sábado, 3 de setembro de 2016

ano passado eu morri...

...mas este ano eu não morro, já diria mestre Belchior.

Olar, menines, tudo bõ?

Hoje foi um bom dia. Hoje, no caso, a última sexta, caso eu passe dias escrevendo.

E foi bom porque eu tive que usar todas as minhas energias pra fazer algumas coisas que eu sou bundona demais pra fazer geralmente. Vamos falar de uma delas: falar em público.

Já adianto pra vocês que aqueles vídeos do começo do ano pra tentar aceitar essa sorte triste não serviram pra NADA. Masss, com todos os plot twists do mestrado mais bizarro do mundo, eu agora faço parte de um grupo de pesquisa da CAPES (huMmMMmmMm que inteligentona), que só funciona pra deixar os lattes de todo mundo mais bonitos se a gente cooperar. E como a gente faz isso? Escolhendo um assunto que a gente domine e... APRESENTANDO pra sala toda, que é composta de 5 professores, inúmeros doutorados, mestrandos, jóves da iniciação científica, de uns 3 programas diferentes. É bem pouca pressão, como deve dar pra notar. Se eu posso OZAR ser sincera no meu próprio blog, eu tenho que dizer: é um ambiente onde eu me sinto a mais burralda entre os presentes E ISSO ME INCOMODA +QD+ pois não tô acostumada?

Aí eu tô lá bem tranquila absorvendo conhecimentos, quando alguém faz a seguinte questã: e você, Vaneça? Apresenta quando?

Eu quase capotei de desespero, porque O QUE É QUE EU VOU CONTRIBUIR com a galera das mais avançada matemática e programação quando eu mema tô iniciando nessa carreira? Bateu aquele pavorzinho existencial feat. vergonha de sentir que tô ali apenas pra sugar e não pra compartilhar.

Então eu comecei a pensar aqui no meu cabeção que TINHA QUE ter alguma coisa que eu soubesse tanto, que fosse possível contribuir para o crescimento acadêmico de outros cerumanos. Foi numa aula de inglês, nessa mesma turma, que me veio o estalo. A aula era sobre processo de escrita, de uma professora da universidade de Duke. A gente teve essa aula pra aprender a escrever em inglês, mas eu me dei conta que ajudava a escrita em português também e, WHY NOT, traduzi o barato todo. Considerando que aulas de inglês têm faltas em massa, tava aí minha ~oportunidade~.

Fui lá e vi os vídeos umas 500 vezes, fiz anotações, fiz uma apresentaçãozinha no power point, pensei numas piadinhas e nem acreditei nos meus ouvidos quando me escutei falando que podiam colocar minha apresentação no calendário.

Cêis tão entendendo?

Eu procurei VOLUNTARIAMENTE um assunto, criei VOLUNTARIAMENTE uma apresentação e me ofereci VOLUNTARIAMENTE pra falar na frente de pessoas mais inteligentes que a média.

É o que, isso? Tô tentando causar um desequilíbrio no meu sistema pra dar reboot? Suicídio português? Cansei de viver? Jamais saberemos. Só sei que eu tava razoavelmente tranquila com a minha decisão de assunto, com a beleza dos meus slides e com as coisas que eu falaria.

Mas como se é pra jogar, eu vou escolher o level hard. De modos que a apresentação ficou marcada pra um dia que eu já tinha outro momentchinho estressante marcado. Com a diferença que esse outro eu não podia escolher o dia e etc. 

OUSSEJE

Eu tinha que juntar todas as minhas energias pra viver até quinta, passar m a l a n d r a m e n t e pela sexta e chegar respirando até o sábado.

E respirar foi um desafio particularmente grande, já que eu consegui adquirir um resfriado cavalar no começo da semana, que é pra dar aquele toque suave de desespero pra coisa toda. 

Confesso que quinta de noite eu tava bem desacreditada e 120% arrependida de todas as decisões para o dia seguinte, mas é aquele ditado, né? 

Acordei, catei minhas tralha, taquei no meu automóvel, peguei a estrada e ME DEI CONTA QUE DEIXEI O CELULAR EM CASA. Não que eu não viva sem o celular. Não que eu não tivesse esperança de atingir o level 20 de poké mongo. Não que eu não pudesse passar aquelas próximas 10 horas sem um telefone. MASSSS ele era parte importante do meu plano pro dia, então eu voltei pra casa pra buscar o bendito. O bom é que essas pequenas derrota diária™ tiram aquele pouquinho de estabilidade que a gente tinha pra viver e tal.

Como boa pessoa ansiosa, EU MARQUEI HORÁRIOS dentro da minha cabeça. 

8:15 - chega na sala
9:00 - termina de revisar a apresentação
9:30 - come alguma coisa pra não desmaiar de hipoglicemia
10:00 - apresenta trabalhos
12:00 - atravessa de volta pro campus oficial de trabalho
14:00 - começa a trabalhar finalmente
15:30 - manda mensagi importantíssima

E segue daí, porque eu não tinha estrutura emocional pra pensar além.

Só que nem a essa altura da minha vida eu aprendi que o universo não é regido pelo meu relógio. Num bateu um horário corretamente no cronograma, só digo isso. Porém, ali pelumas 10:30 da manhã, meu professor estava proferindo a frase "Vaneçilda, a sala é sua". 

Assim, eu fiquei meio alterada psicologicamente nos dois primeiros slides, não vou mentir. Mas quando eu vi todo mundo prestando atenção com cara de real interesse, eu.gostei.do.sentimento.

ACODE, DELS!

Ali pelo 4º slide o professor perguntou se podia fazer perguntas durante a apresentação e eu achei ótimo, porque dá aquelas vibe de interação e coisa e tal, de modos que eu encorajei a participação de quem quisesse, pra ninguém perder o fio da meada. Aí eu vi pessoas ANOTANDO coisas. E vi olhares de espanto, tipo "úia, isso eu não sabia!". A parte I da minha apresentação foi meique uma tradução livre do curso de inglês, mas a parte II foi de minha própria autoria, aquelas diquinhas espertas (SE SEGUREM NA CADEIRA) de como escrever português corretamã. AHAHHAHAHAHAHAH tem gente que se surpreende que eu SEI, eu só não quero.

E pra justificar minha ~qualificação~ pra falar no assunto eu fiz o que? Taquei um print de capa da revista Capricho e saí desse armário para o mundo acadêmico. Agora já posso incrusivemente colocar no meu lattes sem passar vergonha :)

Quando eu tava quase terminando os meus slides, eu lhos juro que passou na minha mente que eu gostaria de ter MAIS slides, pra poder continuar com aquilo mais uns minutinhos. Todo mundo participativo, colaborativo, cheio de dúvida e de "ahhhh, é assim que usa isso???", aquele calor no coração. Acabei de apresentar e as pessoas todas agradecendo, pedindo opinião, pedindo pra eu compartilhar a apresentação, uma coisa que eu não sei nem explicar. 

Me convenci de que eu seria uma professora bem maneira se eu seguisse a minha vocação verdadeira e não essas em que eu vivo insistindo. [Alguns meses atrás, na mesma aula, a gente teve que fazer uma apresentação de tema livre, em que falei de fotografia. Mesma comoção, mesmo amor, mesmo sossego em frente à multidão.] Não sei se vocês já experimentaram essa sensação de inteligência que dá quando você divide uma coisa que você sabe. Mas é mó legal, começo a entender o que leva pessoas a serem professores. Cê vê, o mestrado me surpreendendo novamente.

Só sei que saí da sala com uma sensação de vitória bem rara na porção acadêmica da minha vida e estou me apegando a ela pra levar esses meses finais - e a famigerada defesa da dissertação, da qual não escaparei.

Talvez o povo que vive insistindo pra que eu me inscreva pra um TED não esteja lá tão doido assim. Ó AÍ A LOUCURA DOMINANDO A CABEÇA DA PESSOA.



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Vocês têm a impressão que algumas coisas se repetem nas suas vidas, mesmo que vocês não façam o menor esforço para ou tenham poder sobre? Tipo o ano que toda menina que eu conhecia que tinha um filho, todos eles se chamavam Lucas. Conheci umas 8 mulheres com um filho naquele ano, em várias cidades, diferentes cenários, muitas situações. Todas mães de um Lucas. Sabe essas coisas meio bocós?


Tipo todos seus ex irrelevantes fazendo aniversário no mesmo dia?

O primeiro mancebo que beijei na minha vida era um estudante de engenharia elétrica. Os 37 seguintes também eram. O menino que eu amava quando tava na sétima série se tornou engenheiro eletricista quando cresceu. Meu melhor amigo. O cara que me deu o maior fora sem que ao menos eu estivesse interessada nele. O stalker mais assustador que eu já tive. O professor mais legal. O cara gente boa que trazia umas hortelã maneira pra eu fazer chá. Quando um cara começa a participar demais da minha vida, eu nem preciso perguntar o que ele estudou. Tem dias que a pessoa abre a boca e eu só penso "01 karma chamado engenharia elétrica".

O que isso tem a ver com qualquer coisa nesse mundo?

NADA.


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Se tem uma coisa que eu gosto nessa vida, essa coisa é dar presente. Só que esse talento nem sempre tem chance de brilhar, devido às minhas condições psicológicas. Cê vê: eu tenho dificuldade de me relacionar com o amiguinho, mas isso não quer dizer que eu não tenha um apreço bem grande pelas próprias pessoas. Não por todas, mas aquelas meia dúzia que arrombam as porta do meu coração, né? 


Aí não sei se é a vibe que eu emano, de pessoa sem sentimentos e essas coisas, que eu dou presente prozotro e rola todo um NOSSA QQ TÁ CONTE SENO que me desmotiva 240%. É um presente, não tem motivo, eu gosto da sua pessoa e achei que você ia gostar disso aqui, ué. MILARGA. Mas eu evito, sabe? Se eu dou um presente e a pessoa fica procurando MOTIVOS em vez de ficar feliz com a graça alcançada, eu guardo pra mim.

(cabocla magoadinha ressuscitando expressões em desuso)

Falando nesse sentimento universal chamado MEH, semana passada eu passei por tanta vibe assassinada que eu cheguei a compartilhar adaptação do meme imbecil acha que tens o que é preciso para esmagar minha rata, dada a desempolgação geral para com a minha pessoa.

Não querendo entrar em detalhes pra evitar ozotro se justificando aqui, pensa que cê tinha programado 23 passeios com a pessoa e acorda pra ver que ela tá não apenas passeando, mas postando no instagram SEM VOCÊ? Gente, vocês não imagina quantas quantidade de autocontrole foram necessárias pra não apenas não matar o indivíduo como para manter a amizade. 

Em caso não relacionado, eu recebi uma notícia muito boa, mas muito específica, que tinha um total de ZERO UM cerumano no mundo que compreenderia a extensão da alegria. Como eu procedi? Esperei uns dias, até eu parar de soar como uma pessoa perturbada de felicidade pra contar como se fosse uma coisa casual, porém boa. Resumi, expliquei, coloquei umas exclamações na mensagem e enviei. 

VISUALIZADA E NÃO RESPONDIDA.

Mas tipo, cêis não tão entendendo. Aqueles parça, sabe? Não é como o email que mandei alguns dias atrás pra um aleatório que eu sabia que provavelmente não responderia just to prove a point. Os desempolgados aí de cima são brother demais, o coração num guenta.

Esse tipo de vibe killer foi o que me fez largar mão de dar presente, fazer plano e me relacionar com as pessoas.

MAS

Mano, eu sempre me prometo que não vai ter, só que sempre tem o ~mas~.

Mas aí tem essa pessoa, né? Eu mando uma mensagem bosta e vêm 87 emoji chorando de rir 


we're on the same vibe, babe



e cê pensa: essa pessoa me entende. 

Aquele cerumaninho especial que responde sempre em menos de 45 segundos quando você entra em contato (mesmo que você nem sempre faça o mesmo pois surda). Responde até mesmo pra dizer que não vai responder agora porque tem mais o que fazer? Sabe essa pessoa? Então tem essa pessoa.

E tem umas 437 coisas que eu já pensei "nossa, podia comprar isso aqui pra ESSA PESSOA, porque seria muito perfeito, porém total sem estrutura aqui pra ficar explicando a motivação por detrás do movimento, então vamo deixar". Complexo, né? Essa sociedade em que eu não posso ser mim mesma sem passar por louca.

Acontece que a oportunidade presented itself. Qué dizê, já diria Geraldo Vandré que quem sabe faz a hora e etc. 

Pensei "em que oportunidade não parecerei desequilibrada se eu comprar isso aqui?". Encontrei a oportunidade, porém a ~coisa~ estava esgotada :) Mas num sopro de conjunção astral favorável, reapareceu numa outra lojínea o presente exato que eu queria adquirir, com data de entrega pra 4 dias antes do que eu precisaria. Orei, acendi velas, comprei e fiquei torcendo só pro barato não atrasar e eu ficar lendo sinais do universo no ocorrido.

Deu-se o contrário: chegou ANTES DEMAIS. Tão antes, mas tão antes, que vamos dizer que chegou num momento bem ruim, em que meu último pensamento tinha sido "mas que cifoda, quero nem falar oi mais". Aí chegou, joguei no armário, já pensando em 14 destinos diferentes praquilo ali, quando o cerumaninho se materializou na minha frente e assoprou as nuvens de odinho imaginário (tudo tinha acontecido dentro da minha cabeça, como sempre) e o presente até ganhou uma embalagem engraçadinha pra quando chegasse a hora. 

Pois a hora chegou e eu confesso que pensei umas 38 vezes - ou 3800, pode ter sido - se prosseguia ou não nessa coisa insana de presentear pessoas. Mas vamo lá, vamo manter a esperança de ver a pessoa compreendendo o presente e a expressão de curiosidade virar surpresa e sorriso no rosto alheio. Vamo lá.

Olha, se minha vida fosse um seriado ou a pior comédia romântica já escrita no mundo - o que às vezes eu desconfio que seja -, e eu fosse a expectadora, eu tacaria um chinelo voador na tv. Porque até quando as coisas dão certo o timing é todo errado e fica naquela ~construção da tensão~ infinita. Eventualmente, você estica os braços com o embrulho nas mãos e passa pras mãos alheias e 


espera. 


Aquele medinho de ter um ah como resposta, né? Sempre tem. 

Olhos fixos no embrulho. No rosto. 

- O que é iss... Ah, não acredito!!!!!!!!111111111111

E lá, na cara, na risada, na mão, no corpo inteiro, a empolgação que eu tava esperando. Se tem coisa mais legal que dar um presente pra alguém e ver a pessoa feliz inteira, eu sinceramente não sei o que é.

Você sabe que acertou, porque em seguida a pessoa te abraça e num vou negar que era exatamente o que eu tava esperando, de modos que fica óbvio o me interesse em presentear a pessoa assim tão acertadamente.

Algumas horas depois você ainda está recebendo mensagens sobre o assunto e rindo igual uma boboca, porque é só isso que você espera de uma pessoa: empolgação equivalente.

E um abraço, né? Ou dois. Se não for pedir demais.



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(Fazia tempo que eu não queria un poquito más.)




How do I get you
Alone