sábado, 11 de junho de 2011

I’m not sorry




Hoje alguém compartilhou no reader um post que eu tive preguiça de ler inteiro, só dei aquela passada de olho pra captar a ideia geral. E a pessoa estava lá, parando de se desculpar por escrever o que tem vontade. Na verdade, parecia mais ou menos o meu caso: nunca escreve o que tem vontade, por uma certa reserva em relação a quem vai ler (e a gente nunca sabe). Então, do que eu entendi na minha leitura dinâmica, a pessoa quebrou a algema e assumiu o que tinha na cabeça.

É o que eu vou tentar fazer agora.

(A “““““multidão””””” se pergunta: e ISSO que a gente leu até hoje era auto controle? Era.)

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never meet your heroes

Uma web celeb que eu conheço me disse um dia que eu deveria largar esse negózdi blog pra lá e escrever num caderno. Que é bem libertador quando você para de escrever pensando em quem vai ler e escreve só pra você. E eu concordo, eu já fiz isso. Tanto tempo atrás que nem lembro quanto, mas já fiz.

Aí eu fui lá e comprei um caderno do snoopy muito bonitinho, depois de passar por umas 25 livrarias. Porque tinha que ser o caderno que eu batesse o olho e não perguntasse o preço, compreende? Sabe o conceito? Você diz “má é nunca que eu pagaria 600 real num casaco.” Aí um dia você paga, porque você nem perguntou o preço. Era só um caderno, mas tinha que ser assim.

E eu comprei canetas da Bela (da Fera, não a adormecida) pra fazer o conjuntinho.

Ainda não escrevi nenhuma linha.

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Eu acho que pessoas mentalmente prejudicadas deveriam ter algum tipo de assinatura nas ondas cerebrais que inviabilizasse o assistimento de séries de ficção científica. Sabe? Tá lá passando na TV, mas o cérebro (pausa pra procurar comé que é scrambles em português. É o que dá ignorar as pessoas e se relacionar amorosamente com seriados em língua estrangeira.) embaralha (obrigada, google translator) o sinal. Todo mundo lá assistindo Kyle XY e sua mente passando uma relax-o-vision, no melhor estilo Freakazoid.

Se você não entendeu o parágrafo anterior, considere-se um ser afortunado. Se não por mais nada, por não morar na minha cabeça.

Resumindo: eu acho que pessoas normais não deveriam ser punidas por causa de gente biruta, como eu. Mas gente biruta, como eu, jamais deveria ter acesso a representações fantásticas da realidade.

Um tempo atrás eu estava lendo um livro, cujo título não revelarei nem sob risco de perda de amizade – porque as pessoas são muito preconceituosas e não esperam explicações antes de saírem julgando a interpretação do amiguinho, ainda que seja um livro do Paulo Coelho. Não, seus besta, não era Paulo Coelho -, que tinha uma vibe... como direi? Fantástica? E minha vida apodreceu por meses. Até porque a história levava mais de um livro pra terminar (dica) e o surto durou até o último livro ser lido até o último ponto.

Eu tenho dó, mas dó sincero, das pessoas que se aproximaram de mim naquele período. Ninguém era bom o bastante, nenhum dia era bom o bastante e essas coisas de todo dia pareciam uma bola daquelas de presidiário enroscada no meu pé, me prendendo a essa vida mais ou menos.

Aliás, é uma dúvida que eu tenho: tá todo mundo contente com a vida ser essa sucessão de dias mais ou menos? Dias absolutamente chatos, em que o despertador toca, você sai da cama contrariado, pra um trabalho que (sejemo franco) você não gosta (ou não liga, na melhor das hipóteses), que não te dá tanto dinheiro quanto você gostaria, que consome mais horas do que você estaria disposto a gastar, de onde você sai pro trânsito e pro supermercado e pra fila no caixa. Onde você compra comidas que você nem gosta, mas são boas pra saúde ou que você gosta, mas vão te matar antes dos 40 com todas as veias entupidas e a pressão na estratosfera. E depois você vai assistir alguma bobagem na TV a cabo, tomar um banho com um sabonete que você nem gosta, escovar os dentes com uma escova que você só comprou porque era azul e vai dormir. Por tédio, por cansaço, porque amanhã você acorda cedo e começa tudo de novo. Tá todo mundo ok com isso?

O primeiro mongol que vier com "pelo menos você tem trabalho, comida e casa" vai ser atingido por um raio. Pelamor, sooo last century essa linha de raciocínio, hein?

Cada manhã em que meu despertador toca, eu penso em treinar arremesso à distância e penso “de novo? Sério? Mais um desses dias iguais?” e aí eu saio da cama e luto contra o meu cabelo, contra a minha alergia, contra a minha (de)forma física causada pela alergia, contra o clima, contra a minha vontade de pegar os poucos dinheiros que eu tenho guardados no banco, comprar uma passagem pro próximo vôo em relação à minha chegada no aeroporto (desde que no ocidente, que eu não sou tão besta), deixar um bilhete dizendo “fui viver, uma hora eu volto” e ir viver de artesanato em algum lugar inusitado.

Um dia eu vou.

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Eu sempre esperei mágica.

Outro dia eu tava ali no cantinho chorando e minha mãe quis saber o motivo. Eu não quis contar porque não tava afim de passar o final de semana no hospício, mas aí a pessoa fica achando que é o fim do mundo e a gente acaba falando, né? E eu falei que minha vida era essa coisa bocó aí, mas eu queria muito mais, queria mágica.

E ela me disse “você só vai sofrer assim, mágica não existe”.

Olha, nem vou entrar no mérito da cueshtã. Só que não sei o que é pior: esperar por uma mágica que não existe ou não acreditar na mágica e achar que tudo tem que ser essa grande mancha marrom cocô.

Ou vai ver sou só eu.

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Minha mente borbulha. Tem dias em que eu começo umas 43 histórias diferentes. Se eu não tivesse superego ou preguiça, eu já teria escrito uns 8 livros, uns 23 filmes, desenhado o infinito. Porque é o que acontece na minha cabeça. Milhões de histórias melhores do que a minha. A maioria que poderia até acontecer se eu não fosse uma criatura mitológica com perda parcial de memória aprisionada num corpo de contador de meia idade. Não que eu seja careca e tenha pipi, veja bem. É tudo muito no sentido figurado, seus sem imaginação.

Na minha cabeça acontece um monte de mundos em que a vida tem graça e a minha vida é essa coisa enroscada de escola-cinema-clube-televisão. E só porque eu tenho medo. Medo de morrer de fome.

Vai que dá tudo errado?

MAS VAI QUE DÁ TUDO CERTO, SUA ESTÚPIDA?

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Às vezes é um livro. Às vezes é uma série. Às vezes é um filme. Às vezes é a vida real de alguém, em que as coisas acontecem E-XA-TA-MEN-TE como estavam na minha imaginação, e eu paro uns 5 minutos com a boca aberta, tentando entender comé que foi que a história aconteceu distorcida. Porque tão perto de mim, ela só pode ter errado o alvo. Era pra mim, era COMIGO. Para, para tudo. Isso aí é meu, eu imaginei antes, não é justo.

Teve um ano na minha vida em que eu tava nesse buraco eterno do tédio e tava lá, criando na minha mente o que seria o cenário perfeito pros 10 dias seguintes. Meus 10 dias seguintes seguiram um roteiro de pesadelo, enquanto os 10 dias seguintes de uma menina que eu conheci no primeiro desses dias aconteceram nos mínimos detalhes da minha imaginação. Eu tinha um mini ataque cardíaco cada vez que ela contava sobre a vida. COMO ASSIM, DELS? Parecia até sacanagem.

Lembrei disso porque hoje aconteceu de novo. Mas assim, mínimos detalhes. De modo que eu acho que isso me fornece provas mais que suficientes de que o que eu quero É POSSÍVEL, só que só pra eu ficar olhando mesmo. E não é porque o universo me detesta, porque eu seja azarada, porque tem uma nuvem sobre a minha cabeça. É só porque eu sou covarde mesmo.

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Há uma brincadeira no meu círculo social, em todos eles, desde que eu comecei a participar de círculos sociais, de que eu não tenho coração.

É mentira.

Eu tenho coração. Acreditar no amor eu realmente não acredito, mas eu queria, de modo que estou disposta a dar uma chance.

Mas cêis aí vão me desculpar, ninguém é bom o suficiente. Ninguém tem MÁGICA. Eu já conheci algumas pessoas que brilhavam e pareciam mágica. Mas de perto é todo mundo muito sem graça. Num faiz nem duas semana que uma ******leitora de sorte****** me mandou baixar as expectativas. E não foi a primeira. Taí Madame Kika que não me deixa mentir.

Só que se for pra escolher entre o normal e o nada, eu prefiro o nada. Ou é fantástico ou não é.

(Isso meique explica o lance do amor. Se não há fantasticidade – eu não quis usar a palavra fantasia de propósito – que dure, pra MIM, não há amor que dure.)

E nem venham perguntar se eu sou fantástica o suficiente pra atrair algo ou alguém assim pra mim. Eu sou incrível, só sou covarde.

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Aí aconteceu uma série de coisas chatas que me fizeram duvidar da humanidade de novo. Aí eu me isolei de novo. Aí eu entrei numas de ficção científica de novo. Aí cabô, gente. Nem lavar roupa eu quero mais. What’s the point? O que eu tô fazendo da minha vida? Aonde eu vou chegar? Por que eu vivo descobrindo ou imaginando coisas e gentes que eu nunca vou ter? Por que eu tenho que viver nessa disgramada dessa era da informação, em que eu sei que o mundo tá cheio de mágica, de gente incrível, de mentes fantásticas, de lugares, de coisas que existem, mas eu nunca vou ver nem chegar perto?

Acho injusto. Acho enlouquecedor.

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Se uma hora dessas eu sumir daqui de vez, podem ter certeza: parei de ser babaca e fui viver.