quarta-feira, 22 de setembro de 2010

uma pessoa problemática

Eu sempre achei que sofria de algum tipo de síndrome de Peter Pan. Um pavor meio doente de crescer, sabe? Vai ver foi por isso que eu fiquei com essa estatura indecentemente baixa. (rhysos)
Só de pensar em ser responsável pelas coisas, tinha 12 tipos de nervoso e ficava aqui numas de me recusar a crescer. Dos 25 em diante, acho que só não choreeeeei e sofri no aniversário de 30.

(Mas aí é porque o universo foi BEM LEGAL e eu... FOCO. Ok.)

Aí, tava no meio dessa linha de raciocínio, praguejando Tom Hanks porque não quero ser grande nem a pau, e me ocorreu que na verdade é o contrário: eu nunca nem fui criança.

Não vou falar sobre responsabilidades e ~adultices~ aqui, que não quero apanhar nem discutir com seu ninguém. Mas a primeira vez que precisei de apoio psicológico na vida, foi quando comecei a ter pesadelos com morte. Eu sempre fui meio Coelho Branco, achando que não.ia.dar.tempo. Não tinha nem 10 anos e achei que não ia dar tempo de viver, veja só você.

Nessa época começou também um surto bem legal: toda vez que eu começava a acompanhar alguma coisa na TV - podia ser um seriadinho (armação ilimitada OI), um filme (tipo a pequena sereia), um capítulo climão na novela (eu prefiro melão) - eu tinha certeza que ia morrer antes de ver o final.

Eu imagino que o nome científico disso seja ansiedade, mas eu sempre me nego a dar nome pros meus problemas, pra evitar que eles sejam reais.

Aí você pensa: já que eu cresci e agora sou mulher tenho que encarar com muita fé, isso passou, né? Pois eu vos digo que piorou. Agora precisa de muito menos: a pessoa começa a me contar uma história com mais detalhes do que eu quero ouvir, ou não responde minha pergunta objetivamente, eu começo a sentir os efeitos do medo de a morte me adicionar no foicebook (ahahhah roubei e nem sei de quem). Eu tenho medo de ter algum tipo de morte fulminante, ali, antes de terminarem os 5 minutos de agonia de espera.

So doente?
(não respondam)

Outro dia estava trocando emails com um amigo, falando da minha incapacidade de entender o que eu mesma sinto ou acho sobre a vida. Pra falar a verdade, acho que tem umas 5 ou 6 pessoas na minha lista de email que sofrem com essas divagações (e mais algumas que sofrem no mundo real). Então sempre fica tudo mais fácil se eu escrevo. Chega a ser engraçado escrever e guardar, encontrar depois de algum tempo e achar graça do desespero do momento. Ou sentir saudade de um sentimento, de uma dúvida que passou. Ou continuar entendendo porcaria nenhuma e ver que essa minha vida anda em círculos mesmo.

O caso é que eu queria falar um monte de coisa que não posso, mas mais que isso, eu queria entender um monte de coisa que eu não consigo.

Aí agora que eu entrei oficialmente pra terceira idade, tô numas de ter medo de morrer sem ter falado tudo que eu tinha pra falar. O que seria incrível, ainda ter O QUE falar. Tava aqui pensando numa solução pra isso, porque tem coisas que as pessoas não estão preparadas pra ouvir, né? E já que se eu morrer não vou nem ligar, tava pensando aqui em escrever umas cartas e deixar tudo em bolinhos pré-endereçados, pra alguém entregar no velório causar climão manero e nego já parar de chorar por ali mesmo.

Talvez tivesse gente fazendo a maior reflexão, certamente ia ter gente procurando um carimbo de MALUCO, mas acho que ia ter gente que ia preferir que eu tivesse falado enquanto ainda tava viva.

Só que provavelmente isso é tudo desculpa da minha mente, pra liberar geral todas as vezes que eu tenho vontade de tagarelar.
O melhor é quando, depois de HOOOOORAS de falação, eu escuto “mas eu gosto de ouvir”.

(Não incentiva... senão não paro nunca mais.)

:)