não tem como justificar essas coisas dentro da minha mente.

E eu ODEIO fogos de artifício, quer mais dinheiro jogado fora que isso? Morar em bairro de gente rica é uma imbecilidade, porque os idiotas não têm mais onde enfiar dinheiro e queimam fogos de hora em hora, piorando nos horários próximos à meia noite. Ontem, por exemplo, foi da meia noite às 3:30 da madrugs os idiotas queimando de meia em meia hora. Enfiar no cu ninguém quer.

De modos que eu gosto muito quando todo mundo tem mais o que fazer e eu posso passar essa data sozinha, comendo nuggets com purê de batata, assistindo algum filme ruim, binge watching seriados, afofando meu cachorro, dormindo quando os estouros acabam e acordando meio dia, pra comer brownie com sorvete, like a boss. Posso inclusive passar aspirador na casa, porque não tem ninguém preocupado com bad vibes eletrodomésticas.

Mas o que mais me derrota é essa "necessidade" de felicidade coletiva. Chega a me dar um pouco (~um pouco ~) de desespero a quantidade de fotos das pessoas sendo felizes, com suas roupas brancas  - amarelas - azuis - vermelhas, espumantes, aglomeração de pessoas, mar e gente rindo de boca aberta. Em vez de dar unfollow em todo mundo, eu fechei minhas redes sociais e fui cozinhar, lavar roupa, ler bobagens (porque feriado eu não vou estudar, ninguém manda em mim), e ter um princípio de chilique por motivos de: vai ter um episódio de Sherlock novo hoje.

Vou falar pra vocês: ontem eu até tentei aceitar o espírito do ano novo. Comprei umas roupinhas novas e tudo. Cê me pergunta o que eu tava usando e em que condições na ~hora da virada~ hahahaha.

Se bem que 2015 começou tão ruim e foi descendo a ladeira em alta velocidade depois de uma virada suave, pode ser que com essa virada bostíssima pra 2016 não tenha mais fundo pra cavar e aí eu vá ladeira acima, né?

Vamos aguardar e torcer.