So many things that I wanna say
You know I like my girls a little bit older
I just wanna use your love tonight
I don't wanna lose your love tonight
…tocando aleatoriamente no rádio, num domingo à noite, quase 30 anos depois.
Aliás, de todas as pessoas que por acaso estavam ouvindo aquela mesma rádio, naquela mesma hora (inclusive do meu lado), eu muito acho que só eu prestei atenção na música. E na ironia.
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Quisera eu que Your Love fosse a única canção em looping na minha cabeça neste dia. Ela disse adeus vai revezando com ela enquanto o dia passa. Vou abrir o youtube e botar um gayatri mantra, porque não tá fácio pra ninguém.
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Essa semana, as in período de sete dias patrasmente, foi muito estranha. Eu tive que abrir mão de duas coisas que eu não queria. Sabe quando parece que você está num filme e está naquele momento em que tudo dá errado antes de acabar? Pois então. Eu espero que o poço não seja mais fundo que isso (desculpa, dona Maria do Bairro, mas djô sofro mutcho) e daqui pra frente minha história se encaminhe pra alegria da mocinha. Eu, no caso. Vamos torcer.
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Disk psicologicamente o ato de ser capaz de arrumar o próprio armário é muito revelador a respeito da pessoa humana, enquanto indivíduo mentalmente saudável.
Eu provavelmente adquiri essa sabedoria em alguma das minhas revistas Capricho compradas no meio dos anos 90. Também pode ter sido numa daquelas Nova que minha mãe empilhava e onde eu descobri também muitos segredos sobre sëx muito antes de saber o que era, pra que servia e com quem fazia, mas vamos assumir que tenha algum fundo de verdade. Aquela pregs de procurar no Google.
Pois então, qualquer que tenha sido a fonte desse incrível fato psicológico, dizia que se a pessoa é capaz de arrumar o próprio armário, isso significa que ela é capaz de adaptar a vida às adversidades e contrariedades do caminho. E se, além de arrumar, é capaz de jogar coisas fora, isso significa muita aptidão pra ir em frente depois dos tropicão figurado que essa vida nos dá em forma de rasteira.
Olha, se isso for verdade, eu e minha irmã samo as campeã mundial intergaláctica de recuperação e adaptação. Nunca vi dois cerumano mais arrumador de armário na vida. E eu sou a senhora saco de lixo. Cada arrumação é vinte litro de coisa que vai embora. Desde lixo de verdade até coisa que super presta, mas eu não uso mais, vai tudo embora. Sou muito adaptável. Tchau, camiseta de coraçõezinhos número 427, tchau bota preta de sola grossa, tchau casaquinho multi colorido, tchau caixa da máquina fotográfica analógica, tchau agenda 1998. Sacoé? Notei a presença, não tava usando, vai embora. Fim. Sem amor no coração.
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Eu não classifico a minha própria pessoa como consumista. Eu gosto de agendas, eu gosto de livros, eu gosto de DVDs, eu gosto de bijuteria, eu gosto de roupas, eu gosto de tralhas fotográficas. DVDs, livros, bijus, filmes, lentes, negativos, fotos e coisas do tipo eu não jogo fora. Mas agenda, roupa e tudo que não se encaixa nas categorias anteriores só fica no armário o tempo que for útil. E eu tenho a lei da compensação das meninas mongolóids gravada no coraçón: uma roupa nova entra, uma roupa velha sai.
Fiquei feliz ao encontrar lindos casaco no xópem, porque tinha dado alguns pra minha mãe dias antes e tava com crédito de armário. Mesmo assim, o casaco era muito grande e eu precisava de espaço. Abri a porta do armário onde queria que ele ficasse e me dei conta de onde estava sendo gasto o espaço.
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Eu tenho uma mania estúpida, que não tem como evitar e eu não vou, porque você não manda em miiiim: eu compro presentes. O tempo todo, enlouquecidamente, pra todo mundo. Pra todo mundo que eu gosto, obviamente. De modo que uma parte meio grande do meu armário está comprometida, porque eu tento não assustar as pessoas. Assim, gente que eu sei que vai compreender a minha maluquice ganha as coisas assim que eu compro. Mas tem gente que não compreende bem como isso funciona dentro da minha cabeça, então eu tenho que deixar algumas coisas reservadas pra datas dignas de presenteação ou pra que passe um período de tempo que garanta que eu não seja vista como biruta (É memo, é? Não.)
Aí fica lá meu armário entupido de tranqueira.
Se esse post tivesse sido escrito na sexta, por exemplo, eu reclamaria de uma leva de presentes adquiridos no natal que ainda não tinham ido morar na casa do verdadeiro dono e estavam só atrapalhando, mas tá tudo bem agora. Só que tem várias categorias de tranqueira lá: coisas que eu só estou esperando um encontrinho com o dono, coisas que eu comprei, lembro pra quem foi, mas não lembro a razão e não tem como entregar simplesmente (Tipo um jacaré de pelúcia. Eu deveria ter escrito uma note to self e pregado nele, simplesmente não lembro o contexto e não dá pra tacar um jacaré na cara da pessoa sem explicar a piada.), coisas que são extremamente específicas pro ganhador e não podem ser aproveitadas de nenhuma outra forma.
Essa última categoria acaba sendo um problema. Porque eu tenho a tendência a me afeiçoar a gente que não vale nada e acabo com um playmobil astronauta comprado no mercado livre, depois que já não tenho mais nenhum amigo astronauta, ou um manual de como se relacionar com um iguana, apesar de não ter mais nenhum amigo possuidor de iguana, ou uma réplica de um quadro da Frida Kahlo, apesar de não ter mais nenhum amigo apreciador da arte dela. Tô cheia de presente que eu comprei pra babaca e que ficou sem destino, quando eu recuperei minha capacidade de raciocínio.
Agora se eu contar que fiz um novo amigo astronauta e ele achou o máximo ganhar o playmobil, você acredita? Se eu contar que um outro comprou um iguana, assim, do nada, parece absurdo? E se eu disser que um adorador da Frida acabou por despencar na minha frente? Pois é. Aí rolou toda uma reciclagem de presentes e tal. O bom é que alivia o armário e faz os otro feliz ao mesmo tempo.
Só que tem lá ainda toda uma caixa gigante com coisas que não vão ter destino. Tipo quinhentos mil personagens d’A Era do Gelo. Acho simpático, mas não o suficiente pra pegar pra mim. E tem o jacaré de pelúcia, que ocupa um espaço infinito. E copinhos de caipirinha (que que EU vou fazer com isso?). Umas tralha dos Star Wars (me processa). Uns talheres com carinhas (mas esse eu mereço. Comprei igual pra 98 pessoas, tem mais uns 8 lá em casa, acho que eles estão se multiplicando na caixa bendita.). Uma toalha super colorida com o Taz desenhado. E isso não é nem metade da tralha que mora lá. Toda vez que eu esqueço do aniversário de alguém, eu vou lá remexer a caixa mágica, ver se eu acho alguma coisa que entre no contexto e me libere espaço.
Agora, a coisa mais imbecil que eu já comprei na vida e que não tem ninguém de quem eu desgoste o suficiente pra dar é o livro Doutor Jivago. Porque assim: se o filme que é filme é o mais chato da história, você imagina o livro.
Qué dizê, não sejemo injusto. O filme mais chato da história são dois: o piano e moulin rouge. Duas únicas vezes na vida que eu parei de ver um filme no meio e fui viver. O piano eu larguei mão sem dó. Moulin rouge eu ainda tentei passar acelerado pra ver como acabava aquela tortura, mas nem assim foi possível. Espero que todos tenham morrido de dor de barriga.
O segundo filme mais chato da história é closer. Cêis vai me perdoar, mas eu tenho DÓ de quem se identifica com esse filme. Sério. Tenho mais dó ainda de quem acha que ele é a representação fiel da dinâmica amorosa do universo. Eu posso não ter coração, mas até eu sei que aquilo ali é a extrema porquice. Se cêis acha válido, favor lavar a mão e passar álcool quando quiserem encostar
E aí vem Doutor Jivago. Aquele lixo infinito, em que o tema de Lara toca uma base dumas 738 vezes, nos levando a pensar que direitos de musga nessa época deviam custar a hora da morte, porque NADA justifica que uma música se aplique a todos os momentos musicais de um troço que leva quase quatro horas pra acabar! E se você não gosta de spoiler, ficaqui meu tchau, porque eu vos digo: depois de toda essa tortura, o fidumaronquifuça do Yuri me faz o favor de morrer A CINCO FUCKING PASSOS DA LARA. Só que nas costas dela. E ela não vê. E ela nunca via saber que o Yuri dos inferno foi atrás dela no final.
Se eu odeio final infeliz, esse é o mais infeliz dos finais infelizes da infelizlândia.
Não há quem possa, em sã consciência, querer esse livro.
O filme eu já dei pra minha vó, super faz sentido ela gostar. Mas o livro tá lacrado, ocupando espaço na minha estante. Se você quiser, favor colocar endereço completo nos comentários e eu te mando, junto com meus mais sinceros votos de que você sobreviva.
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Eu quase morri essa noite (literalmente). Depois de meses longe de uma E.R., eu considerei seriamente a necessidade de ir a uma delas lá pelas 3:30h da madrugs, lá pelo décimo oitavo asfixiamento da noite. Se eu já não tivesse passado uma semana alergicamente maligna, eu atribuiria isso à contrariedade da vida e à necessidade de arrumar meu armário (ahá, você não imaginava que essa baboseira toda estivesse conectada, não é mesmo, meua migo?).
Mas o caso é que todos os presentes que valiam a pena esperar pra ser entregues já foram, todas as roupas que mereciam ser doadas já foram, todo o lixo já foi jogado fora. Resta agora eu lembrar como é que se respira de forma involuntária.
Eu vou lá recuperar meu livro de metafísica e ver o que significa quando a gente não consegue respirar. Disk as parada hinduísta ajuda nesse trem de respiração, de modo que vou falar com minha assistente para assuntos hindus e pedir socorro.
Aí eu fiz uma pausinha pra ler o livro de metafísica e não vou concluir esse raciocínio infinito. Vou deixar vocês com a opinião de um especialista. Um beijo nas ponta dos vossos nariz.
A inspiração é a absorção do oxigênio contido no ar, que é levado aos corpúsculos vermelhos contidos no sangue. É o ato em que os elementos externos penetram no mundo interno. Inspirar refere-se à sua capacidade de absorver a vida. (...)
O processo respiratório expressa a capacidade de absorver e se expor, ao âmbito da troca, do dar e receber. Se a pessoa lidar bem com isso em sua vida, seu sistema respiratório será saudável. Porém, se tiver uma relação problemática entre ela e o mundo, isso irá refletir nesse sistema, provocando alguma doença. De acordo com a doença respiratória, pode-se compreender melhor as complicações internas nessa área da vida.
Em geral, qualquer problema respiratório está relacionado com a dificuldade em lidar com o ambiente. Demonstra que a pessoa não está suficientemente aberta para os acontecimentos à sua volta, tampouco sente-se livre para se expressar. Resistir ao que se passa no ambiente, bem como não ser espontâneo diante da situação, é altamente nocivo para o mecanismo respiratório.
AHHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHA
Xoxo,
Contrariadinha da estrela.
I ain't got many friends left to talk to
No-one's around when I'm in trouble
(Lágrimas por ninguém, só porque é triste o fim.)