terça-feira, 6 de setembro de 2011

olha meus chifre, ques bonito

Eu acho que assisto umas duzentas séries. Mentira, segundo o orangotag, eu assisto 27 séries e provavelmente não durmo.

Que calúnia, seu orangotag. Tem um monte de série em período desencontrado, tem coisas como Misfits e Sherlock que têm meia dúzia de episódio por ano, tem American Idol que suga minha vida por 4 meses, tem as sextas feiras com 18 episódios novos quando a temporada tá acontecendo. Mas agora na mid season, por exemplo, eu só tenho que lhe-dar (kkk) com pocas série. Tipo Drop Dead Diva, Royal Pains, Doctor Who e Rookie Blue.

Oremos pela saída do décimo Doctor em 2010, porque é muito mais fácil conviver com Doctor Who em modo moderado de obsessão.

Ok, moving on, que Doctor Who não é o assunto sobre o qual eu quero falar. Eu quero falar sobre Rookie Blue. Assim como Being Erica (oremos que a próxima temporada é a última e eu vou poder liberar mais uma horinha da minha semana, junto com Desperate Housewives e Lie to Me. Mentira, não oremos não, porque Being Erica é melhor que terapia nessa vida, não quero que acabe.), Rookie Blue é canadense e eu tenho impressão de que só tem eu no mundo assistindo essas coisas. RB pelo menos minha irmã assiste, já é mais divertido ter alguém pra dividir.

Porque uns 23% da graça das séries é discutir com o amiguinho, né?

Aí no meio da segunda temporada eu pensei: se não tem amiguinhos pra discutir, por que não o próprio fórum do orangotag? E fui lá, chorar limão com aquela gente errada que comenta por ali.

SOCÊ NÃO QUER SPOILERS SOBRE A SEGUNDA TEMPORADA DE ROOKIE BLUE (o que eu duvido muito), PARE DE LER AQUI.

RB é tipo um Grey’s Anatomy de poliça, todos concorda. De modos que o foco do negócio é muito mais nos relacionamentos estragados das peçoua da lei do que em casos em si. Tem gente que tetesta a série justamente porque os casos são meio bocós, mas os amiguinho precisam entender que os casos são só metáfora pra vida deles ou meio pras coisas acontecerem na vida deles. Só isso.

Pois então a menina principal do negócio, Andy, se vê “““““disputada””””” por dois moços no decorrer da vida profissional (kkk).

De um lado, Sam. O cara “feio” (há controvérsias), bruto, com ambições incompreendidas pela sociedade, que olha pra Andy como se ela fosse uma coxinha recém frita às 11:45 da manhã. Um bofe xucro da melhor qualidade, que gosta dela de verdade e, VEJA BEM, ISSO É IMPORTANTE, de quem ela também gosta. Sam e Andy se olham e faíscas saem do monitor do computador. Ele não é o babaca que trata mal o universo e rasteja por ela. Ele é constante e é gostado por ela também. Só que ela não percebe muito rápido.

De outro lado, Luke. O cara lindo (há controvérsias), alto, loiro, de olho azul, educado, bem sucedido, mas olha pra Andy como eu olharia pra um prato de pato com molho de trufas num restaurante chique (tipo: tô faminta e é só isso que tem pra comer? Ok, é comida. E em seguida eu lembro que não como pato nem por um decreto e passo pão no molho.). Andy olha pro Luke da mesma forma, “ó que prato bonito e fino… e eu tô com fome mesmo” e vai nessas até a ficha cair.

Aí acontece uma coisa muito importante. Luke ainda guarda a aliança que deu pra ex, Andy acha, conclui que era pra ela, Luke vai na onda porque ela diz sim e dá-se o pedido de casamento mais errado da galáxia. E, como se isso não fosse suficiente, Luke TRAI Andy, de um jeito muito muito muito feio mesmo.

TRAIÇÃO.

Eu sei que tem gente nesse mundo que coloca graus na coisa e diz “mas se…” e aceita. Eu não aceito. Traição é fim, vai caçar sua turma, me deixa quieta. Acho traição uma coisa imperdoável. ME DEIXA, ME ACEITA, ME AMA. E NÃO ME TRAI.

Aí o cara bonito trai a mocinha e metade da audiência comemora a chance de ela ir correndo pro bofe xucro (eu também, aleluia) e a outra metade morre de medo de que ela largue o cara bonito! É exatamã isso aí: como assim ela vai deixar o cara que traiu ela, gente? Ele é bonito!

Não consegui achar o episódio exato onde está o comentário, mas uma fulana chega a dizer que não há caráter no mundo que seja capaz de amenizar a feiúra do Sam e não há traição no mundo que justifique abandonar um cara como Luke.

Só porque Sam tem essa cara:


E Luke tem essa cara:


Eu não quero mais viver nesse mundo, em que tem gente que acha que a pessoa pode fazer o que ela quiser na vida só porque ela é bonita. “““““Bonita””””. Eu não quero mais viver nesse mundo em que uma mulher acha que deve se sujeitar a qualquer coisa que um homem faça, só porque ele é bonito ou mais bonito do que ela. O que quer que isso signifique.

Quem me conhece sabe que eu não sou feminazi, nem feminista, nem um pouquinho. Também não sou machista, porque né? Eu gosto de gente. Tanto faz o que os cromossomos arranjaram. Mas eu sinceramente fico enlouquecida quando uma menina (feia ou não) acha que é objeto de milagre se um cara bonito (no conceito dela) lhe concede a HONRA do seu amor.

Vamo acordar, minha gente.

Num vamo assim dizer que as fuça da pessoa não fazem diferença nenhuma no processo, porque não é bem assim. Mas enquanto eu acho todo mundo feio e tenho que partir do princípio que só vou pegar gente feia nesta vida, tem gente que acha todo mundo bonito. O mundo tá cheio de casalzinho que a gente não compreende, mas não é essa a beleza da coisa? Quantas gentes supostamente lindas não ligaram seu sentido aranha (ai, acudão) e quantas gentes supostamente feias te fizeram querer ligar pro número do poste que te traz a pessoa amada em 3 dias? Vai dizer que nunca aconteceu? Se nunca aconteceu, eu tenho medo de você =P

Não tá aí o Wolverine casado com uma tia “caidaça”, que se fosse qualquer uma, jamais acreditaria que tem uma chance? Gisele binxen já não namorou Leonardo di Caprio? A personagem da Kate Winslet já não ficou como personagem do Jack Black? Relacionamento, beleza e o escambau não são fórmulas matemáticas, não são objetivos.

Acho que é por isso que o mundo tá esse cocô estragado.

Cêis vão me perdoar, mas podem perguntar pra qualquer pessoa que me conheça, se num é verdade que eu acredito nisso sinceramente. Mas a beleza duma pessoa não é só a posição do nariz no meio da cara não. Tem muito mais variáveis nissaê.

E vos digo mais: eu casava com o Sam e tinha 36 filhos de parto normal na hora que ele quisesse.

Mas quem sou eu, além de o maior fail na história dos relacionamentos? Tô indo muito longe com a minha capacidade de abstração da beleza humana, vamo todo mundo aí imprimir esse texto e seguir meu exemplo.

Antes só do que com um chifrador nórdico.

Fim.