Entre os quase infinitos problemas que afligem minha mente, um deles é fixação com números, letras e palavras. Tem meses que eu não gosto justamente porque seu nome é composto de muitas letras que me irritam ou porque o som da palavra me incomoda. Sem sacanagi, como ser feliz em fevereiro ou outurbro? Não sei. E eu detesto o número 3 e o número 8 (que bom que esses dois números comporão minha idade no ano que vem e sim, estou fazendo 83 anos), por exemplo. Daria pra continuar indefinidamente com essa insanidade, mas o importante (importante, ahhahahahah) é que eu acreditava que 2017 seria um ano mágico, por motivos de 17.
Eu terminaria o mestrado, iria pro doutorado, tava com a vaguinha fora do país 92% na mão, tava com uns projeto sentimental aí, a família tava sossegada, os amigos eu já tinha perdido todos pra doenças psiquiátricas ou vida acadêmica mesmo, parecia que tava tudo bem. Só que exatamente um ano atrás, quando março findou-se, foi com ele todo o aparente sossego e minha vida virou do avesso e parecia que eu tinha sido sugada pro mundo bizarro do superman.
Aí, numa vibe bem diferente daquela de 2013/14, em que eu não tava conseguindo viver comigo mesma e tava bem difícil existir, eu entrei numa vibe em que está bem difícil de viver COM OS OUTROS. Igualmente difícil de existir, mas pelo menos eu estou ok com a minha cabeça. Ok que no caso é barely hanging in there, mas é o que temos.
De modos foi por isso que os posts pararam. Porque estou AMARGA. Porque estou RUDE. Me preocupou um pouco que a galera de 2013 fosse sugerir tratamento psicológico novamente (não que não precise), porque eu não teria estrutura pra não mandar tomar no cu.
Só que todo dia eu passo por coisas, vejo coisas, penso coisas e COISAS ALL THE TIME, que são sempre transformadas em longos posts com um bilhão de caracteres que só as mesmas 25 pessoas leem e comentam no meu email porque ficam com vergonha de comentar aqui, mas sempre foi meu jeito de por pra fora e agora eu tô guardando pra dentro e parece que vou explodir!
Pois este então é um post DISCLAIMER por tempo indeterminado: o blog volta (ou eu espero que, porque muitos rascunhos tão só dentro da minha cabeça mesmo e eu não tenho tido muito tempo livre pra escrever, porém tentando), só que volta um tantinho mais obscuro e amargo. Pode ser que nem todo post seja engraçado ou divertido de ler, pode ser que você pense "vish, vou dar unfollow nesses feeds aqui pois não mereço" e tá tudo bem.
Se tudo der certo, com o tempo, eu vou recuperando a alegria de conviver com o próximo. Vai ser difícil, porque já não era minha especialidade e foi TANTA rasteira que eu tomei que abalou consideravelmente minha fé, mas é o que temos.
Talvez a gente tenha que trabalhar com sistema de gatilhos, porque no ano passado eu passei por (ou processei) situações de assédio, abuso, suicídio, traição. Foi pesado MESMO. Então tem muito post entalado na minha cabeça sobre essas coisas e pode ser que você não queira ler isso.
Mas também, depois que eu saí do cativeiro do doutorado, ainda que temporariamente, eu li 8 livros em 3 meses, tô lendo 4 ao mesmo tempo agora, escrevendo um, tentando escrever uma historinha curta de ficção e ressuscitar o wattpad (ou criar? acabei de ver que perdi a conta lá e outra DESGRAÇADA tá usando meu ssaneva QUERO MATA), então se o ritmo permitir vai ter coisas agradáveis também. Eu ia escrever BOAS, mas a quem queremos enganar, não é? Tem muitos entretenimentos (livros, seriados e até mesmo FILMES) sobre os quais eu quero falar, pra não desgraçar minha cabeça sozinha e etc.
Só quero que a gente fique combinado que ninguém precisa me sugerir tratamento, pois isso já está providenciado. Também não precisa se preocupar quando eu vier exorcizar as histórias horríveis que eu passei ou aceitei recentemente, porque elas estão resolvidas dentro da minha mente, mas por pra fora é uma forma de enterrar e escrever a lápide, sabe como é? Eu perdi muitos amigos literal e figurativamente por causa de alguns desses acontecimentos, eu preciso deixá-los ir.
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Bom.
Ano passado eu fui assistir The good place e eu vou dar um spoiler aqui, então se você tem intenção de ver ou está vendo e não acabou a primeira temporada ainda, favor parar de ler este post aguardar os próximos, ok?
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Eu e ambos os dois meus irmões tivemos a mesma impressão com relação a essa série: ela é real. E o good place (= inferno) é aqui, onde nós já estamos. Se a gente fizer um mashup com Lucifer, então, eu acho que fica comprovado. Praqueles de vós que não acompanham, o inferno de Lucifer (a série da fox/universal, no caso), ele é composto de um looping infinito.
Agora, vai dizer que não é nossa vida? Uma repetição sem fim de coisas que parecem boas, têm potencial pra serem boas, mas é tudo uma bosta?
Todo dia parece que meu despertador tá tocando, ou que eu tô na sala abafada e insalubre com sol demais no trabalho. Cê nunca para e pensa "nossa, tô aqui nessas férias na europa, nem me dei conta" enquanto contempla folhas de outono caindo numa ruazinha no País de Gales. É sempre MAS MEU DEUS É TERÇA FEIRA TRÊS DA TARDE NOVAMENTE E TÁ CALOR DE NOVO E EU NÃO CONHEÇO NADA ALÉM DO INTERIOR DESTE CAMPUS.
Fora isso, cê acha que a vida é maneira porque no fim de semana cê pode ver um seriadinho, no feriado dá pra viajar pra praia ou uma cidadezinha em Minas Gerais, uma vez por ano dá pra ir pro exterior, mas pensa que vida cu é essa que você se mata de economizar pra passar 5 dias em outro país, vivendo de miojo e kissuco local, num airbnb ou hostel, que dá medo de deixar seu carregador do celular em cima da cama enquanto cê toma um banhinho num chuveiro ruim.
E isso é o CHIQUE CLASSE MÉDIA, né, meu bem? Que ontem mesmo eu tava depositando dinheiro na conta de uma conhecida que não tinha O QUE JANTAR, pois menos de um real de saldo. Todo dia uma vaquinha diferente pra ajudar um animalzinho em necessidade, um pedido de doação de instituição de caridade que ajuda pessoas ou animais.
Todo dia um músculo arregaçado diferente na academia, na ânsia de ter uma figura aceita pela sociedade ou até mesmo descontando o stress de trabalhar num lugar horrível e cercada de idiotas, todo dia uma falta d'água na hora do banho, todo dia alguém que esqueceu de comprar água de beber no ambiente de trabalho, uma pessoa colocando leite ou animais na minha comida, um pedaço do carro que cai porque ele já tem 20 anos, um pote de maionese que eu tinha escondido na geladeira pra comer mais tarde e alguém encontrou e comeu tudo e ainda deixou o pote na pia pra você lavar.
Todo dia é um saber que tom ellis, sam heughan, matt lanter e ioan gruffudd existem no mesmo planeta que você e jamais saberão que você tá por aqui gastando oxigênio e recursos naturais ao mesmo tempo que eles.
O resumo é que a vida é essa repetição de merda infinita. Praqueles que não acreditam em nada, eu me pergunto mesmo como que é viver um dia após o outro sem a esperança de que isso não seja o fim ou aceitam que é o que tem. Pra mim, que nem sei se acredito em alguma coisa nessa vida, eu só me pergunto se de repente eu já não fiz muita cagada numa vida da qual nem me lembro e isso é só o inferno onde tô pagando meus pecados.
Provavelmente é o último.
E essa é a vibe milarga 2018. Fiquem ligadinhos!