segunda-feira, 25 de março de 2013

ciência exata

make a wish, motherfucker

Eu não sei como tudo começou. Alguém provavelmente tirou o microondas (suck it up, bitches) da tomada pra colocar qualquer outra coisa mais útil no lugar e foi assim que ele ficou uns 3 meses com a tela mostrando apenas dois pontos em vez de mostrar as horas.

01 sonho: uma casa com tomadas suficientes em todos os cômodos, de modos que não haja necessidade de rodízio ou de plugs ou Ts para tomadas. Se tem uma coisa que me dá aflição nessa vida é mais de um negócio movido à energia elétrica em uma tomada só.

E se tem uma coisa inútil, que ocupa espaço e tomada, essa coisa é microondas. Serve pra nada. Esquenta as coisas em modo lava na beirada e modo geleira da Sibéria no meio, deixa tudo borrachudo, queimado, horroroso e nem a água esquentada lá serve pra nada, já que está fervendo-vou-te-derreter em um segundo e fria como antes do processo no outro. Houve um tempo na minha vida em que o acendedor automático do forno queimou e eu tinha que cozinhar no microondas e até bolo eu fazia. Fico muito feliz que esse tempo triste tenha terminado.

O caso é que depois de uns três meses de “putz, ninguém arrumou o relógio do microondas ainda, preciso lembrar de fazer isso", eu fui lá e arrumei. Fora o fato de alguém tira-lo da tomada, qual é a outra coisa que faz o relógio sumir? Poizé, cheguei em casa no mesmo dia e FUÉÉÉÉÉN, sem energia elétrica.

Obviamente, o pensamento bonito que me ocorreu quando a energia voltou foi “má que beleza, eu mal tinha acabado de arrumar essa %$¨@$#".

Ok, vinte e oito anos se passaram. Num dia em que eu me atrasei como nunca, fui lá e arrumei o bendito do relógio de novo, pensando “se essa porcaria estivesse ligada, eu teria me apressado”. Quiqui aconteceu no dia seguinte, meus amiguinhos? A.energia.acabou.

E assim foi. Eu acertava o relógio, a energia acabava em menos de 72 horas, o negócio ficava trabalhado nos dois pontinhos uma eternidade, eu arrumava, a energia acabava e eu muito me divertia pensando “má que força cósmica rege esse eletrodoméstico do mal?”.

Aí nos mudamos de casa e ninguém usa mesmo essa porcaria pra alguma coisa mais útil que esquentar água, com o plus a mais de a gente ter agora um forno digno de programa de culinária, de maneiras que o microondas ficou rodando como Berenice pela cozinha até achar um lugar pra chamar de seu. Nessas mudanças, eu me lembro de ter acertado o relógio duas vezes. Obviamente a energia acabou nas duas vezes. A última vez, inclusive, com todo mundo em casa. A gente tá tão escolado nesse negózdi acabar a luz e queimar tudo que tem pela casa quando volta, que sai um desligando disjuntores, outro pegando lanternas, outro acendendo velas e em menos de um minuto a casa tá toda preparada pra sobreviver à catástrofe da falta de energia, todo mundo reunido na sala, todos os animaizinhos contados e localizados. Fomos altamente treinados – e postos à prova – pra essa situação.

Essa última queda de energia aconteceu há mais ou menos uns dois meses. E, desde então, o reloginho do microondas estava adormecido.

Como também acontece na minha casa o incrível caso dos relógios de ponteiros que sofrem de morte súbita, nenhum dos TRÊS relógios da cozinha estava funcionando. Eu estava perdendo a hora no café da manhã (me deixa) e quarta-feira resolvi fazer o que? O que? O QUE? Acertar o relógio do microondas. Ao fazer isso, eu só conseguia pensar “ai, caramelos, vai acabar essa energia na hora mais errada da semana, tenho certeza”.

Quinta-feira, estou eu na santa paz do meu trabalho, meu telefone toca e é minha mãe CHORANDO.

- deu um problema no meu débito automático em dezembro, eu não vi e a companhia de energia elétrica desligou nossa energia por 24 horas.

AHHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHHA

Tá, na hora eu não ri, até porque o desespero de babãe era inconsolável. A pobrezinha trabalha demais e, estando esse inferno dessa conta em débito automático, quem é que LÊ de fato a conta, né? E aparentemente é lá que vem o aviso de que alguma coisa está errada, ninguém viu e FOM. Fizemos 24 horas do planeta uns dias antes, porque somos vanguarda.

Não vou nem mencionar o incrível caso da menina que dirigiu por 25 quadras pra tomar banho num dia e pentear os cabelos no outro, porque sem energia elétrica nenhuma das duas coisas seria possível.

*****

No dia seguinte, com tudo de volta ao normal, eu estava andando pela cozinha arrumando a mesa pra comer, enquanto minha irmã estava sentada encarando o microondas. Olhei pra ele e pensei “nunca mais acerto o relógio dessa merda”. Mal acabei de pensar, ela diz de maneira muito fofa “quem foi o IMBECIL que arrumou esse relógio? Não deu pra perceber que é arrumar isso aí e a energia acaba?”. HAHAHAHHAHA. Achei que eu era a única doente da família. Aparentemente todo mundo reparou a pequena relação de causa e efeito. E agora tem uma lei nova lá em casa: nada de arrumar esse bendito relógio. NUNCA MAIS.

segunda-feira, 18 de março de 2013

vaneça féxon uíq




Eu comecei o blog jeans e all star por causa da minha total incapacidade de usar qualquer sapato que não seja tênis e vestir qualquer coisa que não seja calça jeans. É claro (é?) que eu não sou mongolóids e tenho fários tipo de sapato e vestimenta, mas eu prefiro usar tênis e jeans.

Então, quando minha amiga falou que ia se casar e que todo mundo no casamento deveria usar all star [#ad só que não], eu fiquei FELICÍSSIMA de pensar que, apesar de vestido, eu não precisaria usar salto.

Acontece que casamento é um troço cuja finalidade não tem nada a ver com juntar duas pessoas ou fazer desse o dia mais feliz (cooooof) da vida delas. Casamento é a última oportunidade que pais têm de impor suas vontades aos filhos e FOM, todo mundo (na verdade, todAS meninAS) teve que usar sapato de gente adulta e só os meninos usaram all star.

De modos que minha empolgação com o blog morreu miseravelmente, porque o objetivo todo era fazer um PÁÁÁÁÁ na cara da sociedade, dizendo que o negócio é tão maravilhoso que dava pra usar no casamento. Em algum lugar do meu finado HD deve estar a única foto das meninas usando seus tênis com seus lindos vestidos, 8 horas depois do fim do casamento, quando ninguém nem dava bola mais.

Mas a revoltinha passou e eu me dei conta que gosto de falar sobre moda, porque eu sou corajosa merrrrmo, não porque eu entenda alguma coisa. Não quero dar dicas de como dar bossa ao look, não quero ensinar anãs obesas (tipo eu) a se vestirem, não quero comprar a mesma freaking blusa que todo mundo comprou no ebay (apesar de eu ter comprado a bolsa de coruja CORUJAAAAAA, não é raposa e trocentas miu bijuterias), não quero nunca enquanto eu viver escrever "calça comprida", porque se ninguém nesse mundo diz que está vestindo calça curta, qual será a necessidade de dizer que a calça é comprida?

Eu só quero falar de moda como eu percebo, das coisas que me deixam feliz e deixam os outros espantados (tipo querer adquirir um creeper e tal), mas acho que aqui não tem o público pra isso. E o público pra isso não quereria ler textos de 8 páginas do word sobre minha inadequação social. Por isso vos digo que estou tentando voltar com o blog, mas não prometo nada.

Até porque eu já disse que só gosto de comprar em lojas de departamento – incrusível eu enlouqueci na Europa, porque era muito mais barato e gigante e variado do que aqui – que a gente não precisa se comunicar com vendedores.

Tipo agora, por exemplo, que a Renner tá trabalhada do hipsterismo (oiq) e acabando com a minha mesada. A Marisa tá trabalhada no militarismo e grazadeus eu posso economizar meus dinheirinhos aí. A C&A tá trabalhada nas coleções assinadas, em que as proporções são UMA coisa maravilhosa pra 28 coisas medonhas com etiqueta fresca. A última coleçã, essa da 284, eu gostei apenas de uma camiseta, que esgotou antes que eu conseguisse ir à ÚNICA loja participante de curitola e uma saia superfaturada que tinha uma versão por NOVE, eu repito, NOVE DINHEIROS BRASILEIROS de uma coleção qualquer da mesma loja. Adivinha qual eu comprei, né?

E agora eu descobri que eu amo comércio online e aí, meuzamigo, ferrô. Não preciso nem mais sair de casa. É colar, é sapato, é camiseta, é casaco, é esmalte, é óculos... tudo na porta da minha caixa postal, por um brecinho camarada e num prazo razoável. Até casaco da China eu já adquiri.

Então é isso, amiguinhos. Vou tentar de novo. Pra quem se interessar, é só dar uma passadinha lá de vez em quando. Vamo ver quanto tempo eu levo pra enjoar desta vez :P
Ainda não tem post novo, mas vou tentar ainda pra esta semana. Prometo.

Beijos e jamais usem a palavra “fluo”, ok? Digam fluorescente que dá uma bossa menos retardada à frase.



terça-feira, 12 de março de 2013

hipocondressa

band-aid da rélou quit pode
ou
machuco mais o pé do que o coração kkk

Eu não sei como tudo começou, mas deve ter sido com uma daquelas caixas de toddynho nas ruas do condomínio. O primeiro retardado que encheu aquilo de ar, pisou em cima e estourou, acabou com a minha vida. Não posso ouvir um negócio estourando que já quero ter meu próprio dia de fúria, quebrar coisas, bater em pessoas, sair gritando com os braços pra cima.

Hoje em dia, é um desafio me alimentar em praças de shopping. É aparecer no meu campo de visão um indivíduo enchendo o saquinho em que vem o talher, pra eu hiperventilar, taquicardiar, perder a fome e querer morrer (e matar à garfadas) instantaneamente.

Ontem, por exemplo, eu estava almoçando num lugar tão tão distante, tentando minimizar o risco de stress durante o almoço. Depois de um ano de dieta, QUALQUER COISA perturba minha paz na hora de comer e piora muito a situação – que já está insustentável de tão difícil – e eu não posso me dar ao luxo de sofrer mais ainda nesse momento.

Então eu estava lá no lugar lotadíssimo, quando uma senhora muito educada me perguntou se eu me incomodava em dividir a mesa. Super não me incomodo, fique à vontade. A mesa tinha apenas dois lugares, de modos que ela teve que sentar na minha frente.

Eu.não.sei.de.onde.saiu.aquele.saquinho., porque no meu talher é que não estava. O caso foi que a mulher encontrou um desses e começou a encher e girar a ponta, como quem faz um balão, sabe? E eu comecei a tremer e suar frio, imanando que ela estouraria aquilo com ou sem intenção e eu viraria meu prato inteiro na cara dela sem ter nem tempo de avaliar a imbecilidade da situação. Pedi licença, larguei mais da metade da comida no prato e fui embora. Eu vi que ela percebeu que eu estava incomodada, mas coitadinha, nem tinha como saber o motivo. Minha mãe disse que eu deveria ter avisado, mas como é que a gente explica pra pessoa normal que vai ter um troço e morrer ali mesmo só porque ela está enchendo um saquinho de ar?

*****

Rewind.

Minha família sempre foi daquelas que tem casa na praia e se enfia lá todo fim de semana (credo). Babãe sempre conta a incrível história da criança que chorava naquela altura que aparece a vizinhança, o continente, o planeta, o sistema solar e o som continua propagando se alguém tentasse encostar a criança em questã na areia. Obviamente essa criança era eu. Como eu sou muito inteligente e meu cérebro é maior que o de vocês (HAHAHAHAHAH), eu tenho lembranças da minha própria pessoa com 3 anos na praia, usando um tamanco vermelho (sempre fui um espírito livre), que eu não tirava nem por um decreto e tinha um ataque de pânico se as areias invadissem meu espaço particular.

Não mudou meu sentimento em relação a isso nos últimos 30 anos.

*****

Sabe aquela aflição que 98% da população tem, quando alguém raspa as unhas numa lousa? Pois é, eu posso fazer isso o dia inteiro. Mas tem 3 outras coisas em que eu não posso encostar nem ver ninguém encostando, que não só eu tenho aflição e arrepio, mas eu tenho dor aguda e vontade de vomitar. Cêis acha mesmo que eu vou dizer que coisas são essas? Pois eu não vou. Tem ainda uma quarta coisa que eu tenho um relacionamento muito bonito, desde que as unhas de ninguém cheguem perto. E nego não consegue resistir a tacar as unhas nessa coisa que também não vou dizer qual é. Só vou dizer que eu tenho uma gata e eu tenho uma casa cheia dessas coisas que eu não posso encostar nem ver ninguém encostando e um dia minha gata SAMBOU numa dessas coisas e eu não sei como estou viva pra contar a história. Eu não conseguia tirar ela de lá, nem abrir os olhos, nem destampar os ouvidos nem parar de gritar LÁLÁLÁLÁLÁLÁLÁLÁ até que alguém foi me salvar, segurou nos meus cotovelos e gritou mais alto que eu “ela já saiuuuuuuuuuuuuuuuu”. Só dels sabe o que eu passo.

Além das texturas do mundo exterior, eu sempre tive problemas com comidas. Nunca vou esquecer as horas que o almoço durava, porque eu não.conseguia.mastigar carne ou feijão e tinha a sensação de que vomitaria a qualquer momento na próxima mordida. Grazadeus um dia a gente cresce e nunca mais precisa entrar em contato com essas coisas pavorosas.

*****

Eu não gosto que me encoste e eu acho que já falei isso neste blog e nesta vida mais vezes do que é considerado saudável. Eu pensei em fazer uma camiseta com esses dizeres, porque aquela que minha mãe me deu aos 8 anos não serve mais. Sim, eu usei até rasgar uma camiseta que dizia “look, but don’t touch”, o que era sensacional, porque todo mundo sempre me perguntava o que tava escrito e eu podia dizer que era sério.



Eu não gosto que NINGUÉM me encoste. Minha família é muito maneira e às vezes me faz emboscadas de montinhos e abraços e beijocas e eu quero morrer só um pouquinho, mas como é família, a gente agüenta. Outro dia meu pai estava sentado do meu lado e colocou a mão no meu ombro e eu tive que fazer um esforço hercúleo (vixe) pra manter o foco na conversa que estava acontecendo e não na mãozinha amorosa no ombro. E aí eu queria chorar porque era só meu pai sendo fofinho como ele sempre é e eu estava ali passando mal e pensando que talvez tivesse que tomar um calmante pro meu coração desacelerar e isso não pode estar certo. Meu cérebro entra em guerra dentro dele mesmo e aí eu acho que vou ter uma síncope e morrer a qualquer momento.

*****

Eu entro em pânico quando um alarme dispara e eu sei que não será desligado tão cedo, eu visualizo a minha própria pessoa destruindo um carro só pro alarme parar de tocar. Eu tenho um sonho de seduzir um engenheiro ou qualquer profissional capaz de inventar um troço que faça um alarme parar de disparar depois de 10 minutos. Se o imbecil não ouviu em DEZ FUCKING MINUTOS, já deu tempo de levar tudo do carro, da casa, do fiofó. Então deixa a sociedade viver em paz.

Mas a coisa começou a atingir níveis impossíveis de lidar quando eu passei a ter dificuldade de ficar perto de pessoas que respiram alto (por que vocês têm que fazer barulho pra respirar? CUSTA puxar o ar em silêncio? A não ser que você seja o Darth Vader, eu não vou estar aceitando.), pessoas que arrastam os freaking pezinhos pra andar, pessoas que fazem barulho pra comer, ainda que não seja ruffles, que tossem de forma ritmada e em espaços regulares de tempo (juro). IM.POS.SÍ.VEL.

Aí me perguntaram se eu não tinha misofonia e me mandaram o belíssimo link:

People who have misophonia are most commonly annoyed, or even enraged, by such ordinary sounds as other people eating, breathing, sniffing, talking, sneezing, yawning, walking, chewing gum, snoring or coughing; certain consonants; or repetitive sounds. Intense anxiety and avoidant behavior may develop, which can lead to decreased socialization. Some people may feel the compulsion to mimic what they hear.

MEODEOS, eu pensei. É isso. Enraged. Visualizar a minha própria pessoa pegando um teclado, um grampeador, uma bigorna e amassando a fuça do indivíduo que não.consegue.evitar.barulhos. E, como se isso não bastasse, tem aquela galera LINDA que agrega barulhos completamente desnecessários à sua vida. Um dia eu ainda vou martelar um carro inteiro com alarme disparado. Um dia ainda vou arrancar o fio que liga na tomada coisas que fazem barulho just because, um dia ainda espanco um usuário de inalador. VAI VENDO.

Meu sonho é apenas que misofonia seja uma condição válida no tribunal.

Mas aí eu achei que não era só isso, que era um nível maior de inaptidão social, uma coisa que meio que tá me impedindo de conviver com seres humanos que não estejam diretamente envolvidos no processo de me fazer ganhar dinheiro. E esses apenas porque eu não tenho alternativa, adoraria sumir com todo mundo e trabalhar num aquário isolada. Em.si.lên.ci.o.

Foi quando alguém - cujo nome não quero comprometer - enviou um teste de autismo para seus BFFs. Você sabe que está no grupo de amigos certo quando alguém envia um teste de autismo comentado e todo mundo vai fazer também e discutir a respeito. É muito amor.

Depois de todo mundo descobrir que nem era autista, era só bocó mesmo, meu teste deu 98% de chance de eu possuir uma coisa bonita chamada Transtorno de Processamento Sensorial. O que acomete esses indivíduos?

♥ É excessivamente seletivo com a comida (prefere uma textura específica ou sabores básicos)

♥ Cobre as orelhas quando há barulho (odeia aspirador, liquidificador, secador de cabelo)

♥ Não gosta de ser tocado

♥ Odeia etiquetas e costuras das roupas

♥ Não gosta de colocar sapatos (ou prefere somente um tipo de sapato)

♥ Evita atividades que sujam

♥ Odeia roupa molhada/suja

♥ Não gosta de ter as pessoas próximas demais

♥ Reclama de cheiros

♥ Reclama que a luz normal é brilhante demais

♥ Super sensível a dor (tudo machuca)

♥ Evita/recusa adesivos, band-aids, etc

Coloquei um coraçãozinho na frente, porque me senti amada pela pessoa que descobriu isso, porque eu sofro desde a minha primeira memória enquanto cerumano com todas essas coisas. Além de tudo que eu já contei, vou falar de um por um (hahahaha joke’s on you, que tá lendo ainda):

♥ É excessivamente seletivo com a comida (prefere uma textura específica ou sabores básicos)

Já sabemos que é só me manter longe de feijão, carne (sim, sociedade, eu parei de comer carne porque tem uma textura nojenta, and I’m not even sorry), coco, polenta, pinhão e afins. Se eu disser não pra qualquer coisa que você me ofereça pra comer, aceite o não e continue sua vida. Eu não quero ter que dizer que aquilo é nojento e você não vai entender.

♥ Cobre as orelhas quando há barulho (odeia aspirador, liquidificador, secador de cabelo)

Alguém podia fazer um estudo de caso sobre meus vizinhos porque, putaqueopariu, a Rapunzel deve morar do lado da minha casa. A quantidade de horas que nego passa secando o cabelo é a culpa de um possível apagão em Curitiba. Tem também o fofo torcedor de time porcaria que acha que todo mundo é obrigado a ouvir a transmissão de rádio com ele (eu ainda vou tacar meu próprio carro no poste só pra acabar com a luz do bairro no domingo à tarde e ele não poder emitir sons que vão além do muro da casa dele). Mas tem também a fia-vitamina. Não é possível alguém usar tanto assim o liquidificador. 01 sonho: motores sem som. Alguém inventa? Por favor? Urgente?

Fora isso, toda vez que alguém começa a falar bobagem, eu taco meu fone nos meuzovido e destruo um pouco mais da minha já prejudicada audição. Não posso com gente falando abobrinha, com gente ouvindo música, assistindo vídeos, não usando fone. Nem na minha própria casa. POR UM MUNDO ONDE TODO MUNDO USE FONES.

♥ Não gosta de ser tocado

Vamo reforçar a ideia: não.me.encoste. Eu e você sabemos que não é absolutamente necessário suas mãozinhas em mim, vamos evitar. Mãe, se você ler isso, você pode. Você e o Joca (meu cachorro). E a Mimi (minha gata). E cabô a lista.

♥ Odeia etiquetas e costuras das roupas

HAHAHAHAHAHAHAHHAHAHA alguém gosta? Sejem francos? Tem ainda um plus a mais nesse quesito: eu tenho uma cicatriz do meu rim perdido que corta todo meu flanco EXATAMÃ na área onde as etiquetas das camisetas costumam ser costuradas. E os fidumaporca costuram na costura principal, de modos que ou você abre um rombo na blusa, ou corta de modos que sobre aquela pontinha assassina, raspando na cicatriz. AHHHHHHHHRG. Brigada, mundo, pelas calças de cintura alta, que protegem minha pele suave desses pedaços minúsculos de tortura.

♥ Não gosta de colocar sapatos (ou prefere somente um tipo de sapato)

Tem um momento épico na minha vida, ocorrido lá por 1987 (jovem), em que eu passava férias na casa dos meus avós, como sempre, mas eles moravam num buraco em forma de cidade, onde não venta, não chove, não refresca e onde minha mãe me fez morar anos depois como punição por eu ser bocó. Aí um dia meu vôvis queria me levar pra passear, mas queria que eu fosse de sandália. EU NÃO USO SANDÁLIA, COMPREENDE? Não usava em 1987 também. Eu não possuo nenhum exemplar desse tipo de calçado. Mas minha vóvis comprou um e me fez usar, porque estava calor demais pra tênis e meia. Quiqui eu fiz? Coloquei uma meia junto com a sandália. Alguém foi lá e arrancou e me arrastou pro carro. Eu preguei meus braços e pernas no vão da porta e meu vôvis me empurrava pelas costas e eu gritava NÃÃÃÃÃÃÃO, EU NÃO ENTRO NESSE CARRO SEM MINHA MEIAAAAAAAAAA e foi uma das únicas duas vezes em que eu apanhei do meu vô na minha vida, fui socada no carro e tive o pior passeio de todos os tempos.

Me obrigaram a usar sandália só mais uma vez, numa festa de criança, que eu passei inteira no sofá. Eu não andei. Porque é impossível andar com uma porcaria dessa no pé. Depois disso todo mundo entendeu que ou é possível usar com meia, ou eu não vou usar. Eu tenho meia pra sapatilha, pra alpargata, pra scarpin. Eu não.uso.sapato.sem.meia. Eu vivo de tênis e sou feliz assim. Eu sonho com o dia em que serei rica o suficiente pra não precisar repetir meia e todo dia ter uma meia novinha. Eu só uso meia de algodão. É o pé de vocês? Foi o que eu pensei.

♥ Evita atividades que sujam / Odeia roupa molhada/suja

Gente, me digão se eu for doida, mas alguém PROCURA atividades que sujam? Eu acho que só se a pessoa for desequilibrada e veja que eu tenho uma grande envergadura pra falar de desequilíbrio. A mesma coisa a roupa molhada ou suja. Vou contarlhos um segredo: eu carrego roupas extra pra onde quer que eu vá. Se eu achar que já passei horas demais com uma camiseta, ela vai ser trocada sem cerimônia. Pelamordedeus, vocês são tudo porquinho demais. Aí parece que a doida sou eu.

♥ Não gosta de ter as pessoas próximas demais

Isso meique vai no tópico do toque, né? Eu compreendo que proximidade não vem a ser toque necessariamente, mas é um passo antes de. Nunca vou me esquecer do dia em que meu indivíduo favorito no universo foi reclamar com um desavisado que entrou na bolha particular dele (com essas palavras) e fez todos os presentes abrirem os dois bracinhos e girarem no próprio eixo. “Essa é sua bolha, seu espaço. Qualquer um que entrar aí sem sua autorização, pode ser enxotado.” HAHAHHAHAAHAHA. Muito amor pra todo o sempre. Nunca mais parei de repetir SAI DA MINHA BOLHA. Obviamente abrindo os bracinhos e girando no meu eixo.



♥ Reclama de cheiros

Não é minha culpa se vocês não tomam banho, não trocam de roupa e precisam se entupir de perfume doce ou desodorante spray, né? Mas ainda é melhor que aqueles de vocês que não têm higiene NENHUMA e acham que podem apenas tirar o pé do sapatinho e deixar os amiguinhos sofrerem com isso. JESUS TÁ VENDO. Só peço que não me abracem e não deixem seus cheirinhos no meu cabelo, não tirem seus sapatinhos perto de mim e enfiem o desodorante spray nos fiofós das suas mãezinhas, NUNCA no vestiário sem janela. :)

Também não tenho culpa se suas comidas são esquisitas, se o seu pão de queijo cheira pior que o rio pinheiros. Não tenho culpa se eu só consigo usar um tipo de shampoo, um tipo de sabão, um tipo de amaciante, um tipo sabonete e ligo chorando pra Unilever ou pro Boticário quando um deles sai de linha :~~~~~~~~

♥ Reclama que a luz normal é brilhante demais

E não é? Quem inventou o sol? ERA NECESSÁRIO? Essa porcaria tem mesmo que brilhar através da minha janela todo santo dia? E luz interior quando o sol já tá queimando as nossas retinas? Nego vai e acende quatrocentas lâmpadas fluorescentes, pra rasgar meu zóio de fora pra dentro. Cêis são cego? Suas pupilas não têm elasticidade? Porque eu acho muito impressionante quem tá diboua sob o sol e lâmpadas e nuvens brancas e cortinas abertas e ausência de óculos escuros (que não são apenas pro sol, são pra quando tá claro, que é sempre que é DE DIA.). Você só vai me ver sem óculos quando eu estiver tentando me torturar. De luz acesa em casos de extrema necessidade, inclusive à noite. Ando diboa pela casa toda com todas as luzes apagadas. Tenho problema nenhum com escuridão. A única coisa que precisa ser feita de luz acesa é assistir televisão. Aquela piscação colorida infernal toda. Aíííííí os bocó tudo quer apagar.

Sério, não sei como seus cérebros funcionam.

♥ Super sensível a dor (tudo machuca)

Meu apelidinho carinhoso na família quando eu era criança vinha a ser “pozinho”. Porque tudo machucava, tudo doía, tudo marcava, tudo eu chorava e reclamava. PODE TODO MUNDO PEDIR DESCULPA AGORA, TÔ ESPERANDO.

Nunca na minha vida eu brinquei com pedaços de madeira, porque a ideia de uma farpa sob as minhas carne era inadmissível. Eu não uso aquelas facas gigantes e adequadas pra culinária porque eu sei que vou aparecer na emergência com um dedo no gelo caso eu ceda. Eu só posso usar detergente especial, porque o comum destrói as minhas mãos. Eu odeio que penteiem meu cabelo, porque dói e eu só sinto vontade de chorar. Eu sinto dor 100% do tempo na minha vida, mas eu tô quieta e não tô reclamando, então você também não deveria me perguntar qual a razão da cara retorcida. Nem me encostar. Nem mexer no meu cabelo. E nunca, em nenhuma hipótese, nem que uma arma esteja apontada para a sua cabeça, me fazer cócegas. Eu vou te bater, quebrar seu dente, 3 dos seus dedos, uma costela, chamar sua mãe de gorda, derrubar você no chão e pular em cima, pisar no seu joelho, arrancar seu olho, chutar seu nariz e você vai pensar que teria doído muito menos levar um tiro. Eu odeio cócegas. Cócegas doem. Não é engraçado, é retardado.

♥ Evita/recusa adesivos, band-aids, etc

Hahahahha outro dia eu tive um breakdown na farmácia, porque meu pé estava machucado do sapato (CÊ JURA. Quantos tópicos acima isso engloba?) e eu queria um esparadrapo RÁPIDO. A fia muito lentamente me dava microporo from hell e eu dizendo que nããããão, era esparadrapo, do largo, e a fia me dando band-aid e eu tendo um troço e ela me dando esparadrapo estreito e QUAL É SEU PROBLEMA, MINHA FILHA? O esparadrapo largo é o único que cola e fica colado, porque se esse troço começar a descolar, eu vou implodir em ódio. E é o único que descola e não deixa vestígios na pele, não deixa uma marca vermelha por onde passou e é espesso o suficiente pra evitar que o sapato rale por cima de onde já machucou. Apenas me dê o que eu tô pedindo e não enche o saco. Só isso que eu peço.

Tem também o icônico episódio do reveilão no Guarujá, que quase deu morte por causa de machucados feitos com areia, bombeiros cheirando mal e me carregando no colo, sapatos mal diagramados e roupas molhadas. Mas essa história eu já contei e dá aflição demais, por marcar mais ou menos um milhão de pontos na escala mongolice sensorial então apenas vos digo: não sou eu, é meu cérebro que nasceu quebrado.

Não que eu queira exatamente perder minha tão adorável personalidade, mas se alguém souber quem trata esse tipo de maluquice e puder me indicar uma pessoa assim simpática e paciente, eu irei estar aceitando (HAHHAHAHAHAHAHA, essa foi pros fortes).

Beijos. De longe. 

segunda-feira, 4 de março de 2013

I'm lonely in London, London is lovely so


Quando minha mãe comprou essas partituras de música popular, diferente das pilhas e pilhas de músicas eruditas que sempre habitaram minha casa, essa foi a que mais me chamou a atenção. Não sei se foi a cor da capa, a foto, a letra "looking for flying saucers in the sky" e a ideia de que as pessoas tinham contato com discos voadores na Europa, o relógio. Também não foi uma coisa tipo "um dia eu vou pra esse lugar. Só sei que quando eu botei o pé no London City Airport, eu só conseguia pensar nessa canção. Com o Paulo Ricardo, obviamente, que melhorou o batuque sem noção do Caetano. Suck it up, sociedade.


Paulo Ricardo, Caetano Veloso, minha mãe: todos se mata com essa versão

*****

O caso foi que eu me preparei pra passear por Londres sozinha. Como moradoira de cidade turística, sei que não é só porque alguém veio te visitar que você adquire instantaneamente vontade de ir pela quadragésima oitava vez no Jardim Botânico. E meu amigo ainda estava começando um trabalho novo, de modos que eu pensei: não vou encher o saco. Pra minha sorte, eu tenho os melhores amigos do mundo. Como eu já disse, mal cheguei e Winspirro me levou pro tour da madrugada, coisa mais linda que eu já vi. Me prometeu o pacote turista pro dia seguinte, me ensinou como chegar no metrô, que linhas pegar, como trocar, como lembrar de Southbound, Northbound, Westbound, Eastbound, bem maneiro pra quem não sabe nem pra onde o nariz aponta.

Então acordei CEDO, pra ficar tranquila com o fator ~vou me perder, não há escapatória~, acreditei no meu cérebro e fui.

Quatro quadras pra chegar na estação, 3 viradas de esquina. E eu acertei todas, UHU. Acertei o lado pra onde deveria ir também, ó que magia. O trem chegou e eu sentei do lado de uma velhinha muito inglesa mesmo que, por alguma razão, resolveu falar comigo.

- você é turista?
- aham!
- você entende o que falam no auto-falante?
- entendo.
- pois a mensagem é mentira. Não existe a linha preta Northern Line. 

ADIVINHA ONDE EU IA FAZER CONEXÃO.

Achei que a véinha tava doida, né? Tinha falado na noite anterior com o Guilherme, comé que não ia ter a linha. Fiquei lá falando com a velhinha e pensando na peninha da confusão dela e mimimi, chegou minha estação, desci e KD LINHA PRETA?

Num tinha.

Aí fui orando pra Jesus pra entender o sotaque do trabalhador do local e perguntei como raios eu ia chegar em Embankment. Felizmente Harry Potter e Doctor me ajudaram o suficiente e eu descobri comofas. Quando cheguei no lugar combinado, Guilherme estava ansiosíssimo na catraca, preocupado com a minha possível passagem por um portal, porque tinha descoberto a linha preta adormecida e não sabia como me ajudar hahaha. Agradecemos os dois ao plantão do meu anjo da guarda e seguimos pro nosso programa turístico à beira do Tâmisa.

Num é poético?



Começamos o dia na fila pra London Eye e eu quero neste momento dedicar amor a todos que me acompanharam na EuroTour pela paciência em passear comigo. Sério. Eu tinha 98574 mapas, mas não teria me divertido um décimo sem a companhia dessas pessoas incríveis.



O acordo era o seguinte: Gui iria comigo no passeio mais boring do mundo, que vinha a ser a London Eye, e eu iria com ele na Star Flyer. Concordei, né? A altura do negócio lá debaixo era surreal e eu acreditei que ele desistiria a qualquer momento.









Melhor coisa do mundo foi aceitar a London Eye na vida. Todo mundo diz que é caro, que é chato, demorado, sem graça. Nenhuma dessas pessoas fez o passeio. É sensacional. É lindo. É incrível. Você vê na televisão uma câmera filmando lá do alto, você vê foto. Aí você está lá vendo com seus próprios olhos e é lindo e vale cada libra exorbitante que custa.



De lá, fomos direto pro parquinho da alegria, parecendo dois bobocas, porque a ideia de ir naquele chapéu mexicano era muito divertida.



Gente. Sério. Depois do primeiro minuto tentando parar de sentir pavor de cair, de sair voando pelo efeito de força centrífuga, de gorfar no parque inteiro lá embaixo, de meus óculos descolarem da minha cara, foi a melhor coisa que eu fiz. Nunca vou esquecer o jeito que o sol batia no meu meu rosto, o vento no cabelo, o barulho das pessoas lá embaixo, a London Eye, o Tâmisa. Lindo lindo lindo. A gente deveria ter dado a segunda volta quando deu vontade.

De lá, fomos andando pro resto da minha lista de lugares pra visitar. Incluindo as lojas de roupa, porque eu ainda estava naquela vibe "compra hoje pra vestir amanhã". E ó, tão de parabéns as paciências dos meus amigos pra me esperar provar a loja inteira.








Passamos numa H&M a caminho da St Peter's Cathedral, gigantesca e linda, onde preferi não entrar. Atravessamos a Millenium Bridge, Globe Theatre, Hay's Galleria, Southwark Cathedral.

Perto da Catedral tinha uma feira com os melhores cheiros de comida do universo, mas podia ser também só a fome que a gente estava sentindo, depois de horas andando. Só sei que eu peguei duas samosas, esquecendo lindamente que tudo que arde no Brasil, arde um milhão de vezes mais na Europa. Vi a morte, mas tava ali na frente da igreja mesmo, comendo sentadinha no chão, na maior vibe convescote, em Londres. Morreria feliz.



De lá, fomos pro meu novo lugar favorito no mundo: London Bridge. 

MEODEOSDOCÉU.





Acho que nem na Disney eu ficaria tão abalada psicologicamente. Lugar mais lindo, parece coisa de filme de princesa. Se da família real eu fosse, lá eu moraria. Não tem como explicar a beleza desse lugar, as luzinhas, o resto dos aros olímpicos fazendo figuração ainda (vou levar um ano contando essa viagem). Tão lindo que tinha até a noiva lá, dando um VRÁÁÁÁ na cara da sociedade.



Na margem do Rio Tâmisa eu sentei e não chorei. Ficou Guilherme olhando o horizonte e pensando na vida e fiquei eu olhando a ponte e querendo ser princesa, londrina e rica. De repente, enquanto Guilherme se comunicava com o mundo exterior pelo seu próprio celular, eu comecei a gritar e ter um ataque e forgot how to words, porque a ponte estava abrindo. Eu não apenas vi a ponte, vi a ponte ABRIR weeeeeeeeeee! E se a gente imaginou que vinha um transatlântico rio abaixo (ou acima, vai saber), veio uma mini jangada com um mastro que ia até o céu HAHAHHAHAHA. Melhor cena. Fiquei tão atordoada que acho que nem fotografei.








Passamos por uns caminhozinhos por cima da água, achamos o barquinho do mastro overcompensating, continuamos andando, passamos pela London Tower onde Jonathan Rhys Meyers decapitou Ana Bolena e fizemos o trajeto de volta, rumo ao metrô, pra Camdem Town.


Eu sou a louca das feiras, fiquei *estubefata* com Camdem Market e não quis nem saber de tirar foto, que era pra não precisar parar de olhar em volta. Se não fosse a mais completa falta de notas de libras, se aquelas barraquinhas passassem cartão, eu teria falido completamente. ALOCA do souvenir. Até coxinha vendia lá, meuzamigo. Pastel. 

Só me arrependo de não ter fotografado o restaurrã cujas cadeiras são motinhas kkk e a Police Box, que não era azul, mas era uma freaking.police.box. e basicamente a razão por eu ter ficado fissurada por essa região do mapa. Fica aí a desculpa pra voltar.

Felizmente o lar do Gui ficava perto de lá, porque eu já não tinha mais estrutura emocional ou física pra me locomover. Ficamos semi mortos no sofá por mais ou menos uma hora, até decidir se íamos ou não pra uma festa (adivinha), saímos de novo pra jantar a pizza mais apimentada que minhas papilas gustativas já comeram e eu, bem adultinha, voltei sozinha pro hotel, de metrô. Sou muito coordenada, nem me perdi!



Chegando em Queensway, me deparei com a fila infinita do elevador. Porque o trem chega praticamente no núcleo da Terra, de tão fundo que fica. Na entrada pras escadas, uma plaquinha: 123 degraus, sem parada, sem volta. Pelamordedels, só suba se acreditar que pode chegar no topo. Quiqui eu fiz? Isso mesmo, subi de escada. Má é nunca que eu ia ficar 3 dias e 3 noites esperando o elevador. Desse momento em diante, só entrei no elevador UMA vez (e ó que eu andei pra lá e pra cá mais ou menos um milhão de vezes) e não me arrependo. Cheguei no Brasil muitos quilos mais leve.

Pra meu total espanto, considerando ser a madrugada de um sábado, o comércio de rua estava aberto. Lojas aleatórias, supermercados (que são tudo mini, como esse povo vive?), lanchonetes locais e multinacionais. TU DO A BER TO. Igualzinho Curitiba AHHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHHAA. 

Pensei em tomar alguma coisa no Starbucks, comer mais alguma tralha no Burger King, entrar na igreja, sei lá. Mas meus pés se recusavam a dar mais um passo. De modos que fui calmamente pro hotel, sem medo de morrer, ser assaltada ou violentada de qualquer forma, não sem antes entrar na loja de souvenir e comprar 25 chaveiros de cabine telefônica (dos quais não fiquei com nenhum e não entendo como aconteceu). 

Fui pro meu quarto Harry Potter under the stairs, tomei um banhinho delícia, liguei pra casa - onde ainda mal era hora do jantar - e desmaiei. Já sabia que o dia seguinte começaria cedo porque, ao contrário do braziu, as lojas de rua abrem lindas no domingo e eu ia me acabar na Primark da Oxford Street assim que abrisse, onde eu provavelmente terminaria a missão de me vestir pelo resto da viagem.

Deitei bem linda sob o edredão, peguei no soninho e quase morri do coração umas três horas depois, quando o alarme de incêndio... desparou. Jesus amado, o.maior.pavor.da.minha.vida. Eu não tinha pijamas e langerrís de dormir, de modos que eu estava de regata e calçola. Acontece que meu cérebro ainda opera em modo: gorda e eu comprei a maior regata da loja, que cabia aproximadamente umas 4 vanessas, deixando indecente a aparição em público. Eu não sabia se corria pra fazer xixi, se botava uma calça jeans e um casaco, se salvava as minhas tralhas favoritas recém adquiridas, se chorava e chamava minha mãe. Fiz xixi, me vesti e subi descabelada até a recepção onde uma indiana bubblehead pedia desculpas por ter esquecido de colocar o aviso pros quartos dos andares mais baixos de que naquela noite os alarmes de incêndio seriam testados.

FUEEEEEEEEEEEEEEEEEEN.

Pelo menos nada pegou fogo e eu pude dormir até a manhã seguinte em paz.

Não foi dessa vez, inimigas.

Fim do capítulo.