domingo, 1 de março de 2015

forevis young

Sentada no chão do SESC belenzinho, 
onde momentos depois DEITEI com a minha roupinha linda, 
limpa e de grife pedante. Cheia de anticorpo pra viver saudável.
Até o sabão em pó diz que se sujar faz bem.


Vamo falar de coisa boa, vamo falar de juventude.

Ou vamo falar de coisa que eu não entendo, vamo falar de véias.


Pra quem não lê frequentemente, fica já especificado que véias podem ter qualquer idade e qualquer gênero, véia é uma condição espiritual. Eu prefiro um filho pedreiro que um filho véia.


Eu sempre tive problema com véias, mas não sabia identificar exatamente o que era. No post passado eu finalmente me dei conta que véias estão EVERYWHERE. Migas, como vocês aguentam viver nessa prisão?

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Quando eu era criança, minha vó morava numa chácara. Mato, terra, água, VAI PLANETA, e eu, obviamente, andava descalça. Alinhais, eu andava descalça todos os dias da minha vida, sei nem como meu pé é tão macio. Felizmente, meus pais nunca foram véias e só me proibiram de andar descalça na época que tava tentando corrigir a rotação do joelhinho (não deu), mas depois de fazer o possível, ADEUS BOTA ORTOPÉDICA, rélou pé no chão. Fica aqui também o questionamento cósmico: por que pessoas acham que a palavra "descalço" não flexiona no gênero? Meninas falando que tavam descalço e eu comendo meu cotovelo de desespero. QUER ERRAR NO PORTUGUEIS ERRA DIREITO. ok. Foco.


Então num precisa dizer que sou alérgica porque cresci em são paulo em casa desinfetada. Eu pisei no chão, eu brinquei na areia do parquinho com cocô de gato, eu lambia o dedo que passava no asfalto pra saber qual mão do amiguinho estava comprometida no esconde-esconde. Eu fui uma criança nojenta. Neste momento, agradeço pela mente moderna dos meus pais.


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Eu trabalho no mesmo lugar há onze anos morte horrível e por um tempo minha sala era escondida atrás de outra sala (minha atual sala - q), de modos que as poucas pessoas que sabiam que eu existia raramente me viam. Aí fui obrigada a ir pra um lugar um pouco mais exposto e me mudei com minha mesa, meu computador, meus armários e meu ventilador. Se tem uma coisa neste mundo sem a qual eu não vivo é meu ventilador. 


Como sou uma pessoa alérgica, tenho dificuldades em manter o vento vindo de frente pra mim, na direção do meu rosto, porque o ar fica mais seco e meu nariz começa a sangrar sem fim (todo verão eu acredito que vou morrer de ensanguinação, inventei), então onde eu ligo o ventilador? Isso mesmo, nas minhas costas. Mas é todo dezembro/janeiro/fevereiro as véia enlouquecendo ao entrar na minha sala "minha filha, você vai morrer". Tia, no primeiro ano eu entendi seu desespero. No segundo eu achei que você tava de zuêra. No décimo primeiro eu esperava que você já tivesse compreendido que não vou morrer merda nenhuma, me deixa?


Aí, eu que curto muito chocar a sociedade com esse meu jeito rebelde, digo "cê nem sabe: em casa eu lavo o cabelo, não seco e fico sentada de costas pro ventilador até a hora de dormir, com o cabelo ainda molhado". As véia pira. E a sentença entre aspas é a mais pura verdade. Eu sinto calor, eu não seco o cabelo quando saio do banho. Nem um pouco. Sai pingando pra molhar a blusa tudo, é isso aí. AND, como eu acho porquinho quem não toma banho antes de dormir, adivinha quando eu tomo banho? ISSO MESMO, quando resolvo que tá na hora de nanar. De modos que eu saio do banho com o cabelo pingando, sento na frente do computador e de costas pro ventilador SIM, termino o que tiver que terminar e depois vou dormir bem linda de cabelo molhado.


E eu sou tão maravilhosa que meu cabelo não mofa, não quebra, não estraga. Viro o ventilador pra mim enquanto estou dormindo de cabelo molhado e não pego gripe (gente, eu juro, é  científico: o ventilador não transmite o vírus da gripe! É incrível!!!!111 Chuva também não transmite o vírus da gripe, nem o vento natural das ruas da cidade. Eu sei que é uma informação chocante, portanto REPASSEM). Acordo linda e maravilhosa, precisando apenas de uma chapinha pra franja apontar pra terra e não pro céu e um saco na cabeça porque não nasci bonita. O resto acorda em ótimo estado.


O arco-de-sonado também não transmite gripe, é incrível, cara. E, como alérgica, eu vivo escutando que não devo entrar em ambientes com esse tipo de aparelho maligno, mas adivinha só: ele FILTRA o ar, de modos que fica MELHOR pro alérgico, uma vez que frio não mata ninguém só ensina a viver, nem mesmo pessoas com sistema imunológico hiperativo, como eu.

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No post passado eu fiquei 01 pouco chocada porque em pleno 2015 ainda tem gente que não vai no quintal das próprias casas de noite porque "tá lá fora". Gente, mas eu sou tão feliz de não ser suas filha, suas parente, suas nada... Cêis nem sabe. Minha casa funciona num esquema assim: tacamo um portão gigante blindado super safe sbrubbles, de modos que da porta da sala pra trás, NINGUÉM ENTRA NINGUÉM SAI. Compreende? Tem um jardim na frente, que eu estrago com os pneus do meu carrinho (na verdade tem sempre uns 4 carros estragando o jardim), onde a gente vai com menas frequência, porque é um saco de abrir o portão gigante e não tem nada pra fazer lá. Mas do portão pra dentro, tudo é casa, ué. Ninguém nem fecha a porta da cozinha, por exemplo, porque toda hora tem alguém lá fora. Pode ser indo buscar a toalha pra tomar banho, pode ser indo ver o céu à noite, já que não tem poste de luz ali e fica legal de observar, pode ser porque tá mais fresco e você não deve satisfação pra ninguém, pode ser pra deixar roupas na lavanderia, buscar roupas na lavanderia, catar uma bolsa que cê enfiou numa caixa em 2007 e esqueceu que tinha, tentar assassinar um grilo que acha que é a madonna e não cala a boca, botar água nas plantinhas, essas coisas normal da vida da pessoa. E pode ser em qualquer uma das 24 horas do dia, não vejo uma razão pra que não seja. 

Essa área é toda protegida anti fuga de gato e cachorro, inclusive. Porque configura DENTRO de casa. Alguém comentou por aí que a família fecha a casa 22h e meu óculos ninguém sai. Magina o desespero se você lembra que esqueceu de buscar qualquer trem lá fora? Não vejo como viver dessa forma.

Alinhais, outro dia veio uns pessoal aqui em casa, pra passar a noite. Minha casa tem ZERO estrutura pra receber visitas. Não temos quarto extra, nosso sofá não presta (ninguém usa essa área da casa, ninguém se importa), não tem o que fazer. A gente tem uns corchón véio amontoado na churrasqueira que colocamos na sala mesmo, é o que dá pra fazer. Eram 4 pessoas, dois colchões de casal, pfv, sintam-se bem vindos (juro que a gente tenta, mas somos horríveis). Aí tava lá os pessoal se ajeitando pra dormir e eu achando ótimo, porque eu sou tipo a poliça mais maligna do setor, eu que fecho tudo, tranco tudo, apago luz, faço a contagem dos gato/cachorro e etc. Massss, naquelas de falta de contato humano, eu não sabia que pessoas de fato assistem samerda de UFC no conforto dos seus lares, QUE DIRÁ NO LAR ALHEIO. Eu achava que isso era background noise de bar ruim, mas não, tem na tv das nossas casas também essa morte horrível.

Só que como eu disse, somos péssimos anfitriões e, olha só que coisa, não temos tv na sala hahahahaha. Cada tonto tem sua própria tv, no seu próprio aposento. A política de visitação varia. NO MEU QUARTO NINGUÉM ENTRA. Num tem acordo, meu bem. Na minha cama e no meu sofá, só encosta bunda de banho tomado e roupa limpa, saída do varal. Num entra sapato, num entra pezinho sujo, NUM ENCOSTA PEZINHO NA MINHA CAMA EM NENHUMA HIPÓTESE, melhor deixe, né? O resto da família sei lá. Mas tinha uma peçoa muito interessadíssima na luta daquele overrated da canela do avesso, sabe qual é? O que fala fino? Naonde que a pessoa foi ver? Na tv da cozinha, que é de tubo e com antena de bombril. Tá bom, né? Eu tentei ficar acordada, eu juro. Mas num sou obrigada. Aí fiz a ronda que tinha que fazer e fui de muito mau humor na direção do meu quartinho, não sem antes avisar que era pra deixar a porta da cozinha ABERTA, isso era obrigatório. Aberta as in o vão de dentro pra fora da casa visível, num era destrancada, era ABERTA. Livre pro oxigênio entrar e pra gata e o cachorro saírem.

O que eu encontrei quando acordei? Isso mesmo, a cozinha trancada com chave. Eu não sabia nem que a cozinha da minha casa TINHA chave. 

Num sei que faniquito é esse que dá nos indivíduo de trancar a porta que tá por dentro de outras 3 porta trancada, gente. Se um meliante tiver chegado ali na cozinha, meu, num vai ser aquela portinha que vai segurar, né? Fico nervosa com essas coisas. Aí cê me pergunta por que evito visitas e taí a resposta.

(Inclusive são 22:23h e eu lembrei que tem uma revista muito importante na participação deste post lá na churrasqueira e, SISSIGURA VÉIAS, tô indo lá no sereno [hahahahah] buscar.)

(Tava garoando, ventando gelado e eu tô de short, camiseta e descalça. BU)

Porém importantíssimo mostrar que:


- frio não dá gripe
- resfriado não é gripe
- gripe não propaga pelo ar

PAREM.DE.FALAR.BESTEIRA.

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Uma vez eu trabalhei na roça região metropolitana e tinha um cara que me dava nos nervos, porque era o louco do "manga com leite não pode". Me pergunto se a vó dele nunca fez sorvete de manga em casa. Mas esse cara era in.su.por.tá.vel. Era o dia inteiro o infeliz vindo encher o saco pelas coisas mais idiotas. Ele almoçava com a gente e saía correndo sempre que alguém dizia que ia pedir café. Eu só achava biruta, mas um dia uma das pessoas perguntou qual era a razão pra essa maluquice. Pois vejem: a gente almoçava num shopping semi-abandonado, cheio de espelho por todos os lados e o doente mental achava que se uma pessoa tomasse café e visse seu reflexo no espelho, PÁÁÁÁ, morria imediatamente. Paramos os 4 na frente do espelho com um copo de café na mão, sobrevivemos e não foi prova suficiente pro doido. Que que eu posso fazer? Nada. O que ele pode fazer? NÃO.TORRAR.MEU.SACO.
Um dia eu tava ocupadíssima e peguei um cortador de unha e comecei a cortar minhas garra de gavião na minha salinha. Ele entrou como se quisesse salvar uma pessoa de um desastre e tentou me impedir. Aparentemente alguma desgraça dermatológica acontece com a pessoa que apara suas unhas em dias de semana. CÊ VEJA O QUE EU TENHO QUE PASSAR NESSA VIDA. Não contente com o ~SAI DAQUIIIIIIIIIIIIIII~ que levou nas idéia, veio um tempo depois desesperado reclamar que tava se arranhando todo, já que teve dois fins de semana ocupadíssimos e não pode cortar a unha e não queria morrer sei lá de quê se fizesse isso no meio da semana.

Façavor.

Quantas vezes meu pai mandou a gente parar de fazer careta? Até hoje eu faço barulho de galo cantando quando minha irmã fica vesga. Às vezes a gente pede pra outra cantar como galo pra ver se fica vesga pra sempre. Quantos chinelos tivemos que desvirar? Quantas vassouras atrás de portas? Quantas bisavós me mandaram não lavar o cabelo enquanto estivesse menstruada? Ou não sentar no chão nesse mesmo período? Me mandar repousar e não lavar a louça ninguém manda. Mandar me servir uvas rosa sem caroço, ninguém vai. 

Então pra quê viver nessa prisão de bobagens que cêis enfiam nas suas próprias cabeças de crendices sem base científica, de teoria de vó, de simpatia, de "melhor não, né?". Ai, gente, já não é fácil viver com ansiedade e overthinking, eu não posso me dar ao luxo de ser doida com coisas que não fazem sentido.

De modos que se você acredita que vento e chuva dão gripe ou que a pessoa num pode respirar oxigênio fresco se passou das 10 da noite, cêis fiquem à vontade, só num torra minha paciência quando eu for viver MINHA LIBERDADE.

:)