sexta-feira, 31 de agosto de 2012

bem feito, quem mandô?




Eu sou da opinião que o aniversário da pessoa é o dia mais importante do mundo, de modos que ela tem o mais próximo possível do passe livre que pode chegar. O que não é uma decisão muito sábia, porque aí todo mundo se aproveita da minha alma boa nesse dia.

[Tudo bem que, na verdade, isso é uma forma de dar a dica pro semelhante de como eu quero ser tratada no MEU aniversário, mas ninguém nunca compreende. Tudo bem, são pouco mais de 30 anos, eu ainda chego lá.]

Por exemplo.

QUEI NUNCA teve um amigo do pagode, do axé, sem ser particularmente entusiasmado por esses... gêneros musicais? Aí seu amigo de bom gosto resolve fazer as festividades comemorativas num bar onde tem até um mezanino pras dançarinas do Faustão ensinarem a coreografia e você vai, né? Porque em aniversário não se questiona o amiguinho. Se você AMA, você VAI.

(E se dá mal.)

Pois foi num momentcheenho de aniversário que eu fui parar numa balada. Desde 2000 eu num ia na balada, meus amô. Que erro. QUE ERRO.

Primeiro que o lugar se disfarçava de bar. Porque eu olhei antes nas internete, né? Pra ver o que vestir, o que esperar, se jantava antes ou ia pra ~comer~. Mas, na verdade, era uma baladjeenha com mesas, sabe como? E eu vou ao bar de calça jeans e só uso salto quando quero fazer sofrer os homens de menos de um metro e oitenta e eu tava num bom dia, de modos que fui de sapatilha, que brilhava, mas era apenas ¯\_()_/¯ uma sapatilha.

Eu não poderia estar mais errada no dresscode.

Que vinha a ser saia curta e cabelo longo, pra meninas. Braço grande e manga pequena pros meninos. Meu cabelo é curto e minhas pernas estavam escondidas pelo mais denso jeans TNG e parecia que eu era anã até todo mundo ficar bêbada e tirar os saltos.

Aí eu pensei. Vai ficar aquela cara de gordinha discreta. HAHAHAHAHA, como eu estava enganada. Porque tinha várias gordinhas de auto estima funcionando normalmente, dentro do dresscode do local, conseguindo olhares nas suas direções muito normalmente. Eu é que não sei mais proceder na sociedade noturna. E pensar que já houve um tempo em que eu dançava com saias de um palmo sobre caixas de som naquela mesma vizinhança. A que ponto cheguei.

Como não pode faltar, mesmo você sendo gorda (ok, pro local eu tava até bem magra kkk), tendo cabelo de menos e roupa demais, sempre tem aquele bocó tão sem esperança na humanidade, que escolhe vocêÊÊêêê como alvo da noite.
Ai, que dó.

Fora que o fio tinha o que? Um metro e dez de altura? Quase que fui avisando antes de ele começar. Mas eu sempre parto do princípio que a pessoa só tá lá passando o tempo, né possível que está interessada em mim, não vou levar um fora não requisitado só pra salvar a dignidade alheia. Deixa eles.

Aí nego vem “ah, vamo se animar, levanta dessa cadeira, vamo dançar”.

- fio, tô mais na idade não, tô com sono.
- por que toda menina de uns 22 anos sempre diz que tá velha?
- não sei, não lembro mais como é ter 22.
- quantos anos cê tem, ué?

Triin..... ta... e... um... e... on... ze... me... ses...

Como eu ODEEEEEIO quem me obriga a dizer isso em voz alta. Vou começar a responder vinte e onze. Vinte e doze, mês que vem.

E é capaz dos mongol não pegar a ideia.

Depois desse momento de romance, o rapazinho jovem e anão desistiu e eu fiquei sentada ali no cantinho na mesa, esperando minha comida chegar, pra eu comer e ir embora. Olhei no relógio e num tinha nem chegado o dia seguinte ainda, ó que derrota.

De modos que comecei a filosofar.

Acho que finalmente estou velha, minha gente. Eu jurava que jamais cresceria e deixaria de aproveitar a alegria que é comer um pacote de passatempo ou cheetos requeijão. Eu jurava que jamais deixaria de assistir desenho na TV (tamo aqui com o DVD do El Dorado recém buscado na locadora, pra não ficar sem provas). Eu jurava que jamais desistiria de ligar o som nas alturas e dançar pela casa, ainda que doessem os joelhos.

Mas essa função social de balada, mini saias, maxi cabelos, mini cérebros, maxi braços, mini moços, maxi babacas não vai dar mais pra mim.

Por isso que nossas avós insistiam tanto que a gente deveria se casar antes dos 20. Nessa levada, arranja marido onde? No curso de culinária? Na lavanderia? Igual americano, no supermercado? Ainda bem que eu não tô procurando um desses, senão precisaria de ajuda psiquiátrica pra me desenvolver com graça nesses poucos anos úteis que me restam.

AHHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHA

Dezessete de setembro tá aí, façavor de ir comprando meu presente de vinte e doze anos. Brigada.

(milarga)