Não sei se vou contar direito, se vou lembrar direito, mas ela disse que uma vez ouviu alguém contar que sentia como se a inspiração fosse um vento. Que vem vindo, vindo e te acerta. Se você consegue “pegar” esse vento, então o texto simplesmente brota enquanto você escreve (tipo o que está acontecendo comigo neste exato momento, em que não tinha plano NENHUM de abrir o word e começar a escrever). Se você não pega o texto, ele não morre. Continua voando até encontrar a pessoa com o papel e a caneta (ou o monitor e o teclado) que vai fazer com que ele nasça.
Ou seja, de acordo com essa visão, a ideia está lá em algum lugar, implorando pra existir. A dúvida é se você vai ser capaz de dar vida a ela ou não.
E por que raios eu estou a essa hora da noite, quando meu cérebro já dormiu faz tempo
Porque against all odds, bateu um *turbilhãozinho* com um texto de amor aqui na minha cabeça. O inconveniente disso é que o vento é forte e em círculos, de modo que não está querendo sair daqui, desde sábado à noite, quando a intempérie se instalou.
Eu não quero escrever. Porque eu não sou escritora e vai sair um lixo, porque eu vou sofrer, porque tem gente que vai se assustar, porque tem gente que vai apontar e rir, porque eu.não.quero. E tenho direito de não querer. Mas ele não vai embora, ainda que eu finja que não estou ouvindo.
Acho que vou ficar depois do horário espancando a máquina de escrever do trabalho. Assim não existirá registro eletrônico (do tipo que espalha muito fácil) e queimar papel é até bem fácil. Porque eu acho que se não parir esse bendito, como em qualquer parto que dá errado, ele não morrerá sozinho.
Morreremos os dois.
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Se um dia você precisar torturar alguém, é só prender no meu cérebro.