segunda-feira, 28 de setembro de 2015

amor é outra coisa

(esse post começou a ser escrito na quarta passada e vejam só vocês como tá fácil a vida - explicando pois DATAS SEM SENTIDO)

tomando no cu

Não foi a primeira vez que aconteceu, mas quando eu estava escrevendo o último post, eu ficava pensando "esse post tá com cara de que tô dando satisfação". Mas satisfação de quê? Satisfação pra quem?

Aí eu me dei conta que minha vida é baseada em me explicar pras pessoas o tempo todo. Minha dúvida é:

- isso acontece porque sou EU?
- isso acontece porque sou mulher?
- isso acontece porque não tenho o peso aprovado pela organização internacional das pessoas que acham que todo mundo deve usar 38 e pesar entre 50 e 55kg?

Realmente não sei.

Mas vejem só vocês.

Fiquei 40 dias sem ir pra academia, por motivos de quebrei o fiofó lá em agosto (cêis lembram, né?). Eu perguntei pro médico quanto era o mínimo possível de repouso e ele disse 30 dias. Eu falei que nem morta, ele falou que pelo menos 15 e depois meu corpo me mostraria se eu tava pronta pra voltar ou não.

Muito que bem, até semana passada eu não conseguia andar, porque uma perna não ia pra frente da outra. Correr era um ato de desespero e dor. Sentar é uma coisa que ainda me aflige e deitar de barriga pra cima é choro certo. Sim, ainda hoje. 

Semana passada eu precisei ir num profissional que usa maca e chorei pra deitar, chorei pra ficar deitada, chorei pra levantar.

Mas como eu sou brasileira, segunda eu voltei pra academia, expliquei pra todo mundo o que aconteceu e estou fazendo os movimentos que minha coluna permite (uns 80%, já tá bom).

Tinha ficado todo esse tempo sem usar as roupas da academia, de modos que foi botar o top e a calça de lycra pra sentir que tudo estava largo. Chegando na academia, vi que tive que mudar as posições de alguns aparelhos, porque eu estava ocupando menos espaço. Juntando isso ao fato de que minhas calças jeans estavam sobrando, concluí: perdi peso.

Atentem para o fato de que não disse que emagreci, porque não é o caso. Eu sei que o que eu perdi foi massa muscular. Mas foi bem incrível compreender que eu não sou uma pessoa ~que engorda~, meu peso é uma coisa bem estável (infelizmente, se eu pensar que queria que fosse menor; felizmente se pensar que não sobe nem se eu passar 40 dias sobre minha bunda, na frente da tv). 

Considerei parar de ir pra academia, só não paro por motivos de saúde.

Cheguei em casa e fui fazer piada no feici, né? Quem é meu amigo lá já conhece que não levo internet a sério. Escrevi "em 40 dias sem academia perdi: peso".

Nisso começa uma conversa entre meninas que sofrem do mesmo mal - ter a vida fiscalizada pela forma física - e todo mundo rindo e levando na brincadeira, quando (1) um homem (2) da educação física (3) que me conhece pouco, (4) mas sabe da minha rotina de exercícios, se mete na conversa. Eu escrevi que não entendia como entrei na academia 16 anos atrás com 49kg e todo esse tempo depois só tinha aumentado de peso. O que ele respondeu? "Podemos mudar isso".

Fiquei um pouco desconfiada, porque, uéééé, se dava pra mudar, dava pra ter me falado isso 3 anos atrás, quando me conheceu? Perguntei o que dava pra fazer e a resposta foi:

SÓ TER VONTADE QUE CONSEGUIMOS QUALQUER COISA.

Ai, mas vai pro raio que o parta?

Vamos analisar alguns erros nessa frase?

Primeiro ele dá a entender que eu não me esforço, que se eu quisesse, estaria magra. E com isso, ele dá a entender que não me exercito (o que ele SABE que não é verdade) ou que eu como demais? E, tudo bem, se eu estivesse falando que QUERO emagrecer e NÃO QUERO fazer dieta, podia até levar esse puxão de orelha. Mas eu tô quieta, sabendo da minha alimentação bonitinha, ninguém pergunta e sai supondo. Quero morrer de catapora.

Outra coisa é o "só ter vontade". É MEMO? Parece esse povo da meritocracia, que diz que todo mundo tem oportunidades iguais. CÊ SABE O QUE EU PASSEI? Sabe da minha vida? Não vem com  querer, meu amor. Não é assim não.

E, pra ficar só nisso, a intromissão, né? Pedi alguma coisa? Pedi opinião? Então guarda pra você, caceta.

*****

Menos de 24 horas depois, uma amiga postou (no facebook também) um texto que resumidamente era:

Toda vez que vejo meu pai, ele diz que engordei mesmo que meu peso não tenha mudado e não tenho mais vontade de encontrar com ele.


Acho que alguns de vocês podem se lembrar de um post em que eu dizia que não visito mais minha família pelo mesmo motivo. Ninguém aguenta essa fiscalização. Pois qual era o conteúdo dos (muitos) comentários dos amigos dessa menina pra ela? 

- conversa com ele;
- explica pra ele;
- é pro seu bem;
- é uma forma de amor;
- ACEITA.

PUTA QUE LOS PARMITO!!!!!!!!!!!!!

Empatia, cadê?

Não tem que explicar, não é amor, não é pro meu bem e eu aceito minha mão na sua cara.

*****

Esse não é exatamente um post sobre feminismo, porém

Sábado passado eu estava num grupo de pessoas e todas as meninas que não eram magras, estavam sentadas abraçadas numa almofada, numa blusa, numa bolsa. Todos os meninos gordos estavam orgulhosamente alisando suas barrigonas.

No fim, eu acho que tudo se resume a isso. Ninguém se importa - de verdade - com a forma física masculina. Eu nunca vi um homem falando "pego ninguém porque sou gordo". Já vi muito homem reclamando que não pega ninguém porque não tem carro ou porque tem um trabalho meio desmerecido pela sociedade, porque não tem trabalho, porque ainda mora com a mãe. Isso eu vejo. Mas homem sofrendo "sou gordo, ninguém me quer"? Jamais.

Outro dia passou um rapaz acima do peso por um grupo em que eu estava e alguém disse que era bonito e eu disse (de verdade e de sacanagem) DEUS ME LIVRE DE GORDO. As pessoas todas ficaram chocadíssimas e tive que ouvir lições de moral. Mas 10 minutos antes, todo mundo falava com pena de uma menina, cujo defeito era estar acima do peso.

Sabe?

Tem uma palavra que eu não falo. Essa palavra é um verbo e se alguém me diz no imperativo, eu simplesmente viro as costas e deixo essa pessoa falando sozinha. Eu não escrevo essa palavra, eu não conjugo esse verbo, eu não me relaciono com isso. Vou escrever aqui as letrinhas separadamente e o primeiro filho de chocadeira que vier escrever isso nos comentários será deletado feat. banido.

r

e
l


a
x

a
r

PUTAMERDA QUE PALAVRA HORRÍVEL.

Claro que eu já fui tentar descobrir o que estava errado com a minha cabeça, porque eu simplesmente não posso com essa palavra do inferno e as pessoas insistem em ficar pronunciando e conjugando E NO IMPERATIVO. Enfia aí esse desejo nos seus cus.

Bom, há boatos de que meu problema com essa palavra venha da época em que eu ouvia isso como adjetivo ligado à minha própria pessoa, enquanto menina do sexo feminino que não tinha muita paciência pra pentear o cabelo, usar saia, sandália, maquiagem, perfume, esmalte e essas coisas que se espera da boa moça. Porque eu gosto de sentar de qualquer jeito (perna aberta), falo palavrão, uso maquiagem 10 vezes no ano e meu cabelo aponta pra onde sentir vontade. Isso porque agora sou adulta e responsável COOOOOF, imagina quando tinha 10 anos e me obrigaram a botar sutiã.

E ai de quem resolve que não quer ser a menininha que a mãe sonhou, né?

Não uso salto nem pra ganhar dinheiro, não estico meu cabelo, não uso base, não vou no salão semanalmente, não pinto cabelo branco, não estou.nem.aí.

Mas, infelizmente, a sociedade não me deixa em paz.





Então eu acho que é por isso que a gente se explica.

Se eu tenho inveja de quem se aceita e se acha bonita sendo do jeito que é? Tenho muita. As pessoas assumem seus corpos, seus cabelos, suas alturas, seus narigões, seus joelhos tortos, suas preguiças e eu acho isso mágico.

Só que eu não evoluí esse tanto ainda na minha vida e não sou capaz.

Que pena.



segunda-feira, 21 de setembro de 2015

vanessa virginiensis

antes

Quando eu me mudei pra casa onde eu moro hoje, a coisa que eu mais detestei foi o banheiro. O espelho é grande demais e não tem como fugir dele, em lugar nenhum. Então imagina a alegria de tirar toda a roupa pra tomar banho e se deparar com a imagem de você mesma, todo dia, sem ter pra onde correr. Ver onde tem banha, onde a banha dobra, onde a pele é feia, onde não tem beleza (tudo)... Uma alegria.

Aí um dia eu resolvi encarar o bendito espelho, porque vou fazer o quê? Vou ficar mais magra e bonita, caso não olhe essa imagem assustadora que eu tenho hoje? Não. Então vamo olhar, né? Porque é o que sobra. 

Nesse mesmo dia, eu tinha postado no feicy uma foto de 10 anos atrás. Uma amiga que chegou bem depois disso comentou "miga, você tinha cachos no cabelo!" e foi aí que eu me dei conta de tudo que mudou nos últimos 10 anos.

*****

Uma vez eu tive que ir num psicólogo e ele me disse que meu problema é ser muito revoltada e assumiu que o ~motivo da revolta~ era justamente por eu ter perdido um rim. Fiquei olhando pra ele com cara de q, mas em casa eu refleti que eu realmente tenho uma revolta interior por não ser saudável. Mas o rim não tem nada a ver com isso, eu sempre fui muito revoltada por ser alérgica. Fora que foi por causa da alergia que eu tive uma metamorfose na minha vida.

E ela foi muito mais profunda do que eu conseguia perceber até semana passada.

*****

A pessoa alérgica é uma pessoa com cortisol no organismo. Se ela não está ingerindo, está produzindo. Se a pessoa é estressada... adivinha. CORTISOL. O que quer dizer que ali pelos 24 anos (10 anos atrás), eu tava que era puro cortisol. 

Além disso, eu não sabia o que era um remédio corticoide, o que ele fazia e os vários nomes sob os quais ele se disfarça. Teve um tempo da minha vida que eu achei que tava imune, só não tomar nada terminado em "sona" - dexametasona, prednisona, mometasona. Aí eu descobri que nomes inocentes como decadron escondem essa desgraça na sua composição. 

Como todo mundo sabe, num dia eu fui dormir com 50kg e no outro acordei com 84.

Esse é o efeito óbvio e cruel da cortisona.

Porque a sociedade médica-caga-regra em que a gente vive não tem dó ao dar o veredito de que você é gorda de relaxo, de preguiça, de encher a cara de doce.

Então tá.

Agora cê reflita aqui comigo que o ~engordamento~ por corticoide é mais um inchaço por retenção de líquido. Aí entra a informação de que eu tenho um rim solitário e, sei lá, de repente o amor no seu coração reaja e você pare de me chamar de gorda, porque eu tenho líquidos que não me pertencem e que não consigo expelir, de modos que NÃO.TEM.DIETA. que me emagreça. A não ser que eu fique sem comer, como fiquei por 14 meses entre 2012 e 2013, fazendo uma dieta de 500 calorias diárias. Aí emagrece sim, perde os músculos, perde a saúde e um pouquinho da inteligência, já que o cérebro precisa de energia pra funcionar adequadamente.

Mas isso todo mundo consegue ver claramente. Quem me conheceu em 84, 94, 04 ou 14: vaneça é gorda.

O que nem todo mundo consegue ver são outros detalhes.

Minha pele mudou.

A textura da minha pele mudou completamente nos últimos 10 anos. Uma das razões pra isso é a dermatite, que faz com que ela fique seca e áspera. Mas acontece uma pereba ocasional, que todo mundo curte apontar e chamar de espinha, mas não é (meu deus do céu, por que as pessoas comentam coisas que a gente pode ver no espelho e não perguntou pra ninguém????). É direto aparecendo uma pereba ou outra e alguém me falando "ih, tua cara tá virada numa erupção estranha". Tem umas que somem como vieram e tem outras que ficam por meses. Tipo uma no meu maxilar, que é causada por, SE PREPAREM, contato com cabelo. Eu vivo de cabelo preso, porque se eu solto e ele fica passando pelo osso do rosto, PÁ, pereba. Hoje mesmo minha mãe veio "AI MEU DEUS TEU OLHO" e eu achando que tava com alergia dentro do globo ocular (acontece e é horrível), mas era só uma dessas pelotas vermelhas que se materializam na minha cara de um minuto pro outro.

O formato do meu corpinho mudou.

Antes eu era uma táuba. Tem um episódio muito marcante da minha vida, aos 14 anos. Fomos todas as meninas pra casa de alguém que tinha piscina. Várias meninas na frente do espelho, comparando seus biquínis. Todas com menos de um metro e meio de altura, tronco pequeno, cinturinha e bundão. Eu, destoando da multidão, com a altura que eu tenho hoje (14 centímetros a mais que elas), magra como um graveto, sem curva nenhuma, a não ser os peitos imensos. Nem uma cinturinha pra contar a história, do ombro ao joelho na mesma largura. Além da maior perna que o cerumano já viu. (Eu não chego a 1,65 de altura e não é raro não encontrar calça que chegue até meu tornozelo).

Quando a banha veio chegando, fui ganhando bumbum, fui ganhando braço, fui ganhando coxa. Nos últimos 5 anos apareceu uma curva de cintura, o que é muito útil quando você está gorda e não usa roupas justas. Mas o mais triste foi mais ou menos um ano atrás que eu adquiri uma banhinha pançal nunca antes vista neste corpo. Eu sempre tive a barriga reta, mais protuberante logo abaixo dos peitos, ali onde tá cheio de costela e mais funda ali perto do botão da calça jeans. Não estou sabendo lidar com essa bola que surgiu pra baixo das costelas. E nem é bem uma bola, que eu tenho aquele músculo de jogador de futebol que faz uma flechinha pra dentro da calça, então a banha segue esse desenho, é lindíssimo e reconfortante. Primeira vez na vida que eu sento e vaza carne tipo topo de muffin, não consigo aceitar. Diz meu médico que isso é um sinal claro de abuso de corticoide (essa banha baixa na barriga) e eu tive que fazer uma deliciosa desintoxicação. Estou começando a melhorar, porém a banha ainda não deu sinais de que vai abandonar este corpo que não lhe pertence.

Todos os cabelos do meu corpo mudaram (que nojo).

Rola uns índio na família e a gente nasceu meio pelada. Parte boa: num tinha pelo na perna e no braço. Parte ruim: não tinha cílio também. Nem cabelo na cabeça.

Sério, eu passei a vida sem me preocupar se tava frio ou calor, era só botar uma saia, uma bermuda e sair saltitando pela vida. Aí nesse momento eu tenho que gastar milhões com depilação a laser, porque não suporto esse pesadelo de decidir a roupa com base na configuração da minha perna. A moça que faz esse serviço sempre ri da minha reclamação, porque ainda é muito menos pelo que o normal, mas eu não sou obrigada. E quando eu reclamo de pelo no braço geralmente levo um soco, porque só eu enxergo. MAS ANTES NÃO TINHA NENHUM.

(midesgupi a imagem mental)

Aí tem o cílio, né? Antes eu nem gastava com rímel, era jogar dinheiro fora. Hoje tenho curvex e 4 maybellines diferentes no estojinho. Meu cílio ainda é muito ralo e fino, precisa de muita ajuda pra aparecer, mas hoje já consigo um certo efeito de beleza na cara, caso faça um esforço. Só na parte de cima do olho, a de baixo eu já me conformei que não vai estar rolando.

E, por fim o cabelo.

Gente, o cabelo.

Antes eu juntava um rabo na cabeça e tinha que dar 48 voltas no elástico. Além de pouco, o cabelo era cacheado e cheio de frizz. Dez anos atrás o cachinho era um tóinóinóin violento, que não tinha secador com chapinha que esticasse. Não que eu quisesse, eu tava diboa com os cachinhos. Inclusive eu era a única habitante de Curitiba com aquele cabelo e incomodava todo mundo que convivia comigo.

Três anos atrás, no fundo do poço, meu cabelo estava L I S O. Cê não tá entendendo. Não é que estivesse assim, acalmado. Tava LISO. Escorrido. Permanecia fino, mas praticamente não tinha frizz e não fazia nem onda. Uma coisa de louco. Aí o que eu fiz? Isso mesmo, uma progressiva atrás da outra, porque nunca era liso suficiente.

meio

Hoje ele meique estabilizou. Tem ondinhas em dias normais, fica liso em dias super secos e não faz mais cachos. Também tenho o triplo de cabelo na cabeça e até hoje não acertei fazer um rabo decente, já que nunca sei quantas voltas dar no elástico, pra não ficar nem caindo, nem Elza Soares involuntária.

Hoje a vida oscila entre amor e ódio pela imagem no espelho, entre tristeza e frustração de horas de academia e uma vida de alimentação saudável não refletirem em uma imagem exterior aceitável socialmente e chati-ada com esse desperdício de genes bons.

Mas o que se há de fazer, né?

Um post pro blog, reclamando, obviamente.

E um conselho: quianças, nunca tomem corticóide. :)

fim

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

pá rabéns PÁPÁ pá rabéns



Que emossaum fazer 23 anos, gente! Especialmente pela décima segunda vez :D
É incrível, gente!

Eu sempre amei aniversário, porque é o dia de mim. É muito legal tem um dia de mim. Uma pena é que aparentemente o universo acha conveniente que mais pessoas nasçam neste dia e nos adjacentes, de modos que eu tenha que dividir o dia de mim com outras pessoas.

NÃO ACEITO.

Veje bem: minha mãe já me deu um ~tapa na cara~ me dando uma irmã na mesma semana do meu aniversário, com quem eu divido os aniversário tudo desde 1985. Não é um problema porque nós somos aquele tipo ridículo de irmãs que vive grudada e divide amigos, então tá ótimo. MAS OS OUTROS, GENTE? Affe, que saco que é dividir aniversário cozotro.

De modos que ali pelo ano de 2010, eu fui obrigada a reformular meu relacionamento com aniversários.

Porque veje bem: não era o dia de mim pra todo mundo e aí eu achei que não gostava mais de aniversário.

Foi um período triste, esse dos últimos 5 anos. Mas agora estamos bem novamente (oremos).

Porque eu sempre soube o que queria pro meu aniversário, sabe? Um bolo azul de borboleta. Um bolo de cogumelo com docinhos de joaninhas. Uma festa surpresa (credo). Uma festa com quinhentas pessoas. A Disney (não aconteceu). Homem pizza (hahahaha). Viagens mil.

Aí eu fiquei adulta (mentira) e comecei a achar que a gente tem que se fazer feliz no dia do próprio aniversário, porque não adianta esperar isso dozotro, né? E comecei a fazer planos para minha próÓÓÒóÒópria alegria.

O ápice desse comprometimento interior foi em 2012, quando consegui juntar algumas merrecas para passar esse belíssimo dia em Londres. O fundo do poço foi no ano passado, que todo mundo esqueceu que tinha combinado de almoçar comigo e eu fiquei sozinha no restaurrã - PARABÉNS.

Este ano eu não sabia o que queria, porque a vida estava me atropelando com violência e não é que eu tenha esquecido o aniversário, mas é que tinha tanta coisa mais importante pra gastar sinapses, que eu simplesmente deixei isso pra lá.

Aí hoje ele chegou e eu estou em dúvida se queria passar o dia na cama vendo desenho, se queria passar o dia fazendo faxina, se queria estar na praia meditando, se queria estar no parque. 

O causo é que hoje é isso aí. Estou me arrumando pra almoçar no restaurante dos meus BFFs, com calor, porque é o primeiro aniversário com sol e calor da minha vida - o que eu ODEIO, mas estou tentando aceitar - já dei banho no cachorro, já comi um brownie e já tomei um antialérgico :P

Vamos ver se antes dos 20+20 eu me conformo que aniversário é só mais um dia.





HAHAHAHAHAHAHAHA JAMAIS.




Todo mundo me dando amor nos comentários AGORA.


terça-feira, 8 de setembro de 2015

burgue de bóbra



Tenho passado meus dias revezando entre estudar, tentar respirar e não obtendo sucesso, sofrer, sentir dor e cozinhar. Como provavelmente nada da minha rotina incrível interessa à população brasileira e não estou me obrigando a escrever, nem sei o que aconteceu de relevante na minha semana (mentira, sei sim, mas não posso estar contando kkk).

Então, por que não dividir com vocês 01 receita?

Vejem bem. Eu não sei cozinhar assim direito, sabe? Então não trabalhamos com medidas exatas. Mesmo quando estou tentando seguir uma receita, certinho, como manda o livro da vovó... Ainda assim sai de qualquer jeito. Atribuo a isso o fato de eu não ser capaz de fazer doces, porque o equilíbrio delicado da receita com açúcar não pode ser desbalanceado pela arte do NINGUÉM MANDA EM MIM, nem a receita.

Bom, dito isso, o burgue de bóbra segue a linha "maizomenos esse tanto" de ingredientes.

Pra começar, cada vez que eu vou comprar abóbora, eu pego uma ~no olho~. Às vezes eu compro já em cubinhos (hahaha, os revolucionário de feice chora), às vezes eu compro uma rodelona ainda com casca, tudo depende da disponibilidade no mercado. Miga, se der pra comprar descascado, compra. Ninguém merece soltar abóbora da casca.

Abóbora, no caso a moranga ou cabotiá. Pra ser bem sincera, eu curto mais a textura do burgue de cabotiá, mas eu vou na que estiver mais fácil.

Aí eu refogo a abóbora num monte de cebola, com muitos temperinhos, porque tem que ser suficiente pra temperar a mistura toda. Quanta abóbora? Uns 500g, maizomenos. Em quanta cebola te fizer feliz, eu geralmente uso uma grande, no mínimo. Sal, sazón, pimenta e só.

Quando estiver macia, eu pego aquele mixer, sabe? E bato a abóbora na panela mesmo, pra virar purê. 

Nesse purê, eu coloco aveia. Da última vez, coloquei quase todo o pacote, vamos dizer que um pouco mais que a metade. Meia xícara de gergelim, um ovo e aí vem um ~segredinho~, que não é necessário, mas dá um tchans: sabe aquela mistura pavorosa pra purê de batata, que vem pronta? Que faz um purê terrível? Pois ela é ótima pra fazer massas. Então eu vou jogando aquilo na massa até ela ficar bem firminha. Aí deixa descansar um pouco, porque a abóbora solta uma aguinha. Aí é só completar com farinha comum ou a farinha da sua preferência e TCHARAMMMM.

Eu curto 01 podrão intenso, então eu uso aquela farinha especial de empanar. Pra empanar, não pra dar a liga, claro.

AND, eu tenho forma de fazer burgue, o que facilita tudo. Mas dá pra fazer uma bolinha e cortar com um pote redondo do diâmetro da sua preferência. Coloco a farinha de empanar no prato e por cima da "bola" de massa, aperto o hambúrguer e é só.

Pego a frigideira mais plana que tiver, coloco óleo só pra cobrir o fundo e frito em fogo baixo, que é pra deixar firme até o meinho. Deixo ele quieto lá até dourar e só aí eu viro. Se ficar virando, o negócio desmancha, né, mores. Quando dourar os dois ladinhos, só tirar da frigideira. Da última vez, isso rendeu uns 12 hambúrgueres. Ousseje: 3 horas esquentando a barriga na frente do fogão.

De vez em quando eu congelo, mas eu nunca descongelei AHHAHAHAA. Eu sempre faço uma receita nova, pois meio burralda. 

Aí é só pegar o pão de burg, tacar uma maionese e completar com o que quiser.

Desta vez eu fiz um molho de tomate caseiro. Usei 4 tomates comuns (porque não tinha do italiano), refoguei em uma cebola grande, só com sal e aquela pitadinha esperta de açúcar pra tirar a acidez. Deixei refogar até não poder mais e amassei com amassador de purê, pra manter os pedacinhos, mas ficar meio pastoso. 

Daria pra ser cogumelo paris fresco refogado com shoyu ou cebola caramelizada (uma certa obsessão por cebola). Tudo fica bom.

Esse aí tem o pão, maionese, molho de tomate, alface americana, o burgue, muçarela (porque não tinha prato nem minas) e muitas pimentas, azeite e salzinho pra temperar a alface. Cobre com o outro pãozinho e TÁ PRONTO O BURGUE.

Sendo apenas vegetariano, dá pra tacar um zóião maravilhoso. Sendo vegano, tira a maionese e tira o queijo e substitui pelas várias opções disponíveis.

E é isso. Esse burgue é só amor. Eu chego a gostar mais que daquele de grão de bico. E ele fica saboroso porque vai pouca farinha e muitas aveias.

Eu recomendo.

NHAM.




terça-feira, 1 de setembro de 2015

it ain't over 'till it's over

Umidade do ar em 37%, eu e minha irmã na sala, cada uma abraçada na sua caixa de lenço. Eu com crise alérgica cavalar, ela com princípio de broncopneumonia, as duas abraçadas no umidificador pra manter a vida. Minha mãe começa a reclamar do quintal.

-... e tá uma bagunça! Preciso arrumar, preciso cortar a grama. Só não dá pra ser agora por razões óbvias.

Faço a filha sofrida e digo o tradicional midesgupi. Ela continua, como se não me ouvisse.

-... porque agora que os passarinhos fizeram ninho ali, dá dó de fazer esse barulho, né?

OUSSEJE.

Matar a filha alérgica tá de boa, mas ai de quem perturbar a paz do passarinho no ninho.


hashtag seca de setembro