just another lonely day
Sou só eu, ou todo mundo vive a base de marcos? Marcos as in
objetivos, não as in aquele seu ex que freqüentava balada country, obviamente.
Sabe aquelas mongolices tipo, tenho que fazer isso antes dos
20, antes dos 30 (depois dos 30 NON ECSISTE), antes das 17h, até sábado, até
2017, quando eu crescer? Sabe? Eu vivo assim.
Mas tem uns marcos mais bizarros, tipo “antes que fulano
tenha um filho”, porque na minha cabeça é mais fácil um camelo passar no buraco
de uma agulha que.
Quando eu era criança, lá pelos 9 anos, eu já sabia como
seria meu futuro. Não sei se feliz ou infelizmente, eu acertei nos mínimos
detalhes. Até o corte de cabelo. De modos que corri pro cabeleireiro e mandei
tosar tudo. Não tá certo a pessoa seguir tanto padrão de previsibilidade assim
na vida.
Outra coisa que eu sabia era que no quesito *amoroso*, a
coisa ia andar num ritmo todo próprio, como é possível perceber pelo post
anterior. Acreditar no amor nunca foi uma das minhas qualidades, mesmo na época
em que a gente tá diboua assistindo toda sorte de filme com príncipe.
Mas eu me apoiava no fato de que tinha gente pior. *Fulano*
NUNCA casará. E aí estava feito um marco: tenho que fazer isso até *fulano*
arranjar parzinho. Que na minha mente, era a mesma coisa que dizer “daqui até o
fim dos tempos tá tranqüilo”.
Acontece que um por um dos meus marcos está casando (Eu vou
mudando de pessoa, quando o absurdo acontece). Tendo filho. Virando uma baleia. Eu vou perdendo as
esperanças de realizar coisas na minha vida quando vejo que o improvável é
possível pros outros e eu tô aqui todo dia na mesmice. Todo mundo vai pra
frente, até nego pra quem eu não tinha a menor esperança e minha vida tá aí
esse cocô.
*****
Não é todo dia que minha vida tá um cocô.
Sábado, por exemplo, começou um cocô. Odeio me atrasar,
odeio perder compromissos, odeio deixar de ver quem eu queria muito ver. Mas aí
o cosmos foi sendo legal e ajeitando tudo, de modos que mesmo perdendo mais
alguns compromissos e com mais alguns atrasos, tudo se ajeitasse. E, sabe, de
vez em quando é bom ver o esforço que as pessoas fazem pela sua presença. Acho
muito bonitinho ver alguém movendo o céu e a terra por mim.
Por isso, no meio da madrugs de domingo, enquanto eu dirigia
por aquela rua imensa, com o som nas alturas, berrando com Fernanda Takai que
quando penso em nós dois, deixo tudo pra depois. Quando penso em nós três, fica
pra outra vez e amaldiçoando mentalmente por
3 gerações o responsável por que eu perdesse um show do Pato Fu eu
pensei: life is good.
Pato Fu me coloca numa vibe muito maneira de egoísmo que
todo mundo entende, total queria tanto encontrar uma pessoa como eu a quem eu
possa confessar alguma coisa sobre mim.
Eu estava genuinamente feliz com todos os aspectos da minha
vida naquele momento.
Porque esse negózdi solidão é meio relativo. Eu realmente
gosto de 98% das vezes em que estou sozinha, de momentos alimentícios e
cinemísticos e viagísticos até qualquer coisa que você imaginar. Fico realmente
feliz de ninguém depender ou interferir nos meus planos.
Mas tem horas que.
*****
Aí eu tava lá revirando alguns emails e pessoas e lugares e
de repente todo mundo tinha mais o que fazer além de mim e eu estava presa com
memórias de gente que já foi ou que já deveria ter ido. O pior foram os emails,
sabe? Se eu tive a chance de ter amor na vida – da minha parte pros outros, não
dos outros pra mim -, elas aconteceram com pessoas que foram de vez. E a conta
estúpida de emails que eu me esqueci de limpar estava ali com mensagens “por
favor, me ligue” ou “preciso muito falar com você” e números de celular que eu
botei fogo pra não lembrar.
Agora sei de cabeça.
E aí Junior ficou noivo da maior cafuçua que já pisou na
face da terra (por que as pessoas insistem em ficar noivas? Por que gente
bonita fica noiva de gente feia?) e Mr. Esquistossomose ressurgiu das
catacumbas onde estava se escondendo e Charlie Harper está em um relacionamento
sério e HAHAHAHAHAHAH universo, vamo parar porque eu tinha coisas pra fazer
antes de Charlie Harper ter um relacionamento sério?
Deprimi.
E hoje, dirigindo não tão tarde pela rua que ainda é muito
comprida, no lugar de Fernanda Takai, no exato mesmo ponto, Ben Harper (hahaha
a coincidência cósmica do sobrenome) cantava “It wouldn't have worked out any
way and now it's just another lonely day” e eu pensei: a vida é um cocô.
Não há o que me faça achar o post completo que eu fiz na época em que descobri essa bela canção, em que eu dizia que parecia trilha de um daqueles momentos nos filmes em que a protagonista chegou no fundo do poço e pensa “meldels, quiqui eu faço agora” e tudo magicamente se resolve depois dali. Na primeira vez que ouvi, era bem essa a vibe e hoje era essa aí de novo.
Porque quando eu encontro emails “me liga, por favor” e
Junior fica noivo e Mr. Esquistossomose aparece e Charlie Harper tem um
relacionamento sério, fica todo bagunçado meu cronograma e é como se eu não
tivesse cumprido minhas resoluções de ano novo e fosse tudo dar errado e ano
que vem a essa altura eu estarei casando com um cara mais baixo do que eu,
pesando 187kg, burro, pobre e que ouve pagode. Morando na Bahia. Na beira da
praia. Vivendo de vender caranguejo. PAAAAAAAAAAAAARA!
DEUZULIVRE.
Não que alguma coisa dessas seja realmente possível, mas
fica a pergunta: universo, quiqui eu faço agora?
*e tudo se resolve como mágica*
Não foi dessa vez
Mas pode ter certeza
Mal posso esperar
Pra fugir da tristeza
Mas pode ter certeza
Mal posso esperar
Pra fugir da tristeza
But i'd rather walk alone
Than chase you around
I'd rather fall myself
Than let you drag me down
Juntei passos, palavras
Não era bem o momento
Fingi não querer nada
Tem hora que não me agüento...
Não era bem o momento
Fingi não querer nada
Tem hora que não me agüento...
Yes indeed i'm alone again
And here comes emptiness crashing in
It's either love or hate
I can't find in between