sábado, 17 de setembro de 2016

o vigésimo terceiro dia do meu nome



Uma vez eu tava lendo um texto que já nem sei mais se era blog, se era site, ou de quem era. Só sei que a moça estava ofendidíssima por ter ouvido um comentário de alguém que dizia "você parece muito mais nova!". A vítima do comentário dizia que não queria parecer diferente do que era, que tinha orgulho da idade e de tudo que vivera até ali [/joão de santo cristo] e blábláblábláblá.

Lembro que meu único pensamento naquele momento foi "miga, pls".

AI, VANEÇA, CÊ NUM ACHA QUE AS MULHER SOFRE MUITA PRESSÃO SOBRE SUAS IMAGEM COMO UM TODO E SÃO IMPEDIDAS DE ENVELHECER?

Oxe, gente, super acho. Tamo aqui fora dos padrões globo de beleza há uma meia dúzia de anos já, se tem uma coisa que eu sei é o que é se sentir objeto de julgamento social.

Mas eu acho que a coisa da juventude é um estado de espírito, sabe?

Se tem uma frase que eu repito muito, é a frase "EU TENHO HORRÔ À VÉIA". Gente, detesto mesmo. Mas tem véia de 25 anos que não toma ~friagem~, não bebe água gelada, acha que chuva dá gripe, que não gosta de música alta, que acha que no seu tempo tudo era melhor e que às vezes é até do sexo masculino. Véia é um sentimento.

E é um sentimento que eu não sinto.

¯\_(ツ)_/¯


Mesmo eu tendo sempre que me virar sozinha, se alguma coisa der errado, eu ainda vou procurar um adulto responsável pra resolver. Aí eu vou pensar AH É, hihihi, sou eu. Mas acontece todo um Peter Pan comandando aqui a ponte de comando do meu cérebro.

E o bom de ser ~adulto~ é que a gente pode ser quem a gente quiser sem medo de ser feliz. Se eu quiser entupir meu quarto de Lego e Monster High, ninguém pode julgar. Porque além de tudo, os dinheiro é meu pra comprar os brinquedinhos que eu quiser. 

A verdade é que eu tenho sérias dificuldades pra entender e acreditar que eu seja uma pessoa adulta. Vai ver ter sido obrigada a crescer do dia pra noite quando ainda era criança tenha me deixado sem parâmetro pra perceber a diferença da vida aos doze e aos trinta, pode ser. Só sei que sempre que alguém me pergunta quantos anos eu tenho, o número que sai da minha boca parece uma informação sem significado nenhum. Prefiro contar como número de voltas que eu dei em volta do sol, porque eu sou jovem demais pra ter vivido esses anos todos.

Acho que nunca na minha vida adulta alguém chutou a minha idade corretamente.

Uma vez na faculdade eu fui pra diretoria da escola que funcionava no mesmo prédio, porque eu estava sem uniforme. E até alguém entender que eu não precisava de uniforme foi metade de uma aula. Dois anos depois, na mesma faculdade, me proibiram de tomar aspirina na enfermaria, porque era remédio exclusivo de adulto. Só uma vez na minha vida eu consegui comprar bebida no supermercado sem mostrar a identidade. Ano passado não me cadastraram na lista de motoristas de um carro porque acharam que eu não tinha o mínimo de tempo necessário com carteira de motorista - cinco anos. Hoje um cara tentou deduzir a minha idade depois de me conhecer na sala do mestrado, chutando que eu tivesse quase 30 pelo tanto de tempo que eu já estudei "mas é só porque você já estudou muito, aí tem que ter quase 30, senão eu chutava menos". 

Eu poderia passar a noite aqui escrevendo sobre a minha ~aparência jovem~, mas o ponto é que: eu gosto. Não porque ache que tem alguma coisa ruim em "ser velho", é que eu acho que minha cara combina com o que eu sinto.

Pra ser bem sincera, eu acho que parecer jovem vai muito além da configuração do seu rosto, da sua quantidade de ruga, da linha de expressão, da maquiagem, do corte do cabelo. 

Eu tava conversando com uma amiga que diz que quer morrer aos 70, porque acha que não vai dar conta de ser velhinha. Já eu não quero morrer nunca. Se for obrigada, quero que seja lá pelos 140, porque eu tenho impressão de que velhinha é uma coisa que eu jamais serei.

O bom é que falta muito tempo pra isso quando a gente está comemorando o aniversário de 23 anos, né? Mesmo que seja pela décima terceira vez.

HEH