quarta-feira, 17 de setembro de 2014

birth day




Escrevi um post enorme e amargo, explicando como passei de uma pessoa que amava aniversários, pra uma pessoa que só pensa em se enfiar num buraco ou trocar de hemisfério nessa data. O mais ridículo foi apagar tudo, pensando no quanto seria injusto com uma pessoa ou outra, que acha que se esforça pra tornar meu dia especial. 

Porque, veja bem, eu só peço um dia no ano pra que as coisas deem certo. Um dia pra que meu nariz desentupa, meu cabelo aponte pra baixo, eu não pese duas toneladas, não falte água, eu não tenha que trabalhar, ver gente chata, ficar no trânsito, ter que ir pra academia. Eu só peço um dia no ano pra que ninguém regule minha comida, queira mudar minha programação, me faça chorar. Eu só peço um dia no ano pra ser o centro do universo, nem que seja de mentirinha. Pra que as pessoas finjam que gostam de mim (porque não faço a menor ideia da razão de me manterem em suas vidas caso não gostem, mas parece frequente). Só um dia pra que as pessoas finjam que não conhecem outras 27 pessoas nascidas no mesmo dia e não desejem feliz aniversário pra todas no mesmo post do facebook. Um diazinho só pras pessoas irem num bar que não gostam, ou numa casa onde não tem carne, ou fazerem uma refeição na minha presença.

Eu acho que nem é pedir demais.

Sendo sincera: me falta estrutura emocional pra lidar com a ideia de que eu não sou importante nem nesse dia, porque nem escolher onde eu quero almoçar as pessoas me deixam.

E é por isso que eu fujo.

Mas nesse ano não deu.

Então é só todo mundo se segurar aí 24 horas pra não estragar o que já não tá lá grandes coisas, não precisa piorar.

Fico agradecida desde já. Quando cêis vê, já é quinta, passou.