Eu acho muito desagradável que exista sempre a quem recorrer quando minha conexão com internet morre, quando minha conexão 3g morre, quando minha conexão com a TV a cabo morre, mas não exista um serviço de atendimento ao infeliz cuja conexão com outros seres humanos morre.
Minha conexão com os outros cerumanos já era.
Não que eu tenha sido compatível com isso em algum momento da minha vida, sabe? Mas é que depois de um episódio extremo de reclusão, que preocupou até meu avô (quando até seu vô acha que você ta vivendo de menos, é que you’re doing it really wrong), eu prometi pra mim mesma que ia tentar.
What’s the point, eu me pergunto?
Acabo sempre me afeiçoando às pessoas erradas, em qualquer nível. E as pessoas de quem eu mais gosto sempre moram lá depois de onde o vento faz a curva. (Eu ia colocar um link agora, mas não quero todo mundo sabendo que é minha pessoa favorita do momento. Tem gente que eu não tô disposta a dividir com ninguém.)
Ou então eu me afeiçoo a pessoas que não estão nem aí pra mim. Um clássico, eu diria. Sobre essas não vou querer falar.
Mas eu vos digo: eu raramente preciso de colo nessa vida, enquanto cerumano auto-suficiente. Aí eu precisei e todo mundo sumiu. Eu sou miguxa magoada, vai ficar no meu caderninho. Eu vou jogar esse caderninho fora antes de agosto, eu sei. Só que hoje tá ali anotado.
*****
Eu sempre acabo descobrindo pessoas incríveis nesses momentos mais ou menos da vida.
*****
Às vezes não há incredibilidade que salve e, no final de semana, minha conexão caiu.
Quando isso acontece, não há o que fazer pra recuperar o sinal, além de esperar a conjunção astral (porque eu não sei a que mais atribuir) o sinal ficar favorável novamente.
A única solução é partir pra atividades que não envolvam interação direta com outros indivíduos, nem aqueles da família. De modo que quando eu soube que aquele domingo não tinha salvação, me montei linda (mas gente, quando digo linda, eu quero dizer que TODOS OLHA, porque eu tava mesmo linda), taquei meus Lolita glasses vermelhos nas fuça e fui. Fui comer e fotografar e andar pela cidade. Domingo é bom de andar porque quase não tem gente na rua, tornando a experiência ainda mais satisfatória.
Tirei umas 400 fotos. Umas produto de ódio, outras produto de tédio. Mas tem aquela meia dúzia que a gente acha que prestou, né? Conversei comigo mesma e me disse pra aceitar que tinha sido o melhor resultado possível pra terminar uma das semanas mais bocós da minha vida.
Cheguei em casa e não conseguia nem interagir com as pobrezinhas das fotos. Não conseguia viver, pra ser mais exata, depois de umas 8 horas de caminhada sob um sol senegalês que deu as caras
Fui lá me recompor e descarreguei as fotos só umas 3 horas depois. Enquanto isso, o sinal da minha conexão com o universo começava a reaparecer. Fraco, mas operante.
Entrei em contato virtual com as pessoas que eu queria perto, mas moram longe e mostrei algumas das fotos. Publiquei outras no tumblr. Todo mundo elogiando. Todo mundo dizendo “nossa, você que tirou? Mas que foto alegre!”.
E eu só conseguia achar engraçado.
A minha falta de talento é engraçada, sabe?
Nem pra mostrar sofrimento através da arte eu sirvo. Tava lá, miseravelmente sofrida, questionando o propósito da vida e achando que jamais participaria de uma interação social novamente e todo mundo achando que eu tava expressando alegria.
Ou vai ver tá certo, né? Quando eu tô engraçada e divertida todo mundo acha que eu tô brava. Quando tá tudo errado, as pessoas enxergam alegria.
Vai ver é por isso que ninguém sabe como conviver comigo.
Se alguém aí achar o telefone do provedor da minha vida, me passa. Eu tô precisando de suporte técnico.