terça-feira, 22 de março de 2011

devota de Einstein

Eu acredito que tudo é relativo.

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Sábado eu fui estúpida com uma das minhas pessoas favoritas no mundo, porque eu presumi uma coisa e falei com esse meu jeitinho delicado de ser. Levei de volta uma resposta que foi TÃO suave e tão explicativa em meia dúzia de palavras, que a única coisa que pude fazer foi abraçar e pedir desculpas, sabe? Eu sou idiota, sou uma cavala, às vezes faço isso com a desculpa do afeto, mas ninguém é obrigado.

Na manhã seguinte, enquanto eu ainda não conseguia parar de chorar por ser tão imbecil, minha mãe (com quem eu tinha sido estúpida no sábado também, porque eu tava sem arreio, né?), com todo o carinho do mundo que só uma mãe pode ter, me disse:

“Você não sabe falar com as pessoas.”

Não sei mesmo.

E não é que eu não queira aprender ou que eu ache que o mundo tem que aceitar que vai receber a marquinha da minha ferradura quando eu achar que a maneira mais terna de me expressar for através do coice. É que eu ACHO que estou sendo legal e suave e justa e pof, tô lá sendo a maior babaca que já pisou na face da terra.

Eu não sou fácil e sei disso. Não é motivo de orgulho, mas não é algo que eu saiba controlar. Eu já cheguei a acreditar que era autista em algum grau (é sério), porque me relacionar com um e com vários é sempre uma grande dificuldade e eu vivo na defensiva. Só que não na defensiva as in atacar e me impor, assim todo mundo já sabe o que esperar. Mas na defensiva as in preferir observar como a pessoa ou o grupo se comporta, pra aí decidir como interagir. Nada que abafe ou anule minha personalidade, só uma tática pra não assustar ninguém logo de cara.

Bom, aí, no fim da tarde do domingo quando eu já tinha secado e parado de chorar, eu e minha mãe fomos nos encontrar com alguns dos meus amigos mais próximos e o assunto da minha maldade ou falta de qualificação pra vida social voltou. E minha mãe disse de novo o que tinha me dito de manhã: sua família (e seus amigos tão próximos que funcionam como família) são capazes de perdoar sua grosseria. Eles te amam e te conhecem e sabem que aquilo é só um momento. Agora, as pessoas que só passam por você (mesmo as que passam muito) nunca vão te perdoar. Elas podem deixar pra lá em favor de um bem maior, mas nunca vão esquecer. As pessoas que você fere, ainda que sem querer, vão ostentar o machucado pra sempre.

Só que.

Só que isso não é só de mim pros outros. É dos outros pra mim também. É de todos pra todos.

Às vezes a gente nem percebe o quanto está sendo estúpido com alguém. Num dia aleatório, logo de cara, numa noite de sábado, numa manhã de domingo. Às vezes, na nossa cabeça, nem estúpido foi. Mas quem ouve sente que foi e tem todo o direito, ué. E aí morre um pouquinho o afeto. Só que se isso acontece antes de construir esse afeto, se você é bruto com quem nem te conhece, com quem você nem sabe como tratar logo de cara, você corre o risco de viver em ambiente hostil.

Aí não vale culpar quem só está lá cuidando pro trincado não virar rachado e ter que recolher os caquinhos, né?

Nossa geração é uma geração perdida, que não entende o conceito de amar ao próximo como a si mesmo. Mas acho que todo mundo é inteligente o suficiente pra levar pra vida o “trate os outros como gostaria de ser tratado”. E sempre é válido olhar pro próprio umbigo – de forma crítica, é claro – antes de atirar no amiguinho que nem sempre sabe o que você está pensando. E que não é obrigado a gostar de você.

O engraçado é que só dói quando é com a gente. Bater é bonito, xingar é bonito, desrespeitar é bonito. Mas só quando é com aquela pessoa que não vale nada, que merece. Nos nossos lindos fiofós ninguém mexe, afinal, somos tão bom samaritanos! Nunca fazemos nada, somos tão queridos, tão justos.

A gente tem todo o direito de não gostar dos outros, mas ninguém tem o direito de não gostar da gente. Como podem? Somos tão legais, tão engraçados, tão receptivos!

Já cansei de levar patada nessa vida sem que ouvissem meu lado da história, quando as pessoas fazem a mesma suposição que eu fiz no primeiro parágrafo. Já cansei de levar patada quando eu nem sabia que tinha uma história e meu nome tava lá no meio. Já cansei de pedir desculpa também. Já cansei de chorar baixinho no banheiro, pra não ter que explicar nada pra ninguém. Já cansei de ser rejeitada só porque a pessoa não foi com a minha cara. Mas né? É assim que a vida é.

Eu sou o tipo de pessoa que pede desculpa sempre que acha que errou e mesmo quando acha que não errou, mas machucou a outra pessoa mesmo assim. Não vou mudar. E não vou me desculpar quando eu não fiz nada.

E mesmo que se forme aquela rodinha injusta no fim da aula pra me pegar na saída, eu apanho, mas me defendo na maior educação. E sozinha.

Uma beijoca.

Eu.