A primeira vez que eu pensei nos 40 foi, provavelmente, aos 18. Quando eu nasci, minha mãe tinha 18, e acho que todo mundo passa por aquele momento "na minha idade minha mãe já tinha filho". Aí pensei na mãe dela, que tinha - pelas minhas contas - 40 quando eu cheguei ao mundo (kkkkkk). Na verdade, ela tinha 39, mas só por mais 3 dias. Então 40 é, obviamente, idade de vó.
A primeira vez que eu ri dos 40 foi em algum momento da última década, quando esta belíssima reportagem foi encontrada por paleontólogos:
É impactante pensar que no século passado, logo ali, a idade era de velhinha mesmo e o fim estava próximo. Pra quem tem menor poder de observação, o jornal é de 1904. (Mas minha vó era velhinha quando se tornou vó, digamos que não mudou muito nos 80 anos seguintes. COF).
A primeira vez que eu admirei os 40 foi aos 32. Alguns dias depois de voltar da Europa, onde fui especialmente pra comemorar meu aniversário, alguns grupos de amigos combinaram pequenos encontros pra celebrar a minha existência (eu também não compreendo). Num deles, eu fui apresentada a uma amiga de uma amiga, que era uma das pessoas mais bonitas que eu já vi ao vivo. Num certo momento, falando de viagens, esportes ou qualquer outro assunto absolutamente ~jovem~, pra expressar indignação com uma situação específica, ela disse: "poxa, eu tenho 39 anos! não tô pra brincadeira!".
Mas como assim 39 é jovem? É bonita? É batendo as porta dos 40! Não é possível! Deve haver algum engano, exijo falar com os responsáveis!!11!
Embora eu não tenha mantido o contato com essa mulher, acabei de olhar o perfil do facebook dela. A linda agora tá beirando os 50 e permanece pleníssima, lindíssima, lembrando à gente que idade é só um número e juventude é só construção social.
Mas a primeira vez que eu, de fato, TEMI os 40, foi aos 36. Para explicar, vou contar uma breve história.
Eu tinha acabado de conhecer um jovem, que eu ainda não sabia jovem QUANTO, e meus 4 pneu arriaro. Passei ali um tempo analisando a situ e, embora todo mundo adulto maior de 21 anos, a diferença de idade era UM POCO GRANDE. Do tipo que quando o jovem foi alfabetizado eu já tava na faculdade. DETALHES.
Mas aí, num dia em que especialmente eu achei que nosso romance ia acontecer naturalmente, depois de deixar o jovem em casa, eu parei alguns segundos pra visualizar o futuro, donde me ocorreu o seguinte cenário.
O ano seria 2020. O mês seria setembro. O jovem teria se formado na faculdade e teria um trabalho adulto e pesado (até aí eu vos digo que acertei a previsão), vai chegando o fim de semana, os calega começam a se movimentar pra combinar um bar, um churrasco, um negocinho pra desestressar (porque na minha projeção de 2020 não tinha previsão de apocalipse, midesgupi a falta de habilidade distópica). E também porque o jovem num tem nem 30 anos, os jovem dessa idade têm animação pro fim de semana. Um amigo do jovem vê quando ele tá chegando na saída da empresa e chama:
— ô, brother, bora churrasco da galera esse fim de semana?
— não posso, mas valeu o convite.
— vamo, cara, vai ser legal, todo mundo vai!
— eu imagino, mas não vai dar, é aniversário da mulher, cara.
— uai, leva ela também, leva um bolo.
— é que é aniversário importante, vai ter festa, tá planejada faz um tempo, não vai dar mesmo.
(Primeiro: o delírio que neste momento da minha vida eu ia PLANEJAR FESTA kkkkkkk)
(Segundo: o amigo do jovem, pensando que eles nem mesmo chegaram aos 30, faz uma suposição)
— aniversário importante? Um quarto de séééééculo, alá o cara, cuidado, mermão, daqui a pouco já dá pra trocar ela por duas de...
— (risos neuvosors) é, cara, não é aniversário de 25 não...
— TRINTA? TU TÁ PEGANDO VELHA, RAPÁ? SE BEM QUE TEM SUAS VANTAGENS E...
— quarenta, ok? A patroa tá fazendo quarenta.
CAI AS CORTINA. TODOS CHORA. SEM CONDIÇÃES NENHUMA. COMO EU VIM PARAR AQUI EU TENHO SÓ 6 ANOS INTENSIFIES