quinta-feira, 25 de novembro de 2010

sweet november

and so many things I wanna say

*aqui tinha uma foto que eu tive que tirar, porque esse blogspot é burro demais, que inferno.*

Outro dia apareceu no dashboard do meu tumblr uma frase que dizia “arte nunca vem da felicidade”. Sempre ouvo as pessoas dizendo isso, que se sentem mais inspiradas quando tão sofrendo miseravelmente, quando tá tudo errado, quando tão hospedadas no fundo do poço.

Comigo não acontece assim não.

Veje bem, não que eu esteja chamando minhas bobagens escritas ou fotografadas ou qualquer uma delas de arte. Mas o que quer que seja, precisa de uma dose de inspiração e eu funciono melhor quando tô diboa ca vida. Tipo nos últimos dias.

Se eu tô chateada, irritada, sombria, meu cérebro entra em modo de auto-tortura e eu só consigo pensar em coisas horrorosas em looping. Minha cabeça me enlouquece de uma forma tão doente que a última coisa que eu quero fazer é organizar os pensamentos e transformar em arte ou whatever this is.

Vou tentar então aproveitar essa linda brecha de bom humor que se abate sobre mim, ainda que eu não consiga exatamente viver (mente sã, corpo estragado).

*****

Eu acho que a minha memória é o maior caso de memória mal aproveitada no mundo.

Porque assim: às vezes eu tenho impressão de que ela é infinita. Mas só pra coisa que não presta. Porque se minha memória fosse realmente boa, eu não seria uma total negação em áreas como história e geografia (incluindo desde caminhos por onde eu passo todos os dias até a localização da Disney). Então é isso: uma memória enorme, seletiva pro que não presta e com uma boa dose de TOC.

Minha mente, por mais que eu tente evitar, funciona à base de ciclos. “Ontem a essa hora”, “mês passado, neste mesmo dia”, “ano passado, neste mês”, “da última vez que eu fiz isso”, por exemplo. E é numa vibe comparativa. “Ontem a essa hora eu tava com 39ºC de febre, hoje é só 38,5ºC”. Ainda quando a evolução é positiva, tá ótimo. O problema é quando “ontem a essa hora eu tava no show do Roberto Carlos vendo fogos de artifício e hoje eu tô em casa, com fome, com sono e com dor em todas as articulações do meu ser”. (RISOS kkk)

Acontece que nós estamos em novembro e novembro nunca é fácil. Eu já falei aqui em algum lugar que nesta época começa o calor e meus neurônios derretem e eu começo a fazer (mais) bobagens em série, que duram até fevereiro e eu passo o resto da vida pensando “e se”.

(e se eu não fosse tão burra e pensasse por mais cinco minutinhos?)

Ontem mesmo tava falando com um amigo sobre uma catástrofe que se abate sobre nossas vidas e mal conseguia prestar atenção, achando que foi a asa da minha borboleta que bateu um ano atrás a causadora desse furacão que eu vejo agora.

Porque há exatamente um ano eu estava iniciando uma série de decisões erradas. Uma DM, um email, uma viagem, um ligação atendida (eu sou mestre em não ouvir meu celular, não dava pra ter perdido essa?). E olha, considerando que menos de uma semana atrás eu ouvi da única pessoa que agüenta meus delírios “ah se você não tivesse...”, eu tenho muita certeza de que agora eu tenho que pensar um milhão de vezes antes de fazer bobagem.

Mas se tem uma coisa que eu aprendi na vida, foi isso. Eu já estive à beira de cometer o mesmo erro umas 4 ou 5 vezes nos últimos meses. Aí eu paro, penso, conto até mil e tcharaaaam, uma coisa boa acontece logo em seguida, parecendo o universo dizendo “é issaêêêê”.

Só que não é fácio, viu? Viver de *contar*. No ano passado eu fiz bobagem em novembro? Fiz. Mas não foi só no ano passado, né? Cinco anos atrás, tava eu, exatamente na mesma época, fazendo exatamente a mesma coisa. Aí você me diz: mas uma bobagem de cinco anos atrás repercutindo até hoje? Eu te respondo: tão aí as minhas mensagens do facebook que não me deixam mentir. Semana passada mesmo a assombração me perseguindo. Eu mereço mesmo, porque ninguém manda ser burra.

*****

O importante é que deste novembro eu até que tô gostando.

*****

Eu sou uma pessoa dramática. Eu não consigo evitar. Às vezes eu até dou uma disfarçadinha – eu sei que não parece, mas ó, te juro – porque é mais forte do que eu. Meus pensamentos precisam frequentemente ser traduzidos de dramês para português.

Aí outro dia tava aqui sofrendo.

*pausa*

Sério, o tumblr me transformou numa pessoa retardada. Ou eu tô rindo descontroladamente de coisas que não têm graça, ou eu tô acreditando que sou a última bolacha do pacote, me achando muito insider nas modernidade hipster do momento q.

Mas o pior foi ter virado a Laura do Carrossel de tão sentimental. Oh meldels, como o tumblr faz a gente acreditar nas pessoas e no coração e ai, alguém me dá um soco? Porque aí eu fico aqui sofrendo, achando que se aquela tranqueirada sentimental (e eu nem tô falando de amor romântico, tô falando de qualquer tipo de amor ou sentimento whatsoever) não faz sentido pra mim, então eu falhei na vida.

E tava aqui pensando no quanto eu cuido dos outros (ou pelo menos eu acho que) e ninguém percebe. E no quanto eu cuido dos outros e ninguém faz isso por mim. Mas veje bem: não tava falando de tomar conta de doente, de sustentar, de prover, sei lá. Era uma vibe mais de fazer coisas simpáticas que o outro *não precisa*, só porque é legal e coisetal. Tipos trazer um chazinho enquanto a pessoa vê tv. Tipos tirar o coco da receita, porque a pessoa não curte esse ingrediente. Tipos usar o desinfetante cujo cheiro não irrita o outro morador do lar. Essas bobagens.

Quando é que, oh senhor, alguém vai cuidar de mim? Esse dia chegará?

Aí me aconteceu um fato corriqueiro, uma vez que eu sou uma pessoa podre alérgica: o sapato machucou meu pé. E ó, nenhuma vez que o sapato machucar meu pé pode ser pior que:

*mini flashback da noite do dia 31 de dezembro de 2004*

Pois estava eu no Guarujá, sendo rica e fina, num show de virada de ano na beira da praia. Ao chegar no camarote onde champanhe, sorvetes e outras delisias (comestíveis e não) me esperavam, reparei um estrago eLorme que minha sapatilha (sempre ela) tinha feito nos meus lindos pezinhos. Mas um SENHOR estrago, não dava pra continuar.

Faltavam 10 minutos pra meia noite, ninguém quis cruzar o mar de pobre gente comigo até o ambulatório em busca de band-aid. E lá fui eu. Cheguei, esperei, esperei, esperei, esperei (bando de bêbado do inferno, que ainda tem prioridade) e não tinha mais band-aid. Me deram FITA CREPE – sério, gente. Fita crepe. – fiquei com as canela linda e fui voltando mancando pro camarote.

Ni qui um bombeiro muito prestativo me avista me locomovendo com dificuldade e resolve que eu preciso ser carregada no colo e me levanta sem me consultar.

- moça, faltam 30 segundos pra meia noite, você não vai chegar lá a tempo, deixa que eu te levo.

Acontece que era verão. Na praia. Tava tendo show fazia umas 4 horas. O bombeiro tava com o delicioso odor de urubu estragado, sabe? Não é nem maldade nem nada, mas não tava rolando respirar em volta dele. E eu no colo. E não conseguia descer e ele não ia me soltar. Correndo pela multidão e suando e AIMELDELS, por que raios eu fui me lembrar disso?

No palco, começava a contagem regressiva:

- vai, moça!!!!!!!!!! Deeeeeeeeeez! Nooooooooooooove! Ooooooooooooooito!

E eu tentando respirar.

- conta comigo!!!!!!!!!!!!!! Seeeeeeeeeeete! Seeeeeeeeeeeeeeeeeeis! Ciiiiiiiiiiiiiiiiiinco!

Eu quase colocando a ceia toda pra fora. Porque além de tudo, tinha o leve balançar por estar num colo em franca correria.

- quaaaaaaaatro! Trêêêêêêêêêêêêêês! Dooooooooooooooooooois! Uuuuuuuuuuuuuuuuuum!

E me abraçou.

Eu não lembro mais de nada, gente. Taquei Smirnoff Ice em mim mesma ao chegar no camarote, porque fiquei impregnada com aquele parfã. Mas ó, eternamente grata ao bombeiro.

Cheguei no camarote e joguei a sapatilha no lixo e segui a vida descalça mesmo, que era mais negócio.

*fim do mini flashback*

Pois então, estava eu lá, sentada no sofá, com os dois pés escangalhados por uma caminhadinha de nada. Lembrei do bombeiro e ri. Depois fiz carinha de dó e mostrei “ó, machucou”.

Achei que a seguir vinha uma mão estendida com um parzinho de band-aids, mas não. O que veio foi um “coloca os pés aqui no meu colo, vou passar antisséptico e colocar band-aid pra você”.

E eu fiquei lá, deitadinha, esperando o curativo ficar pronto. Uma coisa que eu faço por mim mesma praticamente dia sim, dia não, de tão normal que é e foi incrivelmente bom ter alguém fazendo por mim, só porque sim.

E quando o curativo se desfez, porque eu não parava quieta, foi consertado de novo, sem que eu tivesse que fazer nada além de deitar imóvel. Com direito a beijinhos pra sarar mais rápido.

Uma bobagem, eu sei.

Mas, né? Um cuidadinho.

É.

:)