quinta-feira, 29 de outubro de 2015

o drama do estacionamento

Eu tenho 99 problemas e todos eles é que eu provavelmente vou morrer de stress antes dos 40 anos. Eu costumava dizer que seria antes dos 30, mas milagrosamente ultrapassei tanto essa marca quanto a dos 35. Segue em frente.

Pois eu trabalho no mesmo lugar desde 2004, gente. Não tem muita coisa aqui com que eu não tenha me estressado ainda. Mas sempre surge gente nova e aí facilita, porque eu posso me estressar com todo um novo conjunto de falta de educação que vem instalado em cada indivíduo, tipo o estagiário que roubou meu monitor duas vezes e ainda não estamos em condição de falar a respeito.

Vamos falar hoje de um assunto interessantíssimo, chamado: estacionamento.

Estacionamento em universidade é um troço muito irritante, por si só. Pessoas de 18 anos que já têm um carro são geralmente o pior pedaço da classe média, porque eu me lembro muito bem de ter 32 anos a primeira vez que consegui comprar um carro usado, já que ninguém da minha família tinha dinheiro sobrando pra manter uma tonelada de metal com impostos pagos, combustível e etc. Favor não vir defender jovens recém saídos da fralda conduzindo esse tipo de máquina.

O mundo é um lugar maravilhoso e horrível pra essas crianças. Porque elas acham que você TEM QUE prover um lugarzinho pra ela deixar seu carrinho. HAHAHAHA. Minha faculdade de gente rica não tinha sequer uma vaga de estacionamento, nem pra necessidades especiais. Os filho do rico tudo indo de ônibus, os dos muito ricos pagando mensalidade em estacionamento e os ricos mesmo indo de motorista. Se quiser, né? Se não quiser, pode ir pra outra faculdade, que a gente não liga. Mas faculdade pública é essa maravilha, um campus enorme e arborizado onde árvores são derrubadas pra que crianças de 18 anos possam estacionar seus carros zero. Whatever.

Os estacionamentos aqui são todos em vagas de 45º. Tem literalmente uma dúzia de vagas estilo supermercado e o resto é rua onde as pessoas param ilicitamente mesmo. Ou seja, não tem mistério de como estacionar, né?

AHHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHA

Uma das diversões no meu prédio é ficar na janela distribuindo darwin awards pras pessoas que não compreendem vaga de 45 graus. Sempre tem alguém parado numa rotação de 90 graus, inviabilizando 3 vagas ao mesmo tempo, sempre tem quem não chegue no fim da vaga e entupa a rua, quem pare de ré na contramão, um desespero. Eu tenho ÓDIO desse estacionamento, com toda a força do meu eu.

O estacionamento é separado em bolsões e só um deles é fechado pra funcionários. E ainda assim, alguns alunos furam o cerco e meu sonho é destruir os carros deles com bastões de metal.

Aaaaaaaaaaaaaanyway. Cê pensa que trabalhando numa universidade não vai ter erro de inteligência, pelo menos entre os funcionários, né? BÉÉÉÉÉ, errado.

Eu passei 9 anos da minha vida vindo trabalhar de ônibus, à pé, de bicicleta. Mas minha mãe trabalha aqui também e de vez em quando eu era obrigada a me relacionar emocionalmente com esse lugar horrível, até que eu adquiri meu próprio carro e a vida se tornou um lugar difícil pra se estar nos dias úteis às 8 da manhã.

Eu ia colocar 20 vezes o mesmo desenho, mas não vou não e vocês que volte nesse pra visualizar.

estacionamento da depressão 


Eu fiz bem menorzinho, tem umas 12 vagas de 45 de cada lado, é compriiiido. Os carros cinza são aqueles estacionados como deus mandou. Em azul, as únicas vagas paralelas. Só tem essas 3 mesmo, mas a fila nesse lugar costuma chegar a 8 carros atrapalhando a entrada do estacionamento (que é uma curva fechada). Os carros laranja são os imbecis que acham que qualquer espaço é vaga, mas o negócio institucionalizou e não tem quem convença que fica apertado e perigoso. Meu sonho é que pintem essa bosta no chão, pra eles aprenderem a parar direito, e que circule um aviso que SÓ PODE parar no meio depois que encherem as vagas de fato. Tem dia que tem 8 carros no estacionamento e tem imbecil entulhando o meio do caminho.

Teve um tempo, incrusível, que eu deixei de ir trabalhar de carro pra não ter que lhedar com algumas pessoas. Por exemplo, ali onde tem os carrinhos azuis. Era muito raro ter carros parados ali. De modos que, depois de alguns dias de observação, eu passei a usar aquela vaga, assim que comprei meu carro. Passei aproximadamente um ano estacionando sempre ali, uma das vagas mais longes do prédio, pra não ser cobiçada e eu não ter que ficar estacionando num lugar diferente a cada dia. Não gosto, me deixa. Até que um dia eu me atrasei e tinha um carro ali. Reparei, porque era um daqueles cherry qq, que eu achava muito simpático. Só que depois de um tempo, a pessoa do carro preto passou a chegar mais cedo, pra pegar a vaga. Aí eu ia mais cedo, aí a pessoa ia mais cedo. Até que um dia eu cheguei, estacionei, fiquei alguns segundos dentro do carro juntando minhas coisas pra sair, distraída. De repente, buzinas. Nem dei bola, porque eu não tava no meio do caminho nem nada. Terminei, peguei minhas coisas e saí. Buzinas mais loucas. Continuei andando e aí um carro veio pra cima de mim enquanto cerumano. Gritei com a pessoa que estava... num cherry qq. TÁ LOUCO, TIO????? "Não, louca tá você, que parou onde eu quero estacionar".

Gente, você estaria jurando?

Falei que ia na prefeitura da cidade universitária denunciar e o velho gritando comigo sem parar "VOLTAAAA, TIRA O CAARRO, SAI DALIIIIII, A VAGA É MINHAAAAAAAAAA". Sério. Até o ponto que o velho provavelmente parou de usar o próprio carro, porque ele estava pregado naquela vaga 24 horas por dia e pessoas aleatórias iam até minha sala interceder pelo velho desequilibrado. Parei de ir de carro, porque eu não sou obrigada, sabe? 

Quando precisei voltar a usar o carro, passei a usar um estacionamento ruim, lá nos cafundó do campus, que ninguém usava. Claro que hoje em dia é lotado e zoneado e eu vou ter um troço em breve. Por enquanto, eu tenho usado esse bolsão da ibagem acima, que rendeu o lindo post de hoje.

*****

Hoje falaremos dos gênios representados em vermelho.

O tipo 1 é o que para na frente da fila laranja. Não tem mais lugar ali, porque o estacionamento é de mão única e a pessoa precisa de espaço pra sair. Quantas vezes eu fiquei presa por culpa de um imbecil desses? Não sei. Duas semanas atrás, uma pessoa parou ali e aconteceu um esforço conjunto pra encher o carro de galhos de araucária (cêis já viram pessoalmente a desgraça que é um galho seco de araucária?) e o carro ficou riscado até a alma. E era um desses carros de gente rica, cujo nome inclusive desconheço, mas tem tipo uns 10 em cada cidade grande. E a galera dos carro véio passava lá ralando propositalmente. Eu, que sou muito boa motorista, levei 25 minutos mas saí sem bater em nada. Se não amasse a integridade do meu carro, teria contribuído com a destruição em progresso. Infelizmente a pessoa é rica o suficiente pra arrumar e parar lá de novo (ontem).

Esse tipo aparece em menor frequência.

****

Aí tem o tipo 2, que é o pior tipo. É o animal que emparelha com a primeira vaga, onde não é vaga. Se ele parar na linha da calçada, a rabeira do carro será destruída até o fim do dia, então ele para em cima da calçada pra caber. Não sei, mas acho que se não tem a marquinha de vaga no chão AND precisa subir na calçada, fica um tanto óbvio que não.é.vaga.

Devido à dificuldade que é manter meu horário de trabalho inalterado, cada semestre eu tenho que chegar numa hora. Cinco meses atrás, além de eu passar a chegar mais cedo, a greve fez com que cada vez menos gente viesse trabalhar e a primeira vaga ficasse quase sempre livre. Vou parar lá longe? Não vou. Eu parava ali e tudo ia bem, até que um dono de um daqueles carros estilo minivan achou conveniente começar a estacionar em cima da calçada, do meu lado. Mas não basta ser babaquinha, tem que ser SUPER babaca, porque, além de tudo, ele parava de forma que eu não conseguia abrir a porta do motorista e tinha que entrar pela do passageiro.

¬¬

Minha mãe, que também trabalha aqui, um dia viu que eu estava presa e foi chamar o segurança do estacionamento, pra reclamar que isso acontecia sempre. Ficou por ali alguns minutos, o suficiente pra ver o dono do carro chegando e levando uma bronca do segurança, que ali não era vaga e que além de tudo estava prendendo o carro ao lado, etc. O que ele respondeu? Que certeza que era carro de mulher e mulher que não sabe usar automóveis.

¬¬

Pois eu gosto mais de mim do que de qualquer outra coisa do mundo, de modos que eu parei de estacionar ali por uns dias, porque não sou obrigada.

Mas a greve foi intensificando e durando eternamente, eu não via um único motivo pra não estacionar na melhor vaga. O que eu fiz? Passei a estacionar de forma que não tinha como botar outro carro ali, a não ser que ele ficasse completamente em cima da calçada. Por uns dias, tive sossego. Até o cara da minivan passar a parar GRUDADO no meu carro, retrovisor colado no meu. Passei a abrir a porta com violência, pra que fosse destruindo a dele gradualmente. Aí eu fui perdendo a paciência e parando o carro quase invertido na vaga e o idiota cada vez parando mais amontoado, somado a todo o stress que eu tenho passado, eu estava a ponto de arrebentar o carro todo no chute.

Sexta passada eu estava apressadíssima, saí cinco em ponto, porque tinha que estar cinco e quinze em outro lugar. Passei pela janela do prédio e vi que estava presa pelo cara da minivan e desci furiosa, acabei nem abrindo o guarda-chuva, num misto de pressa e desespero, dei uma portada no carro dele, entrei, sentei e olhei pra frente. Qual não foi o meu desespero quando eu vi pregado no meu limpador de para-brisa um bilhetinho, onde se lia "quando vai aprender a ocupar só uma vaga?".

PUTA QUE PARIUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU

A primeira coisa que eu pensei foi: NÃO ENCOSTA NO MEU CARRO!!!!!!!!!!!
A segunda coisa foi: EU.VOU.MATAR.ESSE DESGRAÇADO.

Esqueci a pressa, esqueci a chuva, esqueci a educação. Desci do carro e fui pegar um caderno e uma caneta no porta malas, escrevi bem educadamente:


Preguei o bilhetinho amoroso no limpador de para-brisa dele com muito amor e carinho e fui embora gritando e tendo um princípio de ataque cardíaco pelo caminho.

*****

Esta semana eu consegui a façanha de me atrasar 100% dos dias, de modos que na hora em que eu cheguei:

- a primeira vaga estava ocupada;
- o espacinho que não é vaga estava desocupado;
- a minivan estava estacionada em lugares aleatórios pelo bolsão, nunca em cima da calçada ou apertando o amiguinho da primeira vaga.

Senti até um calorzinho no coração ao me dar conta que ensinei uma coisa a uma pessoa burra e ela conseguiu aprender.

Tudo bem que um dos dias a vaga estava sendo ocupada pela minha mãe, que parou toda torta para fins de graça, mas hoje já é quinta e o burrão da minivan permanece não amontoando nos amiguinhos, então eu acho que eu já ajudei um pouco a humanidade com a minha vida insignificante.

:)

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

corrigindo as rota

Gente, eu escrevo blog há 15 anos, né? Além deste endereço, só tive um outro, do qual fui expulsa, senão estava lá até hoje. 

Aí eu tava pensando aqui com os meus botões e acho que de vez em quando, com a leitura constante, cêis mei que confunde as coisa e começam a tratar blogueiras como ~gente famosa~.

Veje bem: não tô querendo me achar nem nada, mas vejo blogueiras tão inexpressivas quanto eu tendo fã clubes e tal e não entendo, mas aceito. Sei também que o mundo moderno das blogueiras de moda, lifestyle e que, DE FATO, ganham dinheiro confunde um pouco a mente de todo mundo. Minha opinião é que a população enche demais a bola de quem não vale uma coxinha com azeitona e fria, mas vocês que sabe de suas vida. Só que eu ganho um total de vários nada pra escrever aqui, sabe? Não que eu ache que quem ganha dinheiro mereça ser maltratado, não é isso, mas tratar blog rico como loja e acionar o procon é super válido. Mas vir aqui na minha tapera batendo a mão na mesa e gritando CÊ SABE COM QUEM CÊ TÁ FALANDO aí não dá, porque eu tô só no portão oferecendo água de graça.

Razões pelas quais eu escrevo:

- porque eu sou muito engraçada e me auto divirto, especialmente 4 anos depois, quando volto pra ler arquivos, eu muito me basto;

- porque eu sou muito engraçada e também bastante altruísta e divido minha graça com vocês (e também bastante ridícula, pois me sinto grandes coisa quando ozotro ri da minha piada);

- porque quero falar sem ser interrompida e mesmo que você não leia até o fim ou comente sem terminar de ler (acontece muito e dá pra perceber, viu, mores), EU FALEI ATÉ O FIM SEM NINGUÉM RETRUCAR;

- porque alguma coisa está me incomodando profundamente e eu não acredito em terapia e em amizade (suck it) e em conselhos (putaquemepariu, como eu odeio conselho????), então eu ponho pra fora aqui, porque a internet é minha e eu faço o que eu quiser. 

Basicamente é isso.

Então quando eu tô aqui falando com as paredes sobre um momento ruim e isolado da minha vida e alguém vem com MAS POR QUE VOCÊ PERMITE QUE ISSO ACONTEÇA???? eu quero dar um soco nas suas cara.

Primeiro porque eu não sou vítima de maus tratos, bullying ou abuso, minha vida deve ter uma quantidade de dias chatos normalmente distribuída, com média mu e desvio padrão sigma, igual à 99,73% das pessoas. 

Depois porque eu realmente fico intrigada com algumas coisas que me dizem.

Quando cêis falam "não sei porque você deixa esse tipo de pessoa fazer parte da sua vida", eu vos pergunto: é coisa dessa geração que não ouviu não quando era criança e agora sai batendo o pé quando é contrariada? Porque esse tipo de pessoa é geralmente:

- mãe, irmãos, amigos próximos

Você está de parabéns se nenhuma dessas pessoas ter perturba involuntária ou equivocadamente em nenhuma ocasião. De vez em quando a gente quer dar todo mundo pra adoção, mas infelizmente não é possível. E também não é possível discutir enquanto a cabeça está quente e a coisa te incomoda a ponto de escrever um post. Mas quando esse tipo de pessoa da sua vida te incomoda, cê faz o que? Bate na mãe? Deserda o irmão? Desfaz amizade? Não entendo. Eu espero a paz interior voltar pra discutir razoavelmente, o que não quer dizer que no momento de raivinha eu não vá sentir a raivinha em toda a sua glória. Mas eu queria MESMO saber como é que vocês eliminam esse tipo de gente de suas vidas.


- parentes relevantes, chefes, colegas de trabalho

Vó, cara. Vó tem licença poética pra falar merda. Sempre entra por um ouvido e sai pelo outro? Não. Às vezes você gostaria de levar sua vó ao poço de piche mais próximo? Sim. Mas aí você ficaria sem aquele bolinho de laranja esperto que ela faz e tal. 

E tem as pessoas que trabalham com você. Sei lá, já ouvi boatos de gente que curte e faz até amizade, acho exótico, mas no caso de a gente odiar esse tipo de pessoa, eu acho um pouco complicado fazer a louca porque fui contrariada.

 (┛◉Д◉)┛彡┻━┻

Sei lá, vai ver é porque eu tenho ~estabilidade~ e curto muito ganhar dinheiro em troca de horas disponibilizadas para produzir. Mas se tem alguém aí que nasceu rico ou com extrema habilidade de ser contratado para diversos trabalhos, ou é blogueira e ganha dinheiro sem fazer nada e ainda justifica que trabalha pra caramba, tá certo mesmo de não aceitar desaforos. Eu, de minha parte, sempre fui acusada de ser rude e inteligente demais, defeitos IMPERDOÁVEIS em mulheres, de modos que nunca cheguei ao fim de uma dinâmica de grupo e tenho certo apego ao meu trabalho. Podem me falar aí nos comentários como eliminar esse tipo de pessoa, e eu nem tô incluindo as vovós. Cêis me dando a dica de como eliminar coleguinhas de trabalho com estabilidade, eu já tô aceitando.

- figurante recorrente

Esse é meu tipo de gente favorito!!!!!!!111111111 Tô aqui há horas imaginando como deixar de aguentar desaforo de figurante recorrente. Paro de ir à padaria, onde a mulher me corrige dizendo "DUZENTAS?" cada vez que eu peço duzentos gramas de folhadinhos? Parando de ir ao supermercado, onde a caixa me pergunta se eu quero CPF na nota, mesmo sabendo que eu quero sim, porque eu sempre quero? Entro na academia me jogando no chão e rolando pela extensão do balcão, pra que a recepcionista não possa me dizer o horripilante BOM DIA? Parando de ir ao posto de gasolina onde a frentista sempre quer olhar a água e o óleo que eu mesma confiro e ainda lavar meu vidro da frente, deixando a limpeza dessa área destoante da sujeira que acompanha o resto do carro? E AINDA ME OFERECE UM FUCKING PIRULITO E EU ODEIO PIRULITOOOOOO.

So many variáveis.

Cara, vocês são muito sortudos de viver num lugar onde gente chata é sumariamente eliminada sem consequências.

CÊ VÊ.

Uns anos atrás eu tava tendo um ano tenebroso de alergias, ia mais pro hospital que pra sala de estar. Quiqui aconteceu nessa ocasião? A enfermeira, cansada de medir minha temperatura, pressão e batimentos cardíacos passou a se achar íntima. A enfermeira, no caso, me via como uma pessoa unidimensional: a estragadinha da primavera. Ela sabia da minha vida? Não. Sabia que remédios eu tomava e com que frequência, e olhe lá. Pois eu era magricelinha, como sempre tinha sido a vida toda. Porém, alergias me causam dificuldades alimentares e eu estava obrigada a suspender temporariamente o leite da minha vida, já que estávamos testando a possibilidade de eu ter MAIS ESSA alergia. Acontece que eu bebia 4 canecas de leite diariamente e isso teve um impacto enorme na minha dieta e eu emagreci vertiginosamente, com a anuência e conhecimento do meu médico. Um dia eu tava lá na maca tendo meu pulmão cutucado pelo estetoscópio, quando a enfermeira acha conveniente me indicar um programa de apoio a anoréxicos, porque não tá certo a pessoa ser magra desse jeito, né? Além disso, ela LIGOU.PRA.MINHA.MÃE. Sabe quantos anos eu tinha? VINTE E SEIS. Vinte e seis anos, quarenta e nove quilos e um exército de intrometidos.

Minha mãe acredita em alergia tanto quanto eu acredito em homeopatia, de modos que ela sempre acha que eu paro de comer alguma coisa por motivos de dieta. E não só acreditou que eu estava anoréxica, como passou a me vigiar eternamente, porque mddc, vai morrer essa menina.

A SOCIEDADE NÃO SABE O QUE QUER.

É magra tá ruim, é gorda tá ruim, tá doente tá ruim, quer ficar saudável tá ruim, por que vocês não vão tudo cagar?

Naquele mesmíssimo desgraçado dia, eu entrei num regime intenso de corticóides e, dois anos depois, pesava 84kg. TÁ TODO MUNDO CONTENTE AGORA?

Claro que não.

Estou voltando nesse assunto porque assim ó. Você que tá lendo nesse momento, tem uma opinião formada sobre si mesmo, certo? Ficando nesse quesito, apenas, cê sabe se é magro, gordo ou se tá ali no meio, naquela linha tênue, que depende de opinião. VOCÊ ESTÁ INTERESSADO NESSA OPINIÃO? Eu, por exemplo, não tô.

Eu tenho um espelho em casa e sei qual é minha forma e não ligo a mínima se ela é compatível com a opinião que você tem sobre ela.

BOM.

Quando uma pessoa, podendo até mesmo essa pessoa ser eu, afirma que está gorda, ela está falando uma coisa sobre a qual ela tem consciência. Gorda, no caso, é a palavra que a língua portuguesa atribui pra pessoas que não são magras, não vindo a ser um palavrão, por exemplo. Não precisa entrar em pânico AI MEU DEUS GORDA NÃO NÉ MIGA SÓ NÃO É MAGRA que puta merda, não é magra, é gorda. Ninguém morre só porque foi chamada de gorda por si mesma.

Mas ó que incrível: uma afirmação não é uma pergunta. NEM um pedido de opinião. NEM um pedido de avaliação. Porque a gente fala que é gorda ou alguém vê a gente gorda e pensa automaticamente "come pacaraio, vive no sofá". E se for? Mas, olha só, E.SE.NÃO.FOR? Eu falo gorda, alguém fala carboidratos e meu cérebro spaces out automaticamente. Eu falo gorda e alguém fala atividade física e eu começo a planejar a lista de compras. Eu falo gorda e alguém fala QUALQUER COISA QUE NÃO SEJA "foda, né?", eu revejo meu romance mental com Ioan Gruffudd e me pergunto o que tá conte seno pra que demore tanto a se concretizar.

Deu pra entender?

***********

Fora isso, vou dividir um ensinamento aqui importante. Quando uma pessoa está sofrendo, você não dá conselho, não diz o que ela deveria fazer, não diz que avisou, VOCÊ NÃO FALA MERDA, compreende? Ou você fica quieto e ouve, que é a única coisa que a pessoa precisa naquele momento, ou você fala "sinta sua dor até passar enquanto eu seguro aqui delicadamente sua mão" ou você sai de perto e espera a pessoa se estabilizar pra PERGUNTAR se ela quer uma opinião. Lembrando sempre que a opinião só deve ser dada caso a pessoa responda SIM. Se ela falar que não, ofereça um suco e passe a comentar o capítulo mais recente de algum programa de entretenimento. Se você não consome entretenimento televisivo de nenhuma espécie, você é uma pessoa chata e deve então orar em agradecimento por ter amigos e gente que fala com você.

Procure no dicionário a palavra EMPATIA e pare de querer empurrar pro amiguinho sua experiência ou sua opinião de quem não sabe o que ele está passando e segue em frente, tem outras habilidade.







Respondendo suas pergunta: eu permito essas coisas na minha vida porque eu sou EXTREMAMENTE educada, um outro defeito horrível da minha pessoa, midesgupi.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

a vida e eu



Eu estava em cima da bicicleta ergométrica, com uma dor de cabeça dos infernos. O sol estava batendo no meu rosto e o ventilador não dava conta do calor da academia. Enquanto eu pedalava a 40km/h em uma bicicleta que não saía do lugar, não consegui evitar 3 pensamentos:

- estou cansada e está especialmente difícil viver dentro da minha cabeça esses dias;
- será que vale a pena essa rotina e
- Deus, me deixa ser magra de novo um dia.

Pensei em como pedalar à toda velocidade sem sair do lugar resume bem minha situação de vida atual, desci da bicicleta e fui empurrar 50kg de peso no abdutor.

*****

Tenho ido dormir depois da meia noite todo dia, pra dar conta de trabalhos escolares e afazeres domésticos. Inclusive, quando é meia noite e estou na cama, penso "obrigada, universo, por me deixar dormir cedo.

Ontem foi um desses dias. Na cama 0:08.

Hoje acordei antes das 7h, mas meu corpo sabe que eram 5:40h, não adianta o relógio tentar enganar. Adiantei o máximo possível de coisas, até sair correndo de casa pra trabalhar.

No trabalho, milhões de coisas pra resolver e eu corri pra não deixar nada pra trás.

Corri pra almoçar, já que comer é só uma pequena fração do que eu faço nesse horário. Lidei com uma crise de hipoglicemia, porque esqueci de comer no meio da manhã de tão ocupada, e deixei um lembrete no celular pra comer no meio da tarde.

Corri pra um campus que não é o meu, pra assistir aula. Corri no intervalo pra comprar uma lata de refrigerante que regularia o açúcar e ajudaria a tomar o terceiro remédio pra dor de cabeça do dia. Corri de volta pra sala pra não perder a segunda parte da aula.

Acabou a aula e corri pra uma reunião frustrante, que me deixou com vontade de ir pra casa e chorar. Resolvi ir pra academia, pra gastar a energia da tristeza. Corri pro carro e me dei conta que na pressa da manhã esqueci do tênis. Suspende a academia, aproveita pra fazer hoje coisas que vão amontoar amanhã.

Corri pra resolver os problemas de amanhã. Corri tanto que cheguei em casa a tempo de ir pra academia.

Corri literalmente pra academia, já pensando no tempo que eu economizaria no aquecimento na bicicleta que não sai do lugar. Mesmo que eu evite o exercício sem propósito, faço uma série que precisa ser intercalada com um minuto intenso na bicicleta. Seis exercícios, seis bicicletas. Na penúltima rodada, o pensamento ali de cima.

*****

Desci da bicicleta pensando que ainda tinha que comprar o jantar, cozinhar o almoço de amanhã, continuar 3 trabalhos acadêmicos diferentes, lavar a louça e rezar pra ter tempo de limpar meu quarto, que tá abandonado há duas semanas. Me perguntei se não era um absurdo manter uma rotina de academia com tanta coisa por fazer. Deixei os pensamentos todos de lado, enquanto aumentava o peso do abdutor e me concentrava em manter a coluna imóvel.

Saí do aparelho, cruzei a academia em direção à bicicleta, pra última rodada de tortura. No meio do caminho, encontrei um rosto "amigo". Na verdade, eu estava tão absorta nos meus problemas, que o rosto "amigo" que me encontrou, cumprimentou, ressaltou que não me via há muito tempo e que era bom eu voltar de vez pra academia, porque tá dando pra ver que eu estou enorme. De gorda.

E eu sou tão trouxa que ainda terminei os exercícios e passei na padaria, antes de vir pra casa chorar.

*****

- Eu não parei de ir pra academia, eu mudei o horário por conta da rotina trabalho-mestrado;
- Meu peso é exatamente o mesmo há 16 meses;
- Não é da conta de ninguém.

Outro dia me disseram que eu me justifico demais sobre minha forma física.

Eu vos pergunto: por que será?


quinta-feira, 15 de outubro de 2015

brilho eterno de uma quinta série também eterna

Sabe aquela pessoa que você não conhece, mas praticamente todo mundo que tá na sua vida conhece e aí você fica ouvindo coisas sobre ela e se perguntando se é aquilo tudo lá mesmo?

Porque aí tinha esse ~rapaz~, de quem eu ouço falar faz tempo, e ai meu deus é inteligente, é lindo, é maravilhoso e tal. Eu já duvido muito quando dizem que alguém é lindo ou inteligente, porque normalmente não é nem perto disso, mas a pessoa era chamada de "irritante por ser tão perfeito" por todo mundo.

O nome dele é um desses que tem mais que padaria, mas, para fins didáticos, chamar-lho-emos de Sassá Mutema. Quem for jovem vai no google, mas só depois, que é um spoiler.

No começo deste ano eu senti o cerco fechando, porque virou um tal de "nossa, mas o sassá tava aqui até agorinha sendo lindo e legal e inteligente" e eu NUNCA passava por essa pessoa, era impressionante.

Até o glorioso dia em que Sassá foi obrigado a ir num mesmo evento social que eu. Como o nome do infeliz é um nome muito comum e só nesse círculo de pessoas tem OITO (num tem 100 pessoas no círculo), quando falaram "esse aqui é o pão francês" eu não dei nem muita bola. Mas o uazap apitou com a mensagem da miga, tipo esse é O sassá.

Tive um princípio de ataque de riso super inapropriado, porque - quem não sabe quem vem a ser sassá mutema, pode ir olhar a foto agora - BELEZA NAONDE, GENTE? Ok, Lima Duarte já tinha passado dos 50 e o nosso Sassá deve ter uns 30, mas é aquela linha de beleza ezótika.

Bom, aí Sassá foi obrigado a falar sobre uma coisa que ele estava pesquisando e, gente, falou uma burrada tão sem fim, que eu fiquei pensando É ISSO QUE CÊIS CONSIDERA GÊNIO?

Bitches, pls. Vamo se impressionar menas?

Bom, aí a vida foi passando e eu tinha o desprazer de ter que encontrar essa criatura muito raramente, o que era ótimo, porque reduzia o sofrimento ao mínimo. Mas toda vez a pessoa fazia uma certa questão de mostrar que era mais hipster que todo mundo, gente, que preguizzZZzZZ. Mas aí chegou aquele momento do ano de união dos povos (e nem era o natal, porque foi agorinha). Pra ser bem sincera, eu nem sabia que Sassá apareceria, já que é muito superior a isso tudo, e eu tava bem tranquila no meu cantinho quando PÁ, esse xarope na minha cara.

Não tinha pra onde correr, permaneci quieta lá no meu cantinho, mas a, digamos, pessoa importante da sala era minha amiga há mais de 10 anos. Deu pra ver o horror no zóio do infeliz quando comecei a ser tratada pelo nome, enquanto todo mundo tinha que se apresentar. Mas eu tava quieta.

A coisa foi seguindo toda muito sem sentido, até o momento em que a gente teve que criar uma empresa fictícia, da qual eu seria presidente. Só que os computadores estavam sofridinhos e nem todo mundo estava conseguindo acessar o programa ao mesmo tempo. Três empresas seriam criadas, cada uma com o sobrenome do presidente. Eu não conseguia criar a empresa, porque meu computador era um dos que estavam com a conexão capotada. Niqui o ser supremo da sala diz "então alguém da empresa dela cria ali no programa, depois ela assume quando a conexão surgir.

Minutos depois, chega uma mensagem no meu uazap que consistia apenas de: hahaha. Muitos hahaha. Perguntei que couve, né? Vai que a pessoa tá tendo um derrame e a gente pode ajudar a tempo? Aí ela me diz "quando conectar você vai entender". Quando conectou, eu vi o seguinte painel: 




HA

HAHA

HAHAHAHAHA

AHHAHAHAHAHAHAHAHAHA

AHHAAHHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHHAHAHAHAHAHAHA

Migo.

Migo, senta aqui.

Tipo.

Eu sobrevivi até os 35 anos com esse sobrenome, cê realmente acha que foi o primeiro criativo engraçadão a fazer essa piada?

Mesmo?

HHAHA. Que bonitinho.

Agora você reflita aqui comigo que se não é meu amigo e não vai com a minha cara, a intenção era ofender? Desestabilizar? Provocar?

Bom, aí vai ter que tentar de novo. Se me ~acompanhasse na internet~, saberia que eu mesma me intitulo vaneça negão, com muito orgulho, com muito amor.

Mas autoestima não é pra todos, né? Especialmente para boys horrorosos supervalorizados que ainda têm 10 anos mentais, não é mesmo, minha gente?

(Aqueles de vós que falarem "ui, mas se não tivesse incomodado não tava postando, eu só quero dizer que num me conhece memo, né? Inclusive, lembrei disso porque ontem eu ganhei GOLD MEMBERSHIP desse programa por alguma razão que eu desconheço e vi essa belezinha quando fui reorganizar meu mural, dei outra risadinha, fiz o print e vim aqui escrever, porque é pra alegrar suas vida que eu vivo, não pra me preocupar com gente zoando meu sobrenome EM DOIS MILEQUINZE.)

terça-feira, 13 de outubro de 2015

alimentaçã saudável

capítulo de hoje - bebida

água com hortelã e limão

Xô começar aqui já me explicando:

1 - não estou dando dicas de dieta, muito menos cagando regra, vou contar como eu vivo minha vida.

2 - eu não acredito em radicalismo alimentar (a menos que envolva carne e azeitona e coentro, porque isso não é comida, é lixo).

Então, pra falar sobre bebidas, vou contar mais um aspecto ridículo da minha vida pra vocês. Eu tenho dificuldades extremas com comprimidos, ousseje, não consigo engolirlhos. Do dia que eu engoli meu primeiro comprimido com muito sofrimento até hoje, já evoluí bastante, mas não vou mentir pra vocês, dizendo "nossa, hoje é só pegar e tomar, facinho", porque é mentira.

No final de 2000 eu engoli meu primeiro comprimido. Era um anticoncepcional. Vocês todos sabem o tamanho que um comprimido desses tem? Um pouco maior que esse O aqui. Quando chegou o dia de tomar o bendito, eu passei mal da hora que eu acordei até o despertador tocar. Foi a primeira vez na vida que um médico falou "não tem alternativa em injeção e não dá pra amassar, tem que engolir inteiro". Na hora programada, me fechei no meu quarto com uma garrafa de água com gás e a cartela. Depois de 20 minutos, engolido. Uhuuu, que adulta.

Em 2005 eu tive um problema de nutrição e precisaria tomar 12 comprimidos por dia. Chorei sem parar no consultório, tentei explicar pro médico que não seria possível, mas não tinha alternativa. Lembro do almoço onde a rodada de remédios começou, do tanto que eu chorei, porque eu tive que tomar TANTA água com gás pra descer 6 comprimidos, que ficou impraticável almoçar.

Esse ritual permanece até hoje. Preciso de silêncio e isolamento pra tomar comprimidos. E, mais do que qualquer coisa, preciso de bolhas. Gás carbônico. Só que tem uma coisa que funciona bem melhor que água com gás e o nome dessa coisa é coca-cola. Enquanto um comprimido tomável leva meio copo de água com gás e um difícil leva uma garrafa, quase todos eles vão pra dentro com UM GOLE de coca. Então se você for na minha casa, é quase certo que vai encontrar uma garrafa de coca-cola na geladeira. Mas é mais certo ainda que essa garrafa será, no máximo, de um litro. Porque lá em casa é assim: a coca perde o gás de tanto ficar na geladeira.

*****

chá de hibisco

Vou dizer, é meio fácil parecer saudável quando você é eu.

Por exemplo, minha família (expandida) é engraçada. Meu vô comprava engradados e engradados de refrigerante, dava pra viver por 50 anos com aquele tanto de refri. Mas nunca, jamais, em tempo algum, se podia beber coca-cola na casa da família da minha mãe. Coca é veneno, é do capeta, é o mal liquefeito. Eu, por minha vez, odeio refrigerante de laranja e de limão, ODEIO, não bebo nem morta. De modos que sobrava um ocasional guaraná ou tubaína como opção. Mas como essas coisas são super doces e eu odeio sabor doce, bebia água mesmo.

Aí quando o pessoal ia fazer suco, quase sempre era laranjada e eu odeio laranjada. O barato já vem da natureza cheio de água, cê vai misturar com MAIS água e ainda tacar açúcar? Credo. Ou limonada de limão rosa, o único limão que deu errado. Eu realmente não entendo suco de fruta misturado com água, cêis vão ter que me perdoar. A não ser fruta que não vira suco, vira purê, tipo manga. De qualquer forma, eu não tomo.

E minha família família era pobre, então num tinha essa de bebidas industrializadas durante grande parte da minha vida.

Além de tudo isso, quando eu tinha 10 anos, descobriram que meu rim tinha morrido, blábláblá, não pode tomar sódio. Então, migas, o que sobra? Coca-cola. Sério, eu juro. Fora bebidas em que tá escrito ZERO SÓDIO, a bebida industrializada com menos sódio do mundo é coca. 

Suco de caixinha? Tem mais. Mais açúcar também. Suco de caixinha pra criança? Tem mais. Suco de garrafa. Adivinha. 

OUSSEJE: não tomo suco industrializado de.jeito.nenhum.

Fora o horror que eu não entendo como permitem que crianças ingiram: o refrigerante diet, light ou zero. Vocês que não são diabéticos, se odeiam? Odeiam seus filhos? Não dá refri, dá amor, cara. Bebe outra coisa. Eu juro que não entendo gente bebendo esse pesadelo em sódio e adoçante. Sério, vou acender uma vela na intenção das suas alma.

I não é só íssio, olha que incrível: eu sou alérgica a leite e tenho intolerância moderada à cafeína, mas ela é intensa quando vem do... café. De modos que eu não bebo nada que contenha essas duas coisas, em nenhuma hipótese HAHAHAHAHAHAHA. Nem no café da manhã? Não, meu amô, nem no café da manhã. Nem nunca.

Nossa, mas qqC bebe, então?

água na moringa

Água. Água com gás. Chá de infusão. Suco natural de meia dúzia de sabores. Ice tea da lipton e exclusivamente da lipton, porque é sódio zero. Coca-cola. Em ordem decrescente.

Até em casa? Sim. Até na rua? Sim. Sempre? Sim.

E inclusive tenho que evitar água mineral, porque meu monorrim ainda faz pedra. Heh.

NOSSA, QUE SEM GRAÇA!!!11

Calma que piora.

Eu tentei ser uma criança normal e me relacionar com o álcool. Igual todo mundo, eu bebi cerveja escondida, eu bebi smirnoff ice, eu bebi vinho. Um gole de cada, claro. E odiei. Diz meu irmão que todo mundo odeia álcool quando começa a beber, mas é insistindo que se aprende. Agora cê veja se eu tenho tempo na minha vida pra ficar insistindo em coisa ruim até acostumar. Não tenho. De modos que eu não ingiro álcool. Mas isso não quer dizer que eu não beba coisas alcoólicas. Isso quer dizer que eu não como comidas feitas com álcool também! Minha mãe faz bolo com conhaque. Não como. Trufa. Não como. Strogonoff quem faz sou eu, porque aí eu posso decidir quanto álcool vai e deixar cozinhando até evaporar, senão não como. 

E em datas especiais?
Não bebo.

E quando sai com o bofe num bom restaurante?
Não bebo.

E quando a vida tá uma merda?
Não bebo.

E quando...?
NÃO. BEBO.

Ô, fia, que vida chata a sua, né?
Não acho.

*****

chá de saquinho

Recentemente, descobri a alegria do mundo da água saborizada. É CLARO que não estou falando de água industrializada, sei nem como você pensou nisso.

Eu curto muito chupar limão (pois é) ou espremer limão num copo com pouca água, ou água com gás gelada. Não sei nem como levei tanto tempo pra pensar nisso. (Inclusive curto muito um dia que meu pai viu um copo que deixei na mesa da cozinha sem supervisão, cheirou, viu que era limão e bebeu, esperando uma deliciosa limonada. Era limão com água e só. Quase morreu hahahahahahhahaa).

Tenho pegado uma jarra, enchido com água gelada, espremido um limão e picado um galho de hortelã de fabricação própria. Gente, que delícia?

Outro dia eu comprei trezentas bandejas de morango e fiz uma aguinha de morango com limão e ó, maravilinda também.

Estou esperando a preguiça e a burrice me abandonarem, pra descobrir como descascar abacaxi. Já pensou uma água de abacaxi com ortelam? Deve ficar bom demais. Tô aqui passeando pelas internets, pra ver as sugestões que as pessoas têm de água com frutinhas, sério, não sei como vivi tanto tempo sem isso.

Resumo: 

Eu bebo: água, chá, suco natural, 01 tipo de chá industrializado e coca-cola.

Eu não bebo: refrigerantes em geral, refrigerantes ~sem açúcar~, suco industrializado de nenhuma especie, café, leite, álcool.

Se você já me viu bebendo alguma dessas coisas eu estava:

- tentando me matar;
- tentando agradar alguém;
- tentando ser educada.

Mas hoje em dia eu não faço mais esse tipo de coisa.

Se eu sou magra linda gorda nott? NEM DE LONGE. Mas a vida é assim mesmo, né? Aparentemente não se dá asa a cobra e etc.

Em breve, mais formas de ser saudável e permanecer horrorosa e marginalizada pela sociedade, ficam ligadinhos!

de vez em quando come doce? come! e bebe o que? ÁGUA

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

hearing me hoarse

katy cats (só que não)

I

Eu tenho dificuldades em amar pessoas num nível muito profundo. Eu não sou capaz, por exemplo, de ser fã de seres humanos. Eu tento, cara, tento muito. Mas eu sempre lembro que aquela é uma pessoa e etc. Sou louca, eu sei.

O que não me impede de admirar MUITO algumas pessoas, claro. Só que eu sou um fiasco, no geral. Tipo, eu gosto do ator, mas nem pensar que vou ver os filme tudo, gente. Tenho mais o que fazer. Gosto do cantor, mas impossível gostar de 100% das canção, né?

E é nessa vibe que eu vou interagir com gentes famosas.

II

O bom de ter desequilíbrio emocional é que eu ainda consigo ficar neuvosa perto dessas pessoas (mas eu fico nervosa até pra falar com o professor fora do horário da aula, então não sei.


III

Gente, eu vou em show, hein? Eu vou em muito show. Desde os mais bagaceiros tipo Wanderléa, aos mais maravilhosos tipo John Mayer. Já fui em show do Cauby com Ângela Maria. Já fui em show de cantor local invadido pela Letícia Sabatella e putaquelosparmito, se ela é horrível como atriz, é ainda pior como cantora. Já fui por engano em show do Paulinho da Viola apenas pra sair apaixonada. Já fui em show do Capital por engano e gostei. Já fui em show do Roberto Carlos por engano e foi horrível como eu imaginava. Já vi a morte em show da Sandra de Sá. Gente, dá pra gastar umas 100 linhas, porque eu já fui em show demais.

Só que eu não tenho paciência pra gente reclamando, então eu normalmente vou sozinha.

Até porque eu sou a rainha do VOU NA GRADE. Eu não fico matando tempo, dormindo em fila, sendo louca. Mas eu consigo 90% das vezes chegar na grade ou muito perto dela. O mais incrível é ter que suprimir funções fisiológicas, pra manter a localização.

IV

Algumas pessoas que nascem com dois rins e perdem um no meio do caminho sofrem do mesmo mal: o rim que sobra fica hiperativo.

Migos, não me perguntem a razão pra isso, porque eu mesma nunca entendi. Mas quem convive comigo tem que saber que eu vou ter que fazer 130 pausas pro xixi ao longo do dia. De modos que eu não viajo de carro, não pego caronas pela cidade e às vezes pago 4 passagens de ônibus pra um mesmo trajeto, porque se eu precisar descer pra ir ao banheiro, eu vou.

Agora imagina essa alegria em dia de show.

Eu começo a preparação 2 dias antes, rola toda uma dieta de água (sério) e de alimentos que desregulam o sistema urinário. Eu, por exemplo, tenho problemas com cafeína, de modos que nem chá eu tomo nesses dias (e em tantos outros, a quem estou querendo enganar?). Mas tudo bem, isso não vem ao caso, o que importa é que precisa de um grande planejamento e esforço pra ser bem sucedida na arte de assistir a shows.

V

Aí lá em março? abril? a gente comprou os ingressos pra Katy Perry. Eu, super burralda, esqueci que seria aluna de mestrado nessa altura. Mas num tem problema, a vida é assim mesmo, às veiz a gente perde, às veiz a gente ganha. E essa seria a finalização das festividades de aniversário de mim mesma e da minha irmã, então tava decidido.

~seeeeis meeeeses depoooois~

Claro que tinha 83 coisas pra fazer nesse dia.

Tinha uma defesa de tese, tinha aula com o orientador, tinha palestra do professor da universidade internacional pra onde eu penso em ir... CLAAAAAAARO. 

Me virei em 23 pedaços pra dar conta da maior quantidade possível de coisas. Claro que metade ficou pra trás, enquanto eu ia pra casa colocar uma tiara de orelha de gatinho e maquiagem duvidosa, coisa que minha irmã também fez. Como a gente é inteligente, tiramos da mente de todo mundo a ideia de levar as nossas pessoas de carro até os cafundó do juda (lugar do show) e fizemos um maravilindo plano de ir de ônibus, que não dependesse nem do ônibus especial da prefeitura. Uma hora e quarenta depois, estávamos a 1km da Pedreira, o mais perto que o ônibus conseguia chegar àquela altura. Um trilhão de pessoas na rua, meu deus do céu.

Agora cê reflita comigo: o portão tinha sido aberto 17h e a gente chegou 18:20h. Como é que podia ter uma fila de 2 quilômetros ainda??????????????

O último show grande que eu fui tinha sido John Mayer na Arena Anhembi. O portão abria 17h, e eu cheguei 16:40h. 17:10 eu tava dentro da arena, de xixi feito, água comprada e com a cara na grade. Tinha gente acampada por meses e tinha uma fila dupla pro Justin Bieber atrapalhando e não levou meia hora pra escoar a fila EM.SÃO.FUCKING.PAULO. Como é que conseguiram levar 3 horas pra botar 15 mil pessoas dentro da pedreira, pra mim, é um mistério.

Eu e Monique entramos logo antes de começar o show da abertura, de uma pessoa cujo nome nunca ouvi na vida, Tinashe, de quem eu conhecia um total de zero músicas.

Como a gente é macaca véia de show, resolvemos que num tinha necessidade de tentar sofrer na grade, a gente só queria um lugar onde desse pra ver Kátia. Então ficamo naonde? Atrás daquele lugar incrível que enfiam no meio da multidão pra fazerem a filmagem.


maior que ver pela tv

Parece ruim, mas tava bom, como vocês podem ver: apenas um funcionário imbecil com o cabeção na frente.

Só que tinha um probleminha.

O cercadinho era em forma de grade, de modos que as duas ou três pessoas na nossa frente ficavam subindo ali pra fazerem as loucas da foto e tal. A segurança avisava que não podia subir, ia embora e os farofeiro subiam de novo. A gente pensou o que? Na hora do show a segurança fica por aqui e ninguém sobe, né?

AHAHHAHAHAHAHAHA ERRADO.

Tentamos conversar civilizadamente com as pessoas, mas notamos que tinha uma véia entre eles DEITADA NO CHÃO, fingindo que tava passando mal, pra fins de guardar o espaço pra pessoas que não estavam ali ainda. Sério, gente. Quando percebi o golpe da tia, comecei a gritar "geeeeente, tem uma pessoa passando mal, vamo chamar ajuda que eles tiram daqui na maior rapidez, é incrível como é organizado!". A véia teve que levantar, né? Fora que o clube do desespero estava fumando e eu muito acho que não pode fumar em aglomeração? Tomara que morram. Bom, terminou o show da Tinashe (?) e ficou ali aquele momentinho de silêncio de antes de começar o show que realmente importa.

Deu o primeiro acorde de Roar (quem quiser spoiler, só ir ver o rock in rio, pois igual), me sobe a infeliz na grade e fica na frente de todo mundo.

AHHAHAHAHAHAHAHAHA QUE ERRO.

Monique catou a fia pelas banha e arremessou pra baixo. Duas parentes da menina foram pra cima da Monique pra tentar arrumar confusão. Com um bracíneo só, sem nem perder meu centro de gravidade ou a dignidade, puxei minha ermã para meu próprio lado e empurrei as duas barraqueiras com tanto amor que elas voaram longe. Completei com "encosta nela de novo se tiver acordado corajosa". E pra insuportável pendurada na grade, falei com um tom de voz que nem sei de onde saiu (mas era realmente trevoso) "se ficar quietinha no seu lugar, não tem por que sofrer. NÃO SOBE DE NOVO."


tipo isso

Gente, xô falar aqui uma coisa pra vocês: fez-se uma bolsa de ar à minha volta, que nunca tinha visto em show lotado. Um total de zero pessoas tinha coragem de me encostar, então ficou aquele espacinho maroto pra respirar. Ninguém tentou entrar na minha frente, ninguém esbarrou em mim, ninguém botou máquina fotográfica no meu caminho. Eu vi Kátia numa tranquilidade incrível.

:)

Ser gigante e grossa tem vantagens que eu nunca tinha reparado até hoje.




Aí a gente pode aproveitar o maravilhosíssimo show. Não teve falta de fôlego, não teve desafino, não teve nada de ruim. É um show bom DEMAIS.

Eu inclusive só tenho fotos dos momentos em que tocou músicas que eu não conheço (heh), porque aí eu me interessava mais pelo cenário que pelo show. Tipo a hora desse cocô inflável gigante, que eu tive uma crise de riso sem fim.

Aí teve o momentinho com o fã, que eu particularmente acho uma grande bosta, já que fica todo mundo analfabeto em inglês e o cara que subiu no palco era realmente insuportável. A graça ficou por conta de ela perguntar o que queria dizer "linda" e "morta" HAHAHAHAHAH. E depois ficou cinco minutos berrando LINDA! MORTA! LINDA! MORTA! no palco.

Fora isso, berramos quando era pra berrar, choramos quando era pra chorar, tive aquele momentinho de alegria berrando a música mais importante do ano a plenos pulmões e foi mais um show maravilhoso pra minha galeria.

A única coisa é que a gente tem que aceitar a idade um dia, né? E eu me fiz uma promessa: nunca mais ir a um show se não for pra ir na área vip. Não tenho mais condição de ficar no meio daquele povo mal educado, que tá tão longe do palco quanto você, que não vai chegar perto porque não é possível e fica te apertando, enchendo a cara e sendo insuportável no geral. Se é pra sofrer, que seja perto do palco.



Se eu não morrer de mestrado, vejo vocês na virada cultural.

(RYZOZ NELVOSOS)