*disclaimer: essa história foi escrita ao longo de muitos dias, não precisa ligar pro 188 ou sei lá o que.
Grandes problemas mentais em pessoas pequenas
Tem gente que vive sob condições favoráveis, tipo o fiofó virado pra lua. Eu sou o contrário (o fiofó virado pro inferno? Fica a dúvida). Se tinha a possibilidade de todos os planetas estarem de ré, eles certamente estavam quando eu nasci. A combinação catastrófica de pobreza, gravidez na adolescência e passado geológico fizeram com que fosse impossível meus pais saberem que eu era um bebezinho com problemas graves de saúde. Pra eles, eu era só uma criança que chorava muito.
Chorava.
MUITO.
(Ainda chora, mas naquele tempo não tinha como saber.)
Aí fica a dúvida se o problema eram os médicos que cruzaram meu caminho ou a falta de tecnologia da época, mas a conclusão coletiva e especializada foi de que esta criança só podia ser esquizofrênica, bora dar um gardenalzinho.
Seis meses de idade.
Obviamente não funcionou, pois (1) o problema mental era outro e (2) tinha um problema grave e real acontecendo ali.
Bom, ainda que pobre – pobre mesmo, moradores de favela – minha família sempre fez esforços em matéria de manutenção de educação e cultura, de modos que, completamente fora do personagem, minha mãe estudava piano num conservatório. E não parou quando eu nasci. Então a solução era carregar o pequeno bebê chorão pras aulas e depois estudar em casa com um moisés, um artefato paleozoico, ao lado do piano. E o que descobriu a mamãe da criança? Que o piano tinha um certo poder de apagar o bebê chorão. Um analgésico? Um sonífero? Jamais saberemos. Cansei de escutar fitas k7 (quanto mais palavras eu escrevo, mais eu sinto o peso da idade no meu corpo sofrido) em que minha mãe tocava e eu chorava ou falava até simplesmente parar. Devido dormir.
O engraçado é que os anos passaram e, nas poucas vezes em que minha mãe decidia tocar piano em casa, as músicas dessa época, o efeito era o mesmo. Eventualmente, onde eu estivesse, pof, caía no sono. Uns dias antes do meu TCC na faculdade, a coisa que mais me apavorava na época, eu tava uma pilha de nelvos pela casa, quando a querida decidiu começar a tocar. São lendárias as minhas fotos desmaiada no sofá.
Tava pensando nisso essa semana, observando o piano, o mesmo piano, que ainda mora comigo, diferentemente da minha mãe, depois de acordar de um sono não planejado pela vigésima vez no dia. Ocorre que minha mente tá na mão do palhaço há algum tempo e agora não há gardenal disponível. De modos que, pra poder trabalhar com alguma dignidade, sem ouvir as vozes, sem pensar bosta no geral, eu botei uma playlist de eruditas pra tocar nas alturas. E aí o que sucedeu foi uma série de APAGADAS inexplicáveis até pra uma pessoa que está sem dormir igual gente desde 2022. Eu fazia um documento e, quando dava por mim, tava acordando, completamente destruída em cima do computador. Aconteceu uma, duas, três, catorze vezes em menos de duas horas, depois de uma noite relativamente bem dormida e aí eu refleti e finalmente entendi: essas músicas ainda têm o poder de control+alt+del na minha mente. Ousseje, é mais uma coisa que não posso usar pra ajudar a organizar essa cabeça desgraçada com que eu tenho que viver.
Bom demais.
Enormes problemas mentais em pessoas muito grandes
Começou com seis meses, mas nunca parou: diagnósticos de probleminha na cabeça. Laudo: fudida. Em geral.
Em 2010 aconteceu o primeiro acontecimento (heh) que me fez reavaliar minha existência daquele ponto pra trás e pensar “hum”. Obviamente, havia indícios de um probleminha, mas a pessoa que nasce quando os pais ainda não têm o córtex pré-frontal desenvolvido, numa sociedade que, sei lá, permitia fumar em hospital, não tinha como ter esperança.
E não importa o quanto os anos passavam, não tinha ninguém dando bola pra criança não. Mas, ocasionalmente, cada vez que alguém prestava mais que cinco minutos de atenção, “querida, cê tem certeza que tá os parafuso todo apertado em sua cabeça?”. Claramente não.
Aí em 2010 eu pensei TEM ALGUMA COISA ERRADA, mas o quê? Eu tentei ajuda aqui, ajuda ali, mas foi apenas em 2014 que a terapinha entrou em minha vida, de forma obrigatória, depois do terceiro burnout & outras sofrências. “Querida, os parafuso. Em sua cabeça. A chave de fenda você tem?” Aí mostrei a cabeça dos parafuso (heh) pra psicóloga, que notou que não tinha chave compatível pra apertar em geral.
Em 2017, eu estava entrando pela primeira vez (infelizmente não pela última) num doutorado, cujo qual tinha o projeto de tese baseado em uso de inteligência artificial para auxílio de diagnóstico de doenças psiquiátricas. Lembrando quem em 2017 isso era GROUNDBRAKING pesquisas e não a palhaçada de IA até na geladeira que tem hoje. E aí, pra definir o que era as famigerada doença psiquiátricas, eu tive que ler o código internacional de classificação de doença lá.
Aí, meus amigo... kkkkkkk. Eu nunca vou esquecer a sensação. Eu lia a doença e lia os sintomas e pensava, “mas uai, isso não é uma terça-feira?”. Lia outra doença, outra lista de sintoma e “uai, mas isso não é um celebro defôu?”. Na trigésima oitava doença que eu tava bingando, eu tive um ataque de riso e MANHÊ DÁ UMA OLHADA AQUI QUE TÁ FALANDO QUE ______ é sintoma de _______. E ela: bom, né, a gente fala, mas você não ouve.
A GENTE FALA? A GENTE QUEM? NINGUÉM NUNCA FALOU BOSTA NENHUMA!!!!1
Tinha falado sim, porque infelizmente minha cabeça é equipada com uma infinidade de mini flash backs e realmente.
Aí eu fiz o que qualquer pessoa completamente abublé das ideia faria: marquei uma consulta num psiquiatra.
— olá turubom eu tava aqui fazendo esse projeto de tese e (...) aí eu li o (a?) CID inteire e (...) aí os sintoma tudo etc e (...) de modos que eu vim aqui pra entender e
— sim, bingasse
— a
E aí começou a tentar tratar e eventualmente surtou o próprio psiquiatra, sumindo cos laudo, receitas, recomendações e os caraio. A coisa foi tão normal que, num certo momento, o secretário do homem falou “olha, eu não queria te falar porque não é uma coisa boa de ouvir, mas a mãe do médico morreu esses dia e tamo achando que ele escondeu seu prontuário no caixão e enterrou com a véia”.
AH CLARO, COMO NÃO
Até o dia de hoje nunca mais foi encontrado meu prontuário na supracitada clínica e na minha cabeça a única resposta é que significa.
Só que aí me desanimou cuidar dessa bosta de cabeça quebrada dos inferno e todo dia, TODO SANTO DIA, alguém do meu convívio recebe um laudo e a PRIMEIRA coisa que a pessoa faz é “vanessa, se ofenderias se eu deixasse aqui casualmente os contato do meu médico porque eu nem sabia que eu tinha probleminha, mas aí eu prestei atenção em você e pensei ‘hum, convém investigar’ e até falei de você pro médico e ele disse que você precisa de ajuda kkkk?”.
Olha, você não diga.
Esses dia aí minha mãe se matriculou num curso “como conversar com seu filho superdotado” e me mandou o print e eu dei uma gostosa gaitada que foi ouvida lá da faixa de gajos, porque é uma grande evolução pra pessoa cuja qual ouviu “parece que temos aqui um autismo de suporte 1” e botou as duas mão no ouvido e saiu LÁLÁLA´LAÁLA´LAÁ NÃO QUERO OUVIR ESSAS BOBAGEM LÁLA´LA´LAÁLA´LA bem normal, como é de se esperar de alguém que botou ISSO AQUI no planeta terra. Mas MÃE DE SUPERDOTADO é um título interessante de compartilhar, parece. Kkkkkkk.
Tá, querida, mas e a gente com isso, anja? Todo mundo é neuroatípico hoje em dia rélo-oou, nobody caressss. O problema – para além do fato de que sou eu que tenho que viver dentro dessa cabeça e pilotar esse corpo grotesco – é que meus pino froxo são do tipo que pensapensapensapensapensapensapensapensa até eu querer dar uma marteladinha aqui nesse pontinho aqui ó. E eu vivo em absoluta agonia o tempo todo, como é de se esperar.
Bão.
Aí esses dia eu tava vendo tv – mas é claro que eu tava vendo tv – e era uma madrugada que minha mente deu defeito do nada, depois que eu já tinha até ido dormir, e eu acabei ligando a tv quando me mexi na cama e apertei o botão do controle que tinha ficado caído em algum lugar, porque eu peguei no sono antes de estar de fato preparada pra dormir. Mas aí acordei, a tv ligou, fui passando os canais, parei no gnt, tava passando uma versão pocket de saia justa, um momento em que mulheres choravam ao falar da tristeza de cair na conversa de homem abusivo.
Uma delas falava muito emocionada que muitas vezes esses relacionamentos começam com um lovebombing difícil de resistir, porque ser amada é muito bom. A outra respondia “sim, e depois que a gente é realmente amada é ainda mais incrível, mas, até lá, a gente não tem como comparar”.
Unlovable
Esse é um título recorrente por aqui, mas é porque, bom, quase como Drew Barrimore nos anos 90, nunca fui amada.
E se você aí lendo me conhece, conhece alguma história da minha vida ou até mesmo, quiçá, já participou de alguma e acha que pode falar AS IDEIA, CLARO QUE FOI, eu peço que vá pra puta que te pariu se não for incômodo.
Nunca fui amada. A mulher lá falando que lovebombing é bom, e eu “I could never know, bitch”. A outra, “não, porque quando a gente é amada de verdade etc” e eu “bom, vou ficar devendo”. Eu não faço a mais puta ideia de como é ser amada porque jamais.
Eu não tô nem falando de amor romântico exclusivamente, mas no caso eu tô falando principalmente.
*
Em algum momento uma delas falou “não porque TODO MUNDO em algum momento vai ser amada” e eu aqui no que NA MELHOR DAS HIPÓTESES é o meio da minha vida pensando que, estatisticamente, ela tá errada. Mas you go, girl. Você tá na rede globo e eu tô no quarto da minha casa vazia, com um celular que não tem uma notificação há uma era geológica, acordada de madrugada com a mente completamente desgraçada, pensando que não tem um único cerumano no planeta que atenderia caso eu ligasse justamente agora pra dizer socorro.
Mas nunca se sabe.
Eu odeio esse assunto, porque eu tenho a mais absoluta consciência que ninguém nunca me prometeu nada enquanto cerumano, mas eu tenho que seguir toda a porra de regra que todo mundo que veio antes de mim inventou e tratou como normal, mas NINGUÉM ME PROMETEU NADA e de onde não se esperava é que nada veio mesmo. E eu não tô falando nem de amor agora, romântico ou não. O universo não me prometeu nada e me entregou ainda menos. E eu tenho que performar normalidade em silêncio, porque toda vez que eu falo que não é que eu queria morrer, porque morrer não resolve, eu queria JAMAIS TER EXISTIDO ou que houvesse uma maneira de OBLITERAR a minha existência, de modos que não sobrasse não apenas nenhuma memória que um dia átomos se combinaram da forma desgraçada que formou minha pessoa, mas não sobrasse também nada com um rastro de ter sido tocado, olhado ou sequer pensado por mim, todo mundo me olha esquisito e pergunta “tá, mas a questão dos parafuso, anja? Tá apertando?”
NÃO TÔ NÃO E FODA-SE VOCÊ.
Num cantinho rabiscado no verso
O único desejo que eu emano pro universo e que volta pra mim em dobro é o “foda-se”. Não aquele foda-se de calma e paz, de “deixa pra lá, não há o que fazer”, mas o “EU VOU FUDER COM VOCÊ VIOLENTAMENTE SÓ QUE DE FORMA NÃO PRAZEROSA”.
Esses dia aí eu tava em situação de desconforto. Não que ALGUMA situação que eu passe seja confortável, mas era uma situação de desconforto extremo, de estar sendo muito obrigada a fazer uma coisa que eu não quero e não posso deixar de fazer. Pra piorar, tinha uma pessoa agravando a situ, pessoa essa que chamarei de MARIOSERJO, porque gosto da sonoridade de MARIOSERJO toda vez que tô escutando a novela, e o personagem dessa história também é um gostoso trambiqueiro com sotaque. Então tava eu lá me lascando sozinha, porque levei um bolo não romântico de MARIOSERJO. Não houvera levado o bolo, a situ ainda seria ruim, mas daria pra dividir com alguém um ocasional “nossa, mas que merda, hein? QUE.MER.DA”. Mas sendo o QUARTO BOLO CONSECUTIVO DE MARIOSERJO, joke’s on me. Então tava eu lá finalizando minha participação em situação desagradável, juntando meus cacareco enquanto mandava uns resmungo Eustace Bagge selo de qualidade, “MARIOSERJO filadaputa não é possível que esse desgraçado nem ao menos tem acesso à internet pra dizer que não vem e eu que lute, não acredito que tá escrito OTÁRIA no meio da minha testa, mas tá, eu sei, em neon, então vamo fingir que não são duas da tarde e a senhora não almoçou ainda e nem vai, porque nessa cidade desgraçada não tem um restaurante aberto nesse horário em dia útil, e ainda vai mais meia hora até catar essa garrafa Stanley que não sei por que tem que pesar duas tonelada e buscar a chave do carro e de fato ir até o carro, que obviamente tá estacionado na casa do caralho, e ligar o supracitado carro e dirigir até... ATÉ ONDE? SE NÃO TEM UM CARALHO DUM RESTAURANTE ABERTO DEPOIS DAS DUAS DA TARDE E EU NÃO TENHO COMIDA EM CASA PORQUE ESTOU SENDO ATROPELADA PELA VIDA!!!! E se eu passar no drive-trhu do mcdonalds? E se eu passar no drive-trhu do habibs? E se eu for naquele restaurante de POKE que nunca fecha e comprar uma intoxicação alimentar vegetariana por um valor módico de 60 reais? Ai puta merda eu trouxe algum bloquinho? Caneta? Meu celular tá no bolso, né? Minha jaqueta, onde que eu deixei a jaqueta? Usei uma vez só essa merda, não vou querer chegar em casa e descobri que esqueci ESSE INFERN
— Vanessa?
Por incrível que pareça, essa voz veio DE FORA da minha cabeça.
Não era MARIOSERJO.
Era uma pessoa cuja qual até essa fatídica quarta-feira, se eu fosse lhes apresentar, eu diria “esse aqui é zé das couve, meu amigo”. Porque zé das couve é meu amigo. Era, sei lá. Mentira, é, porque hoje (hoje no dia cujo qual digito essas mal traçada linha, algumas poucas quarta-feira após o incidente) eu encontrei zé das couve novamente pelas ruas da vida – almoçando em horário de assalariado E NÃO DE CORNO, como naquela outra quarta-feira – e ele mui alegremente saltitou em minha direção e me abraçou como se nada houvera a fortnight ago, mandando um eloquente “eu tô dando tanta risada com seus story esses dia” E EU NÃO POSTEI BOSTA NENHUMA ESSES DIA POIS MINHA CABEÇA ESTÁ EM SITUAÇÃO DE DESGRAÇA E EU ME AFASTO DE REDE SOCIAL PELO BEM DA HUMANIDADE e saiu andando tão feliz como chegou, COMO SE NÃO TIVESSE ARROMBADO COM MINHA POUCA SANIDADE MENTAL COM MEIA DÚZIA DE FRASE. O que eu queria dizer era Ô ZÉ DAS COUVE, MEU ANJO, A GENTE PRECISA CONVERSAR URGENTEMENTE, que infelizmente não pude, porque completamente fora dos personagem e do comprometimento com o plot, ele estava com um cerumano cujo qual eu chamo de sugar daddy por ser um velho da terceira idade extremamente bonito cujo qual me enchia de kinderovo algumas temporada atrás da minha vida em troca de companhia pra almoçar. O que zé das couve e sugar daddy tavam fazendo almoçando juntos em restaurante de pobre numa quarta-feira quente de inverno eu jamais saberei, mas tive que, novamente, fingir sanidade e seguir meu caminho, até porque tinha mais o que fazer.
Mas voltemos pro momento em que a voz de zé das couve, uma voz para qual eu tenho um detector em meus ouvido, soou a alguns metros de distância e interrompeu um fluxo super normal e saudável de pensamentos.
— Vanessa, qqCtá fazendo aqui?
— mas eu que pergunto??? Cê tá me procurando?
— não, achei que você que tava me esperando?
Por que eu haveria de estar é um mistério. Mas um pensamento totalmente on brand pra zé das couve.
Ele não tava me procurando, eu não tava esperando, MAS A GENTE ERA AMIGO, NERA? Fiquemo lá falando das vicissitudes da vida e das coisas todas em geral, enquanto zé das couve olhava pra mim de uma forma que fazia um total de talvez uns 15 a 17 ano (literalmente, ano do senhor de 2008 ou até memo anterior) que não olhava.
— TÁ TUDO BEM AÍ, KIRIDO?
— não tá não, eu não tô conseguindo me concentrar devido sua aliança.
Eu não tava usando aliança. Eu não uso aliança. Ninguém me ama.
— bicho, só para de falar, porque eu não sei se você bateu a cabeça, mas coisa boa não vem não.
— vanessa é que eu não tô pronto pra te ver com outro vanessa
— que outro, animal???? Outro o que, meu filho??? DO QUE VOCÊ TÁ FALANDO?
Momento cujo qual lembrei de meu passado com zé das couve, que tava enterrado num alçapão da minha mente, de forma a me permitir VIVER EM RELATIVO SOSSEGO, considerando que não tinha como remover esse homem do meu convívio depois que fui trocada por outra. Porque ninguém nunca me amou e nem vai.
Quinze ou dezoito ano atrás.
Não vou nem mentir “é que eu não lembrava”, porque ocasionalmente ele fala ou faz alguma coisa que faz com que a caixa de papelão mole onde eu guardei essas memória na minha cabeça despenque um degrau na prateleira mal montada onde fica acondicionada e dê um cutuquinho na porta empenada do alçapão onde está localizada, e um breve “é memo, a gente tinha isso” passa tão rápido que mal registro. MAS NUNCA SE FALOU NO ASSUNTO. Fui trocada e tive que juntar meus caco bem quietinha e sem escândalo porque tem gente olhando. E tive que dar um jeito de aceitar que ele tava ali, que a outra tava ali, e que eventualmente todo mundo aceitou e esqueceu e bora que tem outras derrota.
De modos que eu esperava qualquer coisa de uma quarta-feira em que eu tava à beira da hipoglicemia e de um surto generalizado, menos um “eu não tenho estrutura pra te ver com outro” 84 anos depois.
VAI TE CATAR, ZÉ DAS COUVEEEEEEEEE. Se você por acaso achou esse lugar onde eu publico as bobagem da minha mente e leu três mil e sessenta e oito palavras até aqui, VAI SE FUDÊe^^Eeêêe~eÊÊÊ.
INFERNO.
Porque antes que eu pudesse aproveitar o momento em que os pensamentos intrusivos de um homem batendo nas porta dos cinquenta venceram pra ter a conversa adulta que deveríamos ter tido antes dos trinta, fomos interrompidos por um personagem que não descreverei porque ainda tenho fé que ninguém vai reconhecer nada nessa história. Mas se fosse um entretenimento televisivo com a exata mesma sequencia de eventos, em algum fórum ou rede social de caracteres limitados, haveria alguém dizendo “porra, a conveniência desse roteiro kkkkkkkkk, INVEROSSÍMIL”. JÁ COMEÇOU A MENTIRADA das ideia.
Eu mesma não acreditei ao ver a situ se desenrolando diante dos meus olhos.
Enquanto minha mente entrava na espiral de desgraçamento de cuja qual obviamente não saiu ainda, zé das couve e todo seu carisma e magnetismo (kkkkk) simplesmente dominaram a situ de modos que ninguém sequer notou a DESGRAÇA que quase acontecera (amo preteritar) segundos antes. Eu ali petrificada olhando o horizonte “te ver com outro... outro... outro... outro...” em eco na minha mente, e zé das couve ali falando amenidades com personagens secundários desta temporada, mas que outrora estiveram em evidência, tal qual as temporada de bridgerton trocando de protagonista.
“Só casei com ela porque você não ficou comigo” foi a última frase que ele disse, meio assim de lado indo embora. Uma frase ainda mais amaldiçoada que “estou casando mas o grande amor etc”, porque além de tudo não dá pra impedir a assinatura de nada no cartório, nem reverter um monte de decisão decorrente de, e nem mesmo É VERDADE, porque é engraçado como homem é tudo sonso em geral e acha que tá tudo bem lembrar errado o que aconteceu, só porque é conveniente.
E eu que lute aqui agora com as vozes que, desde então, tão operando tal qual uma telesena do pinel, repetindo “tá certo isso?”.
E não. Não tá.
Desgraçada.
Biruta.
E mal-amada.
T de Tolstoi, S de Sun Tzu e um V de diagrama de Venn
Minhas vida profissional, pessoal, familiar, financeira, doméstica,
social, marombeira, amoros... kkkkkk estão em guerra. TODOS os aspectos da
minha existência estão em guerra. Até com a loja que eu comprei um sapato em
junho e eles não são capazes de me entregar no meio de setembro eu tô em guerra
e eu sou obrigada a chorar toda vez que tenho que ser assertiva na discussão
com um funcionário incapaz de botar um objeto no correio. Eu odeio ser
assertiva, eu gosto de ser divertida, engraçada, e boba em geral. Acho que a
frase que eu tenho dito com mais frequência nos últimos tempos é “você tá me
transformando numa pessoa combativa”, porque eu sou uma capivara (apelido que
um dos meus vô me deu): redonda, fofinha, simpática e diria até mesmo linda e
pacífica, MAS NÃO ME RELA, NÃO MEXE NAS MINHAS COISA, NÃO ENCHE MEU SACO. Eu
sinto que minha vida virou uma terceira semana de big brother, em que todos os
assuntos do grupo são apenas o próprio grupo, todas as interações extremamente
autocentradas, não tem uma conversa falando da vida, do fim de semana, de
planos. É só intriga, treta, grito, fofoca e surto. Eu não tenho mais energia.
Acho que já troquei de horário umas 32 vez na academia pra ver se pelo menos em
situ de maromba eu tenho alguma paz, mas é impressionante, das 8 da manhã à 8
da noite tem alguém pra me enfiar numa discussão. Meus amado, eu só quero
construir uns músculo capaz de aplacar a dor que eu sinto na alma nas
anca, quero amarrar meu tênis de luzinha & rodinha quando eu tiver 92 anos,
sabe?
Mas se eu parar pra pensar, viver presa num espaço correspondente a um quilômetro quadrado, em que a maioria dos núcleos da minha vida se encontra, é a receita pro desastre mesmo. Até porque as pessoas da minha vida que não estão presas nessa área geográfica estão localizadas NA PUTA QUE PARIU, e a sensação que eu tenho é que dei mais um orgulho pra esta seção, porque os inimigo tá próximo, longe tá quem eu queria perto (87% do tempo).
Ontem eu tava narrando a terceira guerra mundial da academia pros meus amigos e eu mema já tava rindo, porque é impossível acreditar que essa maluquice está acontecendo no mundo real e não no campo das minhas próprias ideia maluca. Hoje acertei um horário com um número extremamente reduzido de conhecidos e alguém passou por mim dizendo “nossa, cê conseguiu encontrar um minuto de paz?”. NÃO FALA ALTO PRA NÃO ESTRAGAR.
No raro silêncio exterior, minha mente tava processando os últimos dias da minha própria história e organizando o caos do dia de ontem – que eu pensei que era uma quarta-feira e já tava amaldiçoando esse pobre dia de semana – em que PARECE que os dado do aleatório foram arremessado novamente e uns figurante acabaram aparecendo na trama numas vibe e se eu fizer um teste e ganhar um papel de destaque na próxima temporada, hein? de modos a me enlouquecer, até eu lembrar que dessa vez quem deu os cano em MARIOSERJO fui eu, e ver a cara dele de bocó enquanto eu passava linda e esvoaçante em sua frente, como se não tivesse compromisso nenhum, deu uma pequena melhorada nas vibe geral da minha pessoa.
O que não durou nem 5 minutos, porque eu vim mesmo pra esse planeta pra ser tratada igual lixo e passar raiva.
(Quando eu tava pra clicar o botão de publicar, meu ex-chefe me mandou um motivacional no tiktok, porque até quem me vê na fila do pão sabe que eu tô a ponto de TER UM TROÇO).
Ontem, o dia antes de hoje mesmo, no caso, foi uma quarta-feira. Mais uma em que fui violentamente surpreendida pela vida de um jeito que parece bom, mas não tenho nenhuma dúvida que é questão de tempo até dar merda.
Fiquem ligadinhos!
Pra ler ouvindo: patrão nosso – secos & molhados
PS: tava quase publicando isso pela milésima vez, quando lembrei que em algum momento deste segundo semestre eu fui influenciada por uma ideia da minha irmã, que era tentar achar alguma coisa boa em que focar todos os dias. A gente tem essa coisa de chafurdar na merda de família , e a gente tá lascada mesmo em geral, então a ideia era não deixar que isso consumisse a gente, se obrigando a ver UMA COISA, qualquer coisa que fosse, de boa no dia, todos os dias.
Pois eu cheguei a começar. Fui até o dia 3.
No dia 4 aconteceu uma merda tão catastroficamente desgraçada que eu achei que seria um desrespeito comigo e com a minha história tentar performar positividade numa situação daquela. E nunca mais voltei :)