quinta-feira, 15 de agosto de 2013

oito faxa

Era pra ter postado isso na sexta-feira passada, mas a vida tá tão suave na nave (só que não), que vejem só vocês. Se isso for postado hoje, é lucro.


(Cêis não ficam chateados quando o trabalho atrapalha sua vida? haahhaha)

Então. Eu leio blogs como forma de auto punição, sabe? Eu vivo discutindo unilateralmente com as pessoas, por causa das coisas imbecis que elas escrevem. Aposto que vocês discutem unilateralmente comigo também, acho válido, eu sou muito imbecil. Mas a gente segue nesse processo de ler os outros, por amor, por masoquismo, por tédio, não sei. Tipo, outro dia uma pessoa que eu descobri que leio há 5 anos (a pessoa falou a idade e já são 5 anos a mais do que da primeira vez que eu ouvi dizendo a idade). E cara, eu gostava tanto no começo. Agora entrou numas de frases de efeito e eu fico aqui comendo o canto da mesa de vergonha. É ruim demais. E é um processo dolorido tirar dos feeds. Eu fico tipo ex, com a diferença que eu nunca faço isso com ex, porque ex bom é ex-terminado da face da terra, mas com blogs eu deleto e volto lá pra ver se num quero reatar e tal. Nunca quero, mas a separação é dura.

Q

Tô dizendo tudo isso só pra introduzir a ideia de que de vez em quando eu gosto de ler blogs, e geralmente é quando a pessoa indica uma música que ela ouviu e gostou. 70% das vezes eu odeio a música e desligo antes de 10 segundos, mas as 30% restantes são tão boas que compensam. Eu não ouço rádio, então é muito maravilhoso ter essa forma de descobrir músicas novas. (Mesmo quando o post é super apoteótico, com a pessoa dando lição de superação e sentimentaliszzzzzzzzzzz.)

As outras duas são: seriados e pulando no youtube aleatoriamente, sem ver os vídeos, é claro.

Não sou o tipo da pessoa "movida à música", acho isso até um pouco retardado e tenho ZERO paciência com quem não consegue ficar em silêncio ou usar fones. Deveria ser obrigatório por lei ouvir músicas em ambientes ocupados por mais de uma pessoa COM FONE. Meu saco enche muito rápido até das minhas próprias músicas, imagina das dos outros.

Por exemplo, meu carro conta apenas com um toca-fitas que eu ligo rarissimamente (tanto o rádio quanto as fitas hahahaha, sério), nunca no ~trânsito~. Se tem uma coisa que me irrita é você lá impedida de se locomover e escutando um barulho vindo do rádio. Dirigir é a melhor hora pra bater um papo com as vozes na cabeça, então eu dirijo em silêncio. A não ser de noite, quando eu posso acabar dormindo. Aí eu ligo o rádio e vou cantando.

Em casa também, eu só ligo algum som se vou fazer alguma atividade muito abstrativa, tipo arrumar armário. Lavar louça. Faxina em momentos que a casa está vazia. 

Música eu gosto de ouvir quando dá pra prestar atenção ou cantar alto. Ou no trabalho, pra evitar ouvir a quantidade infinita de asneira que é proferida ao meu redor ou até mesmo pra abafar o barulho do picador de papel do vizinho, porque, pelamordedeus, haja papel no mundo pra alimentar esse barulho infernal que nunca acaba.

Cêis sabe, né? Em um caso auto diagnosticado de Transtorno de Processamento Sensorial, a pessoa tem que se proteger de sons que iniciem uma *crise*.

Foi num desses dias, em que o potencial de estupidez estava atingindo todo um novo nível, que eu fiz esse trem de 8tracks.

Fiquei com muito ódio no meu coração que você não pode pegar, sei lá, links do youtube pra formar a lista, tem que fazer upload de tudo. Porque aqui no trabalho aconteceu uma catástrofe na minha pasta de música (eu realmente não sei como se deu e tenho preguiças eternas de arrumar) e virou tudo uma zona só e eu parei de fazer downloads e ouço tudo em listas no youtube. Aí fui lá downloadar pra uploadar, ai que saco, mas eu fiz. 

Quem já teve o prazer de ter que escutar o meu iphone porque todos os outros celulares estavam sem baterias sabe que eu só ouço musga deprê. Cresci ouvindo os brutos também amam - que vem a ser banda de roques pesados cantando sofrimento por muiés aleatórias e digivolvi pra essas porcaria que embalam momentos chorosos em seriados, um indie suicida, um folk corno, um pop merdão.

Então tentei fazer uma listinha que fosse do semi-alegre até a depressão profunda.

Sei lá, vai que tem alguém que 

************* péra que acabou de entrar um padre aqui pra benzer a sala **************

HAHAHAHA, então, vai que tem alguém que gosta, né?

*****

Disclaimer.

Faixa 1 - Maroon 5. Pop merdão, não entendo como Adam Levine faz sucesso com aquela voz e não entendo como eu gosto. Adoro essa música, especialmente porque eu acho que ela é um fora retardado. Eu dedico sempre pro meu travesseiro.

Faixa 2 - Phillip Phillips ♥♥♥♥♥♥♥. Isso é folk? Que raio é isso? Melhor música, cantarei de zóio fechado no show, com lagriminhas escorrendo pela cara e ficarei rouca em seguida. Declaração de amor do tipo que jamais farei na minha vida, gosto muito.

Faixa 3 - Emmelie de Forest. Como.proceder.com.gente.que.ouve.eurovision? Não sei, só sei que vocês têm que me amar mesmo assim hahahahah. Ouva essas flautinhas enquanto pensa em todas as lágrimas derramadas por amor. Como sofre!

Faixa 4 - Pink. Apenas a melhor cantora muié de todos os tempos. Até as musgas dela que eu odeio, eu amo. Até a voz errada desse moço do Fun deu certo com a voz dela. Mas essa musga todo mundo já ouviu na rádio, né?

Faixa 5 - Gabrielle Aplin da depressão. Não foi fácil escolher uma música dessa senhora, porque é uma melhor que a outra. Na próxima fita (kkk) vai ter outra dela, aguardem. Muita tristeza, me abraça.

Faixa 6 - Brandi Carlile. Se você não conhece, não quero mais ser sua amiga, sai daqui kkkk aquelas grossa. Gente, eu amo Brandi. Eu quero cds da Brandi. Eu grito com Brandi. VAMO SÊ AMIGA E RECLAMAR DA VIDA JUNTAS, BRANDI. Ela também não tem música ruim, cêis vão ouvir muito nas minhas fita.

Faixa 7 - Florence ♥♥♥♥♥♥♥♥♥. Também, né? Não vai me dizer que nunca ouviu. Teve um tempo que essa música tava com encosto, porque eu upei uma versão e o 8tracks tocava outra, que nem no meu computador existe. Agora tá certo, tem que ser essa aí só do pianinho e tal. A outra não dá a emoção certa. NEVAH LET ME GO. 

Considerando que cêis são educado e tão de fone, favor colocar no alto. Qué dizê, eu sou surda, eu posso. Não vão estragar seus ouvidos.

Faixa 8 - Os Mumford tudo. Se você é team "as músicas são todas iguais", SAI DAQUIIII. Não são não, e essa é maravilhosa. Nessa versão também. Tem que estar emocionalmente estável e com a placa de som em ordem pra escutar. Alto.

Agora que eu melhorei o gosto musical de vocês e levei um splash de água benta, já posso continuar minha semana sabendo que fiz uma coisa boa pro mundo.

Quem quiser contribuir nos comentários com músicas de sofrimento pra minha coleção, ME GUSTA. (Tô falando com você, amigo que me indicou um vídeo maravilhoso uns posts atrás). Se quiser dar sugestão de tema pras próximas fitas, fique à vontade, mas lembre-se de que elas só acontecerão quando a conjunção astral certa aparecer.

De nada. :*

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

~cisney~ branco em noite de lua



Eu nem sei por que vou contar isso, mas é que eu tava outro dia tentando lembrar de um acontecimento do passado e acabei abrindo uns arquivos antigos e me deparei com essas fotos e lembrei dessa história idiota, que está guardada apenas no fundo do meu cérebro e provavelmente em outros 4 ou 5 cérebros e pensei "por que não destruir mais um pouco da minha imagem já tão escangalhada na internet?"

*****

Meu pai trabalha na Marinha do Brasil desde quando eu era muito pequena, de modos que é como se ele sempre tivesse trabalhado lá. Eu e meus irmãos passamos anos intrigadíssimos na portaria, porque ninguém menor de 18 anos podia passar dos portões. E morremos todos de tédio quando finalmente pudemos entrar e não vimos nada demais. Mas como papis sempre sentiu amor pelas forças armadas, hinos cantarolados pela casa sempre foram normais. Especialmente esse do Cisne Branco.

Não sei se vós vos recordais [/pedância], mas na época dos 500 anos do Brasil alguém achou maneiro fazer réplica das caravelas pra virem de Portugal pra cá e uma delas acabou virando o novo Cisne Branco. O barquinho é tipo Doctor, em Doctor Who, e vai regenerando kkk. Uma das funções desse navio é funcionar como escola. E essa é a introdução da história de como eu fui parar abraçada na âncora do Cisne Branco.

JURO.

Um dia eu resolvi que seria especialista em logística e em negócios internacionais. Aí tava eu lá na faculdade, sendo muito perseverante em provar que mulher também pode sim ter esse tipo de profissão, quando um professor muito jovem e muito bem relacionado resolveu oferecer a uma das 8 turmas que teve naquele ano um passeio por Paranaguá. Meu, sério. Qualquer outro ciclo em que eu tivesse resolvido fazer essa matéria teria me feito perder esse momento. Mas eu sou muito sortuda e estava com o timing muito favorável.

Pra quem não conhece (eu também num conheço, vou fingir propriedade no que tô falando porque não há vontade suficiente pra usar o google), Paranaguá tem um porto importante, tem um alto escoamento de soja e tem um parque de container que vinha a ser muito moderno 10 anos atrás, quando essa história aconteceu. Incrusível, o professor fez questão que fôssemos visitar o porto justamente pra ver um empilhador de container mágico, que fazia um pátio gigante parecer um joguinho de tetris.

Então fomos viajando bem bonitos de ônibus de Curitiba pra Paranaguá, uma pequena guerra dos sexos acontecendo lá dentro, uma pessoa me oferecendo um frasco de X-14 e eu respondendo com toda a minha meiguice, arremessando um copo de água mineral na cara do infeliz, rasgando a bochecha dele com o metal da tampinha (hahahahah) e coisa e tal. 

Chegando lá, fomos primeiro nos armazéns de soja. E se eu puder dar apenas uma dica pra vocês, minha dica é nunca vista preto ao visitar um armazém de soja. Eu fiquei marrom em 2 minutos. Felizmente me deram máscaras, porque pensa numa alergia? E ratos HHAHAHAHHAHAH. Cê acha que tá sendo lindo e vegetariano comendo soja, mas tem tanto rato lá no meio que talvez não.

Aí fomos num outro negócio (devo confessar que essa é minha parte menos favorita da logística e eu tava prestando mais atenção no clima que no evento?) de transporte de líquidos para o qual eu não tava nem ligando, porque a gente tinha que ficar vendo dutos e tubulaçõesZZzzZZZZzz e usar capacetes horrorosos e acho que ninguém tava mesmo interessado nessa parte.

quem estou de capacete diferente do de todo mundo?

Fomos pro maravilhosíssimo pátio de containers, a parte disneylândia da viagem pra maioria dos presentes, e ficamos lá, chorando água do mar, enquanto a pessoa dirigia um U invertido gigante empilhando e desempilhando containers colororidos. Quando achamos que nenhuma profissão era mais legal que essa, descobrimos o ofício de ~prático~ ou "manobrista de navio", pros leigos. COARENTA MIU DINHEIROS pra passar o dia de bermuda e chinela no mar, manobrando navio. Onde manda currículo?

Só tinha um navio gigantesco de Itu atracado, mas gente, o negócio era da altura de um prédio de 900 andares. Meu profes foi lá tentar conseguir que eles deixassem a gente subir no navio, até que alguém se tocou da bandeirinha chinesa, na época do hype da gripe asiática HAHAHAHAHA. Nem os pessoal do porto deixou, nem ninguém ia querer. 

Nesse momento, nos demos conta de um naviozinho menorzinho, quase imperceptível perto do ponto vermelho gigante: ~cisney branco~ tava lá, atracadinho, de buenas, apenas apreciando a marola.

O profes muito do cara de pau se aproximou da belíssima embarcação e perguntou se 30 desocupados poderiam, de repente, assim, sem compromisso, visitar o navio. Pra nossa surpresa, a resposta foi sim. Aí começou meu pesadelo.

Eu tenho PA-VOR de água. Cê não tá entendendo. Eu sou a pessoa que entra numa balsa e desce imediatamente do carro. Se ninguém sai da minha frente, eu passo por cima das pessoas e saio pela janela, mesmo que o carro só tenha porta na frente. E isso é a descrição de um acontecimento. Eu pulei por cima das pessoas, dos bancos, saí pela janela e fui lá catar a bóia de salva vida. Se esse trem afundar, eu não quero morrer, ok? Eu sei nadar, já me salvei de afogamento em mar revoltado apenas com as minhas habilidades físicas, mas eu não quero ser tragada por um monte de ferro afundando. EU TENHO PAVOR DE BALSA, eu ando 300 km se puder evitar andar sobre o mar.

Nunca imaginei que isso se estenderia a um navio atracado.

Mas foi pisar no convés e imediatamente começar a passar mal. Eu não conseguia parar de pé com eficiência e o alto movimento de manobras naquela hora no porto deixava o mar agitado e o cisney branco balançando loucamente e eu ficando verde no convés. Aí eu fiz o que qualquer pessoa normal faria: me dirigi pra saída. Veio um marinheiro de 4 metros de altura e 2 de largura e me agarrou pela cintura de modos que meus pezinhos deram passos no ar, enlouquecido, dizendo "cê tá lôca? só sai daqui quando o capitão autorizar!!!!".

Meu, então cê vai AGORA achar esse infeliz, porque eu não vou ficar aqui não.

Alguém acabou obrigando o marinheiro a ficar de meu babá e eu fiquei lá reclamando e quiseram me dar dramin, mas eu tenho alergia a dramin (se eu falasse que a reação consiste em desmaio quase instantâneo que perdura por umas 14 horas, aposto que teriam amassado e me dado na água) e ninguém tinha mais nada pra ajudar, de modos que o marinheiro teve a brilhante ideia de organizar o povo em grupos pra irem fazendo uma excursão pela belíssima embarcação, apenas pra garantir que eu ficasse distraída.


    
tá vendo esse pequeno negão no meio da foto? meu personal marinheiro.

Então a gente foi pra sala de jantar de festa, um negócio de muito bom gosto, com um carpete vermelho cabaré e móveis escuros, lustre estilo candelabro, uma finesse. Tudo com telas pra vídeo conferência, muito moderno, parecendo coisa de filme do James Bond, sabe? Aí sala de jogos, sala disso, sala daquilo, desce aqui esse lance de escada, vamo ali na cozinha.

Uma cozinha gigante, linda, tipo industrial, com a típica cena de pessoas descascando batata (sério) facas ginsu gigantescas, o tio lá cozinhando loucamente e alguém sugere entrar no freezer. Entramos e é engraçado, porque parece filme, um frio infernal lá dentro. O marinheiro gênio diz que a porta é tipo cofre e eles se divertem fechando ozotro lá dentro e eu tenho o trigésimo oitavo ataque de pânico desde que botei o pé no navio e tenho que ser carregada pra fora do freezer aos gritos, e o moço me acalmando "ó, tá vendo, tá aberto, calma, calma".

Em minha defesa, só posso dizer que aquele balanço todo afetou a minha meninge (q) e meu labirinto e eu fiquei assim com as travas comportamentais mais quebradas que o normal.

Continuamos o passeio, tudo era mesmo muito bonito e espaçoso, ainda mais se comparado com o lado de fora (TARDIS, alguém?) e eu não me dei conta que já estávamos no quinto lance de escadas, quando chegamos num corredor estreeeeeeito, com quinhentas e vinte mil portinhas, mais parecendo um cenário de pesadelo. Vinha a ser o andar dos quartos. Fomos andando pelo belíssimo carpete vermelho, até chegar no quarto do nosso personal marinheiro. Ele abriu a porta e disse pra gente entrar e olhar à vontade. Aí eu fui lá olhar na janela e, especialmente burra como eu estava aquele dia, perguntei se ficava assim sempre embaçado por causa da maresia. Ele riu. Eu apertei o zóio e vi alguma coisa voando. Fui olhar mais de perto e vi que a coisa estava NADANDO. Comecei a gritar tudo de novo, me arrastaram pro corredor, onde eu tentava, mas não conseguia explicar que estava MORRENDO DE MEDO DE MORRER AFOGADA, porque eu fiz as contas e entendi que estava cinco andares pra baixo do nível do mar, socorro, SOS, mandem a guarda costeira, ajuda, mayday, mayday.

O marinheiro, coitado, me pegou por baixo dos braços e saiu me arrastando escada acima, enquanto eu gritava por socorro e dizia que não conseguia respirar (tô sentindo uma vergonha tão grande ao lembrar disso, pelamor) e aí os grupinhos espalhados foram se juntando, porque eu tava chamando só um pouco de atenção e de repente tava todo mundo no convés e eu no chão ao gritos, tossindo, tendo ânsias de vômito, fazendo a afogada e pedindo pelo amor de deus pra alguém achar o capitão, porque eu PRECISAVA sair daquele navio. Mas o capitão estava ocupadíssimo fazendo sei lá o que e não podia parar sua importantíssima atividade pra ir salvar uma mocinha indefesa.

Depois do chilique semi finalizado, o marinheiro tentava me botar de pé e eu desmontava tipo aqueles burrinhos que tinha na casa das avós, que a gente apertava embaixo e ele desmontava, sabe? Eu tentava andar em linha reta e fazia uma parábola. Não tinha condição nenhuma de sobreviver naquele ambiente inóspito, quando o marinheiro teve a brilhante ideia de me catar no colo, me levar até a âncora e falar "abraça aí, fia". Eu abracei. "Fica quieta", e eu fiquei. E fiquei lá por infinitos minutos, até todo mundo acabar de visitar o navio, o comandante finalmente aparecer e dizer que podíamos sair.

Se você me perguntar como foi que eu saí do navio, eu te digo: tenho a mínima ideia. Alguém provavelmente me arrastou pra fora. Só sei que fiz o papa ao botar os pés na terra firme e beijei o chão. Do porto. Se foi porque eu quis ou porque eu caí de cara, jamais contarei.

Voltamos para o ônibus em silêncio, 8 pessoas me amparando pra que eu permanecesse em pé. Para a sorte dos envolvidos, voltei em situação total de destruição, de modos que não pude mais atentar contra a vida ou a face de mais ninguém. 

Chegando em Curitiba, descobri que ainda teria que voltar pra casa de ônibus, porque minha mãe achou que não tinha nenhuma necessidade de dirigir até o centro da cidade pra me buscar depois de um dia que eu só fiquei passeando HAHAHHAHAHA. 

E, o mais impressionante: um dos meninos, que até aquele dia nunca tinha me dito nem oi, quanto mais tratado bem, declarou amor eterno. Mesmo morando no quinto dos infernos, foi me acompanhando de busão até em casa, só pra eu não ir sozinha e garantir que eu não fosse vomitar HAHAHAHAHAAHAHAAHAHAHHAAHAHAHHAHA. Eu realmente não vomitei, mas só constatei a beleza em que eu me encontrava ao chegar em casa. Marrom de soja, descabelada por um hit combo soja + maresia + colo de marinheiro, com a cara verde igual de desenho, olheiras e ó, nem um urubu me acharia cheirosa.

Como a gente desperta amor assim, jamais saberei.

O importante é que eu entrei num navio brasileiro feat. caravela comemorativa e você não. Fui carregada por um marinheiro negão maravilhoso e você não. Arranjei um namorado demente e você não. Tô contando isso num blog em que qualquer leitor de língua portuguesa pode ler e você não.

Reflita.

Para minha própria sorte, em 2003 as pessoas não tinham smartphones ou câmeras fotográficas de boa qualidade ou até mesmo redes sociais (oremos), de modos que não há registros da minha cara de pateta dando chiliques de hora em hora tipo a telesena, ou 27 status de instagram com a legenda #abraçada #na #âncora #vergonha #bafão #alok #paranaguá #cisney #branco #negão #labirintite #kkkkk #chantagem #seferrou #x14 #agressiva #vergonha #incidentediplomatico #orgulhinhodopapai.

*****

Nunca mais cheguei perto de um porto na vida, nunca mais pisei num navio (nem numa balsa) na vida, mas marinheiro eu vejo toda vez que vou visitar meu pai no trabalho. Incrusive, se alguém puder mandar umas ondinhas pra São Paulo pra eu ter desculpa pra ser carregada por um deles quando estiver por lá, tô aceitando. Só que não.