quinta-feira, 22 de outubro de 2015

corrigindo as rota

Gente, eu escrevo blog há 15 anos, né? Além deste endereço, só tive um outro, do qual fui expulsa, senão estava lá até hoje. 

Aí eu tava pensando aqui com os meus botões e acho que de vez em quando, com a leitura constante, cêis mei que confunde as coisa e começam a tratar blogueiras como ~gente famosa~.

Veje bem: não tô querendo me achar nem nada, mas vejo blogueiras tão inexpressivas quanto eu tendo fã clubes e tal e não entendo, mas aceito. Sei também que o mundo moderno das blogueiras de moda, lifestyle e que, DE FATO, ganham dinheiro confunde um pouco a mente de todo mundo. Minha opinião é que a população enche demais a bola de quem não vale uma coxinha com azeitona e fria, mas vocês que sabe de suas vida. Só que eu ganho um total de vários nada pra escrever aqui, sabe? Não que eu ache que quem ganha dinheiro mereça ser maltratado, não é isso, mas tratar blog rico como loja e acionar o procon é super válido. Mas vir aqui na minha tapera batendo a mão na mesa e gritando CÊ SABE COM QUEM CÊ TÁ FALANDO aí não dá, porque eu tô só no portão oferecendo água de graça.

Razões pelas quais eu escrevo:

- porque eu sou muito engraçada e me auto divirto, especialmente 4 anos depois, quando volto pra ler arquivos, eu muito me basto;

- porque eu sou muito engraçada e também bastante altruísta e divido minha graça com vocês (e também bastante ridícula, pois me sinto grandes coisa quando ozotro ri da minha piada);

- porque quero falar sem ser interrompida e mesmo que você não leia até o fim ou comente sem terminar de ler (acontece muito e dá pra perceber, viu, mores), EU FALEI ATÉ O FIM SEM NINGUÉM RETRUCAR;

- porque alguma coisa está me incomodando profundamente e eu não acredito em terapia e em amizade (suck it) e em conselhos (putaquemepariu, como eu odeio conselho????), então eu ponho pra fora aqui, porque a internet é minha e eu faço o que eu quiser. 

Basicamente é isso.

Então quando eu tô aqui falando com as paredes sobre um momento ruim e isolado da minha vida e alguém vem com MAS POR QUE VOCÊ PERMITE QUE ISSO ACONTEÇA???? eu quero dar um soco nas suas cara.

Primeiro porque eu não sou vítima de maus tratos, bullying ou abuso, minha vida deve ter uma quantidade de dias chatos normalmente distribuída, com média mu e desvio padrão sigma, igual à 99,73% das pessoas. 

Depois porque eu realmente fico intrigada com algumas coisas que me dizem.

Quando cêis falam "não sei porque você deixa esse tipo de pessoa fazer parte da sua vida", eu vos pergunto: é coisa dessa geração que não ouviu não quando era criança e agora sai batendo o pé quando é contrariada? Porque esse tipo de pessoa é geralmente:

- mãe, irmãos, amigos próximos

Você está de parabéns se nenhuma dessas pessoas ter perturba involuntária ou equivocadamente em nenhuma ocasião. De vez em quando a gente quer dar todo mundo pra adoção, mas infelizmente não é possível. E também não é possível discutir enquanto a cabeça está quente e a coisa te incomoda a ponto de escrever um post. Mas quando esse tipo de pessoa da sua vida te incomoda, cê faz o que? Bate na mãe? Deserda o irmão? Desfaz amizade? Não entendo. Eu espero a paz interior voltar pra discutir razoavelmente, o que não quer dizer que no momento de raivinha eu não vá sentir a raivinha em toda a sua glória. Mas eu queria MESMO saber como é que vocês eliminam esse tipo de gente de suas vidas.


- parentes relevantes, chefes, colegas de trabalho

Vó, cara. Vó tem licença poética pra falar merda. Sempre entra por um ouvido e sai pelo outro? Não. Às vezes você gostaria de levar sua vó ao poço de piche mais próximo? Sim. Mas aí você ficaria sem aquele bolinho de laranja esperto que ela faz e tal. 

E tem as pessoas que trabalham com você. Sei lá, já ouvi boatos de gente que curte e faz até amizade, acho exótico, mas no caso de a gente odiar esse tipo de pessoa, eu acho um pouco complicado fazer a louca porque fui contrariada.

 (┛◉Д◉)┛彡┻━┻

Sei lá, vai ver é porque eu tenho ~estabilidade~ e curto muito ganhar dinheiro em troca de horas disponibilizadas para produzir. Mas se tem alguém aí que nasceu rico ou com extrema habilidade de ser contratado para diversos trabalhos, ou é blogueira e ganha dinheiro sem fazer nada e ainda justifica que trabalha pra caramba, tá certo mesmo de não aceitar desaforos. Eu, de minha parte, sempre fui acusada de ser rude e inteligente demais, defeitos IMPERDOÁVEIS em mulheres, de modos que nunca cheguei ao fim de uma dinâmica de grupo e tenho certo apego ao meu trabalho. Podem me falar aí nos comentários como eliminar esse tipo de pessoa, e eu nem tô incluindo as vovós. Cêis me dando a dica de como eliminar coleguinhas de trabalho com estabilidade, eu já tô aceitando.

- figurante recorrente

Esse é meu tipo de gente favorito!!!!!!!111111111 Tô aqui há horas imaginando como deixar de aguentar desaforo de figurante recorrente. Paro de ir à padaria, onde a mulher me corrige dizendo "DUZENTAS?" cada vez que eu peço duzentos gramas de folhadinhos? Parando de ir ao supermercado, onde a caixa me pergunta se eu quero CPF na nota, mesmo sabendo que eu quero sim, porque eu sempre quero? Entro na academia me jogando no chão e rolando pela extensão do balcão, pra que a recepcionista não possa me dizer o horripilante BOM DIA? Parando de ir ao posto de gasolina onde a frentista sempre quer olhar a água e o óleo que eu mesma confiro e ainda lavar meu vidro da frente, deixando a limpeza dessa área destoante da sujeira que acompanha o resto do carro? E AINDA ME OFERECE UM FUCKING PIRULITO E EU ODEIO PIRULITOOOOOO.

So many variáveis.

Cara, vocês são muito sortudos de viver num lugar onde gente chata é sumariamente eliminada sem consequências.

CÊ VÊ.

Uns anos atrás eu tava tendo um ano tenebroso de alergias, ia mais pro hospital que pra sala de estar. Quiqui aconteceu nessa ocasião? A enfermeira, cansada de medir minha temperatura, pressão e batimentos cardíacos passou a se achar íntima. A enfermeira, no caso, me via como uma pessoa unidimensional: a estragadinha da primavera. Ela sabia da minha vida? Não. Sabia que remédios eu tomava e com que frequência, e olhe lá. Pois eu era magricelinha, como sempre tinha sido a vida toda. Porém, alergias me causam dificuldades alimentares e eu estava obrigada a suspender temporariamente o leite da minha vida, já que estávamos testando a possibilidade de eu ter MAIS ESSA alergia. Acontece que eu bebia 4 canecas de leite diariamente e isso teve um impacto enorme na minha dieta e eu emagreci vertiginosamente, com a anuência e conhecimento do meu médico. Um dia eu tava lá na maca tendo meu pulmão cutucado pelo estetoscópio, quando a enfermeira acha conveniente me indicar um programa de apoio a anoréxicos, porque não tá certo a pessoa ser magra desse jeito, né? Além disso, ela LIGOU.PRA.MINHA.MÃE. Sabe quantos anos eu tinha? VINTE E SEIS. Vinte e seis anos, quarenta e nove quilos e um exército de intrometidos.

Minha mãe acredita em alergia tanto quanto eu acredito em homeopatia, de modos que ela sempre acha que eu paro de comer alguma coisa por motivos de dieta. E não só acreditou que eu estava anoréxica, como passou a me vigiar eternamente, porque mddc, vai morrer essa menina.

A SOCIEDADE NÃO SABE O QUE QUER.

É magra tá ruim, é gorda tá ruim, tá doente tá ruim, quer ficar saudável tá ruim, por que vocês não vão tudo cagar?

Naquele mesmíssimo desgraçado dia, eu entrei num regime intenso de corticóides e, dois anos depois, pesava 84kg. TÁ TODO MUNDO CONTENTE AGORA?

Claro que não.

Estou voltando nesse assunto porque assim ó. Você que tá lendo nesse momento, tem uma opinião formada sobre si mesmo, certo? Ficando nesse quesito, apenas, cê sabe se é magro, gordo ou se tá ali no meio, naquela linha tênue, que depende de opinião. VOCÊ ESTÁ INTERESSADO NESSA OPINIÃO? Eu, por exemplo, não tô.

Eu tenho um espelho em casa e sei qual é minha forma e não ligo a mínima se ela é compatível com a opinião que você tem sobre ela.

BOM.

Quando uma pessoa, podendo até mesmo essa pessoa ser eu, afirma que está gorda, ela está falando uma coisa sobre a qual ela tem consciência. Gorda, no caso, é a palavra que a língua portuguesa atribui pra pessoas que não são magras, não vindo a ser um palavrão, por exemplo. Não precisa entrar em pânico AI MEU DEUS GORDA NÃO NÉ MIGA SÓ NÃO É MAGRA que puta merda, não é magra, é gorda. Ninguém morre só porque foi chamada de gorda por si mesma.

Mas ó que incrível: uma afirmação não é uma pergunta. NEM um pedido de opinião. NEM um pedido de avaliação. Porque a gente fala que é gorda ou alguém vê a gente gorda e pensa automaticamente "come pacaraio, vive no sofá". E se for? Mas, olha só, E.SE.NÃO.FOR? Eu falo gorda, alguém fala carboidratos e meu cérebro spaces out automaticamente. Eu falo gorda e alguém fala atividade física e eu começo a planejar a lista de compras. Eu falo gorda e alguém fala QUALQUER COISA QUE NÃO SEJA "foda, né?", eu revejo meu romance mental com Ioan Gruffudd e me pergunto o que tá conte seno pra que demore tanto a se concretizar.

Deu pra entender?

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Fora isso, vou dividir um ensinamento aqui importante. Quando uma pessoa está sofrendo, você não dá conselho, não diz o que ela deveria fazer, não diz que avisou, VOCÊ NÃO FALA MERDA, compreende? Ou você fica quieto e ouve, que é a única coisa que a pessoa precisa naquele momento, ou você fala "sinta sua dor até passar enquanto eu seguro aqui delicadamente sua mão" ou você sai de perto e espera a pessoa se estabilizar pra PERGUNTAR se ela quer uma opinião. Lembrando sempre que a opinião só deve ser dada caso a pessoa responda SIM. Se ela falar que não, ofereça um suco e passe a comentar o capítulo mais recente de algum programa de entretenimento. Se você não consome entretenimento televisivo de nenhuma espécie, você é uma pessoa chata e deve então orar em agradecimento por ter amigos e gente que fala com você.

Procure no dicionário a palavra EMPATIA e pare de querer empurrar pro amiguinho sua experiência ou sua opinião de quem não sabe o que ele está passando e segue em frente, tem outras habilidade.







Respondendo suas pergunta: eu permito essas coisas na minha vida porque eu sou EXTREMAMENTE educada, um outro defeito horrível da minha pessoa, midesgupi.