título
alternativo I: eu crio expectativas porque sei o que elas comem
título
alternativo II: serendipity
título
alternativo III: perdendo os critérios
Às vezes
eu tenho um pouco de medo de me dar conta que perdi muito tempo da minha vida.
Fazer aniversário tem esses inconvenientes, a gente fica pensando o que tá
fazendo com a vida. (Como se não fizesse isso obsessivamente os outros onze
meses do ano.)
Vai dizer
que de vez em quando não dá aquela sensação de que você dormiu com treze anos,
acordou com trinta e tudo que seu pequeno eu imaginou deu errado e você virou
uma pessoa horrorosa, que não lembra em nada o que você queria ser, que não é
nem o que você quer ser agora?
Tenho uns
48% de certeza que meu eu de 13 anos ficaria decepcionado e surpreso com o
andamento dos fatos.
Um ano
atrás, um pouco mais, talvez, esse eu estaria 89% decepcionado. Aí eu fiz uma
lista imaginária do que estava errado e fui corrigindo. Dei umas derrapadas bem
bonitas no processo, especialmente nas áreas nas quais eu não me desenvolvo
naturalmente com graça – essa maravilha que vêm a ser as relações humanas. Mas eu
tô tentando.
Devo dizer
que na recentíssima história da minha vida, estou dando motivos pro meu eu de
13 anos ficar mais calmo.
Nesse processo
de corrigir as vibes, recalcular as rotas e tal, é inevitável estabelecer
metas. O que vem a ser apenasmente uma forma bonita de criar expectativas, cêis
não acham? Eu acho. E eu tenho um dom, viu? Oda Mae Brown me entenderia, porque
eu prevejo linda o futuro. Ou sei lá, sou chata pra cacildis e não paro até
conseguir o que eu quero.
(às veiz
não consigo)
Bom, o
caso é que eu tenho umas metas recorrentes na vida. Não é que eu adapte pra fase
que estou passando. É a MESMÍSSIMA ideia fixa, que de vez em quando eu esqueço,
de vez em quando volta, de vez em quando fica.
Uma delas
vem em ondas como o mar num indo e vindo infinito. Vou confessar: a primeira
onda veio daquelas que mal vem já foi. Depois veio uma daquelas ondinhas que
acabam fininhas na praia. Depois veio com espuminha, aí veio maiorzinha, aí
veio já possibilitando pegar um jacaré, veio bonita pra surfista e, bom, uns
cinco mêis atrás chegou o tsunami.
Quem nunca
achou que podia sair nadando linda um tsunami, hein?
Peguei minha
boia e fiquei aí prendendo a respiração, esperando a hora que eu chegaria na
superfície ou a água ia abaixar.
TÔ ME
AFOGANDO ATÉ AGORA.
*****
Quando a ondinha
começou a bater, eu comecei a criar cenários na minha cabeça. Em todos eles eu
sempre via duas saídas em algum ponto. Desde a primeira bifurcação até a
última. Chegando, assim, nuns 1024 cenários diferentes, do completamente
otimista ao completamente pessimista, tipo aquelas pesquisas eficientíssimas de
satisfação.
Claro que
como boa discípula de Summer,
ficar no lugar do Tom me incomoda um pouco. E tendo a mentalidade pendendo
muito mais pra Summer, eu tenho experiência em visualizar os quadrinhos de
expectativas e realidades de formas muito próximas pra evitar desapontamentos.
Acontece que
nesse caso específico tava falhando tudo. Eu não conseguia evitar o otimismo. Não
conseguia evitar visualizar sempre o melhor resultado em caso de impasse. Eu tava
o próprio Tom, creize expectations. Plano perfeito pra levar um stuplash da
realidade.
******
Já ouviram
aquela frase “never meet your heroes”? Tendo a aplicar essa frase pra tudo na
minha vida e evitar me aproximar demais das coisas e pessoas que eu gosto
muito, porque né? Mais alto o pedestal,
maior o tombo.
Mas você já
parou pra pensar que loco seria se essa pessoa pra quem você dedica tantos pensamentos superasse suas expectativas? Já imaginou ver tudo o que você planejou acontecendo como num script, a pessoa inclusive acertando as falas? E aí você precisa até se distanciar por alguns minutos, pra ter aquele momento de reflexão, tipo "TÁ ACONTECENDO MESMO, EU NÃO TÔ MAIS IMAGINANDO". Aí você volta pra realidade e BOOOM, ela, de repente, num incrível plot twist, fica ainda melhor do que você esperava.
Eu não sei vocês, mas não sei como proceder.
epílogo
A história tá no meio. Quer dizer, acho que tá. Acabei de acordar com 30 anos e ainda tava achando que a expectativa é melhor que a realidade. Acabei de perceber que a realidade é melhor que a expectativa. Pra onde as coisas vão daí, não tenho a menor ideia.
A vida ficou tão boa que eu parei de planejar e resolvi aceitar a minha ligação pro SAC 0800: agora é hora de esperar, porque minha ligação é muito importante, mas os atendentes todos estão ocupados.
Não é todo dia que sua vida fica parecendo um filme do John Cusack, não é todo dia que você se dá conta que Sara Thomas era mesmo importante na sua vida (e olha que as inúmeras referências a Sara Thomas [que nem é uma mulher na minha história] nesse blog eu acho que nem os mais stalkers serão capazes de pegar).
Aguardemos os desdobramentos da sessão da tarde. Que pode muito bem ser vale a pena ver de novo.