quinta-feira, 21 de abril de 2016

[15 minutes of] fame's anatomy


Eu não sei quem de voscos faz parte da rede social facebook ou da minha rede, que seje, de modos que não sei quem tá familiarizado com o ocorrido.

Xô contar a história pelo lado de cá, então.

Eu e minha irmã temos o saudável hábito de ver novela juntas. A gente normalmente escolhe a novela das sete da grobo, porque é a hora que a gente chega em casa, come, lava a louça. A tv da cozinha só pega esse um canal mesmo, a gente não tem muito critério.

Quando começou Totalmente Demais, eu tinha um total de zero paciência pra ela. Detestava mesmo, não assistia. Mas é a bendita hora em que a gente senta, come, lava louça, num tinha muito como fugir. Em um certo momento eu já tava apegada à história bosta da novela.

Eu ODEIO o personagem do Jonatas. Odeio. Ele aparece em cena, eu quero morrer. Acho ele insistente, irritante, desrespeitoso e egoísta E NÃO VOU ESTAR EXPLICANDO, pois óbvio. Meu sonho é que ele desencarnasse e a novela prosseguisse. Infelizmente não acredito que estarei sendo agraciada com esse acontecimento, então me contento em colocar no mudo ou passar rapidamente quando vejo gravado e a cara dele aparece na minha tv.

Se você não assiste à novela, o que você precisa saber: esse imbecil é apaixonado por uma menina que sente síndrome de estocolmo por ele, mas namora outro cara, de quem ela parece gostar. O insuportável não apenas não deixa ela em paz, como começou a namorar outra menina, uma suposta feminista. Pois é o pior relacionamento já visto na tv, porque não tem o menor respeito nem, sei lá, satisfação. Eles só brigam porque ela tem ciúme da protagonista e ele lamenta ter perdido o relacionamento com ela. SÓ.ACONTECE.ISSO.

Aí eu me pergunto: quem escreve uma personagem feminista que

- namora com um cara que OBVIAMENTE não gosta dela;
- não aceita que esse cara precise de um tempo pra reconfigurar os sentimentos e pressiona o.tempo.todo;
- faça o papel da mocinha insegura?

Não que não aconteça, veja bem. Eu só fico desgraçada da cabeça com o retrato feminista. Ela poderia assumir que quer ficar com um cara que não gosta dela e seguir a vida, podia respeitar o sentimento do cara (tanto pela outra, como por ela), podia fazer menos a sofrida, sei lá. Ou podia fazer como uma mulher empoderada (embora eu odeie essa expressão) e NÃO. FICAR. COM. O. CARA. QUE. NÃO. GOSTA. DE. VOCÊ.


- ain, vaneça, não é fácil.

PUTA QUE PARIU, não apenas é fácil pa caraio, como extremamente recomendável.

No caso de você ter neurônios operantes, você sabe que não vai morrer com a ausência de ninguém na sua vida, correto? Pode ser EXTREMAMENTE CHATO viver sem alguém de quem a gente gosta, porém na configuração geral da sobrevivência, tem um total de nenhum impacto.

Aí, sei lá, cê lembra que é uma pessoa legal, divertida e sei lá o que mais você tem a oferecer enquanto cerumano, no que tange à convivência. PRONTO. O cara gosta pacaramba de você e tal, rola uma pegação maneira, vocês se divertem e tudo, mas não é amor, não é nada, não é nem uma boa amizade colorida, porque você se sente mal o tempo todo, porque você queria mais do que aquilo, porque você não tá na lista de prioridades do infeliz... O que seja. Se não tem aquela gostosa sensação de companheirismo e, por que não dizer CALMA, meu, lérigo.

Cê pode escolher manter a amizade, porque a pessoa é importante e seria maneiro não perder ou cê pode conhecer outras pessoas, aprender a língua portuguesa, a letra do hino nacional, dar uns rolê de bike, faxinar o banheiro como tá precisando há meses. Sabe? 

Eu tenho essa dificuldade de entender mendigamento de amor.

***** 01 experiência *****

Uma vez eu me submeti a um friends with benefits kind of relationship. Eu achava que a gente tava na mesma vibe: um apreço mútuo, tempo livre, nenhum sentimento amoroso e um acordo, no geral. Qué dizê, a gente não tinha nem prometido exclusividade até o dia em que ele me viu ~pelas ruas~ com um amigo, achou que a gente parecia estar também em um relacionamento e pediu pra que eu terminasse. Expliquei que não tinha benefícios nessa outra amizade, porém compreendi que isso significava um contrato de exclusividade. E só. Não éramos namorados, um não ligava pro outro diariamente, a gente tinha a vida e tinha os dias que a gente passava junto. Só.

Pois levou um tempinho pra eu abrir meus olhinhos e ver não apenas o ciúme doentio, como a necessidade de controle, a posse, a agressividade e essas coisas bonitas que homens acham que podem fazer com a gente. Precisou uma meia dúzia de acontecimentos pra eu ver que aquilo não era um teatrinho engraçado e piada interna nossa, que aquilo era bem sério e preocupante. Abuso emocional, verbal e, né?, físico. Eu achava que aquele era meu melhor amigo (naquele momento) e que se eu fosse muito rude, a amizade acabaria. Até a hora que eu entendi que não apenas ele nunca foi meu amigo, se aquilo era amizade, ela TINHA QUE acabar.

Na hora parecia bem horrível. Meldels, mas essa pessoa que sabe tudo da minha vida eu vou mandar pro quinto dos infernos assim? Sem reconsideração? Sem pensar direito? A gente é boboca assim, migas. O cara é O MAIOR IMBECIL DA REDONDEZA, tem que mandar pra casa do cacete sim.

Na hora doeu, mas agora eu mando agradecimentos pro meu eu do passado.


**** OTA experiência ****

Aí tem o cara por quem eu obcequei boa parte da minha vida. Sendo eu, no caso, a urubua que não larga o cara quieto. Mas como eu já cansei de falar, eu não sei interpretar sinais humanos e eu nunca sabia quando o cara tava dando abertura (ele ~confessou~ algumas) e quando ele tava só sendo gente boa. Pesei numa balancinha mental se valia a pena forçar uma situêixon e (a) correr o risco de dar errado e ele sumir, (b) correr o risco de dar certo, porém terminar em 6 meses e a amizade acabar, (c) deixar quieto e manter uma amizade importante pra mim, porque amor passa e amizade fica. Não, a ideia de happily ever after não costuma me ocorrer.

Fiquei ali sendo óbvia por um tempo, mas o rapaz uniu-se em relacionamento com uma moça que não podia ter menos a ver comigo, o que me dá uma dica importante de que ele JAMAIS se envolveria com a minha própria pessoa. Além de ter mantido uma discrição bastante contundente com relação ao relacionamento. Tipo, se a pessoa vira praticamente perfil de casal no facebook, foto de perfil a dois, declaração de amor de hora em hora, a gente sabe que esse relacionamento tá fadado ao naufrágio e é só esperar. Mas esses deixados para a intimidade e o conforto do lar tendem a durar uma eternidade. 

Um recado óbvio, né?

Pela primeira vez em anos, tirei meu time de campo. O que aconteceu? Encontrei um crush com quem tenho um relacionamento que HÁ ANOS eu não tinha e que me manda mensagem de madrugada com foto de comidas feia, porque ele sabe que eu vou ficar feliz. Ó que evolução que acontece na vida da pessoa quando ela não mendiga afeto.





CAHAM.


Bom, daí veio a motivação do post no facebook. Alguém falou em um grupo que queria ver o casal da novela junto e eu pensei MINHA SANTA RITA DO PASSAQUATRO, ó o que as pessoas classificam como romance, que bosta. E escrevi o post.

Nunca esperei o que veio em seguida.

Porque assim, era uma semana decisiva no mestrado. Faltava exatamente uma semana para a minha qualificação e eu estava estressadíssima, fazendo a única coisa que eu sei: tentando distrair minha mente cada vez que começava uma crise de ansiedade. Estando presa a um computador o dia inteiro no trabalho, eu frequentemente posto bobagens no facebook. Postei e fui pra um encontro com um dos meus 35 orientadores. Quando voltei ao computador, o número de compartilhamentos perto dos 50 já era muito maior que o normal pros meus posts. Na maioria, amigas. No fim da tarde, esse número já tinha multiplicado muitas vezes, começando a ser curtido e compartilhado pelos amigos dos amigos. Pensei "ok, depois eu reflito sobre isso".

Mas nada podia me preparar pro dia seguinte.

Acordei com mais de 100 solicitações de amizade (desconfio que as pessoas não sabem como o facebook funciona), mensagens privadas, mais notificações de que eu podia dar conta. Aquele alerta do chrome enlouquecido no computador, nada fazia sentido. Durante o dia, o facebook simplesmente parou de me mandar notificações que não fossem de pedidos de amizade ou de novos seguidores. Não tinha. Eu tinha que ir nos posts que eu escrevi depois pra poder interagir. Mas se eu me afastasse do computador, por meia hora que fosse, as notificações ficavam infinitas em tudo que era ícone. Eu nunca tinha acreditado naqueles prints cheios de notificações até esse momento. Foram dias de notificações confusas e loucura sem fim. Eu recebia mensagem no celular, mensagem no instagram, mensagem no twitter (onde aconteceu um print também, que trouxe seguidores loucamente), comentários aqui no blog, ao vivo, uma coisa bem perturbadora. Mas eu estava enlouquecida e ocupada com outra coisa, eu não sabia nem em que prestar atenção.

Deixei pra escrever esse post hoje, passados muitos dias, pra dizer "e, finalmente, um dia inteiro se passou sem uma notificação de pedido de amizade". Pois durante o escrevinhamento deste post foram dois. Três. QUATRO. CIN-CO.

Confesso que no começo eu ainda tava fazendo uma curadoria pra ver se alguém realmente queria contato e interação, aceitei umas 4 pessoas (que erro) no processo. Depois compreendi que deve ser o pessoal que não sabe como faz pra seguir uma pessoa ou tanto faz. No momento a contagem está em quase 500 pedidos de amizade que não tenho coragem de negar e nem morta vou aceitar.

Algumas pessoas vieram conversar comigo. Desde gente desesperada poque está presa em um relacionamento abusivo (!), até gente que tem o mesmo sobrenome e está montando árvore genealógica. Teve gente que disse ler o blog há anos e só agora tomou coragem de entrar em contato.

Eu sempre tive uma certa cota de pedidos de ajuda com problemas pessoais. Ao mesmo tempo que eu me sinto feliz que alguém que nunca me viu confie em mim pra pedir ajuda, eu acho uma pena que a pessoa não tenha ninguém perto dela com quem contar. Mas tamos aí, o que der pra ajudar, eu ajudo. Agoooora, a galera que tem medo de entrar em contato... Migas, chega mais! Eu sou uma cavala porque não tenho trava social, mas nem é por mal e a gente sempre se acerta. Teve gente que jurou que nunca mais ia falar comigo porque levou patada (que eu nem percebi que dei) e tamos aí sendo grandes migas hoje em dia. Não precisa ter meda.

Tá certo que 93,7% das pessoas que se tornam minhas amigas abandonam o blog, mas não abandonando da vida, tá tranquilo.

Bom, fora a interação de desconhecidos, o ~post da fama~ também teve efeito sobre as pessoas que eu conheço. Aquelas que têm o pensamento mais propenso ao da liberdade feminina, se aproximaram. As outras se afastaram. O que eu acho ótimo, pra dizer a verdade. 

A situação atual do post é a seguinte:



Nunca na minha vida imaginei cinco mil likes. Esse tanto de share eu já tinha sofrido no twitter na época das eleições, quando fui parar até no youpix com um dos tuítes mais idiotas da história.




Tenho fé que na terceira ocorrência eu fico famosa de vez.

Massss, voltando à ~problemática~ do post do facebook, eu fiquei pensando duas coisas:

1 - NUNCA LEIA OS BENDITOS COMENTÁRIOS

O que teve de gente me chamando de promíscua e analfabeta nos pouquíssimos comentários que eu li quase me desestabilizou. Tive um ataque de riso com o  "promíscua" porque não beijo nem resfriado na boca, imagina dar pra todo mundo, né? I wish. Mas quer chamar de dadeira, chama, acho ótimo, queria, MAS NÃO CHAMA DE ANALFABETA, CARA. 

Confesso que li pouquíssimos comentários, já que minha estrutura emocional não estava permitindo e agora o timing já passou. Mas pensa: eu perdi as contas de quantas vezes o post foi compartilhado nas páginas realmente relevantes, então é comentário DEMAIS até pro meu ego de 4 andares com sacada. Lia só aquela primeira meia dúzia de quando a gente vai conferir se tá linkado mesmo e seguia a vida. Comentários são um tiro na alma.

2 - VAMO MELHORAR ESSA AUTOESTIMA FEMININA PRA ONTEM

Não sei como que tá a interpretação de texto da galera, mas a mensagem do meu post era muito simples: vamos nos respeitar.

Só isso mesmo.

Tava mandando ninguém sair dando, tava mandando ninguém sair parando de dar, tava só falando "miga, ouça sua voz interior. se tá bom, segue. se tá ruim, para". Bem simples.

Chega a DOER ver uma ideia tão óbvia de amor próprio ser compartilhada um trilhão de vezes! Você entende que a coisa tá errada num nível bastante profundo, porque também tinha muito comentário dizendo "nunca pensei por esse ângulo". 

E, olha, eu sou a pessoa com a menor autoestima que eu conheço. Se eu consigo, TODO MUNDO consegue. (Um post metafísico sobre o assunto deve vir em breve, tô fazendo as tarefinhas de casa do mestrado de ler sobre física quântica, cêis se prepare pro rebosteio verbal).

Então assim. Foi bem loco. Fiquei pensando como que pessoas famosas sobrevivem em rede social, sendo que você nunca mais pode contar com suas notificações e todo o comportamento da coisa fica enlouquecido pela quantidade de interação. Não sei se eu seria capaz, era bem provável fazer a SIA e ficar um pouco biruta. Mas adoraria ter sido um bom exemplo nesses dias de visibilidade.

Claro que a afofadinha no ego dá aquelas coragens idiotas, tipo fazer uma página pro blog. Se você me perguntar o motivo, eu te digo: não sei. Tô loca. Já aviso que ninguém precisa curtir pela amizade, porque eu mesma nem sei o que fazer lá. A intenção é ser uma grande festa da uva, que todo mundo fala e posta o que der na telha, desde que não ofenda o amiguinho. Vamo vê se funciona, porque eu me arrependi assim que fiz, mas ainda não achei onde deleta.

É isso. Queria só dividir com vocês a experiência bizarra de ser assunto por um dia e do quanto reverbera esse negócio.

Pelo menos não foi falando merda que eu fui compartilhada, né? Já dá pra glorificar de pé :P