segunda-feira, 21 de agosto de 2017

me chama que eu vô




O ato ou efeito de pós graduar foi como uma grande TPM. Tudo estava horrível o tempo todo, eu estava mal humorada, não queria ver ninguém, tudo doía. E eu engatei o doutorado no mestrado e foi uma desgraça. Porque, exatamente como na TPM, eu não escolhi as condições e não aceitei os termos do serviço. A coisa foi imposta. E quando a TPM acaba, o que vem? UMA COISA PIOR QUE A PRÓPRIA TPM, se é que vocês querem saber? É como se a gente tivesse que lidar com uma cena de crime violento todo dia. E essa é a melhor analogia pra explicar o que foram os últimos meses.


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Sabe big brother? O programa? Que em duas semanas as pessoas estão jurando amor eterno e formando alianças e relacionamentos e você grita com a tv, VOCÊS SE CONHECERAM ONTEM, SEUS ARROMBADO, e tal? Pós-graduar é mais ou menos assim. Você não tem vida além da sua pesquisa e fica praticamente condenado a conviver com aquelas mesmas 23 pessoas enquanto durar o evento. Pior se você participa de um grupo de pesquisa. Ele é ainda menor e mais grudento, cê cria uma espécie de síndrome de estocolmo com o seu orientador, seu universo se restringe àquele assunto e àquelas pessoas e todo o resto do mundo, que tem mais que dois interesses diferentes, passa a te achar um grande ESTORVO. Você perde a conexão com o mundo e só se relaciona com o exterior pelos olhos do Thiago Bial. 

E você meique perde amigos, né?

PERDEEEEER, perdeeeeer, assim perdido, não perde. Mas ninguém te chama nem pra ir na padaria mais, porque você não pode, porque você tem prazo, porque você tem uma lista de 283 exercícios de cálculo pra entregar na semana que vem. Até porque se você vai, adivinha qual é seu único assunto?????????? Porque esse desespero se enrosca no seu DNA e você não é mais você, você é o mestrando, doutorando, estudante, a entidade superior privilegiada que sabe coisas como qualis de periódicos, melhores formas de usar o sci-hub e quais são seus amigos com quem você pode trocar pdf aberto de artigos pagos.

GRANDES BOSTA, if u know wat i mean.

E você vê que seus concorrentes (porque ninguém é amigo de ninguém nesse mundo desgraçado) estão indo no confessionário apelar pro BRAZIU que são os mais estudiosos, os mais bolsistas, os mais média A, fodão, doutor PhD. E não te convidam pra fazer lanchinho na cantina como se você fosse do grupo que não tem estaleca pra comprar feijão e ainda votam em você por falta de afinidade, enquanto pedem pra por nome no seu artigo.

ENFIA NO CU.

Aí eu cansei, né? Como a gente faz com qualquer relacionamento falido, eu pedi um tempo e eu e o doutorado não estamos nos falando há algumas semanas e eu já tenho uns projeto novo aí. HEH.

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Em notícia não relacionada, minha vida sentimental - que já não tava grandes coisa desde o pior ano que já existiu (2013) - deu aquela naufragada pós vida acadêmica. Se você já tem um relacionamento quando ela começa, você acaba casando. Primeiro porque a outra pessoa realmente tem que amar o acadêmico pós graduando. Segundo porque a única forma de você conviver com um indivíduo enquanto você estuda, é se ele estiver na sua casa enquanto você se alimenta ou no momento que você tenta lembrar que dia é hoje e se você pode dormir. (Um pós-graduando médio dorme uma vez a cada 3 dias.) Então é mais prático casar, né? 

Agoooora, se você NÃO TEM um relacionamento, pode esquecer que ele vá surgir nesse período.

Cê mei que acredita que pode acabar acontecendo com um coleguinha de turma (vários quase aqui), mas você não deixa continuar por motivos que VAI QUE CÊ TEM QUE FAZER TRABALHO EM DUPLA no futuro e esse negócio naufraga? Melhor não. Cê mei que acaba se envolvendo com o filho do orientador porque cê passa mais tempo com esse desgraçado que com seus pensamentos. E dá pra piorar essa equação aí, mas eu não vou, por motivos que eu sei bem quem tá de zóio nesse blog. 

Eu, que inclusive TRABALHO dentro da mesma maledita universidade, não tinha muita opção. O mais perto que eu cheguei de um boy na minha vida, era outro estudante da instituição. A gente tem uma bola de ferro imaginária nos nossos pezinhos, a gente esquece que existe vida além daqueles muros.

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O causo é que faz umas 6 semanas que eu fiz a Kimmy Schmidt e encontrei a saída do cativeiro com o uso da minha própria força de vontade.

Nos primeiros dias, eu não conseguia nem CONCATENAR os pensamentos. Eu esquecia coisas, eu não sabia que dia era, não sabia as horas, era como se tivesse voltado de um coma. Eu não sabia mais me comunicar com as pessoas de modo efetivo, eu não tinha assunto, eu não sabia onde ir, o que comer, nada.

Pra agravar ainda mais a situação, minha família foi passar um mês fora do braziu e eu fiquei sozinha em casa uns 20 dias. Aproveitei e tirei férias, que foi pra não ter que me prender nem a relógio. Eu NUNCA assisti tanta televisão na minha vida (inclusive já no rascunho um post de séries que vocês devem assistir pra breve). Cozinhei 500 tipos de comida, refiz laços com meus animais de estimação, fiquei parada 20 minutos num cruzamento apenas apreciando o movimento das pessoas, andei de ônibus só pra ficar olhando paisagens, fui em restaurantes que eu nunca tinha ido, comi coisas que eu nunca tinha comido, fiquei sem ir pra academia PELA PRIMEIRA VEZ EM VINTE ANOS, pratiquei o ócio injustificado, sem precisar dar desculpas nem pra mim mesma.

ME

LIBERTEI

Não durou muito, né? Pois o cidadão comum proletário logo tem que lembrar que é dia de pagar o cartão, comprar papel higiênico, tirar o lixo, varrer as frozinha cor de rosa da cerejeira do quintal. Mas foi um bom começo pra voltar à vida.

Aí, mais recentemente, eu passei a SAIR DE CASA SOCIALMENTE, como eu não fazia desde o fatídico ano de 2010, em que minha cama não me viu nenhuma única noite de sábado. Claro que agora eu não viro mais a noite e ocasionalmente eu acho que tô indo num shom e acabo num culto evangélico (não perguntem), mas depois nóis vai pro bar e enche a cara de mojito lemonade (igual mojito, só que sem o álcool HAHAHAHAHAH - ainda que nóis realmente não seje crente nem nada), porque nosso irmão é o barman e facilita bastante a vida. 

O curioso é que, tanto pela minha personalidade, quanto pela espiral do horror em que eu tava presa e não tava enxergando, eu tava levando aquela vibe tóxica pra minha vida ~amorosa~ (e veje que eu uso o termo aqui de maneira bem ampla). Eu tava o tempo todo em volta de gente do passado, que já deveria ter ido pra luz, perto de gente que não me fazia bem, de gente que não era certa pra mim. E eu não tava vendo, tava achando super ok e tendo aquela dificuldade de compreender por que tudo tava tão errado.

Porém agora, vivendo há aproximadamente um mês em liberdade, parece que eu abri meus olhinhos e enxerguei um cerumaninho que tá aí faz tempo sendo lindo BEM NA MINHA CARA e eu nunca tinha reparado. Inclusive, num dos dias em que a pessoa tava cantando evidências a 3 metros dos meus ouvido, eu tava emburrada porque tinha que ir terminar uma lista de exercícios de álgebra e não apreciei como deveria a beleza e o conjunto da obra que o universo posicionou no meu raio de alcance. Iemanjá poderia ter levado embora, mas parece que tá me dando 01 segunda chance, ainda não tô bem certa.

Ainda bem que existem passeios não programados em sábados à noite, que agora se transformam nos abracinhos mais gostosos que já abracei e que só soltei porque fui obrigada, porém planos de abraçar de novo etc.

Então tamo aí há 3 dias com Sidney Magal tocando na rádio mental e não é nem por motivos de seu filho de excelente genética, apesar de talvez ter a ver com alguém de genética até mesmo melhor.

HEH

É isso, bitches. I'm back by popular demand.

:*