quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

onirodinia benloca

monstro gigante!

Outro dia eu tava com medo de fazer uma coisa.

*pausa*

Toda vez que eu digo que tenho medo de fazer alguma coisa, QUALQUER coisa, tipo subir no sótão e cair da escada, minha mãe diz “medo foi o que fez surgir o Darth Vader”. Sério. Pense nos danos à minha mente. Só queria dividir isso com vocês.

*fim da pausa*

Eu tava com medo porque eu não sou muito fã de ser contrariada. Ok, eu sei que ninguém é, mas eu tenho um problema meio grande com esse lance de ~contrariamento~. Sabe o piu-piu quando vira o evil-tweety? Nessa vibe. Contraria não. Vai por mim.

Mas aí, quiqui eu fiz? Mongolice, obviamente. Fui contra minha resolução anterior e abri a porcaria do personare. Má que idéia de jerico, viu? O bagulho resolveu me dizer pra ficar quieta, pra evitar me apressar naquele tipo de decisão e a carta que saiu dizia justamente o nome da situação pela qual eu estava passando (não é pra facilitar o entendimento, querido leitor). Quiqui eu fiz? Fiquei com aquela porcaria na cabeça, achando que era um sinal. Aí decidi que não era, mas dois dias depois. PERDI DOIS DIAS. Porque tudo deu certo.

Sorte que minha vida tem o dom de achar o timing pra algumas coisas.

Pelamor, gente. Larguem mão dessas tranqueira esotérica. Só atrasa a vida. Não me deixem cair nessa de novo.

Como tudo que tem acontecido nos últimos tempos, culpo as drogas.

***

Lembrei disso porque ando tendo dificuldades noturnas. Culpo as drogas por isso também. Cê vê. Eu fui abrir o personare porque tava tendo dificuldades de raciocínio às 3h da madrugs. Dificuldades de raciocínio, na verdade, eu tô tendo o dia todo. Mas o sono meique sempre foi um agravador de sintomas. Aí somei sono, drogas e necessidade de decisão e lascou tudo.

Pois se eu estava com sono, o que raios eu estava fazendo acordada? – você se pergunta. E eu vos digo: evitando pesadelos.

Eu tenho esse probleminha desde a infância. Meu cérebro joga contra mim o tempo todo. Só que se eu mal consigo controlar quando estou acordada, dormindo meus neurônios fazem a festa. É avassalador.

De tempos em tempos eu consigo ficar livre desse mal, sofrendo só com sonhos malucos. Mas em outros tempos a pesadelação volta com força total. Sofro eu, sofrem meus familiares. Eu grito, digo oitocentos “nãos” seguidos, choro, resmungo. E nem tenho a felicidade de esquecer o enredo quando acordo.

Aí vêm os pesadelos recorrentes:

*casamento

Jesus amado, por quê? Não é brincadeira. É pesadelo mesmo. A última sequência de nãos foi na hora da fatídica questã. Que tipo de mente maligna se submete a esse sofrimento? E assim, se acontecer o acaso de eu ter alguém especial na minha vida no momento do pesadelo, ainda tem um agravante: não será essa a pessoa me esperando no altar. Será a pessoa na *platéia*, me olhando com olhos julgadores e movendo a boca de modo que eu leia desaprovação. Enquanto algum retardado cujo nome eu não posso nem pronunciar de tanto odinho me espera no fim do corredor. Sério, não posso com isso.

*labirinto

Não chega a ser assim, um filme da Xuxa ou do David Bowie, mas rola toda uma impossibilidade de atingir um destino. Tipos, aeroporto. Eu tenho que pegar um avião num determinado horário, num determinado portão. Tá tudo certo, até eu perceber que esqueci alguma coisa muito imprescindível. Aí começa a tortura. Não consigo voltar até o carro. Se consigo, não consigo voltar até o portão. O mundo vira um grande castelo de Hogwarts, as escadas adquirem vontade própria e nada nunca vai pra onde deveria ir. Fico parecendo personagem de vídeo-game em looping infinito de cenários. É uma delícia.

*perca

Eu perdo pessoas. Nego tava do meu lado num minuto. Eu vou olhar uma borboleta que passou e *puft* sumiu. Aí eu vejo tipos o relance do cerumano virando uma esquina e sigo. Hahahahhahaha. Vou seguir por HORAS, o resto da noite. E aí vou passar por lugares e pessoas e vou perguntar “viu fulano?” e a resposta vai ser “a-ca-bou de passar aqui". Infinitas vezes. Aí eu vou pegar o celular. Aí minha agenda vai ter formatado. Aí eu vou achar ou lembrar o número da pessoa, aí vai cair o sinal do telefone. E assim vai. Até eu acordar. É reconfortante.

*briga

Algum motivo assim, bem nobre, tipo alguém ler primeiro o meu gibi da turma da Mônica vai iniciar uma discussão que vai levar horas. Eu vou gritar, quebrar o pau, inventar descontentamentos. Eu vou ficar rouca, vou bater portas, dizer que não quero ver as fuça da pessoa nunca mais. Aí eu vou acordar pregada AND ficar de mal da pessoa no mundo real o dia inteiro. Eu até explico que brigamos no sonho, porque não tem o que faça passar a birra e é melhor manter distância.

*morte

Né? As pessoas que eu mais gosto no mundo morrem na minha frente porque eu fui burra demais pra evitar. Fim.

Pois eu estava numa onda onda olha a onda *clap* *clap* de pesadelos insuportáveis em que todos eles tinham como protagonista a.mesma.pessoa. (Fio, cê me viu casar, cê fugiu, nóis brigô, cê morreu.) E não tava agüentando mais. Quiqui eu fiz? Passei a ir dormir depois das 3h da madrugs, de modo a ir pra cama pregada e sonhar preto a noite toda. Meique funcionou. Resolver, não resolveu. Mas amenizou.

***

E é aí que todas essas divagações desconexas se encontram: no meu período lucubrante.

Porque aí outro dia eu tava lá, sem dúvidas, sem consultas ao personare, sem paciência e sem condições de raciocínio (não que eu tenha isso em muitos momentos da vida) e não sabia mais o que fazer pra me manter acordada. Quiqui eu fiz? Fui tomar um banhinho. Ni qui eu chego no quarto de banho, com que me deparo? Com um monstro dormindo na janela.

Vejem bem. Eu cresci em São Paulo, a gente não costuma ver essas criaturas da selva. Pois quando eu vi aquela pelota com penas, pés e sem cabeça, eu já abafei o grito de horror. Usei toda minha inteligência pra me lembrar que coisas com pena enfiam a cabeça em si mesmas pra tirar aquela importante soneca e entendi que não era nada decapitado, era algo dormindo.

Só que o monstro acordou com a minha movimentação e revelou um bico que era proporcionalmente gigante. E eu consegui visualizar o arrancamento cruel dos meus olhos, se tentasse perturbar o descanso da criatura. Mudei meu nome pra Melanie Daniels e fui lá discutir com Hitchcock. Kkk risos.

Mas, gente, voltemos à realidade. A janela do banheiro fica dentro do box. Se eu quisesse insistir na tarefa de tomar banho, teria que me aproximar perigosamente daquela fera e isso estava fora de cogitação. Só de pensar naquele bico GIGANTE, eu tinha espasmos de horror. Mas sem banho é que eu não ia ficar.

Fechei a porta do ambiente, porque tudo que eu não precisava era duas gatas descobrindo o potencial café da manhã e assustando a fera bicuda. Chamei a cavalaria (meu irmão), entramos no banheiro, fechamos a porta e rimos por 12 minutos da nossa incompetência com a natureza.

Sem a menor condição de decidir o que fazer com aquele possível assassino, ficamos ali, rindo e pensando “que foi que eu fiz pra merecer esse momento?” até que o pato se irritou e escorregou janela basculante abaixo. Eu e meu irmão choramos, achando que tínhamos matado a ave com a força do pensamento e fomos olhar o telhado pela janela. O pobre animal tinha sumido.

Obviamente pensamos que, ao aproximarmos nossas lindas faces da janela, o monstro voltaria e bicaria nossos olhos até desenhar “seus babaca” em Braille no nosso cérebro, mas nem. Tamos aí com os olhos e os cérebros intactos.

Qué dizê. Meu cérebro não tá muito grandes coisa não. Mas já faz uns 3 dias que eu não tenho pesadelos.

Vou ali tomar remédio e já volto. Tô torcendo pra não começar a pesadelar acordada. Oremos.

Fim.