sexta-feira, 26 de abril de 2013

virgem com ascendente em gêmeos.

título alternativo: sorrindo com o cabelo



Eu fico aí dizendo que eu não acredito em amor, mas a essa altura da minha vida, eu tô chegando a duas conclusões relacionadas:

1- Meu problema é que meus amores tendem a durar 25 anos, aí não tem exatamente espaço na minha vida pra outras pessoas;

2- Meus amores só duram tanto porque são platônicos. E, pra ser sincera, essa é basicamente a única modalidade de amor em que eu acredito de fato.

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Eu tive uns 48 primeiros amores. Teve o japonezinho com quem eu me casei na primeira série, o menino com quem aceitei namorar na segunda série, apesar de gostar mesmo do melhor amigo dele (eu tinha minhas razões e eu tinha SETE ANOS, me deixa), o menino que carregava minha mochila na escola quando eu tinha terríveis cólicas de rim, o menino que eu não quis beijar na salada mista por motivo de nojinho de baba, o surfista precoce e o primo do surfista precoce, de beleza irretocável. Mas o primeiro menino que me tirou o sono, que me fez escrever milhões de páginas sofridas de diários, que me fez escrever cartas e me declarar ao vivo, só porque ele precisava saber, é alguém com quem eu mantenho contato até hoje.

Ele mora num país ~exótico~, de modos que a comunicação acontece pela internet mesmo, mas a gente sempre se fala. No ano passado quase conseguimos nos ver em Londres, mas a vida é toda enrolada e não deu. Alguns dias depois, o facebook me avisou que era aniversário dele, um dia antes da data que eu guardei por todos esse milhões de anos. Mandei uma mensagem que dizia “ainda bem que hoje existe o facebook, nem acredito em quantas cartinhas te mandei no dia errado”. E ele respondeu “eu adorava aquelas cartas”.

Cê tá entendendo? O amor nunca aconteceu. Ele nunca me deu bola. Mas essa frase aí resolveu todo o sofrimento pré-aborrescente. Se eu me relacionaria amorosamente com esse moço hoje? Provavelmente não. Mas é alguém que é proprietário vitalício de um lote no meu coração.

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E foi assim com os outros 3 ou 4 amores que eu tive.

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O caso é que hoje meu sono está sendo figurativamente tirado por uma pessoa que eu conheço há uns 20 anos. Figurativamente porque NADA me tira o sono e eu só fico sem dormir se tenho crises hecatômbicas de alergia aloar cadê foco?

Ah é: obviamente, o objeto do meu amor não faz a mínima ideia do que está acontecendo dentro do meu cabeção descompensado.

Vinte anos atrás eu caí de amores por esse indivíduo enquanto tentava conseguir a aprovação da sociedade na modalidade “já beijei na boca, sim” com a ajuda do irmão dele. Que não poderia estar menos interessado na minha pessoa. Eu também não estava exatamente interessada nele, mas se você lê este blog há algum tempo, já sabe que desde o começo dos tempos, meu critério amoroso mais importante era inteligência muito antes de qualquer outra coisa e o irmão do meu futuro marido reloaded (kkkkkkk) era apenas a pessoa mais inteligente de todo o universo e adjacências. Até eu conhecer o irmão dele. RISOS.

O problema: ele vai se reconhecer se por acaso for desocupado o suficiente pra achar esse blog ele é mais novo que eu. Mais novo quanto?, você me pergunta. NOVE MESES, eu te respondo. Hahahahahahaha. Aos 14 anos, quando vocês estão em séries diferentes na escola, isso faz MUITA diferença. E quanto mais inteligente é o moço, mais impossível eu vou achar que ele corresponda os meus ~sentimentos~, e ele é lindo além de inteligente, OUSSEJE.

A certa altura dos acontecimentos, nós vivíamos grudados. Não sei se foi insistência nossa ou sorte mesmo, mas nossa escola que queria criar mini gênios da matemática e promovia 4 mil eventos com esse tema ao longo do ano, resolveu juntar séries diferentes na feira daquele ano. E eu e o meu mini gênio favorito pudemos incrusivemente ficar no mesmo grupo pra uma atividade escolar ♥♥♥♥♥. Não vou dizer que tenho até hoje os cubinhos que eram a nossa especialidade, porque eles desmoronaram na minha última mudança e acho que minha mãe jogou fora hahaha.

Nessa época minha alergia começou a dar sinais de que iria me matar em breve. Num desses dias de clima extremo que fazia naquele lugar, a umidade estava mínima e eu não conseguia respirar, então tive que deixar a diversão do intervalo de lado, pra ficar quieta num degrau da arquibancada, respirando em modo manual. Fiquei de zóio no mini gênio (mini é modo de dizer, porque nego já tinha uns dois metros e meio de altura aos 13 anos) e a mentalização toda deve ter tido algum efeito, porque ele foi lá sentar do meu ladinho. Não lembro que catástrofe seguiu o intervalo pra que nossas duas salas tivessem aulas vagas, e passamos o restante do tempo no mesmo degrau, falando dos assuntos mais estúpidos possíveis – até pra dois pirralhos antes dos 15 – e eu tinha certeza de que tinha encontrado o amor da minha vida.

Insisti no assunto principal daquele dia até além do limite do bom senso (que foi atingido uns dois anos atrás ahhahaahah), mas nunca senti que o fofo estava me dando condições pra ir além da amizade. E um dia a gente tem que superar, né? Superei o novinho com um moço 10 anos mais velho, no dia errado. No dia em que o novinho ganhou uma competição de sei lá o que e me deu a camiseta que estava usando. E essa sim, tenho até hoje. Desbotada e estraçalhada de tantas mil vezes em que eu usei pensando “e se?”.

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Maizomenos um ano atrás esse menino voltou pra minha vida. A gente nunca chegou a exatamente perder o contato, mas nunca mais tivemos contato de fato. Depois de eu pegar a camisa de um e sair do ginásio com outro, a gente nunca mais se falou - mesmo minha amizade com o irmão tendo continuado e eu tentando até aparecer de surpresa na casa deles de vez em quando. Até recentemente quando, sabe-se lá a razão, o facebook resolveu enfiar um goela abaixo do outro. Eu estava lá só me divertindo na stalkeação moderada, quando os sentimentos do passado voltaram todos. Nos comentários espirituosos de uma foto, na mensagem que ele manda pra alguém e o facebook enfia no meio da minha timeline por alguma razão desconhecida. Por alguma bobagem que eu falo pensando exclusivamente nele e ele curte alguns minutos depois. Alguma bobagem que eu acho que vai passar batida e não passa. Pelo jeito como ele vê (ou parece ver) as coisas, sabe? É doente, eu sei. 

Eu nem conheço mais essa pessoa, eu conheço um eco de 20 anos atrás. Eu sei como é a cara dele pelas fotos, apesar de ter mudado muito pouco além dos outros 40 centímetros que o infeliz cresceu. Eu tenho muita certeza que a gente não combina em nada, porque ele curte uns barato saudáveis e sociais e culturais e artísticos que não são muito a minha vibe. Pra sustentar um relacionamento com uma pessoa assim, você precisa ter alguma coisa interessante pra oferecer e eu não tenho. Eu sou uma patricinha falida e fútil, que lê livros bobocas e derrete o cérebro com seriados e jogos em flash além do limite do saudável. Eu sou a pessoa que dirige 8 quadras pra ir trabalhar. E ele, além de inteligente, engraçado, educado, lindo e alto, é talentoso e artístico, ecologicamente correto e engajado e meu, tem mais ou menos umas 97 qualidades num total de 100 existentes e, sabe, eu não tenho a menor chance?

Além da quarta lei da física: se você quer alguém, essa pessoa vai morar a um trilhão de quilômetros de distância de você. Ok, São Paulo é logo ali, mas you know what I mean.

Então fico aqui apenas acalmando meu cérebro, dizendo que logo ele já larga essa obsessão e encontra outra, é só olhar pro teto e esperar passar. Enquanto isso, eu só preciso parar de me constranger nas rede social, o que está sendo no melhor estilo AA, um dia de cada vez.

E hoje eu não ganhei minha ficha. RISOS.

Se você estiver lendo isso e tiver dúvida de que eu estou falando de você, eu não estou falando de você. HEH. Se você estiver lendo isso com a certeza de que eu estou falando de você, não, não é de você. Não me bloqueie no facebook, porque eu prometo que vou me comportar. Você provavelmente não está lendo isso e eu só queria que você soubesse que você é lindo, muito mais do que por causa da sua cara, que muito me agrada. E minha opinião conta, porque faz 20 anos que ela é a mesma :)

terça-feira, 23 de abril de 2013

vanessaland

Oi, gente, tudo bom? Como vai? Vamo combinar uma coisa? 

Quando eu escrevo aqui, vocês podem discordar (senão eu escreveria no word) e podem comentar (senão eu fecharia os comentários) o que bem quiserem. Mas como tudo o que está aqui é minha opinião e não tem compromisso com os sentimentos ou com a imagem de ninguém além dos meus, vocês são obrigados a respeitar.

Dá pra entender?

Tipo.

Outro dia eu tava lendo um blog de moda em que a moça perguntava a opinião da população sobre o comprimento das barras das calças flare. Eu acredito e pratico que calça flare tem que ser comprida até o chão. Eu não acho que tenha que tampar o sapato (pelo contrário!), que tem que arrastar no chão. Mas tem que chegar bem perto de lá. EEEEEEU acho feio de outro jeito.

A moça acha que calça flare se usa na altura do peito do pé.

Eu não concordo.

Ela perguntou a opinião das pessoas e eu dei a minha, com muita educação, sem dizer que eu estava certa e ela errada. Mas disse o que eu achava.

Se vocês não conseguem dizer o que acham de forma educada, aí podem ler do reader, do feedly, de onde vocês quiserem. Só não precisam abrir a janelinha extra pra cagar suas regra na minha cabeça. Ó QUE SIMPLES.

Voltem sempre e sejam finos.

Bgs miu :*

sexta-feira, 12 de abril de 2013

is feminism the radical notion that women are people?

menina, façavor de se dar ao respeito!


 Eu sei que tem gente que vai questionar o timing desse post, mas considerando que neste exato momento em que eu edito esta frase aqui em cima faz um mês que eu tô escrevendo, não fiquem se preocupando que não é recado pra ninguém.

Temos vivido um tempo em que todo mundo é tão extremista com relação às coisas que acredita que o convívio social presencial ou pela internet está ficando impossível.

Eu nunca dei muita bola pra feminismo. Cresci numa casa onde cada um lavava sua roupa, o pai sabe cozinhar, a mãe sabe arrumar chuveiro, todo mundo faz um pouquinho aqui, um pouquinho ali e todo mundo faz parte das tarefas de manter a casa funcionando.

Nunca fui proibida de vestir cor nenhuma, de ter cabelo de qualquer tamanho, de brincar de carrinho, de ter bicicleta azul, de ter um GI Joe, uma Barbie, vídeo game, mini game, brinquedos de cozinhar, kit de chave de fenda, esquadros, bola, cabaninha da Branca de Neve, ursinho, skate. Tenho um irmão que pediu uma blusa cor de rosa pra minha mãe e ela costurou do jeito que ele queria. E ele podia usar na rua e na escola. E nunca se importou com a opinião dos amiguinhos. Também teve cabelo comprido, tingido, pintou o olho de lápis preto por anos, lava as próprias roupas e sabe cozinhar. Tão entendendo o processo? Eu cresci numa casa em que as pessoas são respeitadas nas suas vontades e iguais nas obrigações.

Ninguém nunca diz “pai, tem que trocar o gás”. As meninas vão lá e trocam. Ninguém diz “mãe, tem que lavar a louça”. Os meninos vão lá e lavam. Todo mundo na minha família sabe onde fica o sabão e o martelo.

Mas a gente não vive na bolha do lar e um dia eu estava entre pessoas que eu considerava modernas. Até que alguém veio me tirar do repouso de uma doença séria - que vou omitir pra preservar minha paz e ninguém se reconhecer - pra reclamar que eu estava deitada enquanto um homem lavava a louça e todo mundo sabia que era uma HUMILHAÇÃO um homem ter que se sujeitar a isso.

Cê jura?

Nesse mesmo ano, pela primeira vez na vida, eu comprei roupas pra mim. Até ali minha mãe comprava roupas e a gente ia usando, todas as meninas juntas. Sei lá se era preguiça, pobreza, falta de senso fashion. O caso é que ela comprava as roupas todas e a gente usava (eu, ela, minha irmã) sem muito critério. Foi quando eu ganhei a incrível fortuna de 300 dinheiros pra gastar como quisesse, desde que fosse em roupas e foi a primeira vez que eu pude pensar a respeito do que gostaria de usar.

Cresci esquelética. Nunca tive orgulho disso, era apenas o formato do meu corpo. E minha mãe, que também tinha crescido magricela, sempre teve vergonha das pernas finas, dos ossos salientes. De modo que sempre comprou roupas largas. Então, minha primeira compra continha apenas vestimentas justíssimas. Calça jeans grudada na pele. Camisetas infantis, pra ficarem completamente coladas. Blusas daquele tricô tão bizarro que ela parece 8 números menor que o seu quando você não está dentro dela. Eu não queria mostrar o corpo, queria só usar roupas do meu tamanho, pra variar.

E foi a primeira vez que eu me dei conta de como mulher é um tipo imbecil de ser humano, quando uma coleguinha da minha sala na faculdade veio me avisar que não era de bom tom sair de casa com uma camiseta que não cobrisse o bumbum. E o pior: eu acreditei. Tinha acabado de mudar de cidade, de estado, de nível escolar. Vai que eu passei tempo demais no interior e perdi a noção, né? Fui lá de novo comprar um lote de blusas com 4 vezes o meu tamanho, só pra que cobrissem meu derriére e ninguém fosse agredido pela visão do meu bumbum seco.

Depois foi com decote, maquiagem, esmalte, cabelo. Era o tempo todo censura pela aparência. Se falasse com os meninos, cesura no comportamento. Se fosse na festa de fulano, se olhasse, se pensasse, se respirasse. Todo mundo julgando você o tempo todo.

E foi só aí, atravessando a barreira dos 20 anos, que o feminismo bateu à minha porta. E eu resisti, porque eu sempre tive essa noção radical que um gênero não precisa de vantagem em relação ao outro. Mas aos 30 eu percebi que acreditar que todo mundo é igual estava muito errado e eu entendi que não, eu não sou feminista, nem machista, só um tanto egoísta. Eu não acredito em direitos iguais, eu não acredito em superioridade. Eu acredito em necessidades especiais. Eu acredito em direitos especiais.

Vou explicar.

Eu não acho que eu sou MAIS que um homem apenas por ele ter nascido homem. Obviamente não acho um que um homem seja mais que eu em nenhuma situação. Mas eu também não sou IGUAL a um homem.

Eu não sou igual a um homem quando eu saio da barriga da minha mãe e imediatamente todo mundo acha que devo vestir rosa, mas se um bebê menino se aproxima dessa cor, um pai morre de ataque cardíaco fulminante.

Eu não sou igual a um homem quando eu entro numa loja de brinquedo e peço um soldado em vez de uma boneca e uma vendedora muito fofa me diz que a seção de meninas é ali ó. E um homem não é igual a mim se cai na desgraça de desejar uma boneca.

Eu não sou igual a um homem quando fico menstruada pela primeira vez na escola, no meio da aula e o professor de história não sabe como lidar e a diretora me repreende por ter falado a respeito no meio da sala, com um homem, na frente dos meninos. Como se o que aconteceu comigo não fosse obra da natureza, que acontece com metade da população e independente da minha vontade.

Eu não sou igual a um homem quando fico menstruada todos os meses na escola e tenho que fazer as aulas de educação física com as primeiras cólicas da minha vida, que nem eu mesma consigo entender como funcionam, sob o sol, porque o homem que me dá as aulas diz que menstruação não é desculpa.

Eu não sou igual a um homem quando tenho que passar uma semana inteira fora da piscina e usando roupas escuras no verão, porque ninguém me explica muito bem como passar aqueles dias e a sociedade não aceita saber que me encontro nessas condições.

Eu não sou igual a um homem quando começo a sair à noite e tenho que ouvir meus pais dizendo pra jamais deixar meu copo sozinho, que não posso beber demais, que não posso sair com aquela saia de jeito nenhum, que tenho fechar o decote, que tenho que me dar ao respeito, senão os meninos vão saber que eu não valho nada e terão automaticamente direito sobre meu corpo.

Eu não sou igual a um homem quando resolvo que vou sair de saia se eu quiser e vou rir se eu quiser e vou falar com quem eu quiser e um deles acha que isso significa que eu estava me oferecendo a noite toda e pode praticamente arrancar meu lábio ao forçar me beijar. E se revolta quando leva uma bofetada no meio da cara como resposta, porque eu.estava.pedindo.

Eu não sou igual a um homem quando não posso voltar desacompanhada pra casa à noite, porque alguém pode querer me machucar apenas por ser naturalmente mais forte do que eu.

Eu não sou igual a um homem quando gosto de futebol e de outros esportes, porque isso me masculiniza e nenhum menino vai querer uma menina assim tão desleixada e com as canelas roxas.

Eu não sou igual a um homem quando cada vez que eu me relaciono com alguém do sexo oposto, eu sou automaticamente a pessoa que está se insinuando. Se o homem for comprometido, eu sou automaticamente a destruidora de lares.

Eu não sou igual a um homem quando chego aos 25 anos sem um relacionamento significativo com uma pessoa do sexo oposto. Eu não sou igual a um homem quando a sociedade me expulsa repetidamente de grupos sociais em que todos acabam comprometidos depois de um tempo, porque tem alguma coisa errada com uma mulher sem homem. Sem alguém pra proteger, cuidar dos interesses sociais e das rédeas da vida em geral.

Eu não sou igual a um homem quando escolho estudar um curso tipicamente masculino e tanto colegas como professores me perguntam se minha intenção é arrumar um marido e se tenho alguma ideia de como usar uma calculadora científica com 50 botões.

Eu não sou igual a um homem quando escolho uma profissão tipicamente masculina e ninguém respeita minha autoridade pela única razão: ter nascido menina.

Eu não sou igual a um homem 3 semanas no mês, quando meus hormônios tomam o melhor de mim e eu tenho que controlar cada reação. Eu não sou igual a um homem quando meu corpo dói sem que eu tenha feito nada pra que isso acontecesse. Quando não posso controlar meu humor. Quando sinto dores que um homem JAMAIS vai experimentar e não tenho o direito nem mesmo de fechar a cara, de respirar mais fundo e até mesmo de chorar, por que não? Eu não sou igual nem mesmo às mulheres nesse momento, porque algumas iluminadas nasceram mais aptas para a sociedade e não sofrem com a mesma intensidade e acham que podem julgar a minha experiência pela delas.

Eu não sou igual a um homem se decido que meu corpo é meu e eu faço dele o que eu quiser. Inclusive expondo a maior extensão possível da minha pele, se me der vontade. E isso não quer dizer que eu esteja me exibindo ou pedindo ou querendo nada.

Eu não sou igual a um homem se decido que não quero procriar. Eu obviamente não brado contra os homens nem acho que gravidez seja violência ou qualquer outra dessas ideias perturbadas. Eu só acho que não quero a experiência nem a responsabilidade. Se um homem decide que não quer ter filhos, é só a opinião dele, uma escolha dele e mulher nenhuma vai deixar de se juntar a ele emocionalmente por causa disso. Se uma mulher decide que não quer ter filhos, ela é louca, frustrada, rebaixada, incompleta, invejosa. E nunca, NUNCA a sociedade entende um homem que se junta a esse ser mitológico incompreensível. Essa mulher que vai contra a natureza.

Eu não sou igual a um homem se decido que não quero me casar, que não quero dividir uma casa, um quarto, uma cama, um cobertor, uma conta bancária. A sociedade duvida da minha sexualidade – que a propósito, não é da conta de ninguém – e da minha sanidade mental se eu me recuso a me ligar a alguém de forma tão profunda apenas porque.eu.não.quero. Um homem que passa a vida sozinho é um solteirão independente desejado. A mulher que passa a vida sozinha é uma coitada que ficou pra titia.

Eu não sou igual a um homem quando eu engravido contra a minha vontade. [Um parêntese aqui: eu sou moralmente e pessoalmente contra o aborto. Mas essa sou eu, sobre a minha vida, a única em que eu posso opinar. Socialmente, eu acho que todo mundo tem que ter direito de fazer o que achar melhor.] E eu sinceramente acho que um homem que não esteja envolvido genética e diretamente no processo de fabricar a criança em questão, não tem direito de opinar no rumo da gravidez.

Eu não sou igual a um homem se eu divido uma casa. Ainda que o homem não esteja romanticamente envolvido comigo, se eu e um homem moramos no mesmo lugar, a obrigação de limpar, cozinhar, arrumar, é socialmente minha. E eu, enquanto viver, jamais lavarei as roupas de outra pessoa que não sejam as minhas. Limparei a bagunça de uma pessoa que não for eu. Cozinharei qualquer coisa que eu não esteja interessada em comer fora da hora que me interesse comer.

Eu não sou igual a um homem se eu tenho filhos. Desconsiderando o fato de que biologicamente eu sou a única que pode alimentar a criança pelos primeiros 6 meses, todo o resto também será minha responsabilidade. As fraldas, a alimentação, as broncas, as roupas, a higiene, o colo. Se meu filho fica doente, sou eu e não o homem que pede pra sair do trabalho pra levá-lo ao médico. Se a nota é baixa, sou eu e não o homem que recebe a ligação da escola. Se a roupa está amarrotada, sou eu e não o homem que leva a fama pelo desleixo. Eu não sou igual ao homem quando preciso faltar ao trabalho por 3 dias porque meu filho não melhora. Sou eu o alvo das fofocas de escritório sobre a falta de comprometimento com o trabalho. Sou eu que tenho apenas 4 ou 6 meses de licença maternidade, mas sou cobrada constantemente pela atenção que deixo de dar à criança, que ouço palpites sobre alimentação, educação e todas as outras tarefas que não tenho a quem delegar.

Eu não sou igual ao homem quando cresço aprendendo que não posso andar por ruas escuras, que não posso andar sozinha à noite, que não posso andar por ruas desertas em nenhum horário do dia, que não posso demorar pra travar a porta do meu carro depois de entrar nele, que não posso usar roupas curtas e justas se for usar o transporte público, quando a sociedade passa minha vida me ensinando que não devo ser estuprada, em vez de ensinar aos homens que eles não devem estuprar.

Eu não sou igual ao homem quando qualquer coisa sobre meu comportamento pode me classificar como santinha ou como safada, como puritana ou vagabunda, como pra casar ou pra comer.

Eu não sou igual ao homem quando as outras meninas todas também estão me julgando pelo que não querem ser julgadas, pelas minhas roupas, pelo comportamento que elas acham que eu deveria ter, pela forma como elas acreditam que uma mulher deve ser.

Então me digam: pra quê eu quero direitos iguais aos dos homens? Eu nunca vou ser tão forte, eu nunca vou ter as mesmas habilidades, modos de raciocínio. Eu não sou igual e não quero ser igual. Eu quero ser respeitada pelo que eu sou. Não quero que alguém role os olhos e solte um suspiro se eu disser “não posso fazer isso agora, estou quase cega de cólica e preciso de uma hora até que meu remédio faça efeito”. Eu quero que a pessoa REALMENTE entenda o que eu estou sentindo e volte uma hora depois, sem me tratar como um indivíduo inferior ou mágico por causa disso.

*****

E eu ainda tenho sorte. Eu sou uma mulher heterossexual revoltada, independente e com ideias não convencionais. A vida já não é fácil, mas não consigo imaginar o que homens e mulheres homossexuais passam apenas por não serem... iguais. Todo mundo palpitando demais em situações que não lhes dizem respeito. Se cada um cuidasse só dos próprios interesses (de verdade, e não daqueles que você ACHA que são seus, como o casamento entre duas pessoas em que uma delas NÃO É VOCÊ), todo mundo teria muito mais chances de ser feliz.

Eu entendo o feminismo. Entendo a importância dele. Entendo o que leva as meninas da minha geração abraçarem tão fervorosamente. Mas eu não sou feminista. Eu sou egoísta. Eu quero o que é melhor pra mim. Não porque eu sou mulher, não porque eu acho que mereço mais que ninguém. Eu só acho que mereço respeito, independente do gênero de cada um. Independente da forma que eu me comporto, desde que não afete DE FATO a vida de ninguém. Você deveria querer também.


PS - 01 DICA: ser uma menina bradando por respeito enquanto julga o comprimento da saia da coleguinha NÃO ESTÁ PERMITIDO.

terça-feira, 2 de abril de 2013

penúltimo post... de londres

só que mais ou menos.

Hoje vamos falar de passeínhos. Sabe aqueles mini passeios que você faz entre um e outro, ou que faz meio correndo mesmo? Porque eu acho que nem se ficasse um mês em Londres seria suficiente. Então coisas que eu não estava esperando ver ou não dava tempo de ficar muito, eu vou contar agora.

Tipo Oxford Street. A rua, em si, eu tive MOITO tempo pra ver. Mas como eu sou a maníaca das lojas, eu meique corri, porque só tinha um dia pra isso. Teria menos, se eu tivesse achado o caminho pra outros lugares que eu tinha planos de ir. Mas eu estava sozinha e não imprimi alguns mapas, acreditando que minha memória seria suficiente. Então FOM. Eu entrei em praticamente tu.do.que.foi.lo.ja, só pra dizer "a Zara de Londres isso", "a Forever 21 aquilo". Sabe, praticar o pedantismo? Não sei se faço um capítulo *compras* ou se falo disso nos passeios longos e tal.

Agora eu falaria da Harrod's. Lugar onde não tenho condições financeiras de adquirir coisas, mas posso entrar fazendo a hipster - visual mendigo fica FÁCIL quando você tá comprando as coisas por necessidade - e fotografar o quanto eu quiser a fachada. Qué dizê. eu acho que era a Harrod's, mas pode ser qualquer loja de departamento que você quiser. Aliás, eu ODIEI o esqueminha shopping sem parede, viu? Primeiro que você nunca sabe quem pode te ajudar naquela área, segundo que é uma zona mermo e cadê sapato, cadê blusa, cadê ordem? Sou pobre e não gostei.

má sabe tirar foto que é uma beleza!

Passei correno (mentira, foi de busão de dois andar, ó que riqueza) na frente da casa da dona Leide Queite e meu cunhado Uília. Fui num monte de brechó. Alguma coisa na minha memória diz que tentamos almoçar fish'n'chips num pub, mas a missão falhou e eu não tenho memória de onde o almoço aconteceu. Acho que foi em Covent Garden. Queria muito ter voltado lá à noite, era um lugar lindo, que parecia mais lindo ainda anoitecendo e com luzinhas acendendo. Se não me engano (se eu me enganar, corrijam com amor) é lá que fica o  (ou um) Jamie's Italian, o restaurante que todo mundo vai te mandar ir em Londres. Eu sou rebelde e almocei num lugar de tortinhas a 10 metros dali. (The Battersea Pie Station. Recomendo MUITO.)

Fomos também ao Soho, fazer as bunita, só que não. Acho que entre o Soho e Chinatown eu tirei as fotos que eu mais amo no universo. Sabe aqueles passeiozinhos pra ir em lugar nenhum, só andar? Aí dava tempo de olhaaaar e aí fotografar. Trabalhe aí no seu mouse se não quiser ficar vendo figura. Ou aproveite, né? Vai saber.

musicais que eu não vi

repetindo piada: em Londres todo mundo toma uma no Ku

puxando o zóinho

♥♥♥♥♥♥♥♥

let's snog. HEH

nananananananananana

Carnaby Street

Liberty ♥



Palladium

Apple Store - os hipster chora limão

melhor rua


Obviamente caí sem querer em lugares que eu tava SONHANDO ir e jurando que não ia achar (uma lojinha maravilinda em Covent Garden, Sass & Belle) e só não gastei mais dinheiro porque precisava me vestir. Da próxima vez eu não perco a mala e posso me acabar em corujas, aguardem.

Pra comemorar meu aniversário, fomos jantar em Angel. Saímos do metrô e olhamos absolutamente todos os restaurantes da rua - mais ou menos um milhão - e decidimos por sandubas de rica, porque eu mereço.

preservando a identidade do amiguinho




Byron

Angel... got got?

Também aconteceram mini passeios que eu fiz sozinha involuntariamente aka me perdi e o tradicional desespero do último dia, de querer ver até os bueiros das ruas porque né?

HAHAHAHAHA (eu tava perdidíssima nesse momento)

quem sou TROUXA e não achei a plataforma 9 3/4?

Canary Wharf serious business

Canary Wharf not so serious business

Burough Market de novo



aquele lugar perto da London Bridge

último jantar, no Leon ♥♥♥♥♥


Com o fim desse capítulo, sobram os grandes passeios da humanidade, tipo Abbey Road (grande é a história, na verdade), o Palácio de Buckingham, Oxford Street e suas lojas maravilhosas, Marble Arch e o metrô. Com uma participação especial de Bayswater, Whiteleys Mall e Princess Square. Eu não perderia se fosse vocês. E aí, rumo à Cardiff!