quinta-feira, 7 de julho de 2011

tanta gente passano fome, né?

Acho que neste presente momento, todos já ouviu falar daquele tumblr que faz gracinha ca classe média, né?

Não vejo graça.

Mas não numa vibe “ai, é bem assim na minha vida”, porque nem é. Só não vejo graça mesmo.

Divago antes mesmo de começar.

Esta semana saiu por aí em tudo quanto foi tumblr, no meu incrusível, uma lista de first world problems, com aquela carinha clássica de choro do Dawson no topo. E eu vos digo: me identifiquei.

Se não com absolutamente todos os tópicos, com aquele que diz “my GPS made me drive through the ghetto”. O gps não era meu, não era eu quem estava dirigindo, o gueto era uma baita duma favelona e, se eu não me borrei com uma lanterna e uma metralhadora apontada pras minhas fuça, é sinal que meu esfíncter é forte e jamais me borrarei em situações de pavor. Não que vocês precisassem saber.

Só que pra contar essa história, eu teria que violar um dos meus princípios de não falar de ex no blog (dos inteligentes, principalmente). E olha, isso é que é problema real.

(Ex burro e armas apontadas pras nossas fuças, GPS com mapa mais perdido que o guia humano, caso você tenha ficado em dúvida.)

Falando em grandes problemas da humanidade, pense no dia em que você descobre que precisa fazer barra em umas 25 calças (maledeta magricela do inferno que voltou com essas porcaria de skinny, just sayin’) e a costureira só aceita dinheiro. E você paga, né? Cê sabe costurar? Cê quer usar a calça? Pagaê.

Aí você vai no mesmo caixa eletrônico que tizuô com a senha mais mongol do universo, digita a senha, pede 50 real e ele te dá VINTE E CINCO NOTAS DE DOIS. Não consigo pensar num problema pior que esse. Minha carteira não comporta 25 notas de dinheiro, tá obesa. Que pobreza, que pobreza.

Pior que isso é ir ao bar em seguida e descobrir que seu cartão foi cancelado (se eu ganhasse um real pra cada vez que meu cartão é cancelado de surpresa) e ter que pagar a conta com 18 notas de dois, naquelas vibe “é, tio, assaltei a igreja". Porque não bastar fazer a pobre, tem que ter piada de tiozinho.

Falando em tiozinho, não tem tristeza maior quando o moço que você está PAQUERANDO reaparece com shostinho de franjinha e com uma barba que desafia as leis da física pelo tanto que cresceu de uma semana pra outra. O lado positivo é que facilita o desencanamento, porque só dels sabe o nojo que eu tenho de barba.

Aliás, é muito engraçado. Tem um número estatisticamente alto de exes (plural de ex, dã) na minha vida que acaba deixando crescer a barba depois que sai do meu domínio. Fico muito feliz ao ver isso, porque eu posso pensar “glória, glória, aleluia, não sou mais eu que tenho que lidar com essa nojeira aê”. Pelamor, não há homem que fique bem de barba.

Qué dizê, até tem. Mas um homem bonito de barba vai ficar mais ou menos umas três mil vezes mais bonito sem ela.

Alex O’loughlin. Taí um homem que pode ter barba. (Mas é melhor não.)

E não tem coisa mais triste que encontrar um clone de Alex O’loughlin na praça de alimentação, com uns 48kg em músculos a menos, trajando calça de moletom e crocs em pleno horário comercial e um penteado que meudeusdocéu-que-raio-é-isso e ter a voz da consciência automaticamente trocada pro modo Tim Gunn, dizendo “make it work”.

Nada mais complicado que o trabalho que daria acender as luzinhas e fazer um clarão do potencial desse homem. Não que eu não fosse capaz de fazer o Hércules e encarar, mas achei melhor encarar meu prato e orar agradecendo pelo alimento do dia.

Falando em prato, me pergunto como a ONU não cria um tratado alimentar em restaurantes. Porque ólia, quando você é criado na culinária mineira, italiana e baiana, torna-se um suplício viver em Curitiba. Me pergunto POR QUE essa gente se alimenta, se não tem graça nenhuma essa gororoba preparada com água e só. Nego vive numa terra que não honra os esforços de Vasco da Gama, que enfrentou monstros e pestes só pra ir buscar um temperinho lá na índia. Essa gente nunca ouviu falar em alho, cebola, orégo, pimenta do reito, salsinha? Que terror.

Aí que faz uns 10 anos que eu não como arroz. Não é que eu não goste, veje bem, é que arroz cozido na água pura, who deserves? Precisa dum alhinho, dum salzinho, dum ólinho. Esses desconhecidos do sul do país.

Nunca vou esquecer da noite em que eu dormi em posição fetal, chorando no cantinho, depois de um dos primeiros almoços na casa do amiguinho aqui abaixo da linha dos trópicos.

Tava a mesa posta, tava a salada, tava o bife, tava o arroz, tava a batata frita. Peguei salada, peguei batata, peguei arroz (eu ainda não sabia), ouvi comentários de que eu não peguei o bife só porque não era filé minhão (sô rica) e fiquei ali, procurando o galheteiro. KD. Não estava. Fiz a monga e perguntei se alguém podia me passar o saleiro. Todos se olha, ninguém compreende o pedido. Chamam a doméstica. Pedem o saleiro. A moça vem da cozinha com aqueles saleiros de parede, sacoé? AQUILO era a definição de saleiro praquelas pessoas, que não possuiam nem mesmo um frasquinho de azeite de metal. QUEM COME salada sem azeite e sal? Não aceito.

Falando nisso, não sei como evitar o constrangimento que eu passo cada vez que tem um vidro de azeite na minha frente. Gente, entendam, eu como a comida como um pretexto pra me entupir de azeite. Eu vou virar o vidro no meu prato, não me julgue. É caro, mas eu tô pagano [/ladykate]. Superem isso.

E hoje, quando eu pedi pizza pra compensar a quantidade de comida feita na água e com gosto de nada, o entregador era paulista. E pizza + melhor sotaque do país me fazem pensar “se eu estivesse em São Paulo a essa hora...”.

Enquanto eu escrevo essas bem traçadas linhas, o Word travou. Que mais me falta acontecer?

Não tá fácio pra ninguém, viu? Não sei nem comé que eu saio de casa todas as manhãs, sabendo as dificuldades que eu vou enfrentar nessa vida. Acho até que vou lá pra debaixo das cobertas, porque hoje ninguém acendeu a lareira aqui de casa e eu vou precisar de dois edrerons pra ficar quentinha. Se alguém sofre mais que eu, eu gostaria de saber.

Bgo.