quarta-feira, 24 de agosto de 2011

véia da praça



buda tomando aquele solzinho firmeza

Eu estou honestamente há dias tentando escrever um post no estilo “já passou” e dizer que me acalmei. Mas comofas esse tipo de coisa quando a rotina é um dia no hospital, outro de cama, outro trabalhando, repete?

Mas até aí tudo bem, se cada hora sua surdez (cada vez maior) não fosse atribuída a uma coisa diferente. E se você não tivesse que passar 24h por dia com aquele toque do mosquito (aka zumbido de alta freqüência) te enlouquecendo, dentro da sua cabeça.

Aparentemente a junta médica concluiu que é só “““““gosma””””” que me impede de ouvir, gosma essa que derreterá no próximo mês, desde que eu beba 50 litros de água por dia e escorrerá pelo meu nariz. DE NADA. Hahahhahaha.

Quero mais viver neste planeta não.

Pelo menos é melhor que a fase “tem um granuloma (?) dentro dos seuzovido”, vamo te interná, vamo te operá.

Só dels sabe o que eu passo.

Tá achando que é mole? Kkk. Coloca aí um algodão nos ouvido, fecha com esparadrapo, dá uma apertadinha no pescoço, arranja um zumbidinho e uma tia chata pra ficar tagarelando enquanto você ouve a vida como se estivesse enfiado num cano.

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E pensar que quando tudo isso começou (o lance da surdez profunda, I mean), uma alma boa me levou pra passear num templo budista.

Soubesse eu que 20 dias depois ainda estaria nessa lama, teria eu tentado me alistar (ou sei lá comé que a gente se junta com essa galera de boa paz).

Pelo menos lá era silêncio e ninguém falava minha língua.

:P

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OMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

algumas coisas que as pessoas dizem

E que me irritam.

bom dia

Quando você encontra o amiguinho à tarde, você diz “boa tarde, tudo bem?”? Quando você encontra o amiguinho à noite, você diz “boa noite, como vai?”? NÃO, NÉ? Por que então você vai querer dizer bom dia? Me diz, me dá UMA boa razão? Pra que usar esse cumprimento naquela hora do dia em que só gente boboca tá de bom humor? Duas palavras, minha gente. É demais. Bom dia é coisa pra atendente de telemarketing, pra recepcionista de dentista. Pro amiguinho você diz OI. Tá de bom tamanho já.

Agravante: aquele cerumano que diz "bom dia, dormiu comigo?". Ba-ba-ca. Dormi ca sua mãe, estrume.

bom apetite

Pode ser que eu tenha pegado odinho dessa expressão num restaurante aqui de Curitola, por causa do sotaquinho suave da senhora que desejava issaê pra gente em todo almoço. Mas pode ser só porque eu não gosto mesmo e pronto. Sei lá, acho mané você desejar que a pessoa tenha vontade de comer. Ela já saiu do sofá, encheu o prato de batata frita e couve flor empanada, acho que tá implícito que ela está, não só com fome, mas com vontade de comer. Não tem nada útil pra dizer, não diz nada, meua mô. Ainda mais pra mim, que sou obesa mórbida. Você deveria desejar que eu não sentisse fome, ficadica.

pôm apêtchyttttttte

desde que eu me conheço por gente

Ai, que expressão caipira. Acho cafona. Tanto jeito de dizer que faz tempo pra burro que a coisa está em progresso, não aceito a pessoa se conhecer por gente. Sempre me pergunto COMO se deu esse momento pro indivíduo. De repente olhou no espelho e OHHH, sol um cerumano? Achou o umbigo? Criou uma teoria pra origem das peçoua?

(A minha era de que quando a mãe queria engravidar, era só comer MUITA salada de batata, sabe? A mãe comia mesmo depois que acabava a fome e tcharam!, o resto da batata ia formando um bebê. O bom é que eu sabia que criança não tinha filho, de modos que eu não tinha moderação pra comer isso. Muito conveniente. Mas não foi assim que eu me... me... conheci. Por. Gente. Arrrrghhh.)

Deve ser um momento muito especial se conhecer por gente.

Pra mim, as coisas acontecem desde que eu consigo me lembrar e tá ótimo.

dois pesos, duas medidas

Gente, força aqui na concentração. Força. Cêis consegue perceber que, por definição, dois pesos têm, NECESSARIAMENTE, duas medidas? Deu pra alcançar essa lógica complexa? De modos que dois pesos e duas medidas são uma coisa bem justa e bem normal e não há motivo pra reclamar?

VAMO APRENDER AS EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS?

O certo é um peso e duas medidas. Aíííí sim, mora a injustiça. O mesmo peso que cada um mede de um jeito, como for mais conveniente. Sério, é bem simples. De nada.

“ele tinha chego tarde aquele dia”

Eu sinto dor física. Muito antes de meu tímpano explodir, eu já sentia.

Esse odinho pode ser “resumido” pela frase: me irrita quem não sabe usar o particípio.

Assim ó. Tem o particípio regular, o irregular e os verbinhos hiperativinhos que têm os dois. TEM REGRA PRA USAR, amigo dono de casa! Se você usar o verbo TER antes dele, você SEMPRE usa a forma regular. Sério, pode acreditar em mim, tenha fé, you muggle. (O verbo haver ninguém usa mesmo, só tem que guardar três letrinhas na cabeça, ó que simples.)

Então ficadica: tinha chegado, tinha trazido, tinha imprimido, tinha prendido, tinha acendido, tinha entregado, tinha fritado, tinha salvado. PELAMORDEDEUS.

Tinha trago, tinha impresso, tinha preso, tinha aceso, tinha entregue, tinha frito, tinha salvo NON ECSISTE, é coisa do psíquico. Agora, brand new information pra você: o verbo chegar NEM TEM particípio irregular. Tinha chego é o assassinato mais cruel do particípio que pode existir. No dia em que a vanessalândia for instituída, será punido com prisão perpétua. Aguardem.

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E é essa a história que explica a razão de eu não ter amigos.

Fim.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

me, myself and diana


Foi só depois que eu vi esta foto que eu comprei minha primeira Lomo, uma Diana F+.

Falhei miseravelmente nos três primeiros filmes 120mm que eu fotografei, conseguindo salvar uma média de 4 fotos de cada um hahaha.

Aí descobri que poderia comprar o adaptador pra filmes de 35mm, fiquei locona, comprei e troquei assim que recebi.

A coisa mais maravilhosa era a promessa de fotos com sprocket holes, acho lindas essas fotos.

Qual não foi minha surpresa ao descobrir que em Curitiba não tem NENHUM serviço de apliação de fotografias com a máscara que expõe os sprocket holes?

Então, enquanto eu não comprar meu próprio scanner de negativos, todas minhas fotos parecerão mais mal enquadradas do que de fato são.

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Voltando lá à inspiração pra compra da Lomo: peguei umas fatias de celofane que pareciam muito pequenininhas (mas não eram), nas únicas quatro cores que eu tinha em casa naquela hora (não sei esperar), colei com durex (dá pra ver a marca em todas as fotos hahaha) e saí fotografando.

Diz a lenda que Lomo é pra isso, né? Experimentar, fazer o que der vontade e ficar feliz quando o moço do laboratório diz “olha, deu um probleminha aqui no seu filme”.

Agora que eu já experimentei uma vez, eu sei que rosa e azul são muito fortes pra ficar no meio e que verde e amarelo são muito fraquinhos pras beiradas. Que quatro tiras são pouco. E que eu tenho que aprender a colar melhor esse negócio aí.

Mas agora tenho outras idéias de “máscara” antes de tentar o arco-íris de novo.

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Acho que neste ano, em vez de festón de aniversário do qual não aproveitarei nada, vou me dar um scanner com duas fontes de luz.


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Se a preguiça não se abater sobre a minha pessoa, postarei uma série de fotos feitas com a lomo e as amiguinhas delas, feitas com iphone ou câmera digital. Fiquem ligadinhos.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

para quê? Paraguaio.


ou: a incrível história de como eu fiquei (ainda mais) surda

Todos sabe que eu não escuto direito, né? Que meu ouvido direito morreu num episódio causado por “““““amigos””””” maconheiros modernos, livres, desapegados do sistema, que achavam que eu era reprimida e tentaram me matar apresentar novas formas de curtir a natureza. O que ninguém levou em consideração foi que eu tenho ALERGIA à natureza como um todo em si e que maconha alguns tipos de mato podem me matar.

Daquela vez chegou perto, mas acabou que eu sou vaso ruim e só matou minha audição mesmo.

A gente se acostuma com a limitação auditiva. Porque assim, não é uma ciência exata. Tem horas em que alguém pergunta “nossa, que será que foi esse barulho?” e eu não ouvi NADA, tem horas que o tic tac do relógio no meu pulso me enlouquece. E tem ainda o caso mais incompreendido pela população: eu OUÇO o que a pessoa diz, mas não ENTENDO. Manja uma pessoa falando japonês com você? Você escuta, mas só um blábláblá, estilo professora do Charlie Brown? Então, é assim que eu escuto a vida na maior parte do tempo. Wah Wah Wah Wah.

De modos que se eu te pedir pra repetir o que você disse, por favor, repita. E repetir só a última palavra vai me deixar irritada, então façavor de repetir a frase toda, porque tudo que eu ouvi foi wah wah wah wah wah.

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Outro dia eu estava vendo TV na cama, com a cabeça apoiada do lado esquerdo. DeRRepente, minha irmã entra no quarto aos berros, me dando a maior bronca por causa da altura do volume. Respondo que é pra parar com o chilique, todos sabe que eu tenho que colocar um pouquinho mais alto que o normal. E ela diz “um pouquinho? Tá dando pra escutar lá da esquina!”. Levanto a cabeça pra discutir melhor e só aí me dou conta de que eu estava deitada do lado errado e o bagulho tava mesmo alto pacacete. Não posso fazer nada, já que é impossível enxergar a TV em outra posição.

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Então eu ia a um seminário na beirada do país. Eu adoro viajar pra beirada do país, já fui em várias delas. Acho divertido andar 10 minutos e a cara de todo mundo ser diferente, a cara do lugar ser diferente e a língua ser aquele inferno de espanhol que ninguém merece. Aí quando a fronteira é tríplice, meua mô, eu vou ficar muito contente.

O inconveniente é ter que se transportar de avião.

Não me entendam mal, eu adoro avião. Mas eu adoraria mais ainda se a pessoa fosse capaz de ler informações simples, como hora do vôo e poltrona, sabe? Até então eu nunca tinha entrado em um avião sem que tivesse que tirar alguém do meu lugar. Gente que leu o próprio cartão errado, gente que achou o meu lugar mais bonito e “vou ficar aqui mesmo, cê não se importa, né?”, gente que não conseguiu fazer check-in do lado do amiguinho e quer o meu lugar SAI DAÍ PROBLEMA SEU O LUGAR É MEU VAI FALAR COM O PAPA.

Aí eu fico apreensiva.

Troco de lugar nem por um potão de nutella.

Então tava lá na sala de embarque, vendo todos os vôos mudarem de confirmados pra atrasados e esperando a hora que ia acontecer com o meu. Não demorou. Vôo atrasado, gente besta que sabe que o embarque era até meia noite e consegue se atrasar pro vôo atrasado (gente, se sou eu, saio voano sem o babaca.), todos levanta voo, aê.

Só que ninguém conta com turbulência, né?

Veja bem, eu nem ligo pra turbulência, qual a graça de viajar sem a sensação de estrada esburacada? Meu problema é com a mudança brusca de altitude e com a conseqüente mudança de pressão.

Eu sou uma pessoa alérgica. Eu tenho medo de minha cara explodir quando a pressão muda. Mas nesse dia, a cara trabalhou bem, o que não trabalhou foi o ouvido. O esquerdo. O que """""escutava""""".

O avião subia e o ouvido entupia. Descia, entupia. Batia, entupia. Depois de alguns minutos, eu comecei a sentir a agradável sensação de mil facas ginsu fatiando meu cérebro e não conseguia mais viver, respirar, enxergar, controlar meus músculos e essas coisas. Foi lindo. Até que PLOP, adeus um tímpano.

Não sei dizer quanto tempo essa maravilha durou, só sei que quando o avião finalmente pousou, eu não sentia o lado esquerdo da minha cabeça e não ouvia NADA. Pra ajudar, lindos aeroporto sem finger, de modos que tinha que andar pela ventania de -12 graus. Era super agradável a sensação do vento batendo na cabeça amortecida, consigo nem explicar.

Nisso já era altas madrugs, pegamos o taxi da morte pra chegar no hotel (vou pular a história do taxi da morte, porque né?), confusão no hotel, outro taxi da morte, outro hotel, ar condicionado no modo inverno polar (tipo inception, inverno dentro do inverno) e eu debaixo de 4 cobertores, tentando fazer a dor passar.

Acordei na manhã seguinte com uma dorzinha perfeitamente suportável e zero de audição. E depender do meu ouvido direito não é exatamente a maior alegria do mundo. Antes do meio da tarde, na linda paisagem de um templo budista, com o vento batendo e fazendo um som muito estranho, achei que todo meu almoço ia voltar por onde veio, porque ser muito surda dá enjoo.

Agora é a hora em que eu deveria contar as maravilhas da viagem, do Paraguai, da Argentina, mas não vou. Vou só colocar algumas fotos aqui, porque ólia, a viagem em si foi muito maravilhosa demais e a vida neste momento está muito cocô demais, então né? Fique aí com a imaginação.

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Aí eu passei os dias todos em crise existencial, porque meu ouvido doía até o pescoço e eu tava surda e ainda tinha que voltar pra casa de avião. MÁ NEM POR UM DECRETO eu voltaria por meio de transporte terrestre daquela lonjura, ousseje, o medo tomou conta de mim.

Comprei um pacote gigante de chiclete, porque disk ajuda a aliviar a pressão, garrei na mão dedels e fui. Com um piloto muito mais rápido que o da ida, pareceu até que a gente veio voando OH WAIT KKK. Com lindos dia seco, não teve turbulência. Com poucas troca de altitude, eu só senti uma faquinha ginsu solitária me cortando o célebro. Everything went better than expected.

Mas ainda saí diretamente do aeroporto para o hospital, pra descobrir que meu pobre tímpano escangalhou-se. Pelo menos 40 dias pra voltar a escutar direito. Direito as in MAL, que é como eu sempre escutei.

Agora reflita.

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Peguei a receita que o médico me deu pra aliviar o horror da surdez e fui na farmácia comprar, né? Tava lá quietinha na fila, esperando minha vez, olhando o mundo todo atentamente (tô trabalhada no olho arregalado desde que diminuiu o poder dazoreia), quando minha mãe me dá a maior cotovelada.

- sua vez.

- mas a mulher não chamou o próximo!

- chamou sim, você tá surda?

OH WAIT.

Parece até a vez em que eu perguntei pro cego se ele não estava vendo. Karma is a bitch if you are.