segunda-feira, 27 de outubro de 2014

10 abafo

I know, I get cold
'Cause I can't leave things well alone
Understand I'm accident prone

parece cara de bunda, mas é somente reação alérgica

De todas as reações alérgicas que eu tenho - que não são poucas - a que eu tenho com menor frequência é lacrime... jação? Lacrimejamento, houaiss me salvou, brigada. Só quando a coisa tá muito ruim mesmo é que meu olho chora sozinho. Pois é primavera? É. Eu estava em São Paulo, melhorando a ~olhos vistos~? Tava. Sempre piora quando saio de lá e volto pra Curitiba? Sim. Estou no meio de uma crise e não tenho a mais vaga ideia de onde estão meus antialérgicos e estou tomando mel com própolis e água de goji berry? Exatamente. Mas minha crise não está ruim o suficiente pra lagriminhas involuntárias. Inclusive estou respirando pelo nariz neste momento, de modos que não faz sentido nenhum.

Aí eu tava tentando lhedar com isso de forma racional, quando lembrei da minha pissy e da minha tia (já explico minha tia) falando que se não tem uma razão lógica pra essas pequenas manifestações, é o desequilíbrio psicológico descontando no corpinho. Então eu fui me perguntar se tinha alguma razão pra, sei lá, meu olho estar irritado há dias, vertendo lágrima como se não houvesse seca em mais da metade do país.

Super tinha.

Eu vi uma coisa que não queria ver e que eu não tenho poder de resolver. Se eu ficar quieta, me sinto conivente. Se eu falar, estrago umas 23 vidas. E aí?

Meu cérebro opera de uma forma que eu não consigo explicar. Meu ouvido não escuta quase nunca, né? Mas se tem alguma coisa que eu não posso ouvir, mesmo que a pessoa fale muito baixo, eu vou escutar. Eu consigo me fechar dentro do meu cérebro com a maior facilidade, mas se alguém tentar fazer uma coisa sem que eu perceba, disfarçando de propósito, todos os meus alarmes mentais vão disparar e eu vou notar. Por exemplo: eu não gosto de dormir fechada. Tem razões meio sérias pra isso, mas eu não fecho porta e janela ao mesmo tempo JAMAIS. Se fechar um, o outro necessariamente estará aberto, mas 98% dos dias eu vou dormir de porta E janela abertas. Se alguém achar que vai fazer barulho e me acordar, a pessoa vai até meu quarto fechar a porta e não leva nem 2 segundos pra eu despertar completamente. Não é uma acordadinha, que eu viro pro lado e durmo. É estado de alerta. Ou eu abro a porta de novo e durmo com o barulho, ou acabou o sono e o bom humor. Tem avisos pra todo lado pra ninguém fechar minha porta em nenhuma hipótese e minha janela fica debaixo de uma marquise grande, de modos que eu possa ficar com ela aberta mesmo que chova. Não controlo essas coisas, por mais que eu tente. Nunca tive uma festa surpresa na vida, porque não há nada que as pessoas façam fora de um padrão que eu consiga ignorar. Sério. Eu vejo padrões em tudo, nego saiu dele, eu já tô com os sentidos todos APITANDO.

E eu tava bem quieta, vivendo minha vida, em modo livro aberto, como sempre tô. As pessoas sempre sabem onde eu estou, o que eu tô fazendo, com quem eu tenho falado, essas coisas. É bem simples me evitar. E nego vai lá bem debaixo da minha fuça fazer merda. Tenho culpa? Eu tava bem feliz olhando o horizonte, decidindo o que comer no almoço, e PÁ, um trauma bem no meio da minha cara.

Sério, que karma errado é esse que eu tô equilibrando? Quanto será que falta pra acabar?

***** 

Eu sei que pode parecer auto promoção, mas eu não sei mentir. O que é muito ruim quando alguém te pergunta se a roupa tá boa, se o bebê é bonito, se você gostou da comida. NÃO CONSIGO MENTIR. Se eu tento, meu corpo inteiro entrega (não vou aqui dizer de que formas, caso você ainda não saiba heh). 

Mas agora eu tô descobrindo que não sei omitir também. PELO AMOR DE DEUS, Alguém acode? O problema nem é meu e eu tô aqui morrendo de catapora porque ninguém faz nada.

Sei lá a razão, mas isso me lembrou uma história muito imbecil, que vou contar aqui pra descontrair meu próprio cérebro.

Eu sempre tenho a morte horrível de fazer parte de grupos grandes demais, em que todo mundo é amigo de todo mundo e sempre leva algum avulso irritante pra fazer parte, as pessoas aceitam e o grupo aumenta, enche de gente chata e você acaba tendo que socializar com pessoas de que nem gosta pelo bem da amizade com aquelas que você gosta.

E tava eu lá, aguentando umas 50 pessoas pelo benefício de umas 5 (já parei com isso). 

Entre essas pessoas, tinha uma menina muito mal caráter, que resolveu piriguetear (tava no direito), com o probleminha de não respeitar ninguém, nem as amigas. Se pendurava nos pescoços dos meninos comprometidos sem dó, inclusive daqueles que não podiam estar menos interessados. Nunca vi alguém levando tanto fora e insistindo tanto. A menina era incansável e alguém insuportável de se ter por perto. Eu, que já não me relacionava amorosamente naqueles tempos, não tinha exatamente preocupação pelo comportamento sem noção, não gostava dela enquanto cerumano mesmo.

Um dia, um dos meus melhores amigos estava no banco da praça (sério) sozinho. Eu tava andando meio sem rumo pela rua, morrendo de sono, passei ali pra dar um oi, fiquei batendo um papinho. Tava naquele ritmo de encerrar a conversa e ir embora, quando a menina-motosserra apareceu e sentou ali. Sendo meu amigo namorado da minha melhor amiga, fiquei lá pra garantir sua integridade física. Ele era esses meninos de Jah, meio desligadíssimo, pensei que seria atacado e nem perceberia. Sei lá, eu não era feminista naquele tempo pra deixar que a vida seguisse seu curso em vez de ficar defendendo homem de mulher.

Meia hora depois eu ainda estava lá, caindo de sono, ouvindo a conversa CHATA daquela menina, que a essa altura, era a única que ainda falava. Pensei "dane-se, né?". Minha amiga que tinha saber o namorado que tinha, ele que tinha que se dar ao respeito, eu que não ia mais gastar meu tempo lá. Disse que ia embora e a menina acabou dizendo que ia também, ele falou que ia aproveitar a carona dela, já que estavam indo pro mesmo prédio. E foi apenas nesse momento que eu me lembrei de uma informação valiosíssima: eles eram irmãos.

Fuén.

*****

Ah é, minha tia. Ela é fisioterapeuta há anos, mas é muito pequenininha e com o passar dos anos começou a sofrer fisicamente com o peso das pessoas, já que quase todo mundo no mundo é maior que ela. Começou a procurar alternativas de tratamento e passou a estudar medicina oriental, especialmente acupuntura. Eu amo acupuntura desde a primeira agulhada que levei na vida, então fiquei bem empolgada. Recentemente ela passou algum tempo na China aprimorando as técnicas e voltou cheia de teorias novas. Conhecendo minha saúde de perto, semana passada tivemos uma conversa bem interessante, sobre como algumas coisas influenciam meu organismo, desde o que eu penso até a época do ano em que eu nasci. Quem já foi tratado na medicina oriental sabe como funciona. Eu nasci no inverno, por exemplo. Então meu elemento é água e meu corpo está sujeito a problemas no rim e no ouvido. Eu vou precisar de introspecção e frio. E terei problemas com a ingestão de laticínios. Num é de chorar de pavor? Aí tinha outras coisas que são aquelas que explicam POR QUE tudo isso permanece ruim e desequilibrado, coisas pessoais e etc, de modos que deu muito pavor pensar que tô aqui me maltratando e nem percebendo. Estou mesmo me boicotando, mas não só de forma psicológica, de forma física também. Existe mesmo uma razão pra meu me sentir tão desesperada na presença do calor e de pessoas, por exemplo. Sei lá, tudo teria uma explicação.

Seria ótimo se eu pudesse contar pra ela a fase horrível que eu estou passando.

Enquanto isso, fico aqui procurando um acupunturista de confiança, que atenda fora do horário comercial e me explique coisas que estou aqui lendo nas internets de forma desordenada.

Esperando pacientemente que meu cérebro desligue desses horrores que eu não queria ver, mas não tenho escolha.


All alone
It was always there, you see
And even on my own
It was always standing next to me

I can see it coming from the edge of the room
Creeping in the streetlight
Holding my hand in the pale gloom
Can you see it coming now?

Oh, I think I'm breaking down again
Oh, I think I'm breaking down