sexta-feira, 29 de julho de 2011

Goodbye, yellow brick road


As pessoas se sentem pessoalmente ofendidas quando eu digo que não faço questão de me envolver romanticamente nunca na minha vida. A pessoa surta como se eu tivesse dito “prefiro morrer a me casar com VOCÊ”. Que drama.

Sempre tem um dedo apontado pra mim ou palavras em caps lock pra dizer “espera só até você se apaixonar de verdade, se esse discurso não muda!!!ONEONEONE”.

Bitches, please.

Eu ouço essa ladainha faz uma base duns 15 anos? Desde que minha so called vida amorosa de fato começou? NUNCA ACONTECEU?

Veja bem, eu não elimino a possibilidade de que isso possa acontecer um dia. Eu acho muito que as pessoas precisam aprender urgentemente a interpretar um texto, porque eu digo que NÃO FAÇO QUESTÃO, o que não é a mesma coisa de dizer que EU NÃO QUERO.

Deu pra entender?

Ok.

Mas gente, toda semana tem pelo menos uma discussão sobre o assunto. Basta uma pessoa dizer que gosta de ruivos e eu emendar que eu gosto de covinhas e, meia hora depois, minha vida se transformou naquela total bizarrice de “você vai ver daqui alguns anos”.

Agora o discurso é “daqui alguns anos”, porque normalmente era “você vai ver quando chegar aos 30” e olha, os 30 tão aqui, mas o desespero se atrasou um pouquinho, vamos aguardar.

Aí eu digo que não faço questão de ter marido e o cidadão se apressa em contar o caso da amiga/parente/vizinha/conhecida que ficou dizendo que não queria qualquer um e acabou se casando aos 40 anos com um maconheiro/bandido/cantor de axé/pagodeiro e que eu provavelmente terei a mesma sorte triste.

Não é com você, meua migo. Não a você que eu me refiro quando digo que prefiro a solidão. Vamo raciocinar? (Não que eu queira você, veja bem. Se eu quisesse, você já teria sido informado.) Não precisa tentar me aterrorizar.

Eu sonho com um mundo em que as pessoas não vão achar nada demais no fato de eu preferir uma vida forever alone do que com qualquer um. E quando eu digo qualquer um, eu não estou insultando a sua pessoa, vamo parar a paranóia.

And just for the record, não tem solidão suficiente nesse mundo capaz de me fazer casar com maconheiro/bandido/cantor de axé/pagodeiro. E eu me arrisco a dizer que nem amor.

*****

Eu sempre digo que pra cair no amor um dia, eu preciso de mágica.

Tava ontem assistindo Orgulho e Preconceito e super me liguei que entre Lizzie e Mr. Darcy acontece mágica.

Duas pessoas que não têm nada a ver uma com a outra, uma até meique odeia intensamente a outra e puf, quando você vê, uma declaração de amor. Most ardently.

É mágico, mas eu não quereria pra mim mesma *o* Mr. Darcy. Nego maleducado! “yo, mina, cê é mó zuada, toda errada, meio caída, sabe nem fritá um zóião, mas eu quero te add na vida e mudar os status do face (como eu odeio quem chama facebook de face) pra amarrado e te chamar de patroa”.

AH VÁ.

Por que eu daria um tabefe em Mr. Darcy: fio, cê bebeu? Cemiama, cê qué casá comigo e vem dizer que eu sou feia e inútil? Tem que ver isso aí.

Sério. Não aceito. Se o indivíduo chega pra mim e fala “ok, você não é bem a Kate Winslet, mas é gatchinha e eu adoro sua personalidade”, eu taco a minha personalidade no meio da fuça dele, amarradinha num tijolo de 6 furos. MANÉ PERSONALIDADE.

A pessoa tem todo o direito de achar que ninguém é capaz de ter a beleza da Kate, mas não tem o direito de dizer em voz alta. Falano nisso, quantos gominho tem aí na sua barriga? Cê acha que eu fiquei com você pela sua nota 10 na escala Zac Efron de perfeição facial? That’s what I thought.

Por que eu acho Mr. Darcy mágico: porque ele passou por cima do orgulho e preconceito GOTGOT e foi atrás da peçoua que ele queria. E não foi uma vez só. E arrumou o cocô fedido que era a vida dela de várias formas.

E depois que a pessoa da família deu piti pelo relacionamento (que nem existia de vdd ainda), ele foi atrás dela de madrugs, com o discurso: “mina, cê tu não tá na minha, eu dou linha na pipa, mas tô aqui perguntano de novo cê tu não qué caí ni mim.”.

Claro que ela quer, né? Sabe nem fritar um ovo e Mr. Darcy ganha DÉIZ MIL por ano, quem não ia querer?

(eu)

Acho que comigo vai ter que ser esse tipo de amor aí, viu? Embora eu inveje um pouco o amor mongol de Mr. Bingley e Jane, eu acho que não sou capaz. Até porque ali é meique motivado pela beleza, né? e eu sou barely tolerable. Pelo menos minha mãe nunca se desculpou pela minha fraqueza de aparência.

*****

Esses dias, passou um daqueles questionários meio bocós de internet na minha frente. Eu estava sofrendo de tédio e respondi, né? Aí tinha que dizer qual era o filme favorito e eu respondi que era “A Casa do Lago”.

Quer mais mágica que isso?

Aliás, foi esse filme que me fez ir procurar a obra da dona Jane Austen e arruinar minha vida nesse quesito mais um pouco.

Quanto mais mágica eu vir nas histórias, mais difícil vai ser eu acreditar em um dia estar na frente dum altar com um fulano dizendo sim. E pra não ir tão longe, tão difícil quanto é imaginar enfiar alguém na minha cama toda santa noite, como se não houvesse despertador amanhã.

Eu, hein.

Um beijo,

Vanessa de lata.